OS MAGOS E O REI HERODES
Os magos, ao
chegarem em Jerusalém, perguntaram: “Onde está o rei dos judeus, que acaba de
nascer? Porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo.” (Mt
2,2).
A chegada dos
magos em Jerusalém com seu séquito provocou um grande alvoroço na cidade e na
coorte real.
O rei Herodes
ficou surpreso e, “ao ouvir isso, o rei
Herodes turbou-se, e toda a Jerusalém com ele. E, convocando todos os príncipes
dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o
Messias. E eles disseram: “Em Belém de Judá, porque assim foi escrito pelo
profeta (Miquéias, 5, l ):
“E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais
cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe, que apascentará Israel, meu
povo.” (Mt 2,3-6).
O rei Herodes,
além de perturbado e surpreso, ficou também alarmado: como poderia ter nascido
o rei dos judeus, se os judeus só tinha um rei que era ele próprio? Sentiu-se
ameaçado no seu poder e o seu trono estava ameaçado de ser usurpado por um
inocente menino recém-nascido.
Como isso
poderia ter acontecido se ele, Herodes, o rei dos judeus, não havia sido
notificado a respeito? Herodes pressentiu seu trono ameaçado e abalado e isso
Maria, a mãe de Jesus já havia prenunciado e cantado quando de sua visita à sua
parenta Isabel: “Agiu com a força de seu
braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. depôs poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.” (Lc 1,51-52).
Herodes era um
homem sanguinário; não hesitaria exterminar quem quer que fosse para preservar
o seu trono; prova disso é que já havia mandado matar vários de seus
palacianos, algumas esposas e até filhos seus.
Diante da
notícia trazida pelos magos e de sua pergunta: “onde havia de nascer o Messias?”. Herodes, a princípio, fingiu
humildade, submissão e alegria e muita fé e procurou tirar proveito daquela
situação diante dos estrangeiros, mandando chamar secretamente os magos para
que pudessem lhe informar onde pudesse localizar esse “pretenso rei” para que
ele pudesse também prestar-lhe homenagens
mas a sua intenção era outra: “Então
Herodes, tendo chamado secretamente os
magos, inquiriu deles cuidadosamente acerca do tempo em que lhes tinha
aparecido a estrela; e, enviando-os a Belém, disse: “Ide e informai-vos bem
acerca do menino, e, quando o encontrardes, comunicai-mo, a fim de que eu o vá
adorar.” (Mt 2,7-8). E os magos partiram de Jerusalém à busca do “rei dos
judeus”; “... e eis que a estrela que
tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que, chegando sobre o lugar onde
estava o menino, (a estrela) parou. Vendo novamente a estrela, ficaram
possuídos de grande alegria. E, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua
mãe, e prostrando-se, o adoraram.” (Mt
2,7-11).
Onde os magos encontraram
o menino não era um palácio, como certamente esperavam, mas nem por isso se
decepcionaram; prostraram-se e adoraram o menino no colo de sua mãe; por não
ser um palácio, como esperavam, a fé e esperança deles não vacilaram e nem diminuíram um só pouquinho. Por
inspiração divina sabiam que se encontravam na presença daquele que, nascido de
mulher e na mais extrema pobreza e desamparo, era o Rei do Universo.
Entraram na
casa e ali encontraram o menino com Maria, sua mãe e, tomados do mais profundo
respeito e veneração , se prostraram por terra e adoraram o menino,
reconhecendo nele Deus e Salvador do mundo;
“... e, abrindo seus tesouros, lhe ofereceram presentes de ouro, incenso e
mirra.” (Mt 2,11), realizando assim as profecias de Isaias que, inspirado
por Iahweh, disse e escreveu: “Os reis
serão os que te alimentarão, e as rainhas as tuas amas; com o rosto inclinado
até a terra te adorarão e lamberão o pó de teus pés. E saberás que eu sou o
Senhor, e que não serão confundidos os que esperam em mim.” (Is 49,23), e “As nações caminharão à tua luz, e os reis,
ao resplendor da tua aurora.” (Is 60,3), e ainda mais Isaias: “Então tu verás, estarás na abundância, o
teu coração se espantará e se dilatará fora de si mesmo, quando se voltarem
para ti as riquezas do mar, e a fortaleza das nações vier ter contigo.
Ver-te-ás inundada duma multidão de camelos, de dromedários e de Efa; todos
virão de Sabá trazendo-te ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor.”
(Is 60,5-6).
O rei Davi, o
grande rei, guerreiro e profeta, cantor e salmista, também inspirado pelo
Espírito do Senhor, profetizou: “Os reis
de Tarsis e as ilhas lhe oferecerão dons; os reis da Arábia e de Sabá lhe
trarão presentes; e adorá-lo-ão todos os reis da terra, todas as nações o
servirão, porque livrará o pobre do poderoso, e o indigente que não tem quem
lhe valha.” (Sl 72 (71),10-13).
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