domingo, 29 de março de 2015

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015

EXPLICANDO O CARTAZ DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015


O cartaz da CF 2015 retrata o Papa Francisco lavando os pés de um fiel na Quinta-feira Santa de 2014.
A Igreja atualiza o gesto de Jesus Cristo ao lavar os pés de seus discípulos.
O lava-pés é expressão de amor capaz de levar a pessoa a entregar sua vida pelo outro. E com este amor que todo ser humano é amado por Deus em Jesus Cristo.
Ao entregar-se à morte na cruz e ressuscitar, como celebramos na Páscoa, Jesus leva em plenitude o Eu vim para servir (Mc 10,45). Se buscarmos no livro dos Atos dos Apóstolos, vamos ver que, em Jerusalém, não eram somente judeus que haviam se convertido para a Igreja do Caminho, mas, também, fiéis de origem grega aderiram aos ensinamentos do Divino Mestre.
As pessoas carentes por parte dos judeus tinham atendimento preferencial por parte da comunidade, enquanto que os necessitados de origem grega e ou estrangeiros eram negligenciados e, por isso, reclamaram. Para serem encarregados dessa tarefa foram escolhidos sete homens, todos de origem grega, “de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria” (At 6,3).
         Jamais poderíamos dizer com segurança que, ao serem encarregados esses sete homens para esse mistér, estava instituído na Igreja o ministério diaconal porque, em primeira instância, Jesus foi o primeiro diácono e o diácono por excelência: “quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,26-28).
Ninguém criou nada se já Jesus não tivesse sido ou dado o exemplo. O fato de os Apóstolos escolherem sete homens “de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria” no meio da comunidade é consequência daquilo que Jesus já fizera e dera o exemplo na última ceia quando lavou os pés dos seus discípulos e disse: “Vocês compreenderam o que eu acabei de fazer? Vocês dizem que eu sou o Mestre, o Senhor. E vocês têm razão; eu sou mesmo. Pois bem: eu que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz. Eu garanto a vocês: o servo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática”. (Jo 13,12-17).
A Igreja é, por excelência, diaconal, servidora, a exemplo de Jesus Cristo, que disse: “o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,28).
Jesus, que veio ao mundo “para servir e não ser servido”, deu o exemplo da diaconia na última ceia quando, “se levantou da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Colocou água na bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando com a toalha que tinha na cintura. [...] Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto, sentou-se de novo, e perguntou: ‘Vocês compreenderam o que eu acabei de fazer? Vocês dizem que eu sou o Mestre, o Senhor. E vocês têm razão; eu sou mesmo. Pois bem: eu que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz. Eu garanto a vocês: o servo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática”. (Jo 13,4-5.12-17).
Isso é diaconia. Esse é o serviço primordial da Igreja; servir e não ser servida. Isso é ser diaconia, imitando o exemplo do Mestre.
Não se é papa, nem bispo e nem padre se não for diácono, tanto é que o primeiro degrau para o ministério ordenado da Igreja de Jesus Cristo é a ordenação à diaconia; mas esse período entre a diaconia e o presbiterato é tão curto que muitos epíscopos e presbíteros se esquecem que, antes de serem epíscopos e presbíteros, são diáconos e que deveriam continuar sendo, não importando o grau de ordenação que tenham recebido.
Prova disso está quando o Papa Francisco na Quinta-feira Santa do ano de 2014, quando da cerimônia do Lava-pés, deixou os paramentos episcopais e papais e colocou a sua estola na transversal, a estola diaconal, como a usam os diáconos, da direita para a esquerda, e lavou os pés dos seus fiéis.
A estola é o símbolo da dignidade e do compromisso do ministro ordenado da Igreja, e a estola do diácono é na transversal, partindo do ombro, da direita para a esquerda, e isso lembra a toalha cingida na cintura por Jesus Cristo para lavar os pés dos seus discípulos.
Pena que a memória da última ceia, quando Jesus lava os pés dos discípulos para dar o exemplo da diaconia a todos, acontece, na nossa Igreja, somente na cerimônia da Quinta-feira Santa que, em muitos lugares, é mais transformado em teatro do que em liturgia e memória. Seria esse o objetivo de Jesus ao dizer: “Eu lhes dei o exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz. Eu garanto a vocês: o servo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática”. (Jo 13,15-17)?
Acredito que não.
Parece que a Igreja ainda não compreendeu isso. O “lavar os pés” uns dos outros não tem dia e nem horário marcado; a diaconia do povo de Deus deve acontecer quando o amor fala mais alto e nos arremete a entender e a atender a necessidade do próximo, e para isso não existe dia específico e nem precisamos procurar: ela vem ao nosso encontro.
A Igreja Católica, através de suas comunidades, participa das alegrias e tristezas do povo brasileiro.
O Concílio Vaticano II veio iluminar a missão evangelizadora da Igreja.
Evangelizar pelo testemunho, dialogando com as pessoas e a sociedade.
No diálogo, a Igreja (as comunidades) está a serviço de todas as pessoas.
Ao servir, ela participa da construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica. No serviço, a Igreja edifica o Reino de Deus.

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