segunda-feira, 20 de março de 2017

PRECISAMOS DE SEMEADORES DE PALAVRA, DIZ O PAPA FRANCISCO

PRECISAMOS DE SEMEADORES DE PALAVRA, DIZ O PAPA FRANCISCO

Resultado de imagem para PRECISAMOS DE SEMEADORES DE PALAVRA, DIZ O PAPA FRANCISCO

Coragem, oração e humildade: estes são os traços que caracterizam os grandes “arautos” que ajudaram a Igreja a crescer no mundo, que contribuíram à sua missionariedade. Foi o que disse o Papa na missa celebrada na manhã de terça-feira (14/02) na capela da Casa Santa Marta.
Necessita-se de “semeadores de Palavra”, de “missionários, de verdadeiros arautos” para formar o povo de Deus, como foram Cirilo e Metódio, “irmãos intrépidos e testemunhas de Deus que fizeram da Europa mais forte”, padroeiros do continente.  
Na homilia, o Papa indicou as três características da personalidade de um “enviado” que proclama a Palavra de Deus, inspirando-se no Evangelho de Lucas que a liturgia propõe.
A primeira característica é a “franqueza”, que inclui força e coragem:
“A Palavra de Deus não pode ser levada como uma proposta – “bom, se você gostar…” – ou como uma ideia filosófica ou moral, boa – “você pode viver assim …” … Não. É outra coisa. Precisa ser proposta com esta franqueza, com aquela força, para que a Palavra penetre, como diz o próprio Paulo, até os ossos. A Palavra de Deus deve ser anunciada com esta franqueza, com esta força … com coragem. A pessoa que não tem coragem – coragem espiritual, coragem no coração, que não está apaixonada por Jesus, e dali vem a coragem! – não, dirá, sim, algo de interessante, algo moral, algo que fará bem, um bem filantrópico, mas não tem a Palavra de Deus. E esta palavra é incapaz de formar o povo de Deus. Somente a Palavra de Deus proclamada com esta franqueza, com esta coragem, é capaz de formar o povo de Deus”. 
     Do capítulo décimo do Evangelho de Lucas foram extraídas outras duas características próprias de um arauto da Palavra de Deus. Um Evangelho “um pouco estranho”, afirmou o Papa, porque rico de elementos acerca do anúncio. “A messe é abundante, mas são poucos os operários. Rezem portanto ao Senhor da messe para que mande operários para a sua messe”, repetiu Francisco, e é assim, portanto, que depois da coragem está a “oração”:
“A Palavra de Deus deve ser proclamada com oração também, sempre. Sem oração, se pode fazer uma bela conferência, uma bela palestra: boa, boa; mas não é a Palavra de Deus. Somente de um coração em oração pode sair a Palavra de Deus. A oração, para que o Senhor acompanhe este ‘semear’ a Palavra, para que o Senhor regue a semente e ela brote, a Palavra. A Palavra de Deus deve ser proclamada com oração: a oração daquilo que anuncia a palavra de Deus”.
No Evangelho consta também um terceiro ‘trecho interessante’. O Senhor envia os discípulos “como cordeiros em meio aos lobos”:
O verdadeiro pregador é o que sabe ser fraco, sabe que não se pode defender sozinho. ‘Tu vais como cordeiro em meio aos lobos’. ‘Mas, Senhor, para que eles me comam?’. ‘Tu, vais, é este o caminho’. E creio que o Crisóstomo faz uma reflexão muito profunda quando diz: “Se tu não for como cordeiro, mas como lobo entre os lobos, o Senhor não te protegerá: defende-te sozinho”. Quando o pregador se acha muito inteligente ou quando quem tem responsabilidade de levar adiante a Palavra de Deus e quer dar uma de esperto… ‘Ah, eu sei me sair com esta gente!’, ele termina mal. Negociará com a Palavra de Deus: aos poderosos, aos soberbos…”.
E para ressaltar a humildade dos grandes arautos, Francisco cita um episódio que lhe contaram de um sacerdote que “se vangloriava de pregar bem a Palavra de Deus e se sentia um lobo”: depois de uma bela pregação – recorda o Papa, foi ao confessionário e encontrou um grande pecador que chorava… queria pedir perdão. Este confessor – prossegue Francisco – ‘começou a encher-se de vaidade e a curiosidade o  levou a perguntar qual era a Palavra que o havia tocado ao ponto de leva-lo ao arrependimento. “Foi quando o senhor disse ‘mudemos de assunto’. “Não sei se é verdade” – esclareceu o Papa – “mas isto confirma que se acaba sempre mal quando a Palavra de Deus é usada ‘sentindo-se seguros de si’ e não como cordeiros, que o Senhor defenderá”.
“Esta é a missionariedade da Igreja; e os grandes arautos, “que semearam e ajudaram a crescer as Igrejas no mundo, foram homens corajosos, de oração e humildes”. A oração final é para que os Santos Cirilo e Metódio nos ajudem a proclamar a Palavra de Deus assim como eles o fizeram”, conclui o Pontífice.
Para mostrar o amor de Deus, Jesus dá o exemplo dos pássaros que “não semeiam e nem colhem nem estocam em armazéns. No entanto, o Pai que está no céu os alimenta”. (Mt 6,26a).
Jesus lança mão de fatos com os quais convivemos todos os dias, mas que não paramos para observar: os pardais, as pombas, as aves silvestres não trabalham, não semeiam e nem colhem e jamais elas se extinguem por falta de abrigo, inanição ou fome: o Pai cuida delas.
Em troca disso, elas enfeitam a natureza com as suas cores e deleitam os nossos ouvidos com os seus trinados e cantos melodiosos. E Jesus complementa, dizendo: “Será que vocês não valem mais que os pássaros?” (Mt 6,26b). Se Deus faz isso para as suas criaturas silvestres, o que não fará para o homem, que foi feito à sua imagem e semelhança e a quem ele deixou um novo mandamento, o mandamento do amor: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns pelos outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos”. (Jo 13,34-35). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário