“COMBATI O BOM COMBATE
DA FÉ...”
“Porque
a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo
alguns se afastaram da fé, e a si mesmo se afligem com múltiplos tormentos. Tu
porém, ó homem de Deus, foge dessas coisas. Segue a justiça, a piedade, a fé, o
amor, a perseverança, a mansidão.
COMBATE O BOM COMBATE DA FÉ, conquista a vida eterna, para a qual foste
chamado, como o reconheceste numa bela profissão de fé diante de muitas
testemunhas. Eu te ordeno, diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e
de Cristo Jesus, que deu testemunho diante de Pôncio Pilatos numa bela
profissão de fé: guarda o mandamento imaculado, irrepreensível, até à Aparição
de Nosso Senhor Jesus Cristo que mostrará nos tempos estabelecidos o Bendito e
único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a
imortalidade, que habita uma luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode
ver. A ele, honra e poder eterno! Amém!” (1Tm 6,10-16).
Esta é uma recomendação e um apelo,
poderíamos dizer, dramático, que Paulo Apóstolo faz ao seu discípulo Timóteo e,
por extensão a nós.
Paulo incita Timóteo a viver na
justiça, a ser piedoso, a ter fé, a viver no amor, a ter firmeza em suas
atitudes e ser manso e puro de coração.
E hoje, nos dias que vivemos a vida
que o Senhor nos dá, como diz Paulo, estamos apenas cumprindo a promessa que
fizemos no nosso batismo diante de muitas testemunhas.
Paulo, nessa sua carta, dá a silhueta
do verdadeiro cristão; recomenda como deve ser o cristão de todos os tempos.
O cristão deve ser um homem de Deus,
procurar a justiça, exercer a piedade, propagar a sua fé, viver o amor,
espelhar a firmeza, se deliciar com a mansidão e ser testemunha das verdades
evangélicas. O cristão deve se empenhar no bom combate da fé, “combater o bom combate da fé, conquistar a
vida eterna, para a qual foi chamado” (1Tm 6,12), fortalecido pelo batismo.
Mas,
muita gente confunde as coisas.
Desconhecem totalmente o modo de vida que deve ser vivido pelo cristão
que busca a vida eterna através da pureza das promessas do batismo e dentro do
espírito da piedade, fé, amor, firmeza e de mansidão. Confundem as atitudes e
até as palavras do nosso Mestre e Senhor Jesus. Quantas
vezes Jesus esteve diante de pessoas de má reputação e de estilo de vida nada
recomendável.
Para cada tipo de pessoa Jesus se
dirigia de uma maneira, de acordo com a disposição da pessoa em conhecer a
verdade, de acordo com a vontade da pessoa em mudar de vida e mentalidade e
trilhar o bom caminho, de acordo com o desejo de conversão de cada um.
Certa vez “um fariseu convidou-o a comer com ele. Jesus entrou, pois, na casa do
fariseu e reclinou-se à mesa. Apareceu, então, uma mulher da cidade, uma
pecadora. Sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, trouxe um frasco de
alabastro com perfume. E ficando por trás, aos pés dele, chorava; e com as
lágrimas começou a banhar-lhes os pés, a enxugá-los com os cabelos, a cobri-los
de beijos e a ungi-los com o perfume. Vendo isso, o fariseu que o havia
convidado, pôs-se a refletir: “Se este homem fosse profeta, saberia bem quem é
a mulher que o toca, porque é uma pecadora.” (Lc 7,36-39).
O Evangelista Lucas continua na sua
narrativa dizendo que Jesus leu os pensamentos do fariseu, deu-lhe uma resposta
à altura de sua recriminação e termina se dirigindo à mulher, conhecida por
seus atos reprováveis, mas que, pela sua atitude de se aproximar de Jesus,
demonstrava profundo arrependimento, dizendo:
“... teus pecados estão perdoados... ... tua fé te salvou; vai em paz.” (Lc
7,48.50).
Em outra ocasião, estando Jesus a
pregar a Boa Nova, “todos os publicanos e
pecadores estavam se aproximando para ouvi-lo. Os fariseus e os escribas,
porém,, murmuravam: “Esse homem recebe
os pecadores e come com eles.” (Lc 15,1-2).
E, novamente, Jesus que não perdia
oportunidade para evangelizar e transmitir a Boa Nova do Reino, conta uma série de parábolas entremeando-as com
ensinamentos da verdade, dando aos escribas e fariseus, que se julgavam
extremamente santos e desprezavam os pecadores, respostas à altura de suas
recriminações. Jesus jamais afastou de si quem a ele se chegasse com proposta
de arrependimento.
Exemplo disso temos quando, no momento
supremo do seu sacrifício no alto da cruz, no Calvário, “um dos malfeitores suspensos à cruz o insulta, dizendo: “Não és tu o
Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós.” Mas o outro, tomando a palavra, o
repreendia: “Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a
nós, é de justiça; estamos pagando por nossos atos; mas ele não fez nenhum
mal.” E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino.” E
Jesus respondeu: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lc
23,39-43).
Os pecadores, ladrões, prostitutas que
tinham realmente o desejo do arrependimento, da conversão, da mudança de vida e
de mentalidade, Jesus os recebia com amor, com palavras amigas e confortadoras,
dando até a certeza de que, se eles realmente mudassem de vida e mentalidade, o
reino de Deus seria deles e não dos hipócritas escribas e fariseus que se
julgavam santos e proprietários do Reino dos Céus, e, dirigindo-se a eles e aos
chefes dos sacerdotes e anciãos do povo que contestavam a autoridade de Jesus
(Mt 21,23), fez essa terrível revelação: “Em
verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas estão vos precedendo no
Reino de Deus. Pois João veio a vós, num caminho de justiça, e não crestes
nele. Os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, vendo isso, nem
sequer reconsiderastes para crer nele.” (Mt 21,31-32).
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