PENTECOSTES – ESPÍRITO SANTO
Ano – C; Cor – Vermelho; Leituras: Gn 11,1-9; Sl 103 (104); Rm 8,22-27;
Jo 7,37-39.
“É SEMPRE SEGUNDO DEUS QUE O ESPÍRITO INTERCEDE EM FAVOR DOS SANTOS.”
(Rm 8,27b).
Diácono
Milton Restivo
No dia da
festa judaica de Pentecostes estavam todos os Apóstolos e discípulos de Jesus
reunidos, e assim nos narram este episódio o livro dos Atos dos Apóstolos: “Quando
chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De
repente veio um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde
eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se
espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do
Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes
concedia que falassem”. (At
2,1-4).
A ação do
Espírito Santo nos Apóstolos e discípulos de Jesus, na festa de Pentecostes,
tornou-os fortes, audazes e santificou-os para anunciar o Evangelho com
fidelidade a todo o mundo.
A Igreja ficou
constituída em templo do Espírito Santo: “ou
vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e
lhe foi dado por Deus?”. (1Cor 6,19).
A partir da
Ascensão de Cristo, que a Igreja celebrou no domingo anterior, os discípulos e
a comunidade passou a não ter mais a presença física e visível do Mestre. Passaram
a não vê-lo mais com os olhos da carne, e sim com os olhos da fé. Em
cumprimento à promessa de Jesus, o Espírito Santo foi enviado sobre os
apóstolos.
Dessa forma,
Jesus continua presente na Igreja, que é continuadora da sua missão. O
Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo.
Os sinais
externos, descritos no livro dos Atos dos Apóstolos, são uma confirmação da
descida do Espírito Santo: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo.
Para os cristãos, o Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para
a missão universal.
Precisamos entender que a festa que celebramos
denomina-se Pentecostes, não porque o Espírito Santo veio sobre a Igreja de
Jesus Cristo representada pelos apóstolos e discípulos, e sim porque o Espírito
Santo manifestou-se no dia da festa judaica de Pentecostes, tendo a Igreja,
para esse acontecimento, adotado o nome Pentecostes para dar identidade à
manifestação do Espírito de Deus prometido por Jesus.
No Novo
Testamento o Pentecostes, festa judaica, quando aconteceu a manifestação do
Espírito Santo, está relatada no livro dos Atos dos Apóstolos (2,1-13).
Comemora-se o envio do Espírito Santo à Igreja. Como era costume dos judeus,
obedecendo a lei mosaica, os apóstolos e discípulos, juntamente com Maria, a mãe
de Jesus, estavam em Jerusalém reunidos para a celebração do Pentecostes
judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, como
se soprasse um vento impetuoso (At
2,1-4). Línguas de fogo pousaram sobre os apóstolos
e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em diversas
línguas.
Pentecostes é
a coroação da Páscoa de Cristo. No Pentecostes cristão acontece a plenificação
da Páscoa, pois a vinda do Espírito Santo sobre os discípulos e apóstolos
manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração, na vida e na
missão dos discípulos.
Podemos notar
a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca ortodoxo Atenágoras
(1948-1972): "Sem o Espírito Santo,
Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta,
a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma
propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos".
O Espírito
Santo traz presente, “até a consumação
dos séculos” (Mt 28,20), o Ressuscitado à sua Igreja e lhe garante a vida e
a eficácia da missão.
O Pentecostes
é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo. Os sinais externos
descritos no livro dos Atos dos Apóstolos são uma confirmação da descida do
Espírito de Deus, é uma teofania, portanto: ruídos vindos do céu, vento forte e
chamas de fogo. Para os cristãos o Pentecostes marca o nascimento da Igreja e
sua vocação para a missão universal.
Nos Evangelhos a presença do Espírito Santo é sensível. O Espírito Santo
recobre Maria na anunciação do anjo: “O
anjo respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a
cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado
Filho de Deus”. (Lc 1,35). O Espírito Santo manifesta-se, também, na visita
de Maria a Isabel: “Quando Isabel ouviu a
saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do
Espírito Santo”. (Lc 1,41). O Espírito Santo se faz presente no batismo de
Jesus: “Depois de ser batizado, Jesus
logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus,
descendo como pomba e pousando sobre ele”. (Mt 3,16 e Mc 1,10), e na
tentação de Jesus no deserto: “Em seguida
o Espírito impeliu Jesus para o deserto”. (Mc 1,12; Mt 4,1 e Lc 4,1); imediatamente
depois da tentação de Jesus no deserto: “Jesus
voltou para a Galiléia,, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por
toda a redondeza”. (Lc 4,14); e por ocasião em que Jesus, falando em
Nazaré, recorda a promessa messiânica de Isaias 61,1-2: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a
unção para anunciar a boa nova aos pobres...”. (Lc 4,18ss).
Do mesmo modo fala o Santo Espírito ao velho Simeão dirigindo-o nos seus
passos e pensamentos: “Havia em Jerusalém
um homem chamado Simeão. Era justo e piedoso. Esperava a consolação de Israel,
e o Espírito Santo estava com ele. O Espírito Santo tinha revelado a Simeão que
ele não morreria sem ver primeiro o Messias prometido pelo Senhor. Movido pelo
Espírito, Simeão foi ao Templo”. (Lc 2,25-27a). O dom do Espírito Santo é,
de uma maneira determinada, prometido pelo nosso Salvador: “Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais
o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que pedirem”. (Lc
11,13).
No Evangelho segundo
João o ensino de Jesus quanto à obra do Espírito é mais preciso. "Deus é
Espírito", com respeito à sua natureza. A não ser que o homem novamente
nasça "da água e do Espírito", ele não pode entrar no reino de Deus: “Jesus respondeu (a Nicodemos): ‘Eu garanto a você: ninguém pode entrar no
Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito. Quem nasce da carne é carne,
quem nasce do Espírito é espírito. Não se espante se eu digo que é preciso
vocês nascerem do alto”. (Jo 3,5-7).
O Espírito é dado sem medidas ao Messias: “De
fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o
Espírito sem medida.” (Jo 3,34).
Referindo-se
Jesus às promessas messiânicas (Is 44,3; Jl 2,28) falou do Espírito que haviam
de receber os que nele cressem porquanto, ainda não tinha sido dado: “Jesus disse isso se referindo ao Espírito
que deveriam receber os que acreditassem nele. De fato, ainda não havia o
Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” (Jo 7,39); mas na
qualidade de Consolador, Paráclito, Advogado e Espírito da verdade, por quem a
verdade se expressa e é trazida ao homem:
“O Advogado que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade
que procede do Pai. Quando ele vier, dará testemunho de mim. Vocês também darão
testemunho de mim, porque vocês estão comigo desde o começo.” (Jo 15,26); “Entretanto, eu lhes digo a verdade: é
melhor para vocês que eu vá embora, porque, se eu não for, o Advogado não virá
para vocês. Mas, se eu for, eu o enviarei.” (Jo 16,7).
O Espírito
Santo havia de ser dado aos crentes pelo Pai: “Então, eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Advogado, para que
permaneça com vocês para sempre. Ele é o Espírito da Verdade, que o mundo não
pode acolher, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele mora
com vocês, e estará com vocês.” (Jo 14,16-17);
Na primeira
carta de João, 3,24 a
4,13 esta presença íntima do Espírito é um dos dois sinais característicos da
união com Cristo; e o Espírito, que é a verdade, dá testemunho do Filho: “Este é aquele que veio pela água e pelo
sangue: Jesus Cristo. (Ele não veio apenas pela água, mas pela água e pelo
sangue.) E é o Espírito quem dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade.”
(1Jo 5,6). Nos Atos dos Apóstolos a manifestação do Espírito é feita no dia de
Pentecoste, e o fato acha-se identificado com o que foi anunciado pelo profeta:
“Todos ficaram repletos do Espírito
Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia
que falassem”. [...] “Nos últimos
dias, diz o Senhor, eu derramarei o meu Espírito sobre as pessoas”. [...] “Naqueles dias, derramarei o meu Espírito
também sobre meus servos e servas, e eles profetizarão”. (At 2,4.17.18).
Ananias e
Safira "tentam" o Espírito, pondo à prova a sua presença na igreja: “Então Pedro disse: ‘Por que vocês fizeram
acordo para tentar o Espírito do Senhor? Veja! Os que foram enterrar seu marido
estão chegando. Eles vão levar você também”; (At 5,9).
O Espírito,
expressamente, dirige a ação dos apóstolos e evangelistas: “Antes disso, ele deu instruções aos
apóstolos que escolhera, movido pelo Espírito Santo”. (At 1,2); “Então o Espírito disse a Filipe:
‘Aproxime-se desse carro e o acompanhe”. [...] “Quando saíram da água o Espírito arrebatou Filipe, e o eunuco não o
viu mais”. (At 8,29.39); “E Pedro
estava ainda pensando sobre a visão, quando o Espírito lhe disse: ‘Aí estão
três homens que procuravam por você. Levante-se, desça e vá com eles sem
hesitar, porque fui eu que os mandei”. (At 10,19); “O Espírito me disse que eu fosse com eles sem hesitar”. (At 11,12); “Paulo e Timóteo atravessaram a Frigia e a região da Galácia, uma vez
que o Espírito Santo os proibia de pregar a Palavra de Deus na Ásia. Chegando
perto de Mísia, eles tentaram entrar em Bitínia, mas o Espírito de Jesus os
impediu”. (At 16,6-7); “Movidos pelo
Espírito, os discípulos diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém”. (At 21,4b).
Nas cartas de
Paulo a presença do Espírito Santo está claramente determinada: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus
dos mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a
vida também para os corpos mortais de vocês, por meio do seu Espírito que
habita em vocês”. (Rm 8,11); “Vocês
não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?”
(1Cor 3,16); “Ou vocês não sabem que o
seu corpo é o templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por
Deus?” (At 6,19).
O Espírito
Santo é o autor da fé: “Por isso, eu
declaro a vocês que ninguém, falando sob a ação do Espírito de Deus, jamais
poderá dizer: ‘Maldito Jesus’! E ninguém poderá dizer: ‘Jesus é o Senhor!’ a
não ser sob a ação do Espírito Santo”. (1Cor 12,3). Os homens vivem no
Espírito: “Se vivemos pelo Espírito,
caminhemos também sob o impulso do Espírito”. (Gl 5.25).
Pelo Espírito
Santo os homens são ajudados nas suas fraquezas: “Do mesmo modo, também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza,
pois nem sabemos o que convém pedir. Mas o próprio Espírito intercede por nós
com gemidos inefáveis. E aquele que sonda os corações sabe quais são os desejos
do Espírito, pois o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade
de Deus”. (Rm 8,26-27). Os homens são fortalecidos pelo Espírito Santo: “Que ele se digne, segundo a riqueza de sua
glória, fortalecer a todos vocês no seu Espírito, para que o homem interior de
cada um se fortifique. Que ele faça Cristo habitar no coração de vocês pela
fé”. (Ef 3,16-17). Os homens recebem do Espírito Santo os dons espirituais:
“Sobre os dons do Espírito Santo, irmãos,
não quero que vocês fiquem na ignorância”. (1Cor 12,1ss). Os homens
produzem frutos como resultado da presença do Espírito Santo: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria,
paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si”. (Gl 5,22-23).
Por meio do
Espírito Santo há a ressurreição dos que crêem em Jesus Cristo: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus
dos mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a
vida também para os corpos mortais de vocês, por meio do seu Espírito que
habita em vocês.” (Rm 8.11).
Pedro escreve
acerca da santificação, como sendo obra do Espírito Santo; “Vocês foram escolhidos de acordo com a presença de Deus Pai e através
da santificação do Espírito, para obedecerem a Jesus Cristo e serem purificados
pelo seu sangue”. (1Pd 1,b-2a).
No livro do Apocalipse
João, conscientemente, é influenciado pelo Espírito Santo: “No dia do Senhor, o Espírito tomou conta de mim”. (Apo 1,10); “Imediatamente o Espírito tomou conta de
mim”. (Apo 4,2); e a mensagem dirigida às sete igrejas é a mensagem do
Espírito: “Quem tem ouvidos ouça o que o
Espírito diz às igrejas”. (Apo 2,7.11.17.29).
O saudoso Papa,
Beato João Paulo II, numa de suas exortações, declarou: "O Espírito é o único que pode ajudar às pessoas e as comunidades
a libertarem-se dos velhos e novos determinismos, guiando-os com a lei do
espírito que dá a vida em
Cristo Jesus".
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