III DOMINGO
DA QUARESMA – ANO “C”
“EU SOU
AQUELE QUE SOU”. (Ex 3, 14)
Diácono Milton
Restivo
Não devemos
entender o livro do Êxodo como apenas um relato de um fato que se passou
séculos atrás. Neste livro encontramos um modelo inspirador da busca da
liberdade, o amor que Deus tem por seu povo Israel, e como esse povo lutou para
encontrar seu espaço e se tornar realmente um povo, e mais do que isso, o povo
eleito de Yahweh. O livro do Êxodo continua existindo e aberto para todos os
tempos e lugares onde possa existir um povo com o mesmo anseio de libertação, como
disse Pedro na sua carta: “Mas vocês são
a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo conquistado da
escravidão, para que anunciem as virtudes daquele que chamou vocês das trevas
para a sua maravilhosa luz”. (1Pd 2,9).
Acredito que todos conhecem a história do povo israelita no Egito, como
chegaram até lá, como foram recebidos lá, como lá se estabeleceram, e quais
foram as consequências do seu crescimento em terras estrangeiras.
Todos conhecem,
também, o período de escravidão desse povo no Egito: “Ai nessa terra eles ficarão como escravos e serão oprimidos durante
quatrocentos anos.” (Gn 15,13), e mais: “A
estada dos filhos de Israel no Egito durou quatrocentos e trinta anos. No mesmo
dia em que terminaram os quatrocentos e trinta anos, os exércitos de Israel
saíram do Egito”. (Ex 12,40-41).
A história de
Moisés está intrinsecamente vinculada a esses acontecimentos.
Devido ao
crescimento vertiginoso dos israelitas em terras egípcias, e a preocupação das
autoridades de que aumentando demais o povo israelita esse pudesse dominar os
egípcios, o faraó ordenou às parteiras que poupassem somente as meninas quando
nascessem, devendo sacrificar os meninos: “O
rei do Egito ordenou às parteiras dos hebreus, que se chamavam Sefra e Fuá:
‘Quando vocês ajudarem as hebréias a dar à luz, observem se é menino ou menina:
se for menino, matem; se for menina, deixem viver’ [...] ‘Joguem no rio Nilo todo menino que nascer; e
se for menina, deixem viver’. (Ex 1,16.22). Pelo menos, desta feita, vemos
as mulheres serem preferidas e tirarem vantagens aos homens nas Sagradas
Escrituras, principalmente no Antigo Testamento.
No seu
nascimento Moisés foi poupado dessa macabra determinação, mas, como se tornou
impraticável criá-lo com sua família, foi colocado, em um cesto de papiro
vedado com betume e piche, à deriva, nas águas do rio Nilo, de onde foi tirado
e depois criado pela filha do Faraó (Ex 2,1-12). Então, devemos entender que,
se Moisés foi adotado pela filha do Faraó, que era uma princesa do Egito, ele
também se tornou príncipe do Egito. Os anos se passaram, mas o sangue que
corria nas veias de Moisés era do povo oprimido, escravizado, e isso clamou
mais forte quando Moisés se certificou da opressão que o seu povo, o povo de
seus pais, estava sendo submetido, e cometeu um desvario, matando um guarda
egípcio que maltratava um israelita (Ex 2,11-15). Com medo da represália, que
fatalmente sofreria, Moisés fugiu deixando para trás as mordomias, honrarias e
nobreza e, de príncipe do Egito que era, tornou-se um fugitivo e pastor do
deserto (Ex 2,16-22).
É nessa
situação que a nossa liturgia de hoje vai encontrar Moisés.
De príncipe do
Egito, Moisés torna-se um fugitivo, busca refúgio no deserto, é acolhido por um
sacerdote de Madiã e pastor que tinha sete filhas. Moisés casa-se com uma delas e torna-se
pastor (Ex 2,15-22). As Sagradas Escrituras não declinam de qual divindade esse
pastor era sacerdote, mas o mostram como um homem de coração generoso.
Durante o
pastoreio no deserto apareceu,
para Moisés, o Anjo de Yahweh numa chama de fogo, no meio de um arbusto; Moisés
olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, mas não se consumia.
O fogo é um dos símbolos da
presença de Deus: coluna de fogo (Ex 13,21); línguas de fogo no Pentecostes
(Atos 2,3); as velas no altar. Moisés ficou observando e não entendeu porque o
arbusto queimava, mas não se consumia. É comum, no deserto, devido o calor de
certas horas do dia, um arbusto ressequido pelo sol se inflamar
espontaneamente. Isso não era novidade para Moisés, pois ele já deveria ter
visto muitos nessas condições. Mas, o arbusto que pegava fogo e não se
consumia, isso ele nunca tinha visto. Moisés não tinha idéia do que ia
acontecer, que teria a sua vida inteiramente modificada e se sentiu atraído por
aquela visão. A curiosidade falou mais alto que a cautela; “então Moisés pensou: ‘vou chegar mais perto e ver essa coisa estranha:
por que será que a sarça não se consome?”. (Ex 3,3). Vendo o Senhor que Moisés se voltava
para ver, Deus, do meio da sarça, o chamou e disse: “Moisés! Moisés! Ele respondeu: Aqui estou!”. (Ex 3,4).
Moisés estava sendo levado por
uma experiência mística nas proximidades do Monte Horeb, que também será
conhecido mais tarde como monte Sinai, a montanha do Senhor, onde Yahweh chama
Moisés para libertar o seu povo, e mais tarde vai concluir a Aliança e
proclamar a Lei (Êxodo, dos capítulos 20 a 24).
Do meio da sarça ardente Moisés ouviu uma voz: era a voz de Elohim, o
Deus da eternidade; era a voz de Yahweh, o Deus que provê.
Yahweh chama Moisés pelo nome; Deus
conhece cada um e todos pelo próprio nome. Deus, quando chama alguém, e
o chama pelo nome, é porque este alguém já é íntimo seu.
Deus
deixa clara a sua preocupação de afirmar que conhece a cada um desde antes de
habitar o ventre materno, e antes de lá sair, ele escolheu e o consagrou para o
seu serviço: “Antes mesmo de te formar no
ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei” (Jr
1,1-5). Certamente Yahweh
tinha planos mais ousados para Moisés. E Yahweh continuou: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, porque o lugar onde você
está pisando é um lugar sagrado.” (Ex 3,5). Aquele era um momento solene acontecendo
num lugar sagrado.
Situação idêntica aconteceu com
Josué, muitos anos mais tarde, quando Yahweh também dirigiu a palavra a Josué: “Tire as sandálias dos pés, porque o lugar
onde você está pisando é lugar sagrado.” (Js 5,16). Na festa do dia da
expiação os judeus vão descalços à sinagoga. Nos paises orientais é costume e
obrigação ritual tirar o calçado para o culto para entrar na mesquita.
Tirar os sapatos dos pés é apresentar-se totalmente desarmado e
desprovido diante de Deus. Desarmado de todos os vícios e tendências ao mal e
desprovido de toda autoconfiança “porque
sem mim nada podereis fazer” (Jo 15,5b)
vai nos dizer Jesus mais tarde.
Yahweh disse
mais para Moisés: “Eu sou o Deus dos seus
antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”. (Ex
3,6). Isso quer dizer que, apesar dos quatrocentos e trinta anos que o povo
israelita estava sendo submetido à escravidão no Egito (Ex 12,40-41), Yahweh não
havia se esquecido da promessa que havia feito a Abraão quando o tirou da casa
de seus pais para dele fazer um grande povo: “Sai de sua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai, e vá
para a terra que eu lhe mostrarei. Eu farei de você um grande povo, e o
abençoarei; tornarei famoso o seu nome, de modo que se torne uma benção.
Abençoarei os que abençoarem você e amaldiçoarei aqueles que o amaldiçoarem. Em
você, todas as famílias da terra serão abençoadas.” (Gn 12,1-3), e mais,
para encorajar Abraão, dando-lhe todo apoio necessário para que a promessa se
tornasse realidade: “Não tenha medo,
Abrão, eu sou o seu escudo, e sua recompensa será muito grande” (Gn 15,1). Mais tarde, nos seus escritos, Paulo
confirmaria a fidelidade de Yahweh: “É
fiel o Deus que os chamou à comunhão...” (1Cor 1,9).
Ao ouvir a voz que saia do meio
da sarça ardente e que não se consumia, Moisés escondeu o rosto, porque temeu
olhar para Deus: era o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó que lhe estava
falando. Continuou falando Yahweh: “Eu vi
a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza
de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-los
das mãos dos egípcios e fazê-los sair daquele país para uma terra boa e
espaçosa, uma terra onde corre leite e mel.” (Ex 3,7-12). Deus conhece o
sofrimento dos seus filhos. Moisés estava ali ganhando uma missão: a de
libertar o povo do sofrimento, da humilhação e da escravidão do Egito. Mas, a
partir daí, entra a descrença, a desconfiança, a insegurança, o medo e a
tentativa de se eximir da responsabilidade que lhe estava dando Yahweh. Isso
aconteceu com muitos profetas.
O profeta Jonas ao receber o
chamado de Deus para conscientizar a cidade de Nínive que estava vivendo em
pecado, “partiu, então, com a intenção de
escapar da presença de Yahweh”. (Jn 1,3). O profeta Jeremias tentou se
safar do chamado de Deus, dizendo-se criança: “Ah, Senhor Yahweh, eu não sei falar, porque sou criança”. (Jr
1,6). Mas Yahweh não admite recusa: “Não
diga ‘sou jovem’, porque você irá para aqueles a quem eu mandar, e anunciará
aquilo que eu lhe ordenar. Não tenha medo deles, pois eu estou com você para
protegê-lo. [...] Não tenha medo;
senão eu é que farei você ter medo deles.” (Jr 1,7-8.17).
Moisés relutou
em aceitar a missão que Yahweh estava lhe dando: “Meu Senhor, eu não tenho facilidade para falar, nem ontem, nem
anteontem, nem depois que falaste ao teu servo; minha boca e minha língua são
pesadas.” [...] “Não meu Senhor,
envia o intermediário que quiseres.” (Ex 4,10.13). Assim aconteceu com Moisés que tenta achar justificativas
para não assumir a missão que lhe estava destinada: “Quando eu me dirigir aos filhos de Israel, eu direi: ‘O Deus dos
antepassados de vocês me enviou até vocês’; e se eles perguntarem: ‘Qual é o
nome dele?’ O que eu vou responder?”. (Ex 3,13). Foi a maneira que Moisés
achou para se eximir da responsabilidade que Yahweh lhe estava transmitindo,
como se dissesse: “Quem sou eu para ir ao faraó e tirar do
Egito os filhos de Israel?”
A princípio, Yahweh ignorou essa
disfarçada recusa de Moisés, e: “Deus
disse a Moisés: ‘Eu sou aquele que sou”. (Ex 3,14). Deus está
falando de si mesmo e por isso afirma: “Eu Sou” fazendo uso da
primeira pessoa ou “Eu sou aquele que é”
cujo significado é: “Eu sou o existente”.
Ao seu povo, Israel, Deus
revelou-se, dando-lhe a conhecer o seu nome: “Sou aquele que é”.
Ele é o único Deus que tem existência real. A revelação do nome inefável “Eu
sou aquele que sou” contém, pois, a verdade de que “só
Deus é” (CIC 213).
Deus é a plenitude
do Ser e de toda perfeição. Nele não há começo e nem fim. Trata-se, portanto,
de uma analogia de atribuição, pois o nome “Eu sou Aquele que é”
ou “Eu sou Aquele que Sou” refere-se ao próprio Deus. Como
mistério foge a qualquer tentativa de conceituação.
Assim, Deus ao
se revelar ao Israel como “Aquele que é”, comunica-se
também como Aquele que é Amor e Verdade, que através de suas obras se mostrou
fiel à aliança com o seu povo.
O nome exprime a essência, a
identidade da pessoa e o sentido de sua vida. Deus tem um nome. (CIC 203). O
nome de Deus é misterioso como Deus é mistério e ao mesmo tempo um nome
revelado e como a recusa de um nome.
O Catecismo da
Igreja Católica, 206, diz: “Ao revelar
seu nome misterioso de Yahweh, “Eu sou aquele que é” ou “Eu sou quem sou”, Deus
declara quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo. Esse nome divino é
misterioso como Deus é mistério. Ele é ao mesmo tempo um nome revelado e como
que a recusa de um nome, e é por isso mesmo que exprime de melhor forma a
realidade de Deus como ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos
compreender ou dizer: ele é o “Deus escondido” (Is 45,15), seu nome é inefável,
e ele é o Deus que se faz próximo dos homens”. O nome de Deus revela sua
fidelidade de sempre para sempre: no passado: “Eu Sou o Deus de teus pais” (Ex 3,6); no futuro: “Eu estarei contigo” (Ex 3, 12); no presente:
“Eu Sou”. Deus que se revela como “Eu Sou” é um Deus que está presente
junto ao seu povo para salvá-lo (CIC 207).
Em hebraico, o nome de Deus é I H W H,
impronunciável, que costumamos mencionar como sendo I A H W E H. Conhecer o
nome pessoal de Deus equivale conhecer o seu caráter.
Ao revelar o seu caráter ao homem, Deus se
revela de uma forma bem íntima e pessoal.
A palavra I H W H, ou melhor, o nome de Deus,
torna-se conhecido ao seu povo só quando Deus se revela a Moisés no Monte Horeb
(Ex 3,14), significando que Deus é imutável, eterno; I H W H é o verdadeiro
"EU SOU". I H W H aparece 6.823 vezes no Antigo Testamento; é o mesmo
nome que é ordenado por Deus, para que não seja pronunciado em vão: “Não pronuncie em vão o nome de Yahweh seu
Deus, porque Yahweh não deixará sem castigo aquele que pronunciar o nome dele
em vão.” (Ex 20,7). E na constituição do seu povo, Yahweh não o deixa
esquecer de tudo o que ele fez para esse povo, quando afirma: “Eu sou Yahweh, seu Deus, que fiz você sair
da terra do Egito, da casa da escravidão.” [...] “Não se prostre diante desses deuses, nem sirva a eles, porque eu,
Yahweh, seu Deus, sou um Deus ciumento.” (Ex 20,2.5).
João, no seu Evangelho, identifica Jesus com
Yahweh e coloca na boca de Jesus várias vezes a afirmativa de Yahweh: “Eu sou”, que é o próprio nome de
Yahweh. Jesus se coloca em igualdade com o Pai. João gosta de ressaltar como
Jesus se referia a si mesmo e, nestas referências, como usava o “Eu sou.”.
Quando o barco com os discípulos estava à deriva sob a tempestade no meio do
lago, Jesus vai a seu socorro e, diante do medo expressado pelos discípulos, Jesus
os tranqüiliza: “Sou eu, não tenhais medo”. (Jo 6,20b).
Jesus se dá a conhecer com a utilização do título divino do Êxodo “Eu sou
aquele que sou.” “Deus disse a Moisés: ‘Eu sou aquele que é’. E continuou:
‘Você falará assim aos filhos de Israel: Eu sou me enviou até vocês.” (Ex
3,14); “Eu sou Iahweh. Esse é o meu nome.” (Is 42,8). “Eu
sou”, põe em evidência o caráter divino de Jesus: “Se vocês não acreditam que Eu
sou, vocês vão morrer nos seus pecados.” (Jo 8,24).
Em outra ocasião, Jesus diz que ele existia
antes de Abraão e teve que se esconder para não ser apedrejado: “Eu garanto
a vocês: antes que Abraão existisse, Eu sou. Então eles pegaram pedras
para atirar em Jesus, Mas Jesus se escondeu e saiu do Templo”. (Jo
8,58-59).
Só Deus poderia dizer “Eu sou”. Judeu algum pode dizer “Eu
sou”. Veja que após esta declaração de Jesus, os judeus tentam apedrejá-lo
(pena de morte para a heresia de se dizer Deus).
A fórmula “Eu sou” como a vemos no livro do Êxodo quando Deus se apresenta
à Moisés dizendo “Eu sou aquele é”, é própria do Criador, no
entanto Jesus toma posse desta expressão para auto-definir-se: “Eu sou
o pão da vida.” (Jo 6,35); “Eu
sou o pão que desceu do céu.” (Jo 6,41); “Eu sou o pão
vivo descido do céu.” (Jo 6,51); “Eu sou a luz do mundo.” (Jo
8,12); Se vocês não acreditam que Eu sou, vocês vão morrer nos seus
pecados.” (8,24); “Quando vocês
levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu sou e que não faço nada por
mim mesmo, pois falo apenas aquilo que o Pai me ensinou.” (Jo 8,28); “Eu
garanto a vocês: antes que Abraão existisse, Eu sou. Então eles
pegaram pedras para atirar em Jesus.” (Jo 8,58). “Enquanto eu estou no
mundo, Eu sou a luz do mundo.” (Jo 9,5); “Eu sou a porta
das ovelhas.” (Jo10,7.9); “Eu sou o bom pastor.” (Jo
10,11.14); “Eu sou a ressurreição e a vida.” (Jo 11,25); “Eu
sou o caminho, a verdade e a vida”. (Jo 14,6); “Eu sou a
videira, e meu Pai é o agricultor.” (Jo 15,1.5).
Como Jesus falou em aramaico, deve ter ficado
bem claro o nome de Deus para os judeus.
Os judeus nem sequer pronunciavam o nome de
Deus, mas Jesus vai além e o aplica a si.
João mostra no início do seu Evangelho que
Jesus é o próprio Deus, encarnado: “No começo a Palavra já existia: a
Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava
voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela, e de tudo o que existe, nada
foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. [...]
E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E contemplamos a sua glória:
glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.” (1,1-4.14). João desenvolve este tema por todo o seu
evangelho. E, no seu último livro das Sagradas Escrituras, o Apocalipse, vai
mostrar Jesus dizendo isto a seu próprio respeito: “Eu sou o Alfa e o
ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o fim.” (Apo 22,13).
Passando para
o Evangelho desta liturgia Jesus narra a parábola da figueira; da figueira sem
frutos, uma frustração para o agricultor: “Já
faz três anos que venho procurando figos nessa figueira e nada encontro.
Corta-a! Porque está ela inutilizando a terra?” (Lc 13,7).
Jesus andou durante três anos
pelas estradas ensolaradas e empoeirentas da Palestina, percorrendo de cidade
em cidade, de aldeia em aldeia, ensinando, pregando, e não gostou do que viu:
um povo consagrado que não produzia frutos. Crentes vivendo sem testemunho,
como se não acreditassem. Na parábola, alguém vem em socorro da figueira: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano.
Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não
der, então tu a cortarás”. (Lc 13,8-9).
Moisés ouviu a voz do “Eu
Sou”, tornou-se testemunha de Yahweh. Deus ganhou visibilidade em Moisés. E se Moisés não
tivesse levado a sério? Com certeza, Deus teria escolhido outro substituído em
lugar de Moisés.
Da mesma forma, quando não
levamos a sério o nosso chamamento, somos cortados, substituídos. Quem deixa de
dar testemunho por palavras e ações, comportamento e comprometimento, é substituído,
é uma figueira sem fruto que deve ser arrancada para não ocupar espaço; a
presença de Deus deixa de ser visível na pessoa infrutífera, e ele busca outra.
E estamos no
Tempo da Quaresma que é um tempo oportuno para uma reflexão sobre a nossa vida
cristã. É claro que todos somos pecadores, e estamos em permanente necessidade
de conversão.
A parábola da
figueira nos anima diante das nossas fraquezas, pecados e tropeços na
caminhada, pois Deus é compassivo, e em Jesus sempre nos convida a voltar ao
bom caminho.
Por outro
lado, a Quaresma também deve nos estimular para que busquemos na verdade
caminhos de conversão, descobrindo onde e como somos "figueiras sem frutos",
buscando o "adubo" da oração, da Palavra de Deus, dos sacramentos, da
Campanha da Fraternidade, para que voltemos a produzir os frutos devidos a
verdadeiros discípulos e discípulas de Jesus.
DEUS OS ABENÇOE. MARAVILHOSA E RICA PARTILHA.
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