“MARIA, A MÃE DE JESUS” (At 1,14).
Segundo o
testemunho dos quatro Evangelistas, Maria, antes de tudo e em todos os níveis,
é a “MÃE DE JESUS’.
Quando Maria
deu à luz Jesus Cristo, (Lc 1,1-7), sua tarefa estava apenas começando que,
como mãe, assim como todas as mães, teve de cuidar, educar e criar seu filho.
Maria esteve
sempre presente com Jesus em toda a sua vida terrena, desde o seu nascimento (Lc
1,1-7), até a sua morte de cruz no Calvário (Jo 19,25-27). Obviamente, foi ela
quem primeiro tocou, afagou, abraçou, beijou, banhou e envolveu Jesus em mantos
e fraldas em seu nascimento.
Foi nos braços
de Maria que Jesus foi apresentado às sus primeiras visitas, os pastores, que
haviam sido alertados por uma milícia
celeste de Anjos sobre o nascimento do Salvador (Lc 1,8-20).
Foi nos braços de
Maria que Jesus foi conduzido e apresentado no templo, para que fosse cumprida
a Lei de Moisés, e lá, nos braços de Maria, o velho Simeão e a profetisa Ana,
inspirados pelo Espírito Santo, anteviram o destino do menino e as dores pelas
quais sua mãe passaria: “Eis que este
menino está posto para a ruína e para
ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada
trespassará a tua alma, a fim de descobrirem os pensamentos escondidos nos
corações de muitos”. (Lc 2,34-35).
Foram os braços
de Maria que serviram de altar e trono onde estava depositado o Menino Jesus
para que os magos, que vieram do Oriente, o adorassem e lhe ofertassem
presentes: ouro, incenso e mirra, como símbolos de majestade, oração em
permanente contato com o Pai, e sofrimento extremo (Mt 2,1-12).
E a primeira
espada preconizada pelo velho Simeão não se fez de rogada para acontecer;
Herodes, ao se ver enganado pelos magos, (Mt 2,16-23), ordenou a morte dos
meninos de Belém e arredores, de dois anos para baixo, e foram os braços de
Maria que envolveram, protegeram e
apertaram contra o seu seio maternal, durante longos dias sob o calor abrasador
e causticante do deserto e intermináveis dias de sol tórrido e noites gélidas e
tenebrosas, levando-o para as longínquas terras do Egito, lugar seguro e longe
do perigo da sanha assassina de Herodes, preservando a sua vida e cuidando para
que nenhum mal lhe acontecesse, cumprindo-se, assim a profecia de Oséias que
dizia: “...do Egito chamei meu filho.” (Os 11,1), e Jeremias: “Em Ramá se ouve uma vós, uma lamentação, um
choro amargo: Raquel chora seus filhos, ela não quer ser consolada por seus
filhos, porque eles já não existem.” (Jr 31,15).
E a segunda
espada que trespassaria a alma de Maria não tardaria a chegar; quando Jesus
completou doze anos de idade saiu com sua mãe, Maria, e seu pai adotivo, José,
da cidade de Nazaré, segundo o costume dos judeus, e foi até a cidade de
Jerusalém, para a festa da Páscoa, uma distância de, aproximadamente, cem
quilômetros.
Na volta,
Maria, sempre preocupada com seu filho Jesus, nota que ele não está na comitiva
que reunia somente as mulheres. Julgou que ele estivesse na comitiva que reunia
os homens e, ao observar que o menino não se encontrava nem entre as mulheres e
nem entre os homens, que caminhavam durante o dia separados em grupos e à noite
se agrupavam para que a família pernoitasse reunida, ela e José voltam
desesperados para Jerusalém à procura do jovenzinho Jesus, e lá o encontraram,
depois de três dias de angústia, sofrimento e intensa busca, no templo,
conversando sobre as coisas do Pai com os doutores da lei. Maria, com o coração
apertado e com a voz trêmula, amorosamente repreende seu filho Jesus, dizendo: “Filho, porque você procedeu assim conosco?
Eis que seu pai e eu lhe procurávamos cheios de aflição”, e Jesus com
sabedoria e prontamente, procura acalmá-la e aproveita a oportunidade para
antecipar a sua missão neste mundo, o porque de sua vinda até nós:- “Porque vocês me procuravam? Não sabem que
devo ocupar-me das coisas de meu Pai?” (Lc 2,48-49).
A “espada”
profetizada pelo velho Simeão, até então, já entrara em ação por duas vezes,
traspassando a alma de Maria causando-lhe angustiantes dores e sofrimentos: fugindo para o Egito
para escapar do espírito assassino de Herodes que queria matar seu pequeno
Jesus, e, aos doze anos de idade, por tê-lo perdido em Jerusalém e ficado por
três dias à sua busca, não descansando até encontrá-lo.
E, coisa
interessante, a última referência que temos sobre a infância e adolescência de
Jesus, e nesse período estando sempre presente a figura protetora e maternal de
Maria acontece nessa oportunidade, quando Jesus tinha doze anos de idade e, com
os seus pais, fora até Jerusalém para comemorar a páscoa dos judeus.
Dos doze anos
de idade até a sua idade adulta, aproximadamente trinta anos, nenhum dos quatro
Evangelistas ousou fazer qualquer referência, qualquer comentário; nenhum deles
narra qualquer fato histórico ou doutrinário sobre a vida de Jesus durante esse
período.
Porque? O
Evangelista Lucas apenas referencia a volta de Jesus de Jerusalém, após a festa
da Páscoa, para Nazaré quando ele tinha doze anos de idade: “Desceu com eles, foi a Nazaré e era-lhes
submisso.” (Lc 2,51), isto é, foi um filho obediente, amoroso, prestativo,
compreensivo, ajudando a sua mãe nos afazeres domésticos e auxiliando seu pai
na oficina de carpintaria aprendendo a profissão de seu pai adotivo.
Naquela casa
pobre e humilde de Nazaré Jesus, Deus que se fez homem, estava sob a guarda de
duas de suas criaturas, as mais santas, as mais puras que já pisaram o nosso
chão para merecerem tão divina missão. Ali era o ponto de contato entre o céu e
a terra e, bem por isso, Evangelista algum tentou penetrar o segredo
maravilhoso e o amor imenso vivido por essas três pessoas: Jesus, Maria e José,
uma Sagrada Família, ou, a Sagrada Família por excelência.
Lucas, o
Evangelista da infância de Jesus, não deixa passar despercebido um detalhe que
somente quem tem um coração extremamente sensível poderia ter observado: “Sua mãe conservava todas essas coisas no
seu coração.” (Lc 2,51).
Como Maria deve
ter acompanhado a par-e-passo todos os movimentos, todas as palavras, odos os
impulsos, todas as reações, todos os sentimentos e movimentos de seu filho
Jesus, que ela sabia ser também o Filho de Deus; e ela, por toda a sua vida, “...conservava todas essas coisas no seu
coração.” (Lc 2,51).
E os
Evangelistas se calam nesse período; apenas Lucas deixa por conta do coração de
Maria registrar e conservar tudo o que tenha acontecido, e volto a pergunta:
porque?
Essa vida
oculta de Jesus, Maria e José em Nazaré deve ter sido maravilhosa, divina e
para que não fosse profanada ou mal interpretada e transmitida, nenhum dos
Evangelistas ousou retratá-la, deixando para que a imaginação de cada um de nós
navegasse sobre as coisas maravilhosas e divinas que conversaram e viveram Jesus e sua mãe,
Maria, nesse período; o período da preparação de Jesus para o início de sua
vida pública “...para se ocupar das
coisas do Pai.” (Lc 2,51).
E Lucas
complementa sobre a infância de Jesus afirmando: “Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e diante dos
homens.” (Lc 2,52). Poderia ter
havido alguma maneira mais digna e perfeita de um jovenzinho se tornar homem?
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