segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A ESCRAVA QUE DEUS FEZ RAINHA

A ESCRAVA QUE DEUS FEZ RAINHA



"O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus". Disse, então, Maria: "Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1,37-38). 
Ainda Lucas, nos Atos dos apóstolos, coloca Maria no meio dos apóstolos, recolhida com eles em oração. Ela constitui o vínculo que mantém unidos ao Ressuscitado aqueles homens ainda não robustecidos pelos dons do Espírito Santo. 
Pois a sua extraordinária humildade e fé total na palavra do anjo, que fez descer sobre a Terra um Deus ainda mais humilde do que ela. E, através de suas virginais virtudes e pureza de coração, Maria ficou ainda mais próxima de seu Filho. Maria é Rainha, porque é a Mãe de Jesus Cristo, o Rei. 
Ela é Rainha porque supera todas as criaturas em santidade. "Ela encerra em si toda a bondade das criaturas", diz Dante na Divina Comédia. 
Tudo que se refere ao Messias traz a marca da divindade. Assim, todos os cristãos vêem em Maria a superabundante generosidade do amor divino, que a acumulou de todos os bens. 
A Igreja convida o povo a invocá-la não só com o nome de Mãe, mas também com aquele de Rainha, porque ela foi coroada com o duplo diadema, de virgindade e de maternidade divina. A Virgem Maria Rainha resplandece em todos os tempos, no horizonte da Igreja e do mundo, como sinal de consolação e de esperança segura para todos os cristãos, já cobertos pela dignidade real do Senhor através do Batismo.
Os cristãos de todos os tempos reconhecem em Maria a Mãe do Rei do Universo, Jesus e, sabemos que, a mãe do Rei é Rainha, e Maria, além de Rainha é a Mãe de misericórdia, doçura da vida, esperança nossa. Rainha dos céus, Rainha da terra, Rainha de todo o universo. Rainha radiante como o sol, Rainha coroada de estrelas, rainha vestida com o azul do infinito, Rainha linda como o raiar de um novo dia.   
Rainha, Rainha dos Anjos, Gabriel, Rafael, Miguel. Rainha de todos os Anjos que lhe prestam homenagens sem cessar pelos séculos dos séculos. Rainha dos Anjos que cantaram radiantes “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14) quando o Cristo Senhor, o Rei, o filho da Rainha nascera. 
Rainha dos Anjos que a levaram gloriosa de corpo e alma para os céus por ocasião de sua assunção que comemoramos nesta data, para, junto de Deus, receber a recompensa por ter sido a mais pura e a mais santa de todas as criaturas, depois de seu Filho Jesus. 
Rainha dos Patriarcas, Rainha de Abraão, de Isaac, de Jacó, de Judá, de José, de Moisés, de todos aqueles que foram colunas mestras para a consolidação do povo de Deus e a implantação da justiça e da lei do Senhor no mundo. Rainha de Israel, do povo escolhido, donde nasceria o Salvador, o Sol da Justiça. Rainha dos Profetas, de Isaías, Jeremias, Malaquias, Oséias. 
Rainha de todos aqueles que prepararam o povo escolhido para a vinda do Senhor. Rainha de João Batista. 
Rainha dos Profetas de todos os tempos, de todos aqueles que fizeram de sua palavra a palavra de Deus, de sua vontade a vontade de Deus, de sua vida a vida de Deus. 
Rainha dos Apóstolos, de Pedro, João, Paulo, Tiago, Mateus. Rainha de todos os que disseram sim ao chamamento vocacional de Jesus Cristo. 
Rainha de Anchieta, de Teresa de Calcutá, da Irmã Dulce, da Irmã Paulina do Coração Agonizante, do Frei Galvão, dos Diáconos, dos Presbíteros dos Bispos e do Papa. 
Rainha de todos aqueles que, ainda nos nossos dias, fazem valer no nosso meio a Palavra viva do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Rainha dos Mártires, de Sebastião, de Maria Goretti, de Maximiliano Maria Kolbe, de Dóroti, de Ezequiel Ramim, de D. Romero, de Chico Mendes, da irmã Lindalva, de todos aqueles que deram a sua vida e derramaram o seu sangue por sua fé, por sua religião, por sua pátria, por seus ideais, como os desaparecidos políticos de todos os países, como os mortos anônimos que são desenterrados nos cemitérios latinos americanos e de todo mundo, como as vítimas dos campos de concentrações de todos os tempos, vítimas de regimes que não respeitam os valores e os direitos humanos. 
Rainha dos confessores, Rainha daqueles que não tem vergonha, não tem medo e nem receio de dizer que são cristãos seguidores de Jesus Cristo, ainda que isso lhes custe o emprego, o sossego, e até a própria vida. Rainha daqueles que confessam a sua fé tanto nos tempos de paz como nos tempos de guerra, tanto nos tempos calmos, como nos tempos de perseguições religiosas. 
Rainha das Virgens, de Terezinha do Menino Jesus, de Maria Goretti, de Cecília, de Ifigênia, de Inês, de Luzia. Virgem Rainha, 
Rainha de todas as Virgens que dedicaram e dedicam a sua vida inteira para cuidar dos filhos dos outros, dos filhos que não tiveram e que tornaram seus filhos por amor dos irmãos e de Jesus Cristo.
Rainha de todos os Santos, dos santos de ontem, dos santos de hoje e dos santos de amanhã; dos santos que estão na glória de Deus Pai, dos santos que caminham conosco neste vale de lágrimas, dos santos que despontam no amanhã da esperança de dias melhores. 
Rainha concebida sem pecado original, Rainha pura, Rainha bela, Rainha casta, Rainha imaculada. 
Rainha preservada pela graça de Deus da mancha do pecado de qualquer natureza. Rainha da paz, não da paz que se resume na ausência de guerra, mas da paz interior, ainda que o mundo esteja explodindo na maior violenta das guerras. 
Rainha da paz que vem do amor, da paz que vem da fé, da paz que vem de Jesus Cristo, da paz que o Mestre desejou e deixou aos seus apóstolos, quando disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo”. (Jo 14,27). 
Rainha e Mãe da Igreja que é o povo de Deus e que caminha por veredas muitas vezes inseguras, mas sempre conduzido pela estrela dos magos que fatalmente o levará até a gruta de Belém onde o Senhor Jesus o espera, e onde a Rainha, de braços abertos e com um largo sorriso receberá a todos os que, partindo deste vale de lágrimas, depois deste desterro, para nos mostrar a Jesus, que é o bendito fruto de seu ventre, ò clemente, ò piedosa, ò doce, sempre Virgem e Mãe, sempre Rainha... Maria é a Rainha que se fez escrava: “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1,38). 
O Papa Pio XII instituiu em 1955 a festa da Virgem Maria Rainha, como consequência daquela de Cristo Rei. Inicialmente era celebrada no dia 31 de maio, mês de Maria, encerrando as comemorações com o coroamento desta singular devoção. 
O dia 22 de agosto era reservado à homenagem ao Coração Imaculado de Maria. 
Mas, a Igreja desejando aproximar a festa da realeza de Maria à da sua gloriosa assunção ao céu, inverteu estas datas a partir da última reforma do seu calendário litúrgico em 1969.

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