EXPLICANDO O CARTAZ DA CAMPANHA DA
FRATERNIDADE 2015
O cartaz da
CF 2015 retrata o Papa Francisco lavando os pés de um fiel na Quinta-feira
Santa de 2014.
A Igreja
atualiza o gesto de Jesus Cristo ao lavar os pés de seus discípulos.
O lava-pés é
expressão de amor capaz de levar a pessoa a entregar sua vida pelo outro. E com
este amor que todo ser humano é amado por Deus em Jesus Cristo.
Ao
entregar-se à morte na cruz e ressuscitar, como celebramos na Páscoa, Jesus
leva em plenitude o Eu vim para servir
(Mc 10,45). Se buscarmos no livro dos Atos dos Apóstolos, vamos ver que, em
Jerusalém, não eram somente judeus que haviam se convertido para a Igreja do
Caminho, mas, também, fiéis de origem grega aderiram aos ensinamentos do Divino
Mestre.
As pessoas
carentes por parte dos judeus tinham atendimento preferencial por parte da
comunidade, enquanto que os necessitados de origem grega e ou estrangeiros eram
negligenciados e, por isso, reclamaram. Para serem
encarregados dessa tarefa foram escolhidos sete homens, todos de origem grega, “de
boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria” (At 6,3).
Jamais
poderíamos dizer com segurança que, ao serem encarregados esses sete homens
para esse mistér, estava instituído na Igreja o ministério diaconal porque, em
primeira instância, Jesus foi o primeiro diácono e o diácono por excelência: “quem
de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; e quem de
vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido.
Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt
20,26-28).
Ninguém criou nada se já
Jesus não tivesse sido ou dado o exemplo. O fato de os Apóstolos escolherem
sete homens “de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria” no meio da comunidade é consequência daquilo
que Jesus já fizera e dera o exemplo na última ceia quando lavou os pés dos
seus discípulos e disse: “Vocês compreenderam o que eu acabei de fazer?
Vocês dizem que eu sou o Mestre, o Senhor. E vocês têm razão; eu sou mesmo.
Pois bem: eu que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso vocês
devem lavar os pés uns dos outros. Eu
lhes dei o exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz. Eu garanto
a vocês: o servo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que
aquele que o enviou. Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em
prática”. (Jo 13,12-17).
A Igreja é, por
excelência, diaconal, servidora, a exemplo de Jesus Cristo, que disse:
“o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e dar a sua
vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,28).
Jesus, que veio ao mundo
“para servir e não ser servido”, deu o exemplo da diaconia na última ceia quando,
“se levantou da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura.
Colocou água na bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando com a
toalha que tinha na cintura. [...] Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus
vestiu o manto, sentou-se de novo, e perguntou: ‘Vocês compreenderam o que eu
acabei de fazer? Vocês dizem que eu sou o Mestre, o Senhor. E vocês têm razão;
eu sou mesmo. Pois bem: eu que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por
isso vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo: vocês
devem fazer a mesma coisa que eu fiz. Eu garanto a vocês: o servo não é maior
que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Se vocês
compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática”. (Jo 13,4-5.12-17).
Isso é diaconia. Esse é o
serviço primordial da Igreja; servir e não ser servida. Isso é ser diaconia,
imitando o exemplo do Mestre.
Não se é papa, nem bispo e
nem padre se não for diácono, tanto é que o primeiro degrau para o ministério
ordenado da Igreja de Jesus Cristo é a ordenação à diaconia; mas esse período
entre a diaconia e o presbiterato é tão curto que muitos epíscopos e presbíteros
se esquecem que, antes de serem epíscopos e presbíteros, são diáconos e que
deveriam continuar sendo, não importando o grau de ordenação que tenham recebido.
Prova disso está quando o
Papa Francisco na Quinta-feira Santa do ano de 2014, quando da cerimônia do
Lava-pés, deixou os paramentos episcopais e papais e colocou a sua estola na
transversal, a estola diaconal, como a usam os diáconos, da direita para a
esquerda, e lavou os pés dos seus fiéis.
A estola é o símbolo da
dignidade e do compromisso do ministro ordenado da Igreja, e a estola do
diácono é na transversal, partindo do ombro, da direita para a esquerda, e isso
lembra a toalha cingida na cintura por Jesus Cristo para lavar os pés dos seus
discípulos.
Pena que a memória da
última ceia, quando Jesus lava os pés dos discípulos para dar o exemplo da
diaconia a todos, acontece, na nossa Igreja, somente na cerimônia da
Quinta-feira Santa que, em muitos lugares, é mais transformado em teatro do que
em liturgia e memória. Seria esse o objetivo de Jesus ao dizer: “Eu lhes
dei o exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz. Eu garanto a vocês:
o servo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que aquele
que o enviou. Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em
prática”.
(Jo 13,15-17)?
Acredito que não.
Parece que a Igreja ainda
não compreendeu isso. O “lavar os pés” uns dos outros não tem dia e nem horário
marcado; a diaconia do povo de Deus deve acontecer quando o amor fala mais alto
e nos arremete a entender e a atender a necessidade do próximo, e para isso não
existe dia específico e nem precisamos procurar: ela vem ao nosso encontro.
A Igreja
Católica, através de suas comunidades, participa das alegrias e tristezas do
povo brasileiro.
O Concílio
Vaticano II veio iluminar a missão evangelizadora da Igreja.
Evangelizar
pelo testemunho, dialogando com as pessoas e a sociedade.
No diálogo,
a Igreja (as comunidades) está a serviço de todas as pessoas.
Ao servir,
ela participa da construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e
pacífica. No serviço, a Igreja edifica o Reino de Deus.
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