SETE ANOS SEM MINHA FILHA TERESA CRISTINA
Eu sou a videira e meu Pai é o agricultor” (Jo 15,1).
O Pai
é o agricultor, o dono da messe, o dono do jardim.
Cada um de nós somos os
operários da messe, o jardineiro do jardim do Pai. Ele nos dá a terra, ele nos
dá a semente, ele nos dá as condições dignas para que a terra seja boa, para
que a semente se transforme em arbusto e para que o arbusto floresça, dê flores
dignas de um rei.
O Pai nos dá uma família, nos dá filhos, mas família e filhos
não são propriedades nossas, são do Pai. Os filhos são as flores que cultivamos
no jardim do Pai. Compete a cada um de nós, pais, cuidar do jardim do Pai,
dar-lhe flores viçosas, coloridas, perfumadas e perfeitas. Devemos cuidar
dessas flores desde em botão. Dar-lhes condições de crescerem saudáveis,
floridas e perfumadas.
Mas elas são do Pai, não são nossas. E o dia em que o
Pai achar por bem, ele visita o nosso
jardim, colhe a sua flor preferida, a mais bonita entre todas e a leva para
embelezar o seu trono.
Assim aconteceu
conosco. Assim aconteceu com Teresa Cristina. Mulher bonita, inteligente,
carinhosa, amigável, acolhedora. Filha amorosa e presente.
Quarenta e três
anos. Câncer de mama. E, no dia 11 de
julho de 2010, o Pai visitou o meu jardim, escolheu dentre as flores a mais
bela, e a levou consigo para embelezar o seu trono.
As pessoas boas deixam
alegria. As pessoas más deixam lições. As pessoas maravilhosas deixam
lembranças e saudades. Saudade é a confirmação do amor.
Saudade é a perpetuação
do amor. Saudade é o amor eterno presente no coração de quem ficou sem ter condições
de esquecer a pessoa amada que partiu. Um dia a saudade deixa de ser dor e vira
lembrança para compartilhar e guardar para sempre.
As pessoas muito amadas por
nós são eternas dentro da gente.
A mais bonita lágrima é a da saudade, pois ela
nasce dos risos que não se acabam, das alegrias que marcaram e das lembranças
que jamais se apagam.
Mais do que chorar a perda de um ente querido, não
podemos perder a oportunidade de agradecer. Agradecer o tempo em que o Pai, o
dono do jardim, permitiu que a flor Teresa Cristina ficasse conosco durante
quarenta e três anos, embelezando o nosso lar, perfumando a nossa vida,
aromatizando o nosso ambiente e transmitindo alegria no seu sorriso belo,
singelo e encantador.
Ela deixou o nosso jardim, mas está embelezando o trono
do Pai, o dono do jardim.
Só nos resta repetir com o santo homem Jó: “O
Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21). O
acontecimento de uma pessoa amada nos deixar e ir para a casa do Pai leva-nos à
conclusão de que não existe morte.
A morte é, simplesmente, um ponto de
partida, não um fim. A morte é um trampolim que nos arremessa para a vida
eterna, para a vida que não se acaba mais.
A vida é eterna; a vida é abundante
porque Jesus Cristo veio para que tivéssemos vida, e a tivéssemos em
abundância: “Eu vim para que tenham a
vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10,10).
A vida não se acaba. A vida da
pessoa amada que se foi não se acabou, apenas passou para um plano superior
onde a presença de Deus é permanente e visível, a felicidade é eterna e a
certeza de que a morte jamais a atingirá, jamais a separará de ninguém.
Na
nossa ignorância naquilo que diz respeito às promessas divinas em relação à
vida eterna, sofremos, sofremos muito quando um ente querido nos deixa e parte
desta para herdar a vida eterna.
Choramos, choramos muito dentro de nós, ainda
que o nosso semblante se esforce para demonstrar conformismo. É bom chorar, se
faz necessário chorar, mas o cristão não chora por desespero e revolta.
Antes
de tudo, o cristão chora por saudade, saudade de alguém que partiu
temporariamente mas, temos certeza, está na casa do Pai; apenas nos antecipou a
isso e a nossa fé nos garante que um dia nos juntaremos a esse ente querido
porque Jesus nos conforta dizendo: “Não
se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim.
Apesar da certeza da ressurreição que nos é
transmitida pelas Sagradas Escrituras, os nossos sentimentos humanos nos fazem
sentir saudades dos nossos entes queridos que nos deixaram, mas, não podemos
perder a esperança, não podemos perder a confiança nos ensinamentos de Jesus
Cristo; temos de acreditar nas suas verdades evangélicas de que os nossos entes
queridos, que caminharam conosco neste vale de lágrimas e que ouviram a voz do
Bom Pastor e fizeram parte de seu rebanho, agora, depois desse passamento,
estão na glória do Senhor, na casa do Pai, onde, segundo uma das promessas do
Divino Mestre, existem muitas moradas:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito,
pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar,
virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais
vós também.” (Jo 14,2-3).
O Senhor Jesus venceu a morte ressuscitando e “... a morte não tem domínio sobre ele.”
(Rm 6,9), e Paulo Apóstolo se baseia na ressurreição de Cristo para nos dar a
certeza que também venceremos a morte:
“Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo
não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.” (1Cor
15,13-14).
Quem morre acaba de nascer, de nascer para a vida, de ressurgir para
a vida em abundância, a vida que não se acaba mais, a vida que é para valer, e
isso entendeu muito bem Francisco, o pobrezinho de Assis: “É MORRENDO QUE SE
RESSUSCITA PÁRA A VIDA...”
A presença, o perfume,o amor da Teresa Cristina são
uma constante no nosso coração, na nossa casa, na nossa família...
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