CORPUS CHRISTI
Ano: “C” – Cor: branco –
Leituras: Gn 14,18-20; Sl 109; 1Cor 11,23-26; Lc 9,11-17.
FAZEI ISSO EM MEMÓRIA DE MIM...
Quando participamos do Santo
Sacrifício da Missa e, durante a oração eucarística, o celebrante toma em suas
mãos a hóstia, levanta-a sobre o altar para que todos os participantes possam
vê-la, e diz em voz alta, para que todos possam ouvi-lo: “Na véspera de sua paixão, durante a última ceia, Jesus tomou o pão,
deu graças e o partiu, e deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e
comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós.” Depois, do mesmo modo,
ao fim da ceia, Jesus tomando o cálice em suas mãos, deu graças novamente e o
entregou aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e bebei: Este é o cálice
do meu sangue, o sangue da nova e eterna
aliança, que será derramado por vós e por todos para a remissão dos
pecados. Fazei isto em memória de mim”. (Mt 26,26-29; Lc 22,14-20; 1Cor 11,23-26).
Todas as vezes que
participamos da Santa Missa e todas as vezes que o celebrante repete essa
atitude, estamos participando da ceia sagrada e estamos vivendo o maior
mistério da nossa fé, porque, como diz Paulo Apóstolo: “Toda vez que se come deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a paixão de Jesus
Cristo e se fica esperando a sua volta.” (1Cor 11, 26).
A Santa Ceia, esta cena
maravilhosa, tocante e imorredoura, aconteceu na noite em que o Senhor Jesus,
já sabendo que tinha sido vendido aos judeus por um de seus apóstolos, Judas
Escariotes, para ser condenado à morte, e ele, Jesus, tendo reunido todos os
seus apóstolos para a despedida final, promoveu o que chamamos hoje de “Santa
Ceia”, que seria a sua última ceia como os apóstolos, e ali, naquela
oportunidade, institui o Sacramento da Eucaristia.
O Sacramento da Eucaristia é
o Sacramento em que Jesus
se faz presente de corpo, alma e divindade e Jesus instituiu esse sacratíssimo
sacramento exatamente para permanecer entre nos, para que ele jamais nos
deixasse e para que nós não ficássemos como ovelhas sem pastor, perdidas neste
vale de lágrimas entre os espinhos do pecado e as intempéries da própria
natureza humana que tem suas inclinações sempre contrárias ao Caminho, à
Verdade e à Vida que é Jesus Cristo, e, num último esforço de amor e doação
total, Jesus se entrega a nós no mistério infinito da Eucaristia.
Todas as vezes que
participamos de uma Santa Missa é como se estivéssemos ao redor da mesa, com
Jesus, como aconteceu na última ceia; todas as vezes que participamos do
sacrifício da missa nós estamos, como estiveram na última ceia os doze
apóstolos, ao redor da mesa, tendo Jesus Cristo ao centro, e estamos
participando do banquete pascal, onde se serve, como alimento o pão que se transforma
no corpo de Jesus Cristo, e se bebe, como bebida, o vinho, que se transforma no
sangue de Jesus Cristo que foi derramado “por todos os homens para o perdão dos
pecados.”
Mas, para participarmos
dessa Santa Ceia, o Senhor Jesus quer que seus apóstolos e discípulos estejam
limpos, sem a poeira do pecado, sem a mancha das más inclinações, sem a sujeita
dos maus pensamentos, e foi por isso que Jesus se propôs a lavar os pés de seus
apóstolos com a água do perdão e enxugá-los com
a toalha da misericórdia do Pai.
Jesus nos quer limpos para
participarmos efetiva e dignamente da mesa da sua santa ceia, porque, como diz
Paulo Apóstolo, todos aqueles que não estiverem preparados para receber a
Sagrada Eucaristia e o fazem ou se dirigem à mesa da comunhão impuros, estão
comendo e bebendo a sua própria condenação.
E é por isso que, em uma das
Orações Eucarísticas o celebrante reza, e nós repetimos com a Santa Igreja,
dizendo: “Jesus Cristo, verdadeiro e
eterno sacerdote, oferecendo-se a Deus Pai pela nossa salvação, instituiu o
sacramento da nova aliança e mandou que o celebrássemos em sua memória. Sua
carne imolada por nós é o alimento que nos fortalece, e o seu sangue por nós
derramado, é a bebida que nos purifica.” (Quinta Oração Eucarística).
Nosso Senhor Jesus Cristo é
a realização plena de todas as promessas de salvação feita por Deus Pai aos
homens de todos os tempos.
Desde a queda do homem, Deus
promete a salvação e todo o Antigo Testamento das Sagradas Escrituras é a
preparação dessa salvação prometida por Deus; e, tanto a vinda de Jesus Cristo
como toda a sua vida, a sua paixão, morte e ressurreição e ascensão aos céus,
tudo isso aconteceu como havia sido anunciado pelos profetas e Santos do Antigo
Testamento.
E tudo o que o Senhor Jesus
fez, falou e ensinou em toda a sua vida, deve ser aceito e vivido por todos
aqueles que dizem e acreditam que ele é a Salvação que vem de Deus.
Não adianta dizermos que
Jesus Cristo é o Filho de Deus, não adianta dizermos que Jesus Cristo é Deus se
duvidamos ou não acreditamos em qualquer coisa que ele tenha feito, falado ou
ensinado.
Frei Agostinho, frade
franciscano, escreveu na revista Cavaleiro da Imaculada - junho de 84: “Quando, na última ceia, Jesus Cristo tomou
em suas mãos o pão e o abençoou, dizendo: “Isto e o meu corpo”, e depois, sobre
o cálice com vinho, disse: “Este é o cálice do meu sangue”, os apóstolos
acreditaram na palavra de Jesus, porque, realmente Jesus Cristo havia dito que
o pão era o seu corpo e o vinho era o seu sangue, e não somente representava
isso. Os apóstolos acreditaram porque já haviam se convencido inúmeras vezes que as palavras de Jesus
Cristo sempre foram eficientes; o que Jesus dizia, ele fazia. Quando Jesus
sarava os doentes, os doentes ficavam realmente curados; quando Jesus mandava
sair dos espíritos imundos, os espíritos imundos, mesmo contra a sua vontade,
imediatamente saiam; quando Jesus mandou que se acalmassem as ondas do mar
tumultuado, no mesmo instante a tempestade passou; quando Jesus resolveu matar
a fome de milhares de pessoas com cinco pães e dois peixes, Jesus
multiplicou os pães de tal sorte que as
multidões ficaram fartamente saciadas;
quando Jesus mandou sair Lázaro do túmulo mesmo já estando em adiantado estado
de decomposição, Lázaro saiu vivo e perfeito do túmulo; quando Jesus mandou que
o filho da viúva de Naim se levantasse de seu caixão mortuário, imediatamente
aquele moço se levantou cheio de vida e saúde e foi devolvido para a sua mãe. Nenhuma
palavra de Jesus foi frustrada ou desmentida. E por isso a nossa Santa Igreja
nos ensina ao longo do tempo, ao longo de toda a sua história, com toda fé e veneração,
que o pão consagrado e o vinho consagrado são verdadeiramente o Corpo e o
Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo entregue na cruz e derramado por todos os
pecados dos homens em todos os tempos. Jesus Cristo não somente realizou este ato pessoalmente na última
ceia, mas, o que é mais importante mandou e autorizou os seus apóstolos e
os sucessores dos apóstolos de todos os
tempos a repetirem esse mesmo ato por toda a eternidade, quando disse: “Fazei
isso em minha memória.” E os Apóstolos, enquanto tiveram vida, repetiram esse
ato de Jesus com a fé e convicção firme de que o pão e o vinho que eles
consagravam sobre o altar eram realmente
corpo e o sangue de Jesus Cristo. E hoje, todos os sacerdotes da Igreja
Católica Apostólica Romana, em todos os tempos e lugares, devidamente ordenados,
repetem esse ato de Jesus ao longo dos tempos, até os confins do mundo. E nós,
cristãos, assim instruídos, acreditamos na presença real, mesmo que
sacramental, de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. Acreditamos piamente que
Jesus Cristo está realmente presente na Eucaristia com o seu corpo, sangue alma
e divindade, não porque entendemos esse mistério, mas porque, e acima de tudo,
simplesmente acreditamos cegamente nas palavras e atitudes de Jesus Cristo. Ele
nunca nos enganou; ele nunca mentiu. E por isso, com que amor então deveríamos
nós correr para participarmos da Santa Missa. Com que amor e devoção deveríamos
fazer visitas nas igrejas onde Jesus Cristo está presente verdadeiramente nos
sacrários. Com que ansiedade, preparação e gratidão deveríamos comungar todas
as vezes quantas nos forem possíveis. Será que as nossas atitudes de cristãos
correspondem aos desejos de Jesus? Será que nós temos fé nas palavras de Jesus
de verdade, ou somos iguais àqueles que acreditam somente em parte nas palavras
de Jesus e colocam outras partes em dúvidas? Devemos pedir, e pedir muito à
Santíssima Virgem Maria que nos dê aquela fé viva, bem viva que ela mesma viveu
e praticou em todos os momentos de sua caminhada. Quanto mais nos aproximarmos
da Eucaristia, tanto mais viveremos plenamente a nossa vida cristã. E é isso
que o próprio Senhor Jesus deseja e espera de cada um de nós...” (Cavaleiro da Imaculada - junho de 84 -
Frei Agostinho).
Nenhum comentário:
Postar um comentário