“FELIZES OS QUE
NÃO VIRAM E CRERAM.” (Jo 20, 29).
Diácono Milton Restivo
O boato de que haviam roubado o corpo de Jesus do
túmulo que já corria pela cidade era que os seguidores fanáticos de Jesus
haviam roubado o seu corpo para dizer que ele ressuscitara como havia
prometido, porque “Enquanto elas (as mulheres) iam a caminho, eis que foram à cidade alguns dos guardas e noticiaram
aos príncipes tudo o que tinha sucedido. Tendo eles congregado com os anciãos,
depois de tomarem conselho, deram uma grande soma de dinheiro aos soldados,
dizendo-lhes: ‘Digam: Os seus discípulos vieram de noite e, enquanto nós
estávamos dormindo, o roubaram. Se chegar isto aos ouvidos do governador, nós o
aplacaremos e vocês estarão seguros’. Eles, recebido o dinheiro, fizeram como
lhes tinha sido ensinado. E esta voz divulgou-se entre os judeus e dura até o dia de hoje.” (Mt 28,
11-15).
A situação estava muito confusa e ninguém poderia, em
sã consciência, acreditar em nada por medo de ser enganado. E assim os
Apóstolos, discípulos, mulheres e seguidores de Jesus passaram aquele dia na
maior das angústias, todos reunidos e trancafiados em uma casa com medo dos
judeus e sem saberem o que fazer.
Parecia que tudo havia terminado, e da forma mais triste
e melancólica: Jesus havia sido julgado, condenado, crucificado, morto e
sepultado. O remédio era cada um voltar para sua casa, esquecer tudo o que
havia acontecido, retomar de novo seus afazeres e trabalhos, começar vida nova,
porque, os momentos que passaram com Jesus foram, sem sombra de dúvida, maravilhosos,
mas que não passaram de um sonho, e a realidade mostrava que tudo acabara tragicamente. Tinham que se conscientizar que o Senhor Jesus
morrera e eles ficaram sozinhos: essa era a triste realidade...
E, nessa angústia, o dia vai terminando, vai chegando
a noite daquele primeiro dia da semana após o trágico fim de Jesus. As portas e
janelas da casa onde eles estavam encontravam-se todas cuidadosamente trancadas
por medo dos judeus, mas, “Chegada, pois,
a tarde daquele dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas
da casa onde os discípulos se achavam juntos, com medo dos judeus, foi Jesus,
pôs-se no meio deles e disse-lhes: ‘A paz esteja com vocês’. Dito isso,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois os discípulos ao ver o Senhor.
Ele disse-lhes novamente: ‘A paz esteja com vocês’.” (Jo 20, 19-21).
Não havia mais dúvidas: o Senhor Jesus havia, em
verdade, ressuscitado dos mortos e ali estava ele afastando qualquer dúvida,
dirimindo qualquer suspeita e consolando os seus apóstolos e discípulos,
afirmando: “Porque vocês estão
perturbados e que pensamentos são esses que sobem aos corações de vocês? Olhem
para as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo; apalpem e vejam, porque um
espírito não tem carne, nem ossos, como vocês vêem que eu tenho. Dito isto,
mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas, não crendo eles ainda e estando fora de si
com a alegria, disse-lhes: ‘Vocês têm aqui alguma coisa que se coma’? Eles
apresentaram-lhe uma posta de peixe assado e um favo de mel. Tendo-os tomado
comeu-os à vista deles.” (Lc 24,38-43).
Mas... Em todas as histórias felizes há sempre um
"mas"...; naquela oportunidade não estava ali presente um dos
apóstolos, e não era outro senão Tomé que, ainda com o estado emocional abalado
pelos acontecimentos, relutou em acreditar no que diziam os apóstolos.
Quando Tomé retornou onde estavam todos os apóstolos, os
apóstolos cheios de alegria e transbordando felicidade, correram para lhe dar a
boa nova: o Senhor havia ressuscitado dentre os mortos: “... Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles, quando
veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: ‘Nós vimos o Senhor’. Mas
ele disse-lhes: ‘Se não vir em suas mãos a abertura dos cravos, e não puser o
meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, não creio’.”
(Jo 20, 24-25).
Que lástima, diríamos nós; mas, quantos de nós somos
iguais a Tomé; não temos fé, não acreditamos e fazemos pouco das verdades fundamentais
das promessas e ensinamentos do Senhor Jesus.
Não cremos no poder do
Senhor Jesus. Ainda hoje quantos de nós, como Tomé, duvidam que Jesus Cristo
ressuscitou dos mortos, que Jesus Cristo é o “Filho de Deus que se fez homem para que todos os homens se tornassem
filhos de Deus”, enfim, que Jesus Cristo é o Filho de Deus.
Quantas vezes somos Tomé; quantos Tomé temos no nosso
meio.
Mas... Sempre o mas...: “Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez em casa e Tomé
com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio e disse: ‘A
paz esteja com vocês’. Em seguida disse a Tomé: ‘Põe aqui o teu dedo, vê as
minhas mãos, aproxima também a tua mão, põe-na no meu lado; e não seja
incrédulo, mas fiel’.” (Jo 20, 26-27).
Que susto deve ter tomado Tomé; ao Jesus lhe
determinar que lhe tocasse, instintivamente Tomé levou a mão e tocou nas chagas
dos cravos nas mãos e na ferida provocada pela lança no peito de Jesus e, vencido
pala realidade dos fatos, em atitude de adoração, acreditando que realmente o
Senhor Jesus jamais faltou com suas promessas e cumprira o que prometera que
ressuscitaria ao terceiro dia, cai de joelhos e exclama: “Meu Senhor e meu Deus.” (Jo 20, 28). E o Senhor Jesus lhe adverte em tom de amargurada doçura: “Você creu, Tomé, porque me viu;
bem-aventurados os que não viram e creram.” (Jo 20, 29).
Com essa sentença, o Senhor Jesus define o que seja
fé: ter fé é exatamente acreditar naquilo que não se vê e nem se toca, mas confiar
de corpo e alma nos ensinamentos e promessas que o Senhor Nosso Deus nos
transmite de diversas maneiras, de um modo especial pelas Sagradas Escrituras e
sua Igreja. Ter fé não é somente dizer que acredita; é, antes de tudo, viver o
que acredita. Ter fé não é somente dizer que crê, mas, acima de tudo, viver o
que crê.
E ainda hoje, depois de dois mil anos, quantos ainda
colocam dúvidas sobre a ressurreição e a divindade do Senhor Jesus.
Vários seguimentos que se dizem religiosos ou
filosóficos não aceitam a ressurreição de Jesus porque pregam a reencarnação e,
bem por isso, colocam em cheque a divindade de Jesus Cristo.
E quantos se dizem cristãos e crentes e seguem essa
filosofia perigosa que nega o que há de mais importante, sagrado e sublime na
nossa fé: a ressurreição do Senhor Jesus e a sua natureza divina.
O Senhor Jesus ressuscitou verdadeiramente dos mortos,
e assim nos ensina o Apóstolo Paulo: “E,
se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns entre vocês,
que não há ressurreição dos mortos? Pois, se não há ressurreição dos mortos,
também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou é, pois, vã a nossa
pregação, é também vã a fé de vocês e somos assim considerados falsas
testemunhas de Deus, porque demos testemunho contra Deus dizendo que
ressuscitou a Cristo, ao qual não ressuscitou, se os mortos não ressuscitam.
Verdadeiramente, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé de vocês, porque ainda vocês permaneceis
nos pecados de vocês. Também, por conseguinte, os que adormeceram em Cristo,
pereceram. Se nesta vida somente esperamos em Cristo, somos os mais miseráveis
de todos os homens. Mas Cristo ressuscitou dos mortos, sendo ele as primícias
dos que dormem, porque, assim como a morte veio por um homem, também por um
homem veio a ressurreição dos mortos. E, assim como todos morrem em Adão, assim
também todos serão vivificados em Cristo.” (1Cor 15, 12-22).
O Senhor Jesus ressuscitou dos mortos. É a nossa fé
quem nos garante. Não precisamos ser iguais a Tomé que necessitou tocar para
crer.
Sejamos cristãos autênticos e não permitamos que
crenças ou filosofias que negam a divindade e a ressurreição de Jesus Cristo
coloquem dúvidas em nossas cabeças e enfraqueçam a nossa fé. Não aconteça que
Jesus Cristo Ressuscitado se dirija a nós, como o fez a Tomé, e nos diga: “felizes os que não viram e creram” (Jo
20,29).
Aleluia. o meu Redentor vive,
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