quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

SACERDOTES NEGROS NOS TEMPOS DA ESCRAVIDÃO

SACERDOTES NEGROS NOS TEMPOS DA ESCRAVIDÃO

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Sabe aquele seu professor que diz que a Igreja Católica, na época da escravidão no Brasil, pregava que os negros não tinham alma? Aposto que ele vai ficar boladão se você perguntar a ele sobre os padres e bispos negros, que foram ordenados entre os séculos XVI e XIX.

O PRÍNCIPE BISPO 
Mvemba Nzinga (Afonso I do Congo) era um rei católico. Ele marcou a história do Congo com o primeiro governante a denunciar o tráfico de escravos negros, que era feito com a autorização da Coroa Portuguesa.
Além disso, foi responsável pela implementação de um sistema educativo moderno (voltado para meninos e meninas), além de ter trazido diversos avanços para o país.
Quando o príncipe Henrique tinha 14 ou 15 anos, Mvemba Nzinga o enviou a Lisboa, onde estudaria para ser padre. O Rei de Portugal gostava tanto de Henrique que o enviou à frente de uma delegação para prestar homenagem ao Papa Leão X. Cinco anos depois do encontro com o bispo de Roma, o padre negro foi eleito bispo, tendo apenas 26 anos.
A partir de 1518, ele se tornou o representante máximo da Igreja Católica em todo o território do Congo. O apostolado rendeu bons frutos para o Reino. Ele faleceu em 1531, e, doze anos depois de sua morte, metade da população do Congo já havia sido batizada.

NOS ESTADOS UNIDOS 
Era uma vez era um branco americano que se apaixonou por sua escrava e se casou com ela. Tiveram muitos filhos, entre eles, James Augustine Healy, que viria a ser o primeiro sacerdote católico afrodescendente dos EUA.
James A. Healy foi ordenado em 1854. Ele fundou muitos institutos de caridade para socorrer os imigrantes pobres. Sua competência e bondade chamaram a atenção do Papa Pio IX, que o elegeu bispo de Portland.
Anos depois, após o fim da escravidão no país, dois de seus irmãos também se ordenaram padres: Patrick Francis Healy (que foi eleito presidente da Universidade de Georgetown) e Alexander S. Healy. Sua irmã, Eliza Healy, se tornou em 1903 a primeira madre superior afro-americana de um convento e de uma escola católicos, em St. Albans, Vermont.
Em 1880, o ex-escravo americano Augustine Tolton foi admitido em um seminário em Roma. Depois de ordenado, Pe. Tolton retornou para os EUA, sendo sempre um pastor exemplar.
Em 1897, morreu com fama de santidade. 

NO BRASIL
No Brasil, destaca-se a história do beato Padre Victor, ex-escravo. Ele teve a sorte de nascer em uma casa em que a senhora – sua madrinha – tratava os escravos com bondade, e recebeu uma educação sofisticada.
Ao saber do sonho que seu afilhado tinha de ser padre, a madrinha o incentivou. Bem impressionado com o jovem negro, o bispo local autorizou o seu ingresso no seminário.
Padre Victor foi ordenado em 1851, sendo enviado para a diocese de Três Pontas (Minas Gerais). O povo simples o aceitou bem, mas os fazendeiros o rejeitaram. Foram muitas as ofensas, mas tão grande era a sua santidade que, com o tempo, o beato conquistou até mesmo aqueles que antes o perseguiam. 

PORQUE TÃO POUCOS CLÉRIGOS NEGROS? 
Os padres negros na época da escravidão negra eram numerosos? Não. E isso se deve a diversos fatores principais, alheios à vontade da Igreja:
as limitações impostas pelo sistema escravista, já que um proprietário dificilmente liberaria  um escravo para que entrasse no seminário (como foi o caso do Pe. Victor);
na África, na Era das Grandes Navegações, o catolicismo estava apenas começando a sua missão evangelizadora. A fé católica no Continente ainda não havia amadurecido e se organizado o suficiente para gerar membros numerosos para o clero.
Até o século V, antes da invasão ariana, a Igreja Católica na África era forte e vibrante. Foi na África que nasceu e viveu Santo Agostinho de Hipona, um dos teólogos mais importantes do catolicismo! Porém, tudo começou a melar quando comunidade católica africana foi duramente ferida pela invasão dos bárbaros vândalos. E a chama da fé morreu de vez no século VII, esmagada pelo Islã (restaram, então, apenas alguns pequenos agrupamentos, como os coptas).
Graças a Deus, nas últimas décadas esse quadro mudou. A África é o continente em que o catolicismo mais cresce no mundo! Somente nos últimos dez anos, houve um salto de mais de 40% no número de católicos africanos. Deus abençoe e fortifique os nossos missionários! Viva Nossa Senhora de Kibeho!

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