sábado, 15 de junho de 2013

“TEUS PECADOS ESTÃO PERDOADOS”. (Lc 7,48).

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM
ANO – C; COR – VERDE; LEITURAS: 2Sm 12,7-10.13; Sl 31 (32); Gl 2,16.19-21; Lc 7,36 - 8,3).

“TEUS PECADOS ESTÃO PERDOADOS”. (Lc 7,48).

Diácono Milton Restivo.


A liturgia de hoje é muito rica do perdão de Deus. Na primeira leitura Yahweh perdoa crimes horrendos do rei Davi. Na segunda leitura Paulo mostra que somos justificados e perdoados por Jesus Cristo e, no Evangelho, Jesus perdoa a pecadora arrependida que lava-lhe os pés com lágrimas e os enxuga com seus cabelos.
A figura de destaque da primeira leitura é um profeta: o profeta Natã. O profeta Natã esteve presente nos reinados de Davi (cf Eclo 47,1) e Salomão (cf 2Cr 9,29). Natã teve a coragem e o destemor de repreender energicamente ao rei Davi pelo grave pecado de adultério com Betsabéia, mulher de seu general Urias, e pelo covarde assassinato do próprio Urias, para ficar com a sua mulher (cf 2Sm 11,2-18). Para entender a mensagem da primeira leitura e o porque o profeta Natã está advertindo ao rei Davi, se faz necessário que seja lido o contido no livro segundo de Samuel, 11,2-18, senão a leitura fica obscura. Betsabéia era esposa de Urias, um guerreiro heteu que estava a serviço do rei Davi. Passeando uma tarde pelo terraço do palácio, Davi ficou impressionado com a beleza de Betsabéia, que estava se banhando em sua casa. Davi a seduziu e chegou ao cúmulo de expor seu marido, o general Urias, à morte em uma batalha, ordenando, por carta, que foi levada em mãos pelo próprio Urias aos seus comandantes, para que o colocassem a combater em local de extremo risco, com o objetivo de que Urias não tivesse chance de sobreviver ao combate, para ficar com a sua esposa Betsabéia e, realmente, Urias sucumbiu em combate (2Sm 11,14-17).
         A primeira leitura, portanto, mostra o destemor do profeta Natã ao chamar a atenção do rei Davi, considerando que “Yahweh mandou o profeta Natã falar com Davi” (2Sm 12,1) e, depois de contar uma parábola ao rei Davi sobre o homem rico que tinha “muitos rebanhos de ovelhas e bois”, mas, para agradar uma visita, rouba a ovelha única e muito querida de seu visinho pobre “e a preparou para a sua visita” (cf 2Sm 12,1-6). Betsabéia tornou-se uma das esposas de Davi e teve mais quatro filhos, entre eles Salomão, que sucedeu ao rei Davi no trono. (1Cro 3,5).
Pena que, nem de longe, a liturgia insinua ou sugere o motivo da reprimenda do profeta Natã ao rei Davi, esclarecendo qual tenha sido o motivo da indignação de Yahweh, mas, devemos levar em consideração que a liturgia deste domingo fala do perdão de Deus sem se preocupar em colocar em destaque o pecado que mereceu a misericórdia divina, tanto o pecado de Davi como o pecado da mulher do Evangelho que lava os pés de Jesus com suas lágrimas e os enxuga com seus cabelos.
Na sequência da primeira leitura o rei Davi se arrepende de seu pecado: “Pequei contra o Senhor”, e Natã transmite-lhe a mensagem de perdão de Yahweh: “De sua parte, o Senhor perdoou o seu pecado, de modo que você não morrerá! Entretanto, por você ter ultrajado o Senhor com seu procedimento, o filho que lhe nasceu morrerá”. (2Sm 12,13). Betsabéia engravidou de Davi, mas a criança morreu por juízo de Yahweh (2Sm 12,15-19).
Além da advertência destemida feita ao rei Davi, o profeta Natã surge em mais dois acontecimentos distintos e importantes onde desempenha um papel preponderante. Um desses acontecimentos está relacionado com a pretensão de Davi em construir um Templo para Yahweh. Inicialmente Natã deu a sua aprovação, mas, mais tarde recebeu uma revelação de que deveria ser o filho de Davi, Salomão, que deveria construir o referido templo (2Sm 7,1-17).
Outro acontecimento, onde o profeta Natã assume um papel importante, está relacionado com a sucessão de Davi no trono. Neste episódio, Natã alia-se a Betsabéia e ao seu filho Salomão, com o objetivo de ser este, e não Adonias, filho de Davi com outra mulher e mais velho que Salomão (cf 1Cro 3,1-5 e 1Rs 1,11-32) a suceder ao pai como rei.
Ao longo de toda a Bíblia um tema ocorre com muita frequência: Deus fala com o povo através de seus profetas, e o povo aceita ou rejeita o que é dito. Evidentemente, ao rejeitar as palavras dos profetas, o povo não está rejeitando os profetas, mas aquele que os enviou, Yahweh.
Os profetas foram homens escolhidos por Yahweh para serem canais da manifestação de sua vontade ao povo israelita. Instrumento poderosamente usado e, através dos profetas, a glória de Yahweh, por diversas vezes, foi manifestada. Profeta é um homem, ou mulher, cheio do Espírito de Deus, que à luz da fé enxerga a situação em que vive; anuncia a Palavra de Deus e denuncia o pecado do povo ou do indivíduo. Ser profeta não é profissão ou cargo.
Ser profeta é vocação e missão na comunidade. Ser profeta não sugere mordomias, mas compromisso e, na maioria das vezes, sofrimento. No livro do Deuteronômio Yahweh faz um esclarecimento do que seja profeta, e uma advertência: “Do meio dos irmãos deles, eu farei surgir para eles um profeta como você. Vou colocar minhas palavras em sua boca, e ele dirá para eles tudo o que eu lhe mandar. Se alguém não ouvir as minhas palavras, que esse profeta pronunciar em meu nome, eu mesmo pedirei contas a essa pessoa. Contudo, se o profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome alguma coisa que eu não tenha mandado, ou se ele falar em nome de outros deuses, tal profeta deverá ser morto. Talvez você se pergunte: ‘Como vamos distinguir se uma palavra não é palavra de Yahweh? ’ Se o profeta fala em nome de Yahweh, mas a palavra não se cumpre e não se realiza, trata-se então de uma palavra que Yahweh não disse. Tal profeta fala com presunção, Não tenha medo dele”. (Dt 18,18-22).
Jesus Cristo não é um profeta: Jesus Cristo é o Profeta por excelência: “Um grande Profeta surgiu entre nós. Deus voltou os olhos para seu povo” (Lc 7,16).
O Salmo responsorial é uma confissão e um agradecimento e exaltação a Yahweh por quem teve seus pecados perdoados: “Feliz o homem cuja ofensa é absolvida, cujo pecado é coberto. Feliz o homem a quem Yahweh não aponta delito. [...] Eu disse: ‘vou a Yahweh confessar a minha culpa! ’ E tu absolveste o meu delito”. (Sl 32 (31),1-2.5b).
A segunda leitura nos mostra Paulo irritado com os gálatas que se deixaram ser seduzidos pelos judaizantes (os judeus convertidos ao cristianismo, mas que não abandonaram a Lei de Moisés) que ensinavam que a Lei de Moisés estava acima do sacrifício, da graça e da fé em Jesus Cristo. Estavam ignorando a misericórdia e a graça de Deus e se apegando à Lei do Antigo Testamento, e Paulo é taxativo na sua afirmativa de plena entrega e confiança na misericórdia e no perdão que o Pai dá aos homens por Jesus Cristo: “Aliás, foi em virtude da lei que eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Com Cristo, eu fui pregado na cruz. Eu vivo, mas não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo crendo no Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou. Eu não desprezo a graça de Deus”. (Gl 2,19-21a).
No Evangelho uma mulher anônima, de fama duvidosa, “conhecida na cidade como pecadora”, adentra em uma casa onde Jesus era convidado para uma refeição, e unge seus pés: “... ela, porém, ungiu meus pés com perfume” (Lc 7,45b). Lucas não dá nome a essa mulher, a deixa anônima, para que, no lugar do nome dela possamos colocar o nosso próprio nome e dizer que esta mulher pode ser qualquer um de nós: pode ser eu, pode ser você quando, não importando o pecado que tivermos cometido, se arrependidos, voltarmos para Deus implorando a sua misericórdia e seu perdão. A mulher ungiu os pés de Jesus. Segundo o Dicionário Teológico, “unção é untar com óleo sagrado. Através deste ato, eram separados os que, pela vontade de Deus, passariam a exercer as funções veterotestamentárias: rei, sacerdote e profeta”, e, segundo o Dicionário da Bíblia católica, edição ecumênica, Barsa – 1964, “unção é uma cerimônia religiosa na qual se derrama óleo sobre uma pessoa ou coisa escolhida. No Antigo Testamento, os profetas eram ungidos para a sua missão. A palavra Christos em grego significa Ungido (Sl 2,2). Os fiéis são considerados ungidos de Deus (2Cor 1,21; 1Jo 2,10.27)”.
Jesus, no início de sua vida pública quando, pela primeira vez toma a palavra diante de ouvintes, inaugurando a sua pregação, já se diz ungido, repetindo o que Isaias havia profetizado a respeito dele próprio: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos...”. (Lc 4,18). O nome hebraico “Messias” e o grego “Christos” quer dizer exatamente “Ungido”; quando falamos “Jesus Cristo”, dizemos “Jesus, o Ungido pelo Pai”. Cristo é o ungido, o escolhido de Deus.
Em Israel, sacerdotes (Ex 40,15), reis (1Sm 9,16) e profetas (1Rs 19,16) eram ungidos; era um símbolo que indicava que Deus os havia separado para alguma obra em relação ao seu povo. Todos estes, sacerdotes, reis e profetas, porém, falharam, mas Deus nos apresenta o seu Cristo, o seu Ungido, o seu Sacerdote, Profeta e Rei, que cumpriu plenamente o propósito de Deus. “Cristo” é o nome que fala-nos daquele que o Pai escolheu. Um importante detalhe que pode ser observado nas Escrituras Sagradas: somente homens foram ungidos. Em momento algum, nenhuma mulher foi ungida para uma tarefa na área espiritual. Não há nenhuma referência de mulheres sendo ungidas, seja para o serviço sacerdotal ou para reinar.
Somente homem ungia homem. No caso de Jesus, além de ele ser ungido com o Espírito do Senhor: “Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção” e de ter sido declarado pelo próprio Pai como Filho bem amado: “Este é meu Filho amado em quem me comprazo”. (Mt 3,71; 17,5; Mc 1,11; Lc 3,22), e da declaração de fé de Pedro, chamando-o de Cristo e Filho de Deus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16b), e, em Lucas, Pedro diz taxativamente: “O Messias de Deus”. (Lc 9,20), nenhum homem ungiu Jesus; apenas as mulheres o ungiram. O que será que ele quis nos dizer com isso e que nós anda não entendemos?
Jesus Cristo foi ungido em duas ocasiões, por mulheres, com óleo perfumado. Uma vez aconteceu na casa de certo fariseu, na Galiléia, conforme nos narra o Evangelho de hoje: “Ela trouxe um frasco de alabastro com perfume e, ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos, e os ungia com o perfume”. (Lc 7,37b-38), e outra vez foi no lar de Simão, o leproso, em Betânia: “Então Maria levou quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro. Ungiu com ele os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos”. (Jo 12,3; Mt 26,7; Mc 14,3). Nos dois casos o óleo caro foi derramado dum vaso de alabastro. O alabastro, de que foram feitos os vasos, era como se fosse uma porcelana, uma pedra preciosa semelhante ao mármore, porém, muito sensível, e era exatamente dessa pedra que era produzido jarros para colocar perfumes.
A primeira mulher a ungir Jesus ficou anônima no Evangelho de Lucas, sendo identificada apenas como “conhecida na cidade como pecadora” [...] “Se esse homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora.” (Lc 7,37.39b).
A segunda mulher tem identidade: era Maria, a irmã de Lázaro e Marta: “Então Maria levou quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro. Ungiu com ele os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos”. (Jo 12,3). Esta segunda unção Jesus a interpretou como se fosse uma preparação para o seu sepultamento, que estava prestes a acontecer: “Deixe-a. Ela guardou esse perfume para me ungir no dia do meu sepultamento”. (Jo 12,7; Mc 14,8; Mt 26,12).
Voltemos ao Evangelho deste domingo, Lucas 7,36 – 8,3. A mulher que tinha uma vida não em conformidade com a moral e os bons costumes da época, ou ainda, de hoje, soube da presença de Jesus na cidade e na casa de quem ele se encontrava: na casa de um fariseu que “convidou Jesus para uma refeição”. Lucas declina o nome do anfitrião de Jesus como sendo Simão e diz era um fariseu. Fariseu era alguém importante no seguimento da religião judaica e que se considerava santo e se vangloriava por não ser igual aos demais do povo. Basta ler a parábola do publicano e do fariseu contada pelo próprio Jesus para ver a arrogância e o orgulho desmedido de um fariseu que se compara santo na sua oração em frente a um publicano que bate no peito reconhecendo-se pecador: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse publicano. Eu faço jejum duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. O publicano ficou à distância, e nem se atrevia levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”.  (Lc 18,9-14).
Em outra ocasião Jesus bate pesado nas atitudes dos fariseus, dirigindo contra eles oito “ai de vocês” e maldições e chamando-os várias vezes de “hipócritas” (Mt 23,13.15.23.25.27a.29), e de “condutores cegos [...] Insensatos e cegos” (Mt 23,16.17.19.24.26); “sepulcros caiados” (Mt 23,27b), ‘serpentes, raça de víboras” (Mt 23,33).
Há necessidade de se dizer alguma coisa mais a respeito dos fariseus? E dos fariseus que, garbosamente ocupam os bancos das nossas igrejas?  Então, vemos que o fariseu era alguém que, por suas atitudes escrupulosas, hipócritas e orgulhosas da prática religiosa, julgava que já havia adquirido a passagem e a entrada para o céu, enquanto os demais queimariam no fogo do inferno, como existem muitos cristãos que, ainda hoje, assim agem, pensam e julgam... A mulher ignorou todo tipo de convenção ou boas maneiras ao adentrar naquela casa cheia de fariseus que se julgavam santos e superiores a todos os demais. Pela lei de Moisés e pelos ensinamentos farisaicos, um fariseu jamais receberia ou permitiria que uma mulher considerada pelo povo como pecadora, adentrasse os umbrais de sua porta. Mas a mulher demonstra coragem e ousadia e, acima de tudo, fé. Entrou na casa do fariseu trazendo consigo um vaso de alabastro cheio de caro perfume. Passou por todos que estavam atônitos ao ver a audácia da mulher, e se dirige diretamente a Jesus e “... ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus, com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos, e os ungia com o perfume" (Lc 7,38). Apesar das mulheres do tempo de Jesus usarem cabelos presos e cobertos com um véu, essa mulher não se importou com o que iriam dizer, mas, com os próprios cabelos, que estavam soltos, enxugou os pés de Jesus. As mulheres judias honestas jamais usariam cabelos soltos.
Jesus não fez qualquer atitude de repulsa contra a mulher. Ele sabia que, pela Lei de Moisés, quem se deixasse tocar por uma pessoa pecadora, ficaria impuro como ela. Pelo contrário, Jesus amou profundamente aquela mulher; não a recriminou, não a interrompeu, perdoou-a, salvou-a e despediu-a com a sua paz, porque “Deus amou de tal forma o mundo, que entregou seu Filho único, para que, todo o que nele acredita, não morra, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele”. (Jo 3,16-16), e: “Todos aqueles que o Pai me dá, virão a mim. E eu nunca rejeitarei aquele que vem a mim...” (Jo 3,36-37). Com essa atitude da mulher, que era considerada pecadora e indigna de adentrar na casa de um pretenso “santo”, o fariseu deixou transparecer revolta e grande perturbação, tendo a ousadia de colocar em cheque a integridade e a missão de Jesus e, em pensamento, julgou: “Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora” (Lc 7,39b), ignorando que a missão de Jesus era exatamente para achar o que estava perdido, e que ele não viera para os que se consideravam “santos” e sim para os que se sabiam pecadores: “Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10); “Haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. [...] “Os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um pecador que se converte” (Lc 15,7.10).
Jesus, que é Deus, onisciente, com certeza conhecia o coração do fariseu e sabia o porque da sua revolta, e lê o seu pensamento, conta-lhe a parábola dos dois devedores, mostrando que, quem peca mais e é perdoado será aquele que mais amará quem o perdoou, e, na sequência, mostra ao fariseu a falta de educação que ele tinha demonstrado ao recepcionar um convidado, no caso o próprio Jesus, e que a mulher havia suprido aquela deselegância: “Simão, estás vendo esta mulher? Quando entrei na tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. e lhe dá uma lição de amor e perdão: “Por essa razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela mostrou muito amor’. E Jesus disse à mulher: ‘Teus pecados estão perdoados’.” (Lc 7,47-48). Jesus coloca mais minhocas e indignações na cabeça dos fariseus, que se julgavam “santos” e protestam: “Quem é este que até perdoa pecados?”(Lc 7,49b). Jesus ignora essa observação de repúdio dos fariseus “pseudos-santos”. E Jesus se volta para a mulher, e lhe diz: “Tua fé te salvou. “Vai em paz” (Lc 7,50b).
Muitos grandes santos foram também grandes pecadores. Exemplo disse temos nas próprias Sagradas Escrituras, como o exemplo da mulher samaritana que de grande pecadora que era, transformou-se numa das primeiras missionárias e evangelistas ao chamar o povo da cidade para ir ao encontro e ouvir a Jesus Cristo que lhe tinha dito maravilhas (Jo 4,4-30).
O grande pecador de hoje pode ser o missionário do Evangelho de amanhã.
Não conhecemos os caminhos nem os pensamentos de Deus: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”. (Is 55,8-9).
Cuidemos, portanto, para que as nossas posições não nos coloquem no lado oposto às atitudes de Jesus.

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