“QUEM ESTÁ COM MARIA, NÃO ESTÁ LONGE DE DEUS...”.
“SALVE, CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR ESTÁ CONTIGO.” (Lucas, 1, 28).
Maria, a predestinada a ser a mãe do
Filho de Deus desde que o Redentor fora prometido à humanidade contagiada pelo
pecado, aceitou a sua missão à convite de Deus por intermédio de seu anjo
mensageiro, Gabriel. A partir do seu “sim” ao Anjo, Maria iniciou a sua
caminhada, juntamente com seu Filho e Filho de Deus, rumo ao Calvário: em
primeiro lugar a incompreensão do povo por vê-la grávida sem haver se casado
com José; em segundo lugar a desconfiança de José por não compreender o que
estava acontecendo com ela.
Após o nascimento de Jesus, Maria e
José tiveram de livrá-lo da fúria sanguinária do rei Herodes que queria matá-lo
para, futuramente, não disputar com ele seu trono (Mt 2,13-18).
Na fuga para o
Egito Maria envolveu seu filho Jesus, o protegeu, o apertou contra seu seio maternal
e, nas trevas das madrugadas frias e dos dias encalorados do deserto, durante
longo período o levou para um lugar seguro e longe do perigo, conservando a sua
vida e cuidando para que nenhum mal lhe acontecesse. Assim, também, Maria faz
com todos os seguidores de seu filho que seguem seu conselho, quando ela diz: “Fazei tudo o que ele vos disser.” (Jo
2,5); assim como Maria fez com o pequenino Jesus, levando-o apressadamente para
terras estrangeiras para fugir da sanha sanguinária do rei Herodes, assim
também Maria faz com quem a ela se entrega, protegendo-o do perigo de qualquer
natureza e a qualquer momento.
Quando o pequeno Jesus, aos doze anos de idade, perdeu-se
de seus pais na cidade de Jerusalém pelo período de três dias, Maria o procurou
angustiada e preocupada, não descansou e não desistiu de procurá-lo enquanto
não o encontrou (Lc 2,41-50); quando nos perdemos pelos caminhos da vida,
afastamos-nos de Deus ficando longe dos olhos do Senhor e trilhamos veredas
tenebrosas, Maria não nos abandona, busca-nos e não descansa enquanto não nos
encontrar e, quando nos encontra, reconduz-nos ao rebanho do Bom Pastor.
Quando Jesus estava sendo caluniado, açoitado, coroado
de espinhos, crucificado, Maria não o abandonou um instante sequer, assim como
faz hoje com todos os que trilham o caminho ditado por Jesus; Maria acompanha-nos
e nos apóia quando não somos compreendidos, mesmo quando todos estão contra
nós, mesmo quando somos caluniados por pessoas que julgávamos poder confiar,
açoitados pela incompreensão, pela indiferença, pela falta de apoio de todos
aqueles que nos cercam, coroados de espinhos pelos problemas que muitas vezes
não temos forças para resolver, Maria permanece ao nosso lado, assim como fez
com seu filho Jesus quando o mundo inteiro estava contra ele, não o abandonando
em nenhum momento de sua vida; quer nos momentos alegres ou nos momentos
cruciais.
Maria acompanhou Jesus na sua caminhada ao Calvário;
nada ela pode fazer, mas a sua presença foi permanente, a sua fortaleza
naqueles momentos terríveis foi o maior apoio que Jesus poderia ter recebido
para suportar tanta humilhação e ingratidão.
Assim também acontece conosco;
quando carregamos pesadas cruzes e nada podemos fazer para evitá-las, Maria
caminha ao nosso lado, e, só pelo fato de termos a certeza de estar do nosso
lado uma Mãe tão dócil e meiga, a cruz se nos torna mais leve... Maria
acompanhou Jesus nos últimos momentos de sua vida e o recebeu em seus braços
virginais após a sua morte.
Maria também nos acompanha a todos os momentos de
nossa existência e não nos abandonará nos nossos últimos momentos de nossa
vida: ela estará na nossa cabeceira no momento derradeiro de nossa existência
assim como esteve na cabeceira de seu moribundo esposo, José, assim como esteve
no Calvário, aos pés da Cruz de seu amado filho, e é por isso que, diuturnamente,
rezamos: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai
por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.”; no momento
derradeiro, quando deixarmos esse vale de lágrimas ela nos acolherá em seus
braços quando o mundo nada mais significa para nós, e nos levará até Jesus que
é o Bendito Fruto de seu ventre. Ignoramos
o que Maria fez e faz por nós, por isso não a amamos como deveríamos e como ela
merece ser amada.
São Maximiliano Maria Kolbe, grande devoto de Maria,
sempre dizia a seus frades: “Ame Maria o
quanto você quiser e mais do que você puder”.
Maria é do povo. Mas, infelizmente,
muitos não entendem a humildade, a simplicidade, a pureza de Maria, e a afasta
do povo simples e humilde. Colocam mantos de veludos em seus ombros e coroas
riquíssimas em sua cabeça, dando-lhe uma riqueza que ela nunca teve e nunca
pretendeu ter, porque ela sempre foi a humilde serva do Senhor; essa riqueza
material nada significa para Maria: a riqueza de Maria está no coração, na
humildade, na pobreza, na simplicidade, no silêncio, igualando-se em tudo ao
povo pobre, simples e oprimido.
Para conhecermos bem Maria, para encontrarmos em sua
humildade todo o esplendor da graça que Deus Pai sempre a cumulou, além dos
Santos Evangelhos, precisamos ler muito sobre o que os santos que a amaram de
verdade Maria disseram e dizem a respeito dela, e como eles descobriram e
descobrem nela virtudes incalculáveis, tesouros com valores infinitos e
proteção materna que só Maria, sendo a Mãe de Deus e nossa Mãe pode ter e nos
dar. São Maximiliano Maria Kolbe orienta-nos sobre a devoção a Maria, dizendo: “Quando você procurar ler alguma coisa sobre
Maria, não se esqueça que você está entrando em contato com uma pessoa viva,
que lhe ama e que é perfeita e sem mancha alguma.”
A nossa inteligência é por demais
pequena, os nossos conhecimentos sobre Maria são escassos. São Luiz Maria
Grignon de Montfort escreve que “causa
espanto e compaixão ver a ignorância e as trevas de todas as criaturas deste
mundo em relação à Maria. Quantos cristãos católicos que fazem promessa de
ensinar aos outros a verdade, e que, no entanto, não conhecem nem a Jesus, nem
a Maria. Muitos cristãos católicos até dizem que é um absurdo amar como amamos
Maria, porque acreditam que amando Maria como amamos, negamos o nosso amor a
Jesus, o que é um absurdo porque, se amamos Maria como amamos, muito mais
amamos a Jesus e melhor lhe conhecemos, porque, Maria como Mãe do Senhor tem
por missão abrir a nossa cabeça e iluminar a nossa inteligência no amor que
temos a Jesus, como homem, e na adoração que lhe devemos como Deus que é, e,
bem por isso ela disse e continua nos repetindo: ‘Faça tudo o que ele vos
mandar fazer’. Será que os cristãos que dizem que amamos demais Maria tem o
mesmo espírito de Jesus, que, como filho de Maria a amou primeiro que nós e
muito mais que nós? Será que essas pessoas estão agradando a Jesus não
empregando todos os esforços para agradar a sua mãe, com medo de desagradar a
Jesus? Será que a devoção à Maria poderia impedir a adoração que devemos a
Jesus como Deus?”. Que absurdo quem pensa assim.
São Luiz Maria Grignon de Montfort é
categórico quando diz: “não pode esperar
a misericórdia de Deus quem ofende a sua mãe”, e acrescenta: “o que o demônio perdeu por orgulho, Maria ganhou
por humildade. O que Eva condenou e perdeu por desobediência, Maria salvou pela
obediência. Eva, obedecendo à serpente infernal, se perdeu e perdeu consigo
todos os seus filhos e os entregou ao poder infernal. Maria, por sua perfeita
fidelidade a Deus, salvou consigo todos os seus filhos e servos e os consagrou
a Deus. Os verdadeiros filhos de Maria
serão verdadeiros discípulos de Jesus
Cristo, andando nas pegadas de sua pobreza e humildade, partilhando do desprezo
do mundo e vivendo a mesma caridade, ensinando o caminho estreito de
Deus na pura verdade, conforme o Santo Evangelho”.
Todos os que amam Jesus, devem,
também, amar Maria. Não se chega a Jesus se não foi por meio de Maria: não foi
Maria quem apresentou Jesus aos pastores quando do seu nascimento? (Lc 2,1-20).
Não foi Maria quem apresentou Jesus no Templo de Jerusalém ao velho Simeão, à
profetiza Ana e aos sacerdotes no oitavo dia de seu nascimento, para que se
cumprisse a lei de Moisés? (Lc 2,21-38). Não foi Maria quem apresentou Jesus
aos magos, quando eles vieram de terras longínquas, trazendo-lhe presentes,
ouro, incenso e mirra? (Mt 2,1-12).
E é o próprio Senhor Jesus que nos dá esse incentivo
de nos proteger sob o manto de Maria, porque, ele mesmo veio até nós por meio
de Maria, ele se alimentou do leite materno de Maria, ele dormiu aconchegado no
colo quente e virginal de Maria e nós, também chegaremos a ele por meio de
Maria, atendendo ao seu conselho quando disse: “Fazei tudo o que ele vos disser.” (Jo 2,5).
Se não fosse por Maria, não teríamos
Jesus... Jesus, para se fazer homem quis precisar de Maria... O homem, para se
tornar filho de Deus, tem que precisar de Maria... Se quisermos chegar até
Jesus, tem que ser por Maria: não há outro caminho mais curto e mais seguro... E
conhecemos tão pouco essa ligação tão
íntima entre Maria e Jesus e Jesus com Deus Pai...
São Luiz Maria Grignon de Montfort, em seu livro
“Tratado do Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, nos dá uma verdadeira
lição do conhecimento que tem sobre Maria e como devemos amá-la, e escreve: “Deus fez um lago muito grande de água, e o
chamou mar; depois fez um mar de graças, e o chamou Maria” e para
demonstrar a tão grande ligação que existe entre Jesus e Maria, esse santo até
faz uma comparação absurda, quando diz: “Maria
está tão intimamente unida a Jesus, que seria mais fácil separar a luz do sol e
o calor do fogo do que separar Maria
de Jesus; seria mais fácil
separar os anjos e santos de Jesus do
que separar Maria de Jesus, “porque
Maria ama mais ardentemente a Jesus e o glorifica mais perfeitamente que todas
as criaturas juntas.”
São Bernardo, em uma das orações
mais lindas dedicadas à Maria, diz: “Jamais
se ouviu dizer que alguém que tivesse recorrido à proteção de Maria, tivesse deixado
de ser por ela atendido”.
Santa Terezinha do Menino Jesus
dizia sempre que o caminho mais perto e mais curto para se chegar até Jesus, é Maria.
E quantas mais citações de
santos e santas que amaram de verdade Maria, poderíamos declinar aqui. E como
seria bom se, a exemplo de São Luiz Maria Grignon de Montfort, repetíssemos
todos os dias: “Sou todo vosso, ò minha
amada Mãe e Senhora, e tudo o que tenho vos pertence.” O filho que ama
verdadeiramente sua mãe, jamais se cansa de falar sobre ela, de conversar com
ela, de viver a sua vida a exemplo da vida dela... É pelas mãos imaculadas de
Maria que chegaremos ao conhecimento pleno de todas as verdades, porque é pelas
mãos imaculadas de Maria que chegaremos a Jesus, e Jesus é a verdade suprema...
São Bernardo sempre aconselhou
aqueles que queriam chegar à perfeição, dizendo: “Quando você quiser oferecer alguma coisa à Deus, ofereça sempre essa
coisa pelas mãos imaculadas de Maria; se você fizer a sua oferta pelas mãos
agradabilíssimas e puríssimas de Maria, você jamais será repelido da presença
de Deus.”
São Luiz Maria Grignon de Montfort pensa da mesma
maneira que São Bernardo e nos dá um exemplo de como devemos oferecer tudo a Deus pelas mãos imaculadas de
Maria e nos dá um exemplo dizendo que Maria embeleza as nossas ofertas,
adornando-as com seus merecimentos e virtudes, e escreve: “É como se um lavrador, querendo ganhar a amizade e a benevolência do
Rei, fosse até à Rainha e entregasse a ela uma maçã que é toda a fortuna do
lavrador, e suplicando à Rainha que entregasse o seu presente, a maçã, ao Rei. A
Rainha, tendo recebido o pobre
presentinho do lavrador, colocaria a maçã em uma grande e bela bandeja de ouro
e a apresentaria ao Rei em nome do camponês; deste modo a maçã, ainda que
indigna em si de ser ofertada a um soberano, iria se tornar um presente digno
de sua Majestade por causa da bandeja de ouro e da pessoa por quem seria
apresentada.”
Assim são nossas pobres orações
oferecidas a Deus por meio de Maria.
Rezemos, pedindo a Maria e ela embeleza as nossas
orações, os nossos pedidos, os nossos agradecimentos, e coloca todas as nossas
orações e solicitações numa bandeja de ouro e as leva à presença de seu Divino
Filho e ele, por sua vez, não as pode recusar, porque agora, não somos mais nós
quem pedimos, mas é Maria que se transforma em nossa Advogada na
presença de seu Filho, e Jesus jamais negou qualquer pedido de sua Mãe
Santíssima, exemplo disso temos no casamento de Caná (Jo 2,1-11).
Maria está com o povo pobre e humilde. O povo humilde
e pobre está com Maria. O povo pobre e humilde é como o Apóstolo João, o único
que não fugiu e que permaneceu com Maria aos pés da cruz de Jesus, no Calvário,
naquela sombria e triste sexta feira. O povo pobre, como João, junto de Maria,
não foge, não tem medo de sofrer. Já
sofre tanto. Mas, não fica aos pés da
cruz sozinho; Maria está com ele. O povo
fica junto de Maria, aos pés de tantos irmãos que estão morrendo de fome ainda
hoje, morrendo de inanição, de desprezo dos ricos e poderosos já no século dois
mil e no terceiro milênio; o Cristo continua morrendo hoje nos irmãos, como
morreu no Calvário, aos olhos de sua Santíssima Mãe, Maria.
O povo pobre carrega Maria em seu
coração, a mantém dentro de sua casa, e a acompanha por onde quer que for. Foi
Jesus quem mandou. Foi a sua última vontade quando disse do alto da cruz,
olhando para Maria e para João, manifestando a sua última vontade quando ainda
vivo: “Mulher, eis ai o teu filho. Depois disse ao discípulo: ‘Eis ai
a sua mãe’”. (Jo 19,26-27). E, para isso, o Senhor Nosso Deus cumulou Maria
de riquezas; riquezas espirituais.
Jesus deu à Maria todos os homens para serem seus
filhos; Maria tem a todos nós, e nós todos temos Maria por Mãe; a Mãe de Deus é
também nossa Mãe, e, através de Maria somos filhos do mesmo Pai e irmãos de
Jesus Cristo. Mas, desde aquele momento no Calvário em que Jesus nos deu Maria
por Mãe até os nossos dias, os poderosos e o tempo andaram deformando a imagem
que o povo tem de Maria. Ladrões vieram
e roubaram a beleza de Maria, a pureza de Maria, roubaram as jóias espirituais
de Maria. Já não é tão fácil
reconhecer todas as belezas que Deus, o artista supremo, colocou em Maria,
quando disse: “eis ai a sua mãe”. (Jo
19,27). Ah, se fosse possível restaurar e renovar a imagem que Maria tinha
desde que aceitou ser Mãe de Jesus até a tragédia do Calvário, sem destruí-la,
sem deformá-la. Restaurar a imagem de Maria de tal maneira que nela
transparecesse melhor a imagem de Deus, a mensagem de Deus ao povo pobre e que
aparecesse claramente aos olhos de todos o testemunho que Maria nos deu da sua
fé e entrega total nas mãos do seu Senhor, e da sua dedicação à vida.
Restaurar a imagem de Maria de tal maneira que ela se
transformasse num espelho limpo e não embaçado para o povo poder contemplar a
sua cara de gente, de filha de Deus, e descobrir em Maria a sua missão no mundo
de hoje. Se fosse possível limpar esse espelho.
Um dia esse sonho vai se tornar realidade, mesmo que
por ora não sejamos capazes de enxergar toda a beleza de Maria, a gente sabe
que, dentro dela tem um segredo muito importante para a vida. Por isso, o povo
pobre carrega consigo, por onde for, a devoção à Maria. O povo aguarda que um
dia alguém o ajude a descobrir todo o segredo da beleza, da pureza e da santidade
de Maria. E esse dia, quando chegar, transformará a sexta-feira santa em
domingo de Páscoa e a procissão do Senhor Morto numa procissão festiva de
Ressurreição e vida...
Por meio de Maria, Jesus chegou até
nós. Por meio de Maria, chegaremos a Jesus.
Quem está com Maria, não está longe
de Deus...
Os verdadeiros filhos de Maria “terão na boca a espada de dois gumes da
palavra de Deus; em seus ombros carregarão o estandarte ensanguentado da cruz, na mão direita terá o
crucifixo e na esquerda o rosário e no coração os nomes sagrados de Jesus e
Maria, e em toda a sua conduta terão a modéstia e mortificação de Jesus” (Montfort)
E não nos esqueçamos de que “NÃO
PODE ESPERAR A MISERICÓRDIA DE DEUS QUEM
OFENDE A SUA MÃE.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário