CRISTO, REI DO UNIVERSO.
XXXIV OU ÚLTIMO DOMINGO DO
TEMPO COMUM DO ANO B
Cor – Branco; Leituras: Dn
7,13-14; Sl 92; Ap 1,5-8; Jo 18,33-37.
“TU O DIZES, EU SOU REI...” (Jo 18, 37).
Diácono
Milton Restivo
É interessante como a palavra do Senhor nos conforta. Se estivermos
deprimidos, cansados, num estado de solidão total, é só buscarmos a palavra de
Deus nas Sagradas Escrituras para nos aliviamos, pois assim nos disse Jesus:
·
“Vinde a mim todos os que estais cansados sob
o peso de vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso
para as vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu peso é leve.” (Mt 11, 28-30).
E como encontramos consolo nas palavras do Senhor.
Daniel, Profeta do Antigo Testamento, muito
tempo antes da vinda do Messias, disse:
·
“A ele (o Messias), foi outorgado o império,
a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviam. Seu império é
um império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído.” (Dn 7, 14).
·
“Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje, e será
sempre o mesmo”. (Hb 13,8).
Jesus Cristo, o Messias, sempre foi anunciado
e aguardado pelos profetas e pelos santos do Antigo Testamento como um rei.
O povo judeu, no seu entender e de um modo
geral, esperava que o Cristo viesse como um grande e poderoso rei da terra,
cheio de poder e força, talvez até cavalgando um imponente cavalo branco,
banindo uma reluzente espada, comandando grandes e poderosos exércitos para
dominar todos os povos e o mundo e fazer do povo judeu, por ter sido o povo
escolhido por Deus, um povo liberto de seus opressores e transformá-lo no povo
mais forte da terra, o povo dominador de todos os povos.
Todos esperavam o Messias como sendo um rei
de poder e glória terrena. Mas Jesus veio e não aconteceu nada disso, nada
daquilo que o povo judeu esperava.
O profeta Isaias já dissera que o Messias
seria descendente do grande rei Davi, isto é, de linhagem real e bem por isso o
povo deve ter se empolgado, aguardando um rei poderoso:
·
“Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento
brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o espírito de Yahweh, espírito de
sabedoria e inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de
conhecimento e de temor a Yahweh: no temor de Yahweh está a sua inspiração.” (Is 11,1-3).
A interpretação desse texto deve ter feito
suscitar no povo judeu uma falsa esperança de que, a partir da vinda do
Messias, os judeus já não seriam mais dominados por nenhum povo da terra, muito
pelo contrário, pela maneira como Isaias anunciava o Messias, o povo judeu, com
a vinda do Messias, resolveria todos os seus problemas políticos, financeiros,
religiosos e sociais.
Talvez tenham se esquecido de continuar a
ler, meditar e interpretar a sequência dessa revelação, que diz:
·
“Ele não julgará segundo a aparência. Ele não
dará sentença apenas por ouvir dizer. Antes, julgará os fracos com justiça, com
equidade pronunciará uma sentença em favor dos pobres da terra. Ele ferirá a
terra com o bastão da sua boca, e com o sopro de seus lábios matará o ímpio. A
justiça será o cinto dos seus lombos e a fidelidade o cinto de seus rins.” (Is 11,4-5).
O Messias esperado não veio cheio de glória
terrena e majestade, cavalgando um cavalo branco e bramindo uma espada. Muito
pelo contrário, chegou anônimo, humilde, andarilho, apenas pregando a paz e o
amor e condenando a opressão e a injustiça.
O Messias esperado vem pobre e pregando a
justiça e não acontece nada daquilo que o povo judeu esperava.
Jesus vem e fala de um reino sim, e até se proclama
rei, mas fala de um reino que não é deste mundo:
·
“Meu reino não é deste mundo. Se meu reino
fosse deste mundo meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue
aos judeus. Mas meu reino não é daqui.” (Jo 18, 36).
Jesus fala de um reino, sim, mas do Reino dos
Céus, um Reino diferente de todos aqueles já conhecidos pelos homens até então,
de um reino que nunca ninguém antes havia dito e propagado; um reino onde o
primeiro deverá ser o último, e aquele que se julgar o maior deverá servir a
todos:
·
“Se alguém quiser ser o primeiro seja o
último de todos e o servo de todos.” (Mc 9, 35).
Jesus fala de um Reino onde não se oferece
regalias, mordomias, condecorações ou glórias.
O Reino anunciado por Jesus exige sacrifícios
e renúncias:
·
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16, 24; Mc 8, 34; Lc 9,23; 14,27).
Jesus fala de um reino diferente, de um reino
que ninguém até então, ouvira falar.
Um reino de vida, pois ele mesmo afirmara que
viera para que todos tivessem vida, e a tivessem em abundância;
·
“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em
abundância” (Jo 10,10).
Um reino onde deve imperar o amor, tendo
antecipado, para isso, um mandamento novo:
·
“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis
uns aos outros, como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisso reconhecerão
que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).
O amor nesse reino deveria ter tal
intensidade que não se poderia hesitar em morrer pelo outro por amor:
·
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá
a vida por seus amigos.” (Jo
15,13).
E Jesus dá o itinerário para se chegar a esse
reino com segurança total; o próprio Jesus se faz o Caminho para que ninguém se
perca, se diz a Verdade para que ninguém se iluda com o que possa surgir nessa
caminhada, e se auto-afirma Vida para que nada atemorize e afaste os
caminhantes do verdadeiro destino que é o Pai:
·
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (João, 14,6).
Jesus traça o perfil daqueles que querem e poderão participar desse
reino:
·
“Quem tem meus mandamentos e os observa é que
me ama; e quem me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e me manifestarei a
ele.” (Jo 14,21), e ainda:
·
“Se alguém me ama guardará minha palavra e o
meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada.” (Jo 14,23).
Por algumas vezes o povo judeu, empolgado
pelas maravilhas e milagres operados por Jesus e, na sua ignorância quanto ao
Reino que Jesus veio proclamar, quis fazer dele um rei deste mundo:
·
“Jesus, porém, sabendo que viriam buscá-lo
para fazê-lo rei, refugiou-se de novo, sozinho, na montanha.” (Jo 6,15).
Jesus não viera a este mundo para satisfazer
a ganância e o desejo de poder do povo judeu, não aceitou ser proclamado rei e
fugiu, porque, o Reino por ele anunciado, não seria um reino de ostentação, de
força, de poder, de glórias terrenas, de riqueza, de dominação, mas um reino de
amor, de sacrifícios, de serviço, de doação total. Os judeus não entenderam
isso e, por ironia, acabaram matando em uma cruz aquele mesmo que eles queriam
proclamar rei.
Durante o julgamento de Jesus Pilatos, o governador romano de
Jerusalém, pergunta-lhe:
·
“Tu és o rei dos judeus?” [...] e
Jesus responde: ‘Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu
reino não é daqui’. Mas, Pilatos insiste ainda: ‘Então, tu és rei?’ Respondeu
Jesus: ‘Tu o dizes, eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para
dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz’.” (Jo 18,33.36-37).
JESUS CRISTO É REI.
É ele mesmo quem se proclama rei:
·
“Tu o dizes, eu sou rei.” (Jo 18,37).
Jesus foge quando o povo, num momento de
glória, quis proclamá-lo rei e, por ironia, proclama-se rei no momento mais doloroso
de sua vida.
Quando Pilatos pergunta-lhe se ele era
realmente “Rei dos Judeus”, havia uma
ironia nessa pergunta; Pilatos não estava preocupado com a verdade; talvez até
quisesse se divertir à custa daquele homem das dores em sua presença, já
profetizado por Isaias:
·
“Tão desfigurado estava o seu aspecto e a sua
forma não parecia de um homem...” (Is 52,14).
Que ironia: um rei coroado com uma coroa de
espinhos, tendo sobre os seus ombros um manto emprestado, como cetro, na mão,
um pedaço ridículo de cana e como trono um tronco onde foi amarrado para ser
açoitado...
Um rei todo machucado, com a carne dilacerada, com os olhos inchados,
com a aparência de um condenado, por isso:
·
“Nós o tínhamos como vítima do castigo,
ferido por Deus e humilhado.” (Is,
53,4);
·
“Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e
não abriu a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro.” (Is 53,7).
Um rei com o rosto coberto de escarros da soldadesca violenta, embriagada
e nojenta, com os cabelos em desalinho, com as mãos amarradas, com a pele e a
carne dilaceradas pela violência dos açoites, com os pés descalços.
Sua aparência era real e total de um condenado, traído e abandonado até
pelos seus discípulos e pelos seus amigos escolhidos à dedo: os Apóstolos,
aqueles mesmos que lhe afirmaram numa profissão de fé:
·
“Senhor, a quem iremos? Tens palavra de vida
eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o santo de Deus”. (Jo 6,68).
Um rei traído por um de seus Apóstolos, Judas Escariotes, e negado pelo
mesmo Pedro Apóstolo que dias antes lhe dissera:
·
“Ainda que todos se escandalizassem por tua
causa, eu jamais me escandalizarei.” (Mt 26,33).
Jesus, conhecedor da fragilidade da natureza humana, faz uma terrível
revelação para o pseudo valente e destemido Pedro:
·
“Em verdade te digo que esta noite, antes que
o galo cante, me negarás três vezes.” (Mt 26, 34).
E Pedro, na sua pseuda coragem e bravatisse, levanta-se, bate no peito
e afirma categoricamente:
·
“Mesmo que tiver de morrer contigo, não te
negarei.” (Mt 26, 35).
Pobre Pedro. Tristemente, Pedro é a imagem de tantos cristãos dos
nossos dias, para não dizer de cada um de nós... E, durante o julgamento, Pedro
lá estava, disfarçado, tremendo de medo, escondido em um canto para que não
fosse reconhecido como um “seguidor do condenado”.
Reconhecido por uma criada, antes que o galo cantasse, Pedro nega Jesus
por três vezes, como Jesus lhe havia profetizado:
·
“Não conheço esse homem.” (Mt 26,69.74).
Mas o olhar de Jesus, apesar do sofrimento e da desilusão de se ver
negado pelo Apóstolo que jurara de pés juntos que:
·
“mesmo que tiver de morrer contigo, não te
negarei.” (Mt 26,35).
Aquele mesmo olhar permanecia tranquilo, como tranquilo foi o olhar de
Jesus dirigido a Pedro após a sua tríplice negação:
·
“Imediatamente, enquanto ele (Pedro)
ainda falava, o galo cantou, e o Senhor voltou-se, fixou o olhar em Pedro.”
(Lc 22,60).
Um olhar tão tranquilo e cheio de paz que alcançava profundamente o
íntimo de cada pessoa e:
·
“Pedro se lembrou da palavra que Jesus
dissera: ‘Antes que o galo cante, três vezes me negarás.’ Saindo dali ele
chorou amargamente.” (Mt
26,75).
Jesus, um rei que havia sido traído e negado por seus súditos.
Um rei que havia sido açoitado.
Um rei que havia servido de gozação por parte da soldadesca embriagada
que escarnecia dele, dizendo:
·
“Salve rei dos judeus.” (Mt 27,29).
Um rei com uma grande coroa de espinhos na cabeça que lhe rasgava o
couro cabeludo e penetrava profundamente nos ossos, na testa, nas frontes, na
nuca, causando os mais terríveis sofrimentos e dores.
Aquele homem, naquele estado, antes de se dizer rei, devia pedir
clemência, tinha de implorar misericórdia; mas não: ele se mantém digno, de pé,
com uma postura e dignidade que somente um rei poderia ter: uma dignidade que
perturbava a todos os seus acusadores e impressionava os seus julgadores que
não tinham tanta certeza se deveriam condená-lo ou não.
Uma dignidade tal que somente um rei poderia ter, mas não um rei deste
mundo, e sim um REI que tinha algo de sobrenatural, uma missão a cumprir e,
aquelas cenas, aquele sofrimento, aquele julgamento estavam enquadrados nos
planos de sua missão.
Pilatos, na sua prepotência e gozação, não perde a oportunidade e
pergunta:
·
“Então, tu és rei?” (Jo 18,37).
Mas a resposta que Jesus lhe dá não é a mesma que ele esperava e o
surpreende; e Jesus responde:
·
“Tu o dizes, eu sou rei.” (Jo 18,37);
E continua, afirmando:
·
“Para isso nasci e para isso vim ao mundo:
para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz.” (Jo 18,37). E afirma categoricamente: “Meu reino não é deste mundo...” (Jo
18,36).
Pilatos deve ter se impressionado com essas respostas, mas ainda
surpreso, mas não convencido das grandes verdades ditas por Jesus quanto ao
verdadeiro reino que ele veio trazer ao mundo para os homens e, possivelmente
para atingir com sua “gozação” também os fariseus, escribas, sacerdotes e
chefes do povo judeu, manda fazer uma tabuleta para colocar na cruz onde Jesus
seria crucificado com a seguinte inscrição:
“Este é Jesus, o rei dos
Judeus.” (Mt 27,37).
Com isso, Pilatos assina a sua condenação e assumindo a culpa de estar
compartilhando, pelas suas atitudes dúbias, com a morte do REI DO UNIVERSO.
Pilatos e o povo judeu não esperavam jamais que aquele que fora
escarnecido, julgado, condenado, açoitado cruelmente e crucificado como
marginal e elemento nocivo à sociedade, à religião e ao governo, três dias
depois ressuscitaria dos mortos e estabeleceria o seu Reino que não é deste
mundo, mas o Reino dos Céus, o Reino de Deus...
E um dia todos
·
“verão o Filho do Homem vindo entre as nuvens
com grande poder e glória.”
(Mt 13,26), e,
·
“quando o Filho do Homem vier em sua glória,
e todos os anjos com ele, ele se assentará no trono de sua glória. E serão
reunidas em sua presença todas as nações. E ele separará os homens uns dos
outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita
e os cabritos à sua esquerda.”
(Mt 25,31-33).
E, naquele dia todos verão o poder e a majestade do Senhor Jesus.
E não somente naquele dia, mas, nós, que aderimos à verdade, que somos
da verdade, que ouvimos a verdade e que vivemos a verdade e sabemos que a
verdade suprema é Jesus Cristo, o Messias:
·
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (Jo 14,6)
Compartilhamos deste poder e nos inclinamos, em adoração, diante da
majestade infinita de Jesus Cristo, O Rei dos Reis, o Rei do Universo.
Hoje e todos os dias de nossa vida temos por Rei e Mestre somente
Jesus, e é por meio desse Rei que nos tornamos herdeiros do Reino dos Céus e
chegamos ao Senhor Nosso Deus e Pai:
·
“Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” (Jo 14,6).
Se quisermos com Jesus reinar, devemos também, como ele, passar pelas
incompreensões, humilhações que o mundo lhe proporcionou e nos proporciona; não
estamos isentos do sofrimento pela nossa total adesão ao Cristo; se quisermos
com ele sermos transfigurados como ele o foi no monte Tabor (Mt 17,1-8; Mc
9,2-8; Lc 9,28-36), devemos também, com ele, passar pelo Getsamani (Mt 26,36-46;
Mc 14,32-42; Lc 22,40-46; Jo 18,1) e subir com ele ao Calvário para, com ele,
sermos crucificados (Jo 19,17-37; Mt 27,31.33.37-38; Mc 15,20.22.25-27; Lc
23,33.38).
O reino de Jesus não é deste mundo e é bem por isso que o mundo não o
reconhece como Rei e Senhor. Um dia todos dobrarão os joelhos em sua presença:
·
“... ao nome de Jesus se dobre todo joelho
dos seres celestes, dos terrestres e dos que vivem sob a terra, e, para a
glória de Deus Pai, toda língua confesse: Jesus é o Senhor.” (Fl 2,10-11), porque:
·
“A ele foi outorgado o império, a honra e o
reino, e todos os povos, nações e línguas o servirão. Seu império é um império eterno que jamais
passará e seu reino jamais será destruído.” (Dn 7,14).
Todos os cristãos, que quiserem assumir realmente o seu batismo, que quiserem
assumir o seu cristianismo têm que reconhecer que Jesus Cristo é Rei.
O cristão deve ter o coração puro porque é num coração puro que Jesus
Cristo, Rei, estabelece o seu trono e é através dali que ele reina no mundo e
nos leva ao Pai:
·
“Felizes os puros de coração, porque verão a
Deus”. (Mt 5,8).
Todos os cristãos, quando batizados, tornam-se reis com e em Jesus
Cristo.
Jesus Cristo é rei porque:
·
“... veio a este mundo para dar testemunho da
verdade, e quem é da verdade escuta a sua voz.” (Jo 18,37).
E nós, cristãos, a exemplo de Jesus Cristo, somos reis na medida em que
estamos neste mundo dando o testemunho da verdade, ouvindo a verdade, vivendo a
verdade, levando a verdade a todos os irmãos.
Nós somos reis na medida em que vivemos a vida ensinada por Jesus
Cristo. E sabemos pelas Sagradas Escrituras e dos escritos dos Apóstolos que
não é fácil seguir as pegadas do Divino Mestre. Todos os Apóstolos seguiram as
pegadas do Divino Mestre e foram escarnecidos como o Mestre, humilhados como o
Mestre e acabaram suas vidas como o Mestre: perseguidos e mortos violentamente por
pregarem a verdade e assumirem a sua fé.
Ai está o problema: se quisermos ser reis com Jesus Cristo, participar
do Reino de Deus como o Mestre ensinou, temos que, como ele, abraçar a nossa
cruz e seguí-lo por onde quer que ele vá ou nos leve:
·
“quem quiser vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16,24), e “quem põe a mão no
arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus.” (Lc 9,62).
Se quisermos chegar até Deus Pai e reinar com Jesus Cristo, assumamos a
nossa vida de verdadeiros cristãos com todas as suas consequências, com todas
as suas alegrias e espinhos.
A vida do cristão tem muitas vezes a alegria da transfiguração do Monte
Tabor (Mt 17,1-13), mas sempre vai ter a dolorida subida ao Monte Calvário com
a inevitável crucificação (Jo 19,17-37). A vida do cristão tem as alegrias do
nascimento de Jesus em Belém (Lc 2,1-20), mas tem também as apreensões, os horrores
e as tristezas da matança dos inocentes pelo sanguinário Herodes e a fuga para
o Egito (Mt 1,13-18).
A vida do cristão tem a entrada triunfal em Jerusalém, (Mt 21,1-11) mas
também tem o sofrimento da flagelação e da coroação de espinhos (Mt 27,28-31).
Apesar de tudo isso, não podemos nos esquecer que, depois da morte de
cruz vem a ressurreição e é através da ressurreição que o Senhor Jesus faz
cumprir todas as profecias de se tornar e ser o REI DO UNIVERSO.
É através da nossa ressurreição de todos os dias e de cada dia, do
nosso cair-e-levantar que nos tornamos herdeiros do Reino dos Céus onde Jesus
Cristo reina por todo o sempre, como
vemos na segunda leitura desta nossa liturgia:
·
“Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro
a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra. A Jesus que nos
ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um
reino, sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém.
Olhai ! Ele vem com as nuvens e todos os olhos o verão, também
aqueles que o traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa
dele. Sim. Amém! ‘Eu sou o alfa e o ômega’, diz o Senhor Deus ‘aquele que é,
que era e que vem, o TODO PODEROSO”. (Apo 1,5-8).
Nenhum comentário:
Postar um comentário