POR QUE VOLTAMOS A CAIR EM PECADOS JÁ CONFESSADOS?
Quando Jesus
entrou na casa de Zaqueu, não chegou como quem fosse arrancar frutos, mas como
quem cuida e cura a árvore com amor.
Por que
cometemos uma e outra vez os mesmos pecados, apesar de termos confessado? Por
que costuma ser tão difícil a conversão? Primeiro, porque ela é uma graça de
Deus; segundo, porque a conversão não é uma meta, mas um caminho; terceiro,
porque a utilizamos de forma errada.
A compreensão
geral que se costuma dar à palavra conversão nos remete à correção que damos a
nossa vida e que nos lava a deixar de fazer o mal para se agarrar ao bem. Mas
isso, que parece tão fácil de falar, na prática é um exercício cujos resultados
nem sempre são os esperados.
Partamos do
fato de que a conversão não aponta simplesmente a buscar o cessar dos pecados,
que neste caso chamarei de “frutos da árvore”, mas pretende alcançar o fim do
Pecado.
Utilizei o
termo Pecado com P maiúscula para que compreendamos que os pecados (essas ações
cotidianas que deterioram nossa relação com Deus e que nos levam a ferir sua
lei) são a expressão de uma realidade interior que danificou a estrutura da
personalidade, passando pelas emoções, os afetos, o intelecto, a vontade e a
liberdade e que impulsiona o homem a que pouco a pouco se afasta do plano de
Deus, para fazer de si mesmo o arquiteto de seu destino, que é o que atrevo
chamar de O PECADO.
Desta maneira,
quando pretendemos iniciar um caminho seguro de conversão, nossa ações tendem
só a corrigir ou sanar os sintomas de uma realidade que está deteriorada em
nossa estrutura. Quando arrancamos de uma árvore frutos de má qualidade, mas
não fazemos nada para corrigir a enfermidade da planta, o resultado da ação é
que continuaremos colhendo frutos de má qualidade.
Por isso
costuma acontecer que na confissão, quando fazemos o exame de consciência,
permanecemos nos próprios atos, sem ir à raiz que os gerou. Assim o que fazemos
é simplesmente uma poda. Confissão após confissão, repetimos uma e outra vez os
mesmos pecados que são produzidos por uma árvore que não pode gerar outra coisa
diferente porque há um problema que a afeta por dentro.
A ação curativa
e redentora de Cristo no sacramento não vai só ao ato de arrancar os fruto
ruins, mas vai sanar a origem do mal. Para isso é necessário que nós
reconheçamos o que é que gera uma e outra vez as mesmas ações. Toda ação tem
sua origem em uma atitude e “os pecados” têm sua gênese no “Pecado”.
Jesus vem para
destruir o “Pecado” do mundo que se apodera dos indivíduos na forma de pecados.
Não é estranho então toparmos com quem confessa os pecados, quer dizer, quem
coloca perante o confessor os frutos de uma vida que vem lastimada e inclinada
ao mal há tempos, mas não ventila à luz da Graça de Deus a raiz que lhes deu
vida. Se os sacerdotes e os penitentes ficarem arrancando os maus frutos, o
Inimigo voltará a regar uma estrutura que novamente brotará.
Perante Jesus
não basta expor os pecados, mas também o mais íntimo de nossa consciência e
nossa vontade rebelde que só quer fazer o que lhe agrada. A teimosia do nosso
coração e o endeusamento que fazemos de nós mesmo nos fazem esquecer que
dependemos do Absoluto que é Deus, para tentar dar vida a nós mesmos, quando o
que nos damos é só morte.
A proposta
diante desta realidade é que o exame de consciência aponte para a análise da
origem de todos esses males que cometemos para assim poder buscar em Cristo a
cura de toda enfermidade e não só o analgésico para os sintomas.
A exposição
perante o Senhor da vontade rebelde fará que Ele não apenas arranque os maus
frutos, mas que se inicie um processo de restituição da planta inteira.
Quando Jesus
entrou na casa de Zaqueu não chegou como quem fosse arrancar frutos, mas como
quem cuida e cura a árvore com amor. Os frutos ruins de Zaqueu caíram diante da
contundência do amor de Jesus.
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