02 DE OUTUBRO
MARIA, RAINHA DA
PAZ
Paz. Como necessitamos de paz. Como procuramos a
paz. Como desejamos a paz.
Paz interior.
Paz de espírito. Paz na família. Mas como procuramos a paz nos locais mais
errados, nos lugares onde ela não está. E, nessa busca louca e desenfreada de
paz, mais nos confundimos, mais nos desesperamos.
A paz não é
somente ausência de guerra. Paz também não é sinônimo de tranquilidade.
Paz é você
estar de bem com você e com Deus, mesmo que tudo à sua volta seja guerra e
confusão. E a paz verdadeira vem de Deus, aquela paz que vem de Jesus, o filho
de Maria, quando ele mesmo disse aos seus apóstolos e discípulos: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não
vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração.”
(Jo 14, 27).
A paz
verdadeira vem de Deus, somente de Deus; paz interior, paz de consciência. Eu
disse que paz não é sinônimo de
tranquilidade, mesmo contrariando a definição de paz que nos dão os dicionários
da língua portuguesa.
Realmente, a
paz que vem de Deus não pode ser sinônimo de tranquilidade porque, por um paradoxo,
Deus nos dá a sua paz exatamente para não nos deixar tranquilos, porque, quem
tem a paz que vem de Deus não pode ficar tranquilo ao ver tantas injustiças,
tantas mentiras, tantas falsidades, tantos interesses escusos que existem entre
as pessoas, entre as famílias, e isso no mundo todo.
Quem tem a paz
que vem de Deus não pode se acomodar, não pode se tranquilizar, não pode se
omitir ao ver o pecado imperar nos lugares que deveriam ser santos, não pode
concordar ao ver que aqueles que deveriam falar em defesa dos oprimidos se
calarem covardemente; não pode ter repouso ao presenciar as agressões covardes
contra aqueles que não se podem defender, isso tanto física, como moral e
psicologicamente.
Por isso que
digo que paz não pode e nem deve ser sinônimo de tranqulidade. Deus nos dá a
paz, mas não nos deixa em paz.
A paz que vem
de Deus nos desaloja do nosso comodismo, assim como aconteceu com Maria que
após receber a paz personificada no Filho de Deus em seu ventre não se acomodou e partiu para
uma longa viagem ao saber que sua prima Isabel, já de idade avançada,
necessitava de sua presença para a auxiliar nos últimos meses de sua gravides
temporã.
Só os valentes
tem essa paz verdadeira; os valentes que assumem de corpo e alma os preceitos
de Deus e se sintonizam com a vontade divina para servirem de instrumentos nas mãos do Pai, para dar continuidade ao
plano de salvação iniciado por Jesus Cristo,
e que se prolonga na luta do dia a dia
da sua Igreja. E o resultado dessa paz nem sempre é uma velhice
tranquila ou uma aposentadoria calma e abastada; o resultado dessa paz é,
muitas vezes, a incompreensão do mundo, é uma coroa de espinhos, são flagelos,
chacotas que muitas vezes terminam por se ver o mundo do alto, mas do alto de
um cruz. E a prova disso vemos na
paz que Jesus Cristo transmitiu aos seus apóstolos, quando disse: “Eu vos dou a minha paz, eu vos deixo a
minha paz.” Jo, 14, 27).
Jesus deu a
paz, transmitiu a sua paz aos seus discípulos e apóstolos, e, todos os
apóstolos, em gozo pleno dessa paz, foram perseguidos, caluniados, flagelados,
assassinados, martirizados, mortos em nome da fé e da paz. Mas, que tipo de paz
é essa que, para gozá-la plenamente temos de passar por todas essas privações? É
a paz que vem de Deus que nos dá plena segurança de que vale a pena ser
perseguido pelo mundo, ser incompreendido pelos homens desde que permaneçamos
fieis à observância das mensagens evangélicas de Jesus Cristo.
A paz que vem
de Deus traz alegria interior. A paz que o mundo oferece, transforma-se em remorso. O Senhor
fez bem-aventurados todos aqueles que vivem na sua paz e, as bem-aventuranças evangélicas
nada mais são do que o conforto que Deus dá aos que vivem na sua paz e, bem por
isso, são: “Bem-aventurados os pobres em
espírito, porque deles é o reino de Deus. Bem-aventurados os que choram, porque
serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos
de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os artífices da paz, porque
serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que padecem perseguição pela
justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês, quando
forem insultados e perseguidos, e com mentira falarem contra vocês todo gênero
de mal por minha causa. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande será a sua
recompensa.” (Mt, 5, 3-12).
São comemorados
também no dia de hoje: Santos Anjos da Guarda, São Custódio, São Leodegário e
São Domingos Spadafora, São Guerino (irmão de São Leodegário, mártir), São
Leodegário de Autun (bispo), Santos Luiz, Lúcia, André e Francisco (mártires do
Japão).
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