SÃO CIPRIANO - SÉC. III
Cipriano era filho de uma nobre e rica
família africana de Cartago, capital romana na no norte da África. Foi
considerado um dos personagens mais empolgantes e importantes do século III.
Primeiro pelo destaque alcançado como advogado, quando ainda era pagão.
Depois por ser considerado um mestre
da retórica e defensor irrestrito da unidade da Igreja. Mas o fator principal
foi sua conversão ao cristianismo, já na maturidade, entre os trinta e cinco e
quarenta anos de idade, causando um grande alvoroço e espanto na sociedade da
época.
Cipriano não deixou apenas sua vida de
pagão, mas também distribuiu quase toda a sua fortuna entre os pobres,
renunciando à ciência profana da qual se alimentara até então.
Com muito pouco tempo, foi ordenado
sacerdote e, por eleição direta do clero e do povo, imediatamente substituiu o
bispo de Cartago logo após sua morte.
Cipriano o fez contrariando seu
próprio desejo, mas em obediência à Igreja. Nos anos de
Os imperadores Valeriano e Décio
empreenderam uma perseguição sem tréguas aos cristãos. Além disso, uma grande e
terrível peste atacou o norte da África, causando muitas mortes e sofrimento.
Como se não bastasse, a Igreja ainda se agitava com problemas doutrinários,
internamente. Durante a perseguição do imperador Décio, em 249, grande número
de fiéis e sacerdotes, até mesmo bispos, fraquejaram perante as torturas e
renunciaram à fé cristã. Por esses atos ficaram conhecidos como "cristãos
lapsos".
A Igreja, então, mergulhou,
definitivamente, na polêmica do "lapso", criando o seu primeiro
grande cisma, isto é, uma divisão entre o clero. Não se sabia que atitude tomar
contra os fiéis que abandonavam a fé e depois desejavam voltar para o
seguimento de Cristo. Em Roma, fora eleito o papa Cornélio, com amplo apoio dos
bispos liderados por Cipriano, que apreciava muito a conduta de seu colega
bispo, com o qual trocava muita correspondência.
Mas havia Novaciano, em Roma, que se
elegeu antipapa e começou uma forte corrente a favor da não-reconciliação dos
desertores. Já na África, um certo Felicíssimo era completamente contra tal
atitude, rogando pela clemência e reintegração do rebanho desgarrado.
Assim, liderados, novamente, pelo
bispo Cipriano, Novaciano foi perdendo força.
Uma outra controvérsia, que assolava a
Igreja na época, era a validade ou não dos batismos realizados por hereges.
Essa era a única divergência que existia entre o papa Cornélio e o bispo
Cipriano. O papa, seguindo a tradição da doutrina, considerava válidos os
batismos, já o bispo dizia que "não se pode dar a fé a quem não a
tem". Assim, a questão permaneceu sem solução. Em 258, ainda com a
perseguição contra a Igreja, Cipriano foi denunciado e sentenciado à morte por
decapitação.
As atas escritas revelam que nesse
dia, quando o pró-cônsul determinou a sentença, as únicas palavras proferidas
por Cipriano foram "Graças a Deus!" Foi executado no dia 14 de
setembro de 258.
São Cipriano deixou-nos inúmeros
escritos, entre os quais oitenta e uma cartas que se tornaram uma fonte de
informação preciosa da vida eclesiástica daquele tempo.
A Igreja declarou-o padroeiro da
África do Norte e da Argélia, sendo sua festa litúrgica marcada para o dia 16
de setembro, quando se comemora a festa do santo papa Cornélio, o amigo de fé
que ele tanto defendeu.
São comemorados também, no dia de
hoje: São Cornélio (papa e mártir), Santos Luzia e Geminiano (mártires de
Roma), Santo Niniano de Cândida Casa (bispo), Santos Rogelio e Serdeus.
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