domingo, 9 de junho de 2019

PENTECOSTES – ESPÍRITO SANTO

PENTECOSTES – ESPÍRITO SANTO
Ano – C; Cor – Vermelho; Leituras: Gn 11,1-9; Sl 103 (104); Rm 8,22-27; Jo 7,37-39.

“É SEMPRE SEGUNDO DEUS QUE O ESPÍRITO INTERCEDE EM FAVOR DOS SANTOS.” (Rm 8,27b).

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Diácono Milton Restivo

No dia da festa judaica de Pentecostes estavam todos os Apóstolos e discípulos de Jesus reunidos, e assim nos narram este episódio o livro dos Atos dos Apóstolos: “Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente veio um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. (At 2,1-4).
A ação do Espírito Santo nos Apóstolos e discípulos de Jesus, na festa de Pentecostes, tornou-os fortes, audazes e santificou-os para anunciar o Evangelho com fidelidade a todo o mundo.
A Igreja ficou constituída em templo do Espírito Santo: “ou vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhe foi dado por Deus?”. (1Cor 6,19).

A partir da Ascensão de Cristo, que a Igreja celebrou no domingo anterior, os discípulos e a comunidade passaram a não ter mais a presença física e visível do Mestre. Passaram a não vê-lo mais com os olhos da carne, e sim com os olhos da fé. Em cumprimento à promessa de Jesus, o Espírito Santo foi enviado sobre os apóstolos.
Dessa forma, Jesus continua presente na Igreja, que é continuadora da sua missão.
O Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo.
Os sinais externos, descritos no livro dos Atos dos Apóstolos, são uma confirmação da descida do Espírito Santo: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo. Para os cristãos, o Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para a missão universal.
Precisamos entender que a festa que celebramos denomina-se Pentecostes, não porque o Espírito Santo veio sobre a Igreja de Jesus Cristo representada pelos apóstolos e discípulos, e sim porque o Espírito Santo manifestou-se no dia da festa judaica de Pentecostes, tendo a Igreja, para esse acontecimento, adotado o nome Pentecostes para dar identidade à manifestação do Espírito de Deus prometido por Jesus.
No Novo Testamento o Pentecostes, festa judaica, quando aconteceu a manifestação do Espírito Santo, está relatada no livro dos Atos dos Apóstolos (2,1-13). Comemora-se o envio do Espírito Santo à Igreja. Como era costume dos judeus, obedecendo a lei mosaica, os apóstolos e discípulos, juntamente com Maria, a mãe de Jesus, estavam em Jerusalém reunidos para a celebração do Pentecostes judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, como se soprasse um vento impetuoso (At 2,1-4). Línguas de fogo pousaram sobre os apóstolos e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em diversas línguas.
Pentecostes é a coroação da Páscoa de Cristo. No Pentecostes cristão acontece a plenificação da Páscoa, pois a vinda do Espírito Santo sobre os discípulos e apóstolos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração, na vida e na missão dos discípulos. 
Podemos notar a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca ortodoxo Atenágoras (1948-1972): "Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos". 
O Espírito Santo traz presente, “até a consumação dos séculos” (Mt 28,20), o Ressuscitado à sua Igreja e lhe garante a vida e a eficácia da missão.
O Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo. Os sinais externos descritos no livro dos Atos dos Apóstolos são uma confirmação da descida do Espírito de Deus, é uma teofania, portanto: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo. Para os cristãos o Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para a missão universal.
Nos Evangelhos a presença do Espírito Santo é sensível.
O Espírito Santo recobre Maria na anunciação do anjo: “O anjo respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus”. (Lc 1,35). O Espírito Santo manifesta-se, também, na visita de Maria a Isabel: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”. (Lc 1,41). O Espírito Santo se faz presente no batismo de Jesus: “Depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e pousando sobre ele”. (Mt 3,16 e Mc 1,10). O Espírito Santo guia Jesus para o deserto e fortalece Jesus na tentação: “Em seguida o Espírito impeliu Jesus para o deserto”. (Mc 1,12; Mt 4,1 e Lc 4,1). O Espírito Santo acompanha Jesus de volta para a Galiléia imediatamente depois da tentação de Jesus no deserto: “Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza”. (Lc 4,14); e por ocasião em que Jesus, falando em Nazaré, o Espírito Santo recorda a promessa messiânica de Isaias 61,1-2: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa nova aos pobres...”. (Lc 4,18ss).
Do mesmo modo fala o Santo Espírito ao velho Simeão dirigindo-o nos seus passos e pensamentos: “Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Era justo e piedoso. Esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava com ele. O Espírito Santo tinha revelado a Simeão que ele não morreria sem ver primeiro o Messias prometido pelo Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo”. (Lc 2,25-27a). O dom do Espírito Santo é, de uma maneira determinada, prometido pelo nosso Salvador: “Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que pedirem”. (Lc 11,13).
No Evangelho segundo João o ensino de Jesus quanto à obra do Espírito é mais preciso. "Deus é Espírito", com respeito à sua natureza. A não ser que o homem novamente nasça "da água e do Espírito", ele não pode entrar no reino de Deus: “Jesus respondeu (a Nicodemos): ‘Eu garanto a você: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito. Quem nasce da carne é carne, quem nasce do Espírito é espírito. Não se espante se eu digo que é preciso vocês nascerem do alto”.  (Jo 3,5-7).
O Espírito é dado sem medidas ao Messias: “De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o Espírito sem medida.” (Jo 3,34).
Referindo-se Jesus às promessas messiânicas (Is 44,3; Jl 2,28) falou do Espírito que haviam de receber os que nele cressem porquanto, ainda não tinha sido dado: “Jesus disse isso se referindo ao Espírito que deveriam receber os que acreditassem nele. De fato, ainda não havia o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” (Jo 7,39); mas na qualidade de Consolador, Paráclito, Advogado e Espírito da verdade, por quem a verdade se expressa e é trazida ao homem: “O Advogado que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele vier, dará testemunho de mim. Vocês também darão testemunho de mim, porque vocês estão comigo desde o começo.” (Jo 15,26); “Entretanto, eu lhes digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá embora, porque, se eu não for, o Advogado não virá para vocês. Mas, se eu for, eu o enviarei.” (Jo 16,7).  
O Espírito Santo havia de ser dado aos crentes pelo Pai: “Então, eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre. Ele é o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele mora com vocês, e estará com vocês.” (Jo 14,16-17);
Na primeira carta de João, 3,24 a 4,13 esta presença íntima do Espírito é um dos dois sinais característicos da união com Cristo; e o Espírito, que é a verdade, dá testemunho do Filho: “Este é aquele que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Ele não veio apenas pela água, mas pela água e pelo sangue.) E é o Espírito quem dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade.” (1Jo 5,6). Nos Atos dos Apóstolos a manifestação do Espírito é feita no dia de Pentecoste, e o fato acha-se identificado com o que foi anunciado pelo profeta: “Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. [...] “Nos últimos dias, diz o Senhor, eu derramarei o meu Espírito sobre as pessoas”. [...] “Naqueles dias, derramarei o meu Espírito também sobre meus servos e servas, e eles profetizarão”. (At 2,4.17.18).
Ananias e Safira "tentam" o Espírito, pondo à prova a sua presença na igreja: “Então Pedro disse: ‘Por que vocês fizeram acordo para tentar o Espírito do Senhor? Veja! Os que foram enterrar seu marido estão chegando. Eles vão levar você também”; (At 5,9).
O Espírito, expressamente,  dirige a ação dos apóstolos e evangelistas: “Antes disso, ele deu instruções aos apóstolos que escolhera, movido pelo Espírito Santo”. (At 1,2); “Então o Espírito disse a Filipe: ‘Aproxime-se desse carro e o acompanhe”. [...] “Quando saíram da água o Espírito arrebatou Filipe, e o eunuco não o viu mais”. (At 8,29.39); “E Pedro estava ainda pensando sobre a visão, quando o Espírito lhe disse: ‘Aí estão três homens que procuravam por você. Levante-se, desça e vá com eles sem hesitar, porque fui eu que os mandei”. (At 10,19); “O Espírito me disse que eu fosse com eles sem hesitar”.  (At 11,12); “Paulo e Timóteo atravessaram a Frigia e a região da Galácia, uma vez que o Espírito Santo os proibia de pregar a Palavra de Deus na Ásia. Chegando perto de Mísia, eles tentaram entrar em Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu”. (At 16,6-7); “Movidos pelo Espírito, os discípulos diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém”. (At 21,4b).
Nas cartas de Paulo a presença do Espírito Santo está claramente determinada: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também para os corpos mortais de vocês, por meio do seu Espírito que habita em vocês”. (Rm 8,11); “Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?” (1Cor 3,16); “Ou vocês não sabem que o seu corpo é o templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus?” (At 6,19).
O Espírito Santo é o autor da fé: “Por isso, eu declaro a vocês que ninguém, falando sob a ação do Espírito de Deus, jamais poderá dizer: ‘Maldito Jesus’! E ninguém poderá dizer: ‘Jesus é o Senhor!’ a não ser sob a ação do Espírito Santo”. (1Cor 12,3). Os homens vivem no Espírito: “Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito”. (Gl 5.25).
Pelo Espírito Santo os homens são ajudados nas suas fraquezas: “Do mesmo modo, também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois nem sabemos o que convém pedir. Mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que sonda os corações sabe quais são os desejos do Espírito, pois o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade de Deus”. (Rm 8,26-27).
Os homens são fortalecidos pelo Espírito Santo: “Que ele se digne, segundo a riqueza de sua glória, fortalecer a todos vocês no seu Espírito, para que o homem interior de cada um se fortifique. Que ele faça Cristo habitar no coração de vocês pela fé”. (Ef 3,16-17).
Os homens recebem do Espírito Santo os dons espirituais: “Sobre os dons do Espírito Santo, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância”. (1Cor 12,1ss). Os homens produzem frutos como resultado da presença do Espírito Santo: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si”. (Gl 5,22-23).
Por meio do Espírito Santo há a ressurreição dos que crêem em Jesus Cristo: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também para os corpos mortais de vocês, por meio do seu Espírito que habita em vocês.” (Rm 8.11).
Pedro escreve acerca da santificação, como sendo obra do Espírito Santo; “Vocês foram escolhidos de acordo com a presença de Deus Pai e através da santificação do Espírito, para obedecerem a Jesus Cristo e serem purificados pelo seu sangue”. (1Pd 1,b-2a).
No livro do Apocalipse João, conscientemente, é influenciado pelo Espírito Santo: “No dia do Senhor, o Espírito tomou conta de mim”. (Apo 1,10); “Imediatamente o Espírito tomou conta de mim”. (Apo 4,2); e a mensagem dirigida às sete igrejas é a mensagem do Espírito: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”. (Apo 2,7.11.17.29).
O saudoso Papa, São João Paulo II, numa de suas exortações, declarou: "O Espírito é o único que pode ajudar as pessoas e as comunidades a libertarem-se dos velhos e novos determinismos, guiando-os com a lei do espírito que dá a vida em Cristo Jesus". 

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