06 DE NOVEMBRO
BEM-AVENTURADA
BÁRBARA MAIX
Bem-aventurada Bárbara Maix (Maria Bárbara da Santíssima Trindade)
(Viena, 27 de junho de 1818 – Rio de Janeiro, 17 de março de 1873) foi uma religiosa
austríaca fundadora da Congração das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Foi
beatificada no dia 06 de novembro de 2010 no Ginásio Gigantinho em Porto Alegre.
Bárbara nasceu em Viena, filha de Joseph Maix e
Rosália Mauritz. Seu pai era camareiro do Imperador no Palácio de Schonbrunn,
mas sua família vivia em uma situação econômica bastante precária. A
desnutrição ocasionou a morte de vários filhos do casal.
Quando completou quinze anos de vida, Bárbara já
estava órfã de pai e mãe. As cinco irmãs perderam inclusive a casa em que
viviam. Enfrentando a vida praticamente sozinha, fez curso de modista,
habilitando-se a ensinar corte e costura, bordado e artes femininas. Passava
horas inteiras em oração na Igreja de Nossa Senhora da Escada, onde, à luz da
pregação dos padres redentoristas, percebeu a necessidade de se empenhar na
solução dos graves problemas sociais de Viena.
A jovem Bárbara pensou em fundar uma congregação
religiosa dedicada ao Imaculado Coração de Maria, e em 1843 abriu uma pensão
destinada a acolher moças desempregadas. Bárbara conseguiu reunir mais 17
jovens, que eram guiadas sob a orientação espiritual e apoio do padre
redentorista João Nepomuceno Pöckl.
Em 1848 ocorria a revolução liberal em Viena,
perseguindo a Igreja Católica e diversas congregações religiosas. Bárbara e
suas companheiras, que já contavam com 21, foram obrigadas a abandonar sua
residência e forçadas pelas circunstâncias, decidiram ir para a América do
Norte.
Enquanto aguardavam, no porto de Hamburgo, aportou
um barco com destino ao Brasil, e entendeu Bárbara ser esta a vontade de Deus.
Decidiu partir, e acompanhou-as o Pe. Pöckl, que também tencionava fundar a
Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, e mais dois jovens da
família Hamberger. Chegaram ao Brasil, na cidade do Rio de Janeiro em 09 de
novembro de 1848, sem dinheiro, sem conhecimento de ninguém, sem saber o
idioma, com fome, mas cheias de confiança no auxílio divino e na proteção da
Virgem Maria.
A pedido de Dom Manuel do Monte Rodrigues de
Araujo, Bispo do Rio de Janeiro, foram acolhidas pelas Irmãs Concepcionistas,
por seis meses. Particularmente, preparavam-se para o dia da vestição
religiosa, que ficou marcada para o dia 08 de maio de 1849.
Emitiram os votos religiosos e ficou ereta,
juridicamente, a Congregação do Imaculado Coração de Maria, já com 22 membros.
Madre Bárbara recebeu o nome religioso de Madre Maria Bárbara da Santíssima
Trindade. Bárbara sentia-se comprometida com os pobres e necessitados. Acolhiam
mulheres que procuravam asilo, dedicavam-se à educação das jovens mais
abandonadas e cuidavam dos doentes. As primeiras experiências de trabalho
pastoral junto ao povo foram nos colégios, e ocorreram em circunstâncias
adversas para a Congregação, pois eram pobres, não tinham casa própria,
experimentavam muitas privações e insegurança.
Madre Bárbara estava sempre aberta a acolher os
necessitados, assim, devido ao problema da orfandade no Brasil, que ia se
agravando em consequência das epidemias e da Guerra do Paraguai, Madre Bárbara
passou a prestar serviço em
diversos Asilos do Império: em Niteroi, Pelotas, em em Porto Alegre.
As Irmãs cuidavam também dos empestados e vítimas
a guerra. Foram grandes e incontáveis os sofrimentos da Fundadora. Nos Asilos
mantidos por sociedades leigas, pertencentes à maçonaria, Bárbara sofreu toda
sorte de hostilidade. Lutas e contradições, dificuldades de toda espécie foram,
aos poucos, consolidando e definindo posições das Irmãs com relação à
Fundadora.
Um grupo de Irmãs do Asilo de Pelotas,
influenciado e apoiado pela Diretoria, separou-se da Congregação. Em Porto Alegre, algumas
religiosas apresentaram a Dom Sebastião Dias Laranjeira, Bispo do Rio Grande do
Sul, acusações contra a Fundadora, ocasionando a visita canônica ao Asilo
Providência, onde residia Madre Bárbara. Críticas infundadas e calúnias
difamaram a fundadora e as irmãs que lhe eram fiéis. Bárbara sofreu muito. Na
sua simplicidade e humildade, aceitou mais essa provação e deixou a cidade de
Porto Alegre.
Nas suas cartas ofereceu a todas o seu perdão. Aos
31 de dezembro de 1870, Bárbara partiu para o Rio de Janeiro, onde assumiu a
Escola Doméstica, destinada a acolher moças órfãs, e aí permaneceu até um mês
antes de sua morte. Bárbara Maix faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no bairro
do Catumbi, onde morava com quatro religiosas numa casa emprestada.
Era de saúde frágil, sofria da asma e de problemas
cardíacos. No dia 17 de março de 1873, sentiu-se mal após a missa, e
acompanhada por uma religiosa, sentou-se em sua cadeira de braços onde muitas
vezes passava as noites nos momentos de crise, e faleceu com um sorriso nos
lábios, um sorriso de paz.
Tinha 54 anos, sua fé foi imbatível. Deixou o
perdão como herança, e a todos o perfume da sua santidade. A partir de então
suas acusadoras começaram a reconhecer suas virtudes e penitenciar-se pelo mal
cometido contra ela.
Algum tempo após sua morte foram encontradas entre
suas correspondências, as cartas datadas de 1872, e que Madre Jacinta havia
escrito às autoridades eclesiásticas e ao Imperador contando toda a verdade
sobre o acontecido e retratando-se, pedindo perdão à fundadora. Madre Bárbara
guardara estas cartas, que depois de lidas pelas autoridades lhe foram entregues,
para evitar a humilhação de suas seguidoras perante a Igreja e o governo
Imperial. Em 1957 seus restos mortais foram transladados para Porto Alegre onde
se encontram na Capela São Rafael, no centro da capital.
A fase do processo de Beatificação foi iniciado,
em fase diocesana, no ano de 1993.
Em 29 de abril de 2003 teve a aprovação da
comissão histórica da Congregação para a Causa dos Santos. O decreto de suas
virtudes heroicas aprovado aos 03 de julho de 20089; e o decreto do milagre
aprovado no dia 27 de março de 2010 em consistório pelo Papa Bento XVI. Milagre
este que ocorreu no interior do Rio Grande do Sul em uma região próxima a Caxias
do Sul, quando no dia 10 de julho de 1944 um menino, Onorino Ecker, de quatro
anos de idade sofreu queimaduras de terceiro grau quando brincava com seus
irmãos. O menino foi levado, a pé, para o hospital, localizado em Santa Lúcia de Piaí
que ficava cerca de 15 km
de sua casa.
Durante a sua internação sofreu convulsões e os
médicos davam seu caso como perdido, restando apenas um milagre para o tirar
daquela situação. Foi quando uma enfermeira e também freira da Congregação das
Irmãs do Imaculado Coração de Maria iniciou junto com os pais do menino uma
novena pedindo a intercessão da fundadora Bárbara Maix.
A criança foi se recuperando milagrosamente e no
dia 25 do mesmo mês, o menino recebeu alta do hospital totalmente curado. A
Venerável Bárbara Maix foi beatificada no dia 06 de novembro de 2010, na cidade
de Porto Alegre (primeira beatificação na capital gaúcha) em celebração
presidida pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, o arcebispo Don
Ângelo Amato (Por motivos de saúde Dom Amato não pode comparecer a
Beatificação, ato que foi presidido pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom
Lorenzo Baldisseri).
São lembrados
também, neste dia: Santo Atiço e São Leonardo de Limoges.
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