MARIA VIVEU A
QUARESMA.
Quando
meditamos sobre a quaresma, quando meditamos o recolhimento de Jesus no deserto
por quarenta dias em completo jejum, penitência e oração, quando meditamos o
seu afastamento de sua pequena Nazaré para dar início a uma vida totalmente
nova e diferente daquela que levara por trinta anos em companhia de sua mãe,
Maria, na pobreza da casa de Nazaré, talvez ainda não nos tenha ocorrido pensar
em uma figura de suma importância em tudo isso e que foi responsável pela
realização dos planos de Deus Pai para a salvação de toda a humanidade.
Quando chegou o
tempo em que o Senhor Jesus deveria deixar sua casa, seus amigos, seu trabalho,
para dedicar-se inteiramente ao serviço do Senhor, essa figura, que nos
referimos, deve tê-lo acompanhado com os olhos até ele se perder no horizonte,
com os olhos marejados de lágrimas e com o coração acompanhando Jesus em todos
os seus passos e minutos da vida que ele se propusera viver para que a
misericórdia de Deus atingisse todos os homens.
Essa figura não
é outra senão Maria.
Durante toda a
infância de Jesus, os santos evangelhos nos dizem que Maria observava tudo e
guardava e meditava tudo em seu coração.
E nessas
meditações lhe fora revelado tudo o que o seu Divino Filho deveria passar,
sofrer, ser perseguido e até morrer pela salvação de todos os homens a quem ele
viera para salvar.
E agora havia
chegado a hora de seu filho Jesus cuidar das coisas do Pai e parte, parte para
não mais voltar para aquela casa pobre e humilde de Nazaré, e, a única vez que
Jesus tenta voltar para a sua casa, para a sua cidade, o povo já não o aceita
mais, o povo já não mais acredita nele, e o que é o pior, aqueles que foram
seus amigos de infância, aqueles que frequentaram a escola, que brincaram com
seu Filho nas ruas ensolaradas e poeirentas de Nazaré e que foram com ele
buscar água na fonte, aqueles mesmos que se diziam amigos de seu Filho e amigos
da família, não entenderam a sua mensagem de salvação e pegaram pedras para
apedrejar o seu Divino Filho e acabaram por expulsá-lo da cidade, e, a partir
desse acontecimento, seu Filho parte da cidade de Nazaré para não mais
regressar.
Maria
continuava observando tudo e guardando tudo em seu coração de mãe.
A vida toda de
Maria foi de orações, sacrifícios, penitências, sobressaltos, muito embora ela
já soubesse tudo o que iria acontecer com o seu Divino Filho. Maria via, ouvia
e observava tudo, e guardava tudo em seu coração.
Como o coração
de Maria deve ter sido grande e generoso.
Como o coração
de Maria foi paciente e misericordioso por ver tudo o que fizeram com o seu
Filho e perdoar a todos pelas injustiças que praticaram contra aquele a quem ela mais amou neste
mundo em todos os tempos: o seu amado Filho, o seu querido Deus.
A vida de Maria
foi uma quaresma permanente.
Muitas vezes o
seu Divino Filho escapava de suas vistas mas jamais ela deixou de o seguir,
onde quer que ele fosse, com o seu coração.
Maria aguardou
pacientemente passar os quarenta dias que o Senhor Jesus, o seu Filho, passara
no deserto, e, como ele, com toda a certeza, nesses quarenta dias, em sua pobre
casa de Nazaré, também fez penitências, jejuou e orou com muito fervor e, nesse
período, não tenham dúvidas meus irmãos, Maria se preparou mais e melhor para o
que estava por vir e colocou o seu Divino Filho nas mãos de Deus Pai, a vítima
perfeita que seria imolada para que o
pecado do mundo fosse tirado; a vítima sem pecado, mais limpa, mais pura e mais
sacrossanta; o seu próprio Filho e Filho de Deus que se fizera homem para que
todos os homens se tornassem filhos de Deus.
Depois, quando
Jesus partiu definitivamente para a evangelização de todos os homens, onde quer
que ele estivesse, ali estava Maria acompanhando-o em todos os seus passos, em
todos os momentos de sua vida, até o momento supremo do Calvário.
É isto que a
Igreja convida-nos a fazer nesta quaresma: seguir o exemplo de Maria e nos
prepararmos para acompanhar passo a passo Jesus até o Calvário.
É isso que
devemos fazer nesta quaresma: colocarmo-nos sob o manto protetor da Santíssima
Virgem e com ela viver a quaresma para
que possamos, através de Maria, entender melhor o sacrifício de Jesus, porque
Maria não fez outra coisa melhor em sua vida senão guardar tudo e meditar em
seu coração, e agora, o que ela guardou e meditou ela nos transmitirá nesta
caminhada rumo ao calvário e assim poderemos entender melhor o sacrifício de um
Deus feito homem.
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