terça-feira, 18 de junho de 2019

PAPA RECONHECE VIRTUDES HEROICAS DO MENINO NELSINHO, DA REGIÃO DE ARARAQUARA, QUE PREVIU SUA PARTIDA AO CÉU

PAPA RECONHECE VIRTUDES HEROICAS DO MENINO NELSINHO, DA REGIÃO DE ARARAQUARA, QUE PREVIU SUA PARTIDA AO CÉU

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Nelson Santana, conhecido como Nelsinho, é um menino brasileiro cujas virtudes heroicas foram reconhecidas em decreto assinado pelo Papa Francisco; ele teve o braço amputado, sofreu muitas dores, mas suportou tudo unido a Jesus, e previu que partiria para a Casa do Pai na noite de véspera de Natal.
Nelsinho nasceu em Ibitinga (SP), em 31 de julho de 1955, sendo o terceiro dos oito filhos do casal João Joaquim Santana e Ocrécia Santana. Certo dia, aos 7 anos, enquanto brincava na fazenda onde vivia com sua família, machucou gravemente o braço e precisou ser levado à Santa Casa de Misericórdia de Araraquara (SP).
No livro ‘Nelsinho para todos’, o missionário redentorista Pe. Gerhard Rudolfo Anderer, que conviveu com Nelson Santana, conta que, no hospital, o menino conheceu Irmã Genarina, a qual lhe propôs que aproveitasse o tempo que passaria internado para fazer uma boa catequese, o que ele logo aceitou.

Nesta que seria sua primeira internação, aprendeu muito sobre “o Amor de Deus por nós e como Jesus nos libertou do mal”. Então, prometeu a Jesus “que levaria sua cruz cada dia e cada hora com boa disposição e sem reclamar jamais”.
Tempos depois, recebeu alta hospitalar e retornou para casa de seus pais. Porém, um dia, entrou correndo na cozinha e disse à sua mãe, angustiado: “Mãe, agora mesmo eu vou fazer um pecado muito grave, uma pecado feio, um pecado mortal”, ao que sua mãe, assustada, questionou o que acontecia.
O menino respondeu: “Prometi a Jesus não reclamar quando tiver de enfrentar a dor e o sofrimento. Mas agora, não aguento. Já é demais. Meu braço está pior que antes”. Então, a mãe o consolou e explicou que não era pecado avisar a ela quando sentia dor e o levou novamente ao hospital.
Rapidamente o menino foi atendido e o médico avisou a Irmã Genarina que não havia outra solução a não ser amputar o braço da criança. A religiosa contou primeiramente aos pais e depois foi falar com Nelsinho.
Irmã Genarina recordou à criança uma canção que cantavam na época dos encontros de catequese: “O meu coração é só de Jesus. A minha alegria é a Santa Cruz. Em penas e dores, em dura aflição, que viva Jesus no meu coração”. E, em seguida, lhe disse que naquele dia Jesus ia lhe pedir “bem mais que sua dor”.
Para a surpresa da religiosa, o menino respondeu: “Mesmo que seja meu braço por inteiro, Jesus pode levar, pois que tudo o que é meu também é Dele”.
No livro, padre Gerhard recorda, então, que em 1964 chegou a Araraquara para o curso dos padres novos e foi quando conheceu Nelsinho durante uma visita ao hospital. Eles conversaram, o menino lhe contou que já fazia oito meses que estava ali na sua segunda internação e confessou-lhe que gostaria de comungar todos os dias.
A partir desse encontro, padre Gerhard se comprometeu a levar Jesus Eucarístico diariamente para Nelsinho, o qual “comungava e recolhia todo o seu ser no Coração de Jesus, com quem passava a falar bem à vontade”.
Porém, conta o redentorista, se grande era o consolo ao receber a Eucaristia, também grande era o sofrimento nos dias de curativo, quando, “para não gritar de dor, ele beijava com força o Crucifixo” que havia ganhado de Ir. Genarina.
Chegou, então, o período do retiro espiritual dos redentoristas e padre Gerhard explicou a Nelsinho que precisariam ficar cinco dias em retiro, rezando, e o menino se comprometeu a estar unido a eles em oração. Mas, nesta mesma conversa, revelou que gostaria de passar o Natal no Céu, “se Jesus assim também o quisesse”.
“Não sei como é no Céu. Mas, se precisar de um braço, já consigo fazer alguma coisa como: mostrar a Jesus: ‘Ajuda este aqui! Veja aquele ali! Não deixe de socorrer aquele lá’”, disse o menino na ocasião.
Entretanto, como o Natal ainda estava longe, afirmou que não havia problemas. “Assim tenho mais tempo para me preparar”.
Quando estava no retiro espiritual, padre Gerhard recebeu um chamado urgente e foi ao hospital, onde Nelsinho dizia estar se sentindo mal e, por isso, pediu a Comunhão e a Unção. Após receber os Sacramentos, voltou a se sentir bem.
Mas, chegou o dia 24 de dezembro e, como cada sacerdote tinha sido escalado para auxiliar na celebração do Natal em uma paróquia, coube ao padre Gerhard ir para a cidade de Fernando Prestes. Então, o sacerdote foi comunicar ao pequeno Nelson e lhe dar a Comunhão.
“Nelsinho, como sempre, recebeu Jesus devotamente e fechou os olhos. Abaixou sua cabeça e colocou sua mãozinha sobre seu peito”, recorda. Nesse meio tempo, Ir. Genarina chegou com outras crianças para montar o presépio perto do menino, que não podia se levantar. Ele, porém, respondeu: “Mas, eu não vou estar mais aqui”.
Padre Gerhard, então, conversou com o menino para saber por que dizia aquilo e ele declarou: “Hoje, ao anoitecer, Jesus vai me levar para o Céu!”. Ambos conversaram novamente sobre o amor de Deus, ao qual queria retribuir “conquistando o máximo de crianças para Ele”.
Por fim, o menino combinou com o sacerdote: “Todos os dias, na hora da Santa Missa, após a Consagração, quando o padre levantar Jesus Hóstia, diga com poucas palavras a Ele o que quer, pois eu estarei bem atento ao lado dele para insistir, com confiança, puxando Sua manga, dizendo: ‘Jesus, atende o padre, atende toda esta gente’. Tenho certeza que não vai falhar”.
Depois desse que seria o último encontro entre os dois, Pe. Gerhard foi para a cidade de Fernando Prestes, onde presidiu a Santa Missa às 19h, mesmo hora em que, Nelsinho partiu para a Casa do Pai, em 24 de dezembro de 1964.

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