“PERTO DA CRUZ PERMANECIAM, DE
PÉ, SUA MÃE...” (Jo 19,25).
“Na minha angústia invoquei a Yahweh,
ao meu Deus lancei o meu grito; do seu templo ele ouviu a minha voz, meu grito
chegou aos seus ouvidos.” (Sl 18 (17),7).
Nos momentos em que nos sentimos sozinhos, mesmo estando no meio da
mais barulhenta multidão, devemos elevar o nosso pensamento ao Senhor Nosso
Deus e Pai e, nos recolhendo dentro de nós mesmos, nos entregarmos à oração.
Nesses momentos em que sentimos que a solidão bate forte em nosso coração,
devemos voltar a nossa atenção a todos aqueles que estão tristes, acabrunhados,
arrasados, explorados; todos aqueles que se sentem abatidos, desesperados,
injustiçados...
Nesses momentos, quando nos sentimos desamparados, devemos nos unir em
oração e nos colocar na presença de Deus Pai que muito nos amou e nos ama e
suplicar a mediação do Senhor Jesus que “foi
obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8), esse mesmo Senhor Jesus
que nos disse: “Eu dou a minha vida por
minhas ovelhas.” (Jo 10,15).
João, o Apóstolo amado, na sua primeira carta nos adverte dizendo: “Nisso conhecemos o amor: ele deu a sua vida
por nós, e nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos.” (1Jo 3,16).
Mentalizemos a cruz de Jesus, o Cristo, a cruz onde ele se imolou por
nós.
Coloquemo-nos, totalmente na presença do Senhor Nosso Deus e, num ato
de humildade, peçamos: “Senhor, aqui
estamos com nossas fraquezas, com nossos fracassos, com nossas angústias e
sofrimentos. O Senhor vê a nossa miséria e nossa dor, e, na sua bondade, tem
compaixão de nós e releve todas as nossas faltas, as nossas ingratidões, os
nossos desamores”.
Prestemos atenção; na nossa mentalização no sofrimento do Senhor Jesus,
o Cristo, no Calvário, observemos lá, junto da cruz onde Jesus está suspenso entre
o céu e a terra nas mais terríveis e angustiantes dores, , uma figura abatida,
desolada, sofrida: Maria, a mãe de Jesus: “Perto
da cruz de Jesus permaneciam, de pé, sua mãe...” (Jo 19,25).
A mãe ama todos os filhos, indistintamente, e, a cada um se dedica de
coração e sem reservas.
Não temos dúvidas, a mãe não pensa duas vezes para se sacrificar, em
perder horas e horas de sono para ali estar, atenciosa e orante junto à cama do
filho enfermo e, sempre aflita, partilhando da dor do filho. A mãe tem sempre
uma palavra de ânimo, de conforto, de esperança.
Dificilmente encontramos a mãe nas noites de festas, mas, no leito de
dor do filho a presença da mãe é uma constante, sempre humilde e serviçal, com
seu olhar materno, com seu carinho, com seu amor, com sua dedicação extrema e
com a sua participação na dor do filho...
Maria de pé, perto da cruz...
E, quando o Senhor Jesus, nos estertores da morte, pressentiu que havia
chegado o momento derradeiro de voltar para o Pai, num gesto de amor extremo,
transfere a maternidade de Maria para o seu apóstolo mais querido, João: “Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela,
o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis o teu filho!” Depois disse
ao discípulo: “Eis a tua mãe!” (Jo 19,26-27).
A experiência nos faz entender que o sofrimento é sempre difícil de ser
aceito e, por vezes, a tentação do desespero, da vingança, do revide, pode
estar batendo à porta do nosso coração.
Pode ser forte até a tentação do ódio.
Mas, não devemos entrar nessa. Não vamos permitir que a descrença e a
desilusão ofusquem a nossa fé e a nossa esperança... Por isso devemos
permanecer em oração!
São benditas as lágrimas que lavam os olhos, purificam o coração e nos
faz ver melhor a vida por outro prisma. Não devemos nos desesperar; somos
pessoas humanas, não somos anjos...
Continuemos em oração e mentalizando a cruz de Cristo; Jesus está ali,
no mais terrível dos sofrimentos.
Tanto que o Senhor Jesus amou a todos, tanto bem que Jesus fez: “os cegos recuperam as vistas, os
paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam e os pobres são evangelizados.” (Mt 7,47).
Jesus perdoou pecados: “Por esta
razão eu te digo, teus numerosos pecados te estão perdoados... Teus pecados
estão perdoados.” (Lc 7,47.48).
Jesus amou e acariciou as criancinhas; “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, pois delas é o reino
dos céus.” (Mc 10,14).
Jesus amou e respeitou os velhos e as viúvas: “Pois todos os outros deram do que lhes sobrava, ela (a viúva), porém,
na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver.”
(Mc 12,44).
Jesus acolheu os pobres: “Ao ver
a multidão, teve compaixão dela, porque estava cansada e abatida como ovelha
sem pastor.” (Mt 9,36).
Jesus alimentou os famintos: “Não
é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer.” (Mt 14,16).
Jesus curou os doentes: “Assim que desembarcou, viu uma grande
multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes.” (Mt 14,14).
Jesus expulsou os demônios: “Logo
que saíram, Eis que lhe trouxeram um endemoniado mudo. Expulsou o demônio, o
mudo falou.” (Mt 9,32-33) e “Os
demônios lhe imploravam, dizendo: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de
porcos.” Jesus lhes disse: “Ide.” (Mt 8,32-33).
Até os mortos se levantavam ao ouvirem a palavra de Jesus: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te.” E o
morto sentou-se e começou a falar.” (Lc 7,14-15). e “Lázaro, vem para fora.” O morto saiu com os pés e as mãos enfaixados e
com o rosto recoberto com um sudário.
Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o ir embora.” (Jo 11,43-44), e ainda mais: “Tomando a mão da criança, disse-lhe: “Talita kûm” - que significa:
“Menina, eu te digo, levanta-te.” No mesmo instante a menina se levantou, e
andava, pois já tinha doze anos.” (Mc 5,41-42).
Jesus era um homem tão cheio de Deus; era o próprio Deus caminhando
conosco neste vale de lágrimas: “...quem
me viu, viu o Pai. Como podes dizer:
“Mostra-nos o Pai?” Não Crês que estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras
que vos digo, não as digo por mim mesmo, mas o Pai que permanece em mim,
realiza suas obras. Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai está em mim.” (Jo 14,9-11).
Na sua infinita sabedoria, Jesus nos deixa uma regra de ouro: “Tudo
aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois
esta é a lei e os profetas.” (Mc 7, 12).
Sabemos que o Senhor Jesus gostava muito de dar atenção aos mais
esquecidos, aos abandonados, aos doentes, aos desamparados, aos injustiçados,
aos que se sentiam sozinhos, aos mais pobres. Jesus amava os pecadores, pois
assim ele afirmou: “Não são os que tem saúde que precisam de médico, mas sim os
doentes. Ide, pois, e aprendei o que
significa: “Misericórdia é que eu quero, e não sacrifício.” Com efeito, eu não vim para chamar os justos,
mas os pecadores.” (Mt 9,12-13).
O Senhor Jesus sabia e sabe perdoar, sabe acolher os corações mais
esmagados, mais dilacerados; e são para nós, que temos o coração sofrido, as
palavras acolhedoras e reconfortantes do Senhor Jesus: “Vinde a mim todos os que estais cansados, sob o peso de vosso fardo,
e eu vos darei descanso... Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas
almas, pois o meu jugo e suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11,28-30).
Voltemos a meditar na cruz. Mentalizemos novamente Jesus pendente na
cruz, ma eminência da morte, e aprendamos com ele a perdoar os que nos fazem
mal, como ele perdoou os seus algozes, pedindo o perdão do Pai para os seus
carrascos: “Pai, perdoai-lhes, eles não
sabem o que fazem.” (Lc 23,24).
E, mesmo no meio das mais violentas dores imagináveis, Jesus ouviu a
súplica do ladrão condenado e crucificado no mesmo local: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres com teu reino” Ele respondeu: “Em verdade eu te digo, hoje
estarás comigo no paraíso.” (Lc 23,42-43).
Estas atitudes de amor e perdão do Divino Mestre não nos deixa perder
as esperanças.
O Senhor Nosso Pai nos ama do jeito que somos: pecadores, cheios de
falhas, imperfeitos, e muitas vezes inconsequentes...
Nos orgulhosos, nos prepotentes a fé é muito difícil.
Nos humildes, nas pessoas como
nós, a fé é possível; basta que creiamos e tenhamos coragem de assumirmos e
vivermos as verdades ensinadas pelo Divino Mestre.
Os braços abertos de Jesus na cruz também estão abertos para mim, para
você, para todos nós, e não podemos esquecer que “Jesus morreu de pé e de braços abertos para que não ficássemos
sentados e de braços cruzados.”
Por isso tudo devemos abrir o nosso coração ao Senhor Jesus, ouvindo o
Apóstolo Pedro: (1Pd 2,21-25). “Com efeito, para isso é que fomos chamados,
pois que também Cristo sofreu por vós, deixando-vos um exemplo, a fim de que
sigais os seus passos. Ele não cometeu nenhum pecado; mentira nenhuma foi
achada em sua boca. Quando injuriado,
não revidava; ao sofrer, não ameaçava, antes, punha a sua causa na mão daquele
que julga com justiça. Por suas feridas
fostes curados, pois estáveis desgarrados como ovelhas, mas agora retornastes
ao pastor e supervisor de vossas almas.”
Não nos desesperemos. Não
busquemos desforras. Não aumentemos o mal que já fez tanto mal a tanta gente. Acreditemos
em Deus. “Tudo é possível àquele que crê.” (Mc 9, 23).
O Senhor Jesus está conosco. Ele
permanece conosco todos os dias em cumprimento à sua promessa: “E eis que eu estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos.” (Mt 28,20), e isso nos transmite uma paz celestial.
O importante é a paz no coração, a paz do coração, não a paz que o
mundo nos dá, mas aquela paz que o Senhor Jesus desejou e derramou sobre os
seus discípulos e apóstolos dizendo: “A
paz esteja convosco.” (Jo 20,19), e
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se intimide o vosso
coração.” (Jo 14,27).
Descubramos o nosso coração ao Senhor Jesus e reconfortemo-nos com a
sua palavra de vida eterna: “É por isso
que estão diante do trono de Deus, servindo-o dia e noite em seu templo. aquele
que está sentado no trono estenderá sua tenda sobre eles: Nunca mais terão
fome, nem sede, o sol nunca os afligirá, nem qualquer calor ardente; pois o
cordeiro que está no meio do trono os apascentará, conduzindo-os até as fontes
de água da vida. e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.” (Apo 7,15-17).
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