sábado, 11 de abril de 2015

“FELIZES OS QUE NÃO VIRAM E CRERAM.” (Jo 20, 29).



FELIZES OS QUE NÃO VIRAM E CRERAM.” (Jo 20, 29).


Diácono Milton Restivo


O boato de que haviam roubado o corpo de Jesus do túmulo que já corria pela cidade era que os seguidores fanáticos de Jesus haviam roubado o seu corpo para dizer que ele ressuscitara como havia prometido, porque “Enquanto elas (as mulheres) iam a caminho, eis que foram à cidade alguns dos guardas e noticiaram aos príncipes tudo o que tinha sucedido. Tendo eles congregado com os anciãos, depois de tomarem conselho, deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: ‘Digam: Os seus discípulos vieram de noite e, enquanto nós estávamos dormindo, o roubaram. Se chegar isto aos ouvidos do governador, nós o aplacaremos e vocês estarão seguros’. Eles, recebido o dinheiro, fizeram como lhes tinha sido ensinado. E esta voz divulgou-se entre os judeus  e dura até o dia de hoje.” (Mt 28, 11-15). 
A situação estava muito confusa e ninguém poderia, em sã consciência, acreditar em nada por medo de ser enganado. E assim os Apóstolos, discípulos, mulheres e seguidores de Jesus passaram aquele dia na maior das angústias, todos reunidos e trancafiados em uma casa com medo dos judeus e sem saberem o que fazer.
      Parecia que tudo havia terminado, e da forma mais triste e melancólica: Jesus havia sido julgado, condenado, crucificado, morto e sepultado. O remédio era cada um voltar para sua casa, esquecer tudo o que havia acontecido, retomar de novo seus afazeres e trabalhos, começar vida nova, porque, os momentos que passaram com Jesus foram, sem sombra de dúvida, maravilhosos, mas que não passaram de um sonho, e a realidade mostrava que tudo acabara tragicamente.  Tinham que se conscientizar que o Senhor Jesus morrera e eles ficaram sozinhos: essa era a triste realidade...
E, nessa angústia, o dia vai terminando, vai chegando a noite daquele primeiro dia da semana após o trágico fim de Jesus. As portas e janelas da casa onde eles estavam encontravam-se todas cuidadosamente trancadas por medo dos judeus, mas, “Chegada, pois, a tarde daquele dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se achavam juntos, com medo dos judeus, foi Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: ‘A paz esteja com vocês’. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois os discípulos ao ver o Senhor. Ele disse-lhes novamente: ‘A paz esteja com vocês’.” (Jo 20, 19-21).
Não havia mais dúvidas: o Senhor Jesus havia, em verdade, ressuscitado dos mortos e ali estava ele afastando qualquer dúvida, dirimindo qualquer suspeita e consolando os seus apóstolos e discípulos, afirmando: “Porque vocês estão perturbados e que pensamentos são esses que sobem aos corações de vocês? Olhem para as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo; apalpem e vejam, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vocês vêem que eu tenho. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas, não crendo eles ainda e estando fora de si com a alegria, disse-lhes: ‘Vocês têm aqui alguma coisa que se coma’? Eles apresentaram-lhe uma posta de peixe assado e um favo de mel. Tendo-os tomado comeu-os à vista deles.” (Lc 24,38-43).
Mas... Em todas as histórias felizes há sempre um "mas"...; naquela oportunidade não estava ali presente um dos apóstolos, e não era outro senão Tomé que, ainda com o estado emocional abalado pelos acontecimentos, relutou em acreditar no que diziam os apóstolos.     
Quando Tomé retornou onde estavam todos os apóstolos, os apóstolos cheios de alegria e transbordando felicidade, correram para lhe dar a boa nova: o Senhor havia ressuscitado dentre os mortos: “... Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: ‘Nós vimos o Senhor’. Mas ele disse-lhes: ‘Se não vir em suas mãos a abertura dos cravos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, não creio’.” (Jo 20, 24-25).          
Que lástima, diríamos nós; mas, quantos de nós somos iguais a Tomé; não temos fé, não acreditamos e fazemos pouco das verdades fundamentais das promessas e ensinamentos do Senhor Jesus.          Não cremos no poder do Senhor Jesus. Ainda hoje quantos de nós, como Tomé, duvidam que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, que Jesus Cristo é o “Filho de Deus que se fez homem para que todos os homens se tornassem filhos de Deus”, enfim, que Jesus Cristo é o Filho de Deus.
Quantas vezes somos Tomé; quantos Tomé temos no nosso meio.
Mas... Sempre o mas...: “Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio e disse: ‘A paz esteja com vocês’. Em seguida disse a Tomé: ‘Põe aqui o teu dedo, vê as minhas mãos, aproxima também a tua mão, põe-na no meu lado; e não seja incrédulo, mas fiel’.” (Jo 20, 26-27). 
Que susto deve ter tomado Tomé; ao Jesus lhe determinar que lhe tocasse, instintivamente Tomé levou a mão e tocou nas chagas dos cravos nas mãos e na ferida provocada pela lança no peito de Jesus e, vencido pala realidade dos fatos, em atitude de adoração, acreditando que realmente o Senhor Jesus jamais faltou com suas promessas e cumprira o que prometera que ressuscitaria ao terceiro dia, cai de joelhos e exclama: “Meu Senhor e meu Deus.” (Jo 20, 28). E o Senhor Jesus lhe adverte em tom de amargurada doçura: “Você creu, Tomé, porque me viu; bem-aventurados os que não viram e creram.” (Jo 20, 29). 
Com essa sentença, o Senhor Jesus define o que seja fé: ter fé é exatamente acreditar naquilo que não se vê e nem se toca, mas confiar de corpo e alma nos ensinamentos e promessas que o Senhor Nosso Deus nos transmite de diversas maneiras, de um modo especial pelas Sagradas Escrituras e sua Igreja. Ter fé não é somente dizer que acredita; é, antes de tudo, viver o que acredita. Ter fé não é somente dizer que crê, mas, acima de tudo, viver o que crê.
E ainda hoje, depois de dois mil anos, quantos ainda colocam dúvidas sobre a ressurreição e a divindade do Senhor Jesus.
Vários seguimentos que se dizem religiosos ou filosóficos não aceitam a ressurreição de Jesus porque pregam a reencarnação e, bem por isso, colocam em cheque a divindade de Jesus Cristo.
E quantos se dizem cristãos e crentes e seguem essa filosofia perigosa que nega o que há de mais importante, sagrado e sublime na nossa fé: a ressurreição do Senhor Jesus e a sua natureza divina.
O Senhor Jesus ressuscitou verdadeiramente dos mortos, e assim nos ensina o Apóstolo Paulo: “E, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns entre vocês, que não há ressurreição dos mortos? Pois, se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou é, pois, vã a nossa pregação, é também vã a fé de vocês e somos assim considerados falsas testemunhas de Deus, porque demos testemunho contra Deus dizendo que ressuscitou a Cristo, ao qual não ressuscitou, se os mortos não ressuscitam. Verdadeiramente, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé de vocês, porque ainda vocês permaneceis nos pecados de vocês. Também, por conseguinte, os que adormeceram em Cristo, pereceram. Se nesta vida somente esperamos em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas Cristo ressuscitou dos mortos, sendo ele as primícias dos que dormem, porque, assim como a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. E, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (1Cor 15, 12-22).
O Senhor Jesus ressuscitou dos mortos. É a nossa fé quem nos garante. Não precisamos ser iguais a Tomé que necessitou tocar para crer.
Sejamos cristãos autênticos e não permitamos que crenças ou filosofias que negam a divindade e a ressurreição de Jesus Cristo coloquem dúvidas em nossas cabeças e enfraqueçam a nossa fé. Não aconteça que Jesus Cristo Ressuscitado se dirija a nós, como o fez a Tomé, e nos diga: “felizes os que não viram e creram” (Jo 20,29).


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