SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA
Ano – C; Cor – Branco; Leituras: At 5,12-16; Sl 117 (118); Apo
1,9-13.17-19; Jo 20,19-31.
“MEU SENHOR E MEU DEUS” (Jo 20,28).
Diácono
Milton Restivo
Na liturgia do
domingo anterior Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus e lá não o encontrou
como esperava. Ficou desesperada julgando que haviam roubado o corpo do Mestre.
Ofegante foi até onde estavam escondidos os discípulos para lhes levar a
notícia. Ainda não sabiam ou não acreditavam que Jesus havia ressuscitado,
conforme ele mesmo dissera: “O Filho do
Homem vai ser entregue na mão dos homens. Eles o matarão, mas no terceiro dia ele
ressuscitará.” (Mt 17,22; Mc 9,31; Lc 18,33).
Na liturgia de
hoje é o próprio Jesus quem se manifesta. E nessa manifestação Jesus põe em
prática aquilo que já havia ensinado: “Deus
enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo
seja salvo por meio dele.” (Jo 317).
Nessa oportunidade, segundo nos conta Lucas,
Cristo pede alguma coisa para comer: “Vocês
têm aqui alguma coisa para comer?’.
Eles ofereceram a Jesus um pedaço de
peixe grelhado. Jesus pegou o peixe e comeu diante deles.” (Lc 24,41-43). Ao
se dirigir aos seus discípulos apavorados, não existem palavras de reprovação
nem queixa apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz
que Jesus havia prometido no último discurso.
Por duas vezes
Jesus proclama o seu desejo para a comunidade dos seus discípulos; por duas
vezes Jesus repete seu desejo: – “A paz
esteja com vocês”. Com certeza, Jesus teria dito “Shalôm”, que foi traduzido para na nossa língua como “paz” o que empobreceu muito o
significado verdadeiro de “Shalôm”. Shalôm
expressa o melhor desejo que se pode ter em relação a uma pessoa: estima-se a
paz, a harmonia, o melhor que se pode desejar a alguém. Shalôm é a paz que vem da presença de Deus,
da justiça do Reino, e não das armas.
Jesus não
promete a paz do comodismo, mas pelo contrário, envia os seus discípulos na
missão árdua em favor do Reino, mas promete o Shalôm, pois ele nunca abandonará
quem procura viver na fidelidade ao projeto de Deus: “A paz esteja com vocês. Como o Pai me enviou, também eu envio vocês”.
Não é uma saudação, mas é a paz que ele tinha prometido quando os discípulos se
encontravam aflitos por causa de sua partida.
Jesus ressuscitado
não liberta os discípulos das aflições do mundo, mas lhes oferece segurança e
serena confiança. É uma paz diferente da que o mundo oferece. É uma paz que
resiste aos problemas, às provações, vence o medo. É a paz messiânica, o
cumprimento das promessas de Deus, uma força para fazermos as coisas mesmo com
medo. É a vitória sobre o pecado e sobre a morte, a reconciliação com Deus,
tudo isto como fruto de sua paixão e morte de cruz.
Jesus mostra,
aos discípulos, suas chagas nas mãos e no lado, comprovando assim que ele é
verdadeiramente aquele que fora crucificado. Não precisam ter medo, ele não é
um fantasma.
Ele até comeu
peixe grelhado na frente deles. Os discípulos devem ver que efetivamente Jesus
passou pela morte, e venceu-a, está vivo. Mostrando as feridas, Jesus quer
também evidenciar que a paz que ele dá vem da cruz. Jesus torna-se para sempre o fundamento seguro
da paz. E novamente, ele concede a paz aos seus discípulos e associa este gesto
à sua missão. Somente se os discípulos forem repletos de sua paz, poderão
cumprir a missão a eles confiada, vencendo a rejeição e o ódio que deverão
enfrentar. Para esta missão, Jesus sopra nos discípulos o Espírito Santo. Este
gesto recorda o sopro de Deus que dá a vida ao homem. É sinal de uma nova
criação: “Recebam o Espírito Santo!”. Jesus
soprou sobre os discípulos, como Deus fez sobre Adão (Gn 2,7) quando infundiu
nele o espírito de vida; Jesus os recria com o Espírito Santo: “E depois de ter dito isso, soprou sobre
eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo. A quem vocês perdoarem os pecados,
eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoarem, eles lhes serão retidos”.
(Jo 20,22-23).
Este foi o
Pentecostes no Evangelho de João. Já, na sua primeira manifestação, Jesus
derrama sobre seus discípulos a força do Espírito Santo que ele havia prometido
durante toda a sua vida pública: “E eu
rogarei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre com vocês, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não o vê, nem o conhece; vocês o conhecem, porque ele habita com vocês e estará
em vocês.” (Jo 14, 12-17); “Isto
tenho dito a vocês, estando ainda com vocês; mas o Consolador, o Espírito
Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse ensinará a vocês todas as coisas
e fará vocês se lembrarem de tudo o que tenho dito a vocês.” (Jo 14,
25-26); “Quando, porém, vier o
Consolador, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade, que
dele procede, esse dará testemunho de mim; e vocês também testemunharão, porque
vocês estão comigo desde o princípio.” (Jo 15, 26-27). Para João o dom do
Espírito, que pela sua natureza é invisível, flui da glorificação de Jesus, da
sua volta ao Pai. Enquanto que, nos escritos de Lucas, o Pentecostes acontece
cincoenta dias depois da Páscoa e da Ressurreição de Jesus e dez dias depois de
sua ascensão (At 2,1-4), no evangelho de João o Pentecostes acontece na
primeira manifestação de Jesus aos seus discípulos que aconteceu ao anoitecer
do próprio dia de sua ressurreição, ou seja, no “primeiro dia da semana”.
Jesus aparece
aos discípulos num domingo, no primeiro dia da semana. “Tomé, chamado Dídimo (gêmeo), que
era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos
contaram-lhe depois: ‘Vimos o Senhor’. Mas Tomé disse-lhes: ‘Se eu não vir a
marca dos pregos em suas mãos, se não puser o dedo nas marcas dos pregos e não
puser a mão no seu lado direito, não acreditarei’.” (Jo 20,24-25).
Para todos
nós, desde todos os tempos, o nome do Apóstolo Tomé está relacionado com a
dúvida e a incredulidade. A passagem da incredulidade de Tomé todos a
conhecemos. Mas essa é uma idéia preconcebida e que deveria ser estudada e
meditada com mais imparcialidade. Os demais discípulos acreditaram na
ressurreição de Jesus porque viram Jesus, porque Jesus se manifestou a eles,
conversou com eles, comeu com eles e os fortaleceu com o Espírito Santo. Se
isso não tivesse acontecido, eles teriam acreditado se não tivessem visto e
alguém lhes contasse que vira o Senhor?
Você
acreditaria? Então, por que rotulam Tomé de incrédulo? E os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), não
estavam descrentes na sua caminhada? Sobre o que eles conversavam na jornada?
Não era da desilusão, da descrença, da dúvida dos ensinamentos do Mestre? Ao
lhes serem perguntados por Jesus o porque de tanto desânimo, o que responderam?
“O que aconteceu a Jesus Nazareno, que
foi um profeta poderoso em ação e palavra diante de Deus e de todo o povo. Nossos
chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte,
e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas,
apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo aconteceu. É verdade que algumas
mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo,
e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto
anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo
e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus.” (Lc 24,19-24).
Esses
discípulos que estavam a caminho de Emaús, acreditavam ou acreditariam que
Jesus havia ressuscitado sem o ter visto? Não. Só acreditaram depois de o terem
visto: “Então Jesus entrou para ficar com
eles. Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu
a eles. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus.
Jesus, porém, desapareceu da frente deles”. (Lc 24,29-31). Repito: então,
por que rotulam Tomé de incrédulo? Os outros também não seriam incrédulos se
não tivessem visto Jesus?
A primeira vez
que o nome de Tomé aparece nas Sagradas Escrituras é nas listas dos apóstolos
(Mt 10,2-4; Mc 3,16-19; Lc 6,12-16). Se formos bons observadores, veremos que o
nome de Tomé está sempre relacionado com o de Mateus. Não sabemos porque isso,
mas os Evangelhos nos transmite um Mateus ponderado e metódico. Talvez Tomé
também fosse assim.
Em outra
oportunidade, no Evangelho de João, 10,39-40, as autoridades religiosas
judaicas estavam planejando prender Jesus, “mas
Jesus escapou das mãos deles”, e se refugiou do outro lado do rio Jordão.
Estando Jesus lá, recebeu a notícia da morte de seu amigo, Lázaro, e se propôs
a voltar novamente para a zona de perigo e se expor ao alcance das mãos dos que
queriam prendê-lo e matá-lo. Então Jesus disse: “Lázaro está morto. [...] Agora
vamos para a casa dele.” (Jo 11,14). A aldeia de Betânia, onde moravam os
irmãos Marta, Maria e Lázaro, era proximidades de Jerusalém, apenas oito
quilômetros de distância. Voltar
para Jerusalém era ir ao encontro da morte. O terror apoderou-se dos apóstolos
em contraste com a serenidade do Mestre, difícil de aceitar numa ocasião
destas. No entanto, era impossível convencer Jesus de desistir do seu regresso
à Judeia. Era uma hora difícil para os apóstolos. Voltar para Jerusalém era ir
ao encontro da morte. Jesus estava voltando para o reduto de seus
inimigos. E quem manifestou coragem nesse momento? Foi Tomé que se colocou à
frente de todos os apóstolos e discípulos e disse destemidamente: “Vamos nós também para morrermos com ele.” (Jo
11,16).
Embora os apóstolos continuem a expor a Jesus os
perigos do seu regresso a Jerusalém, Tomé, homem de poucas palavras, observa e
compreende. Sim, Jesus sabe melhor do que ninguém os perigos a que se vai
expor, mas Tomé vê que Jesus é obrigado a ir, para cumprir a divina vontade do
Pai. Só havia duas soluções. Ou abandonar o Mestre, ou ir ao encontro da morte.
O primeiro discípulo que se decidisse, talvez
arrastasse os outros indecisos atrás de si. Se alguém o abandonasse, talvez
outros lhe seguissem o exemplo. Então Tomé toma a decisão e arrasta todos os
demais consigo: “vamos nós também, para
morrermos com ele.” É nas ocasiões difíceis, que se manifestam os grandes
homens e esse homem foi Tomé. Ele sabe qual a grande responsabilidade dos que
seguem a Jesus. Ele sabe que é preciso ir com Jesus até à morte. Tomé foi o
primeiro a decidir-se, plenamente consciente dos perigos da sua atitude. A sua
coragem, fidelidade e amor para com o Mestre, levou-o a segui-lo dando o
exemplo aos outros apóstolos.
Em outro momento, quando Jesus estava reunido com
os seus apóstolos para comemorar sua última páscoa, fez o discurso de despedida
para orientá-los o que ia acontecer, como eles deveriam proceder, e para onde ele
iria, e Pedro lhe pergunta: “Senhor, para
onde vais?’ Jesus respondeu: ‘Para onde vou, você não pode me seguir’. (Jo
14,36). E Jesus continua o seu discurso: “E
para onde eu vou, vocês já conhecem o caminho.” (Jo 14,4). Nenhum dos
apóstolos haviam entendido nada, mas nenhum tinha coragem de interromper o
Mestre. O Mestre vai partir.
Como poderiam eles seguir a Jesus? Os apóstolos
não compreenderam as palavras do Mestre e não ousavam interrogá-lo manifestando
assim a sua ignorância. E quem buscou para que o fato fosse esclarecido? Foi
Tomé o primeiro que expôs a sua dúvida, que era também a dúvida de todos os
apóstolos. Mas Tomé era um homem metódico e ponderado, e como ele gostava das
coisas nos mínimos detalhes, interrompeu o Mestre e fez a pergunta que todos
gostariam de ter feito: “Senhor, nós não sabemos
para onde vais; como podemos conhecer o caminho?’ (Jo 14,5).
Tomé pelo contrário, supera a vergonha e a
expectativa e expõe a sua ignorância e aguarda o esclarecimento de Jesus. Tomé
queria seguir a Jesus, mas Jesus deveria dizer para onde ia.
E Jesus diz para que veio e qual foi a finalidade
de sua estadia entre os homens: ele não veio para mostrar o caminho, mas ele é
o “Caminho”; ele não veio para
transmitir a verdade, ele é a “Verdade”; ele não veio para ensinar com se vive a vida, ele é a “Vida”: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por
mim. Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o
conhecem e já o viram”. (Jo 14,6-7).
Chegamos, finalmente, na cena que chama a atenção
na nossa liturgia de hoje.
Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, quando da
manifestação de Jesus para os apóstolos, não estava com eles. Disseram-lhe os
outros discípulos: “Vimos o Senhor”.
Tomé já não era o mesmo Tomé crente, mas um Tomé receoso, atento a todos os
pormenores com a sua crítica destrutiva. Não era um homem pronto a crer e
aceitar, que pudesse ser vítima da sua auto-ilusão, mas aquele que se recusava
a crer até na sua própria vista. Ele aceitara o convite de Jesus para seguí-lo, e tinha se proposto até ir com
ele para Betânia e, se fosse necessário, morrer com ele; ele queria saber para
onde Jesus dizia que iria para ele ir junto, não importando para onde. Mas tudo
havia se tornado uma ilusão: o Mestre havia morrido, o sonho acabara.
E agora vem os discípulos lhe dizem: “Vimos o Senhor” exatamente no dia e
hora em que ele estava ausente. Tomé já havia acreditado demais. Não queria
sofrer uma nova desilusão.
Ao ouvir: “Vimos
o Senhor”, Tomé responde prontamente e com convicção: “Se eu não vir o sinal dos cravos nas suas mãos, e não puser o dedo no
lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma acreditarei.”
(Jo 20,25). Como poderemos interpretar esta atitude de Tomé? Indiferença? Descrença?
Honestamente, qual teria sido a sua atitude numa situação dessa? Você
acreditaria prontamente no que diziam, ou deixaria transparecer a sua dúvida, a
sua incredulidade, a sua indiferença, a sua descrença? Indiferença não. Talvez,
o medo de se encontrar com Jesus depois de tudo que se passara. Tomé, que havia
se declarado pronto a morrer pelo Mestre, que havia encorajado os outros
apóstolos a seguí-lo, afinal também, como os demais, havia fugido na hora de
perigo em que o Mestre fora preso, julgado, condenado e crucificado. Talvez o
medo de sofrer uma nova desilusão. A convivência com Jesus havia levado Tomé a
um mundo que não era o seu, e nesse momento, afastado do seu Mestre, voltara à
sua antiga natureza materialista. Assaltado pela tristeza, pela dúvida e pela
desilusão, recusava-se a crer mesmo naquilo que visse, até que pudesse agarrar
com as suas mãos e fazer como os cegos que por vezes se enganam menos que os
outros.
E acontece que, “oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em
casa e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se
no meio deles e disse: ‘A paz esteja com vocês’.” (Jo 20,26). E acontece
que Tomé estava presente. A voz calma de Jesus soa no ambiente com toda a
nitidez: “A paz esteja com vocês”. Era
a mesma voz que Tomé tão bem conhecia e que durante três anos lhe falara da
ressurreição que ele, agora, colocava obstáculo e se recusava em aceitar. O Mestre
voltara com a sua saudação tão conhecida.“A
paz esteja com vocês”. Era o mesmo Mestre; era o Mestre mesmo... Era a
mesma saudação de paz que Jesus dirigia nesse momento àqueles que dias antes o
haviam abandonado e fugido, que haviam quebrado as suas promessas de morrer
pela fé, que haviam voltado para os seus lares.
O Mestre não dirige a Tomé uma única palavra de
censura. Em vez disso, voltara com a sua calma e serenidade para lhes dar a sua
paz. Essa paz que excede todo o nosso entendimento. O Mestre está mais pronto a
conceder o seu perdão do que nós a recebê-lo.
Jesus aproxima-se, olha para os apóstolos e fixa o
seu olhar em Tomé. Desta
vez ele viera propositadamente para Tomé. Era o Bom Pastor que vinha buscar a
ovelha perdida, o Mestre que vinha em auxílio do seu discípulo querido. Jesus
dirige-se para Tomé e coloca-se na sua frente, e lhe diz: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e
coloca-a no meu lado. E não seja incrédulo mas fiel.” (Jo 20,27). Numa
crise de fé, Tomé tem de decidir e agir. Ele sente uma nova, verdadeira e
poderosa fé nascer no seu coração. Aquele Mestre que ele tanto amara, aquele
por quem estivera pronto a dar a sua vida, aquele em quem crera como homem,
como mestre, como amigo, aquele em quem crera sem esperança, estava na sua
frente. Cristo voltara de além-túmulo para lhe dizer que era mais do que um Mestre,
mais do que um amigo, mais do que um profeta. Cristo voltara para lhe lembrar
as suas palavras: “Não
fique perturbado o coração de vocês; acreditem em Deus, acreditem também em mim. Na casa de meu Pai há
muitas moradas; se não fosse assim, eu teria dito a vocês; vou prepara lugar
para vocês. E, se eu for e preparar lugar para vocês, virei outra vez, e
tomarei vocês para mim mesmo, para que onde eu estiver estejam vocês também. E
para onde eu vou vocês conhecem o caminho.” (Jo 14,1-4).
Tomé, movido pela poderosa fé que sentia no seu coração,
disse o que até aí não tinha descoberto: “Meu
Senhor e meu Deus”. (Jo 20,28).
Tomé tornou-se o primeiro dos apóstolos a
se dirigir a Jesus nestes termos, chamando-o de “Meu Deus”. Ninguém até aquele momento, nem mesmo Pedro e João, havia pronunciado a palavra “Deus” dirigindo-se a Jesus. Tomé não se limita a ter uma nova opinião
sobre a ressurreição de Jesus. Ele toma uma decisão. “Meu Senhor”. Ele
se arrepende e entrega-se incondicionalmente a Jesus aceitando-o como seu Salvador.
“Meu Deus”. Já não era a mesma fé sem esperança, movida pela lealdade a um
amigo. Daí em diante, Tomé punha Jesus Cristo em igualdade com Deus Pai, acredita
em Jesus Cristo
como o Filho único de Deus.
Por vezes uma fé forte cresce vagarosamente. Após
três anos de estudos e experiências, alegrias e desilusões, Tomé atingira a
verdadeira maturidade da fé em
Jesus Cristo como Deus onipotente.
Tomé, o chamado de obstinado descrente no
testemunho até aí dado pelos apóstolos, passara a ser o mais convicto de todos,
avançando logo do fato da ressurreição para o adorar como Senhor e como Deus. Quando da primeira vez Tomé se decidira a
seguir a Cristo para morrer por ele, arrastara os outros apóstolos após si. Com
esta nova experiência de Tomé e com a sua declaração de fé, a quantos crentes, através
dos tempos, tem Tomé trazido aos caminhos do Senhor?
Podemos dizer que, Tomé duvidou para que nós
pudéssemos crer.
Quantos de nós queremos ver para crer. E Jesus
admoesta a Tomé e a cada um de nós: “Você
acreditou porque me viu? Bem-aventurados os que acreditaram sem terem visto.” (Jo
20, 29).
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