PORQUE
SÓ OS CRISTÃOS CATÓLICOS FAZEM O SINAL DA CRUZ?
O símbolo do cristianismo, lembra o
teólogo americano John Stott, poderia ser a “manjedoura”, para simbolizar a encarnação
de Jesus, a “carpintaria”, para dignificar o trabalho manual de Jesus ou a
“toalha”, para lembrar o lava-pés de Jesus.
Mas todos foram ignorados em favor da
cruz, o que é totalmente extraordinário, porque, na cultura greco-romana da
época, a cruz era objeto de vergonha. Para John Julius Scott, professor de
Bíblia e teologia no Wheaton College, nos Estados Unidos, “a cruz é um diamante
multifacetado”; a cruz “é a demonstração suprema do amor que Deus tem pelo
homem pecador”.
A cruz era um instrumento de tortura e
morte usado durante o tempo do Império Romano, sendo usado para aplicar a pena
de morte a indivíduos que eram condenados pelas autoridades. Alguns anos depois
da crucificação de Jesus, os romanos baniram esta forma de punição por considerarem
que era muito cruel.
A cruz cristã é o mais conhecido símbolo religioso do cristianismo.
É a representação do instrumento da
crucificação de Jesus, a hora esperada por Jesus e está relacionada ao
crucifíxo (cruz que inclui uma representação do corpo de Jesus) e à família
mais ampla dos símbolos em forma de cruzes.
A cruz representou em diversas
sociedades a interseção do plano material e do transcendental em seus eixos
perpendiculares. Por exemplo, era insígna de Serápis no Egito.
Ao ser apropriado pelo cristianismo,
este símbolo enriqueceu e sintetizou a história da salvação e paixão de Jesus,
significando também a possibilidade de ressurreição.
A prática de fazer o sinal da cruz é o
que há de mais visível na Igreja Católica Romana, mas é também praticado pelas
Igrejas Ortodoxa Oriental e Episcopal.
A história do sinal da cruz remonta a
Tertuliano, o pai da igreja primitiva que viveu entre 160 e 220 d.C. Tertuliano
escreveu, recomendando o uso do sinal da cruz por parte dos cristãos nas mais
variadas situações da vida: : “Quando nos
pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos
lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos
sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos
a testa com o sinal da Cruz.” (Tertuliano, De Corona Militis 3).
A respeito da cruz, Paulo escreve:“Mas
longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo,
pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl
6,14-15); "A linguagem da Cruz é loucura
para os que se perdem, mas para os que foram salvos, para nós, é uma força
divina" (1Cor
1,18); “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus.
Estou pregado à cruz de Cristo” (Gl 2,19); “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de
nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu
para o mundo” (Gl 6,12.14); “…
anunciar o Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que
não se torne inútil a Cruz de Cristo” (1Cor 1,17).
Em várias passagens dos Evangelhos
Jesus se refencia à cruz, dizendo: “Quem
não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mt 10,38); “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a
si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24); “E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo”
(Lc 14,27).
No Novo Testamento a Cruz é
símbolo da virtude da penitência, domínio das paixões desregradas e do sofrer
por amor de Cristo e da Igreja pelas salvação do mundo. Seria preciso apagar
muitos versículos do Novo Testamento para dizer que a Cruz é um símbolo
introduzido no século IV na vida dos cristãos, como afirmam cristãos de
seguimento protestante.
O sinal da Cruz é o sinal dos cristãos
ou o sinal do Deus vivo, de que fala o
livro do Apocalipse: “Vi também
outro Anjo que vinha do outro lado, onde o sol nasce, , trazendo o selo do Deus
vivo. [...] Vamos anotes marcar a
fronte dos servos do nosso Deus” (Apo 7,2.3), fazendo eco ao que disse
Ezequiel no seu livro: “Um anjo gritou em
alta voz aos quatro Anjos que haviam sido encarregados de fazer mal à terra e
ao mar: “Não danifiqueis a terra, o mar e as árvores, até que tenhamos marcado
a fronte dos servos do nosso Deus” (Ez 9,4).
Os primeiros cristãos poderiam receber um prêmio como publicitários, por
terem criado a cruz como “logotipo de identidade corporativa” da Igreja.
Uma das primeiras perguntas de um
antigo catecismo para crianças: “Qual é o sinal do cristão?” A resposta era: “o sinal do cristão é a cruz“.
Todas as instituições, hoje
especialmente, têm um logotipo que representa sua imagem corporativa.
Os primeiros cristãos
deveriam receber um prêmio como publicitários, por terem criado
a cruz como logotipo de identidade corporativa
da Igreja: é difícil encontrar uma
imagem mais simples e mais “compreensiva”, em intensidade e extensão, da visão,
missão e valores da Igreja, do que a cruz. Na simples cruz estão
condensados o passado, o presente e o futuro da instituição divina da Igreja em favor dos homens.
Ao mesmo tempo, a cruz representa a caminhada diária do cristão: “Quem
quiser ser meu discípulo, tome sua cruz de cada dia
e me siga” (Lc 23).
Quando o cristão faz o sinal da cruz, ele não
está praticando a magia, nem um exorcismo, como pensam alguns protestantes, mas
está expressando, com um gesto simples, todo o ideal da sua vida, indicando que
quer carregar a cruz de Cristo
nesse dia, em sua cabeça, em seus lábios e em seu coração, com toda a sua alma
e sua mente e, além disso, realizando um ato de fé na Trindade, pronunciando “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”.
Por tudo isso, muitas igrejas e
lugares cristãos são presididos e coroados
com a imagem da cruz ou de Cristo
crucificado, querendo representar o momento culminante da história no qual a
humanidade foi resgatada por Jesus para Deus Pai.
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