IRMÃ DOROTHY STANG – MÁRTIR DA AMAZÔNIA
Já se completaram
treze anos e quatro meses do assassinato da missionária norte americana Dorothy
Stang, que defendia o uso sustentável da terra em Anapu, no sudoeste do Pará. Dorothy Mae Stang, conhecida como Irmã
Dorothy, nascida em Dayton, Estados Unidos, no dia 07 de junho de 1931 e
assassinada na cidade de Anapu, Estado do Pará, em 12 de fevereiro de 2005 foi
uma religiosa norte-americana naturalizada brasileira. Pertencia à Congregação
das Irmãs de Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804 por Santa
Julie Billiart (1751-1816) e Françoise Blin de Bourdon (1756-1838). Esta
congregação católica internacional reúne mais de duas mil mulheres que realizam
trabalho pastoral nos cinco continentes.
Biografia
Ingressou na vida religiosa em 1950, emitiu
seus votos perpétuos – pobreza, castidade e obediência – em 1956. De 1951 a 1966 foi professora em
escolas da congregação: St. Victor School (Calumet City, Illinois), St.
Alexander School (Villa Park, Ilinois) e Most Holy Trinity School (Phoenix,
Arizona). Em 1966 iniciou seu
ministério no Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão. Irmã Dorothy
estava presente na Amazônia desde a década de setenta junto aos trabalhadores
rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a
geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas,
junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica. Seu trabalho
focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região. Atuou
ativamente nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento
sust entável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no
município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará,
ganhando reconhecimento nacional e internacional. Irmã Doroty participava da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a
luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamasônica, no Pará.
Defensora de uma reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha
intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na
busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à
exploração da terra na Região Amazônica. Dentre suas inúmeras iniciativas em
favor dos mais empobrecidos, Irmã Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de
formação de professores na rodovia Transamazônica, que corta ao meio a pequena
Anapu. Era a Escola Brasil Grande. Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de
morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: “Não
vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no
meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde
possam viver e produzir com dignidade sem devastar.” Ainda em 2004 recebeu
premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (secção Pará) pela sua luta em
defesa dos direitos humanos. Em 2005, foi homenageada pelo documentário
livro-DVD Amazônia Revelada.
Assassinato
A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com
seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no
dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma
estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu,
no Estado do Pará, Brasil. Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos
que lhe ceifaram a vida, perguntada pelo assassino se estava armada, Irmã
Dorothy afirmou sem medo e com covicção, mowtrando a Bíblia da qual jamais se
separava: “eis a minha arma!”. Ainda, cheia de coragem e confiança
naquilo que Jesus dissera no se Evangelho; “Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados em saber como ou que
irão falar, pois nessa hora lhes será indicado o que irão falar, pois nessa
hora lhes será indicado o que vocês deverão falar. Porque não serão vocêsque
falarão, mas o Espírito de seu Pai é que falará em vocês.” (Mt 10,19-20), leu ainda alguns trechos deste livro para
aquele o assasino que lhe tiraria a vida. O crime ganhou repercussão
internacional, chamando a atenção de entidades ligadas aos direitos humanos e a
reforma agrária. "A nossa expectativa
é que esse julgamento confirme o anterior, isto é, com a condenação do réu. Não
nos conformamos com a injustiça", disse Paulinho Joamil, da CNBB. Num
dos julgamentos do assassino e de seu mandante, o magistrado afirmou: "Ela foi morta por conflitos
fundiários, covardemente abatida, sem concorrer para o crime. Era uma pessoa de
clara generosidade com o seu semelhante. A pena deve ser servir de
exemplo". No cenário dos
conflitos agrários no Brasil, o nome da Irmã Doroty associa-se aos de tantos
outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus
direitos respeitados. O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará,
Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes
heróicas da matrona cristã. O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de
ser o mandante do crime, havia sido condenado em um primeiro julgamento a 30
anos de prisão. Num segundo julgamento, contudo, foi absolvido. Após um
terceiro julgamento, foi novamente condenado pelo júri popular a 30 anos de
prisão. O quarto júri veio após a defesa de Raifran conseguir anular a
primeira decisão. O novo julgamento foi realizado em outubro de 2007, quando
ele foi condenado novamente a 27 anos de reclusão. O quinto julgamento do caso
ocorreu em maio de 2009, quando se sentaram no banco de réus o fazendeiro Bida
e novamente Raifran Sales. O fazendeiro acabou absolvido, e Raifran, condenado
a 28 anos de cadeia. Como o Ministério Público Estadual recorreu, um novo júri
do fazendeiro foi realizado em abril de 2010, com a nomeação de um defensor
público para fazer a defesa do réu. Bida foi novamente condenado à pena de
reclusão de 30 anos. Além de Bida, também responde como mandante do crime o
pecuarista Regivaldo Pereira Galvão que é acusado de prometer recompensa para
quem matasse a missionária. Conhecido como "Taradão", ele foi
condenado a 30 anos de prisão em outubro de 2011, mas recorre da decisão para
tentar anular o júri. Essa é a justiça do Brasil. Quem é pobre permanece na
prisão. Quem tem dinheiro...
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