sexta-feira, 11 de outubro de 2013

NOSSA SENHORA APARECIDA, RAINHA E PADROEIRA DO BRASIL

NOSSA SENHORA APARECIDA, RAINHA E PADROEIRA DO BRASIL

ANO; C – COR: BRANCO – LEITURAS:  Est 5,2b-2;7.2b-3; Sl 44 (45); Ap 12,1.5.13a.15-16a; Jo 2,1-11.

Diácono Milton Restivo

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No dia 12 de outubro o Brasil inteiro festeja o dia de Nossa Senhora Aparecida.
Esta foi a maneira que Maria, a mãe de Jesus, se manifestou em defesa do povo oprimido e escravizado da época: os negros que vieram à força da África.
Na pequena imagem encontrada no rio Paraíba, Maria, a mãe de Jesus, assumiu a cor negra, a cor do povo que era submetido às mais duras privações. Maria sempre vem em socorro ao povo oprimido e vilipendiado, e sempre se identifica com ele.
A sua história teve início em meados de 1.717, quando chegou à cidade de Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D. Pedro Miguel de Almeida e Portugal, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, hoje Minas Gerais, iria passar pela povoação a caminho de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, nas Minas de Ouro.
Desejosos de servi-lo com o melhor pescado que obtivessem, as autoridades determinaram que os pescadores do lugarejo fossem colher do rio o que de mais nobre ele poderia oferecer: belos peixes. Na região de um bairro, que hoje é Aparecida do Norte, mas que na época chamava-se Morro dos Coqueiros, moravam alguns pescadores, entre eles Domingos Alves Garcia, João Alves e Felipe Pedroso. Esses três pescadores eram parentes, a saber: Domingos Alves Garcia era pai de João Alves, e João Felipe Pedroso era casado com uma irmã de Domingos Alves e, consequentemente, tio de João Alves.
Seguindo aquela ordem da Câmara, os três pescadores também saíram, na mesma canoa, para pescarem rio acima. E pescaram durante horas e horas, e nada conseguiram.

Por fim, ao chegarem a uma curva do rio, chamada Itaguaçu, lançaram a rede e, ao puxarem a rede, tiraram das águas uma imagem de Nossa Senhora que se enroscou nas malhas da rede, mas, essa imagem estava sem a cabeça, era somente o corpo. Que valor teria para eles uma imagem quebrada, somente o corpo, sem a cabeça? Claro que nenhum. Mesmo assim eles colocaram aquela imagem no fundo da canoa e continuaram a lançar a rede, continuaram a pescaria.
Logo em seguida, ao puxarem as redes, notaram que estava enroscada em uma malha a cabeça da imagem, e viram que se encaixava direitinho no corpo. A partir daí, cada vez que lançavam a rede maior era o número dos peixes que retiravam do rio, motivo pelo qual os pescadores deram por encerrada a pescaria, e voltaram para suas casas com grande quantidade de grandes peixes.
Tudo isso aconteceu no dia 12 de outubro de 1.717.
Nada melhor para homenagear a nossa rainha e padroeira do que lançar mão de escritos de santos marianos que tanto veneraram essa mãe tão querida.

Comecemos por Carlos Maesters, do seu livro “Maria, a Mãe de Jesus”: “A história do Brasil parece um imenso andor de Nossa Senhora, andor esse carregado pelo povo simples, humilde e pobre através dos tempos. Só que o povo não aparece, o povo pobre não faz propaganda de si próprio e nem carrega placas com o seu nome no peito ou estende faixas nas ruas contando as suas vantagens, como fazem os demagogos e corruptos políticos. O povo pobre, simples e humilde faz questão é de ficar escondido atrás do nome de Maria. O que deve aparecer realmente para o povo pobre e humilde é o nome e a imagem de Nossa Senhora, a nossa Maria, que é aclamada e invocada por milhares e milhões de vozes que cantam e rezam sem parar a Ave Maria... Carregando o andor de Nossa Senhora, a nossa Maria, o povo carrega pelas ruas a sua esperança de um dia poder chegar lá onde Maria já chegou, isto é, gozar da liberdade total dos filhos de Deus. A história de Maria é a imagem  da história do povo  humilde; a história do povo pobre e simples se confunde com a história de Maria. A história de Maria é uma história que ainda não terminou; a história de Maria continua até hoje, mas pequenas e grandes histórias do povo. Maria, moça pobre, simples e humilde de uma cidadezinha do interior da Palestina é saudada até hoje por milhares e milhões de pessoas; o povo todo a invoca e a venera. Maria mesmo preveniu isso quando disse à sua prima Isabel: “De hoje em diante todas as nações vão me chamar de bem-aventurada.” (Lc 1,48). Todas as nações, todos os povos de todos os tempos e lugares, desde todo o sempre, chamam Maria de bem-aventurada e a veneram como a eleita de Deus, e ainda hoje, como sempre, o povo simples, o povo humilde, o povo pobre continua chamando Maria de bem-aventurada. Maria é do povo, do povo pobre, do povo simples, do povo humilde, mas, além de ser do povo, Maria é também de Deus, totalmente de Deus, e Deus estava, está e sempre estará em Maria, como Maria jamais deixou de estar em Deus. Ser do povo é ser de Deus, e Maria é do povo, e o povo pobre e humilde é de Maria. Estes dois pontos marcam a vida de Maria, e é por isso que o povo a venera com entusiasmo, invocando por todo o sempre o seu nome. Para poder ser do povo tem que ser de Deus; para poder ser de Deus, tem que ser do povo. É assim que Deus e o povo desejam: ser de Deus e do povo. São esses os dois grandes retratos que as Sagradas Escrituras tiraram de Maria e que a Igreja conserva até hoje em seu álbum. Maria soube unir em sua vida o seu amor a Deus e ao povo. O nosso povo pobre, simples e humilde ama Maria, e Maria se faz presente no sofrido povo brasileiro com o título de Nossa Senhora Aparecida; Nossa Senhora Aparecida é a nossa Maria, a Maria brasileira, a Maria humilde, pobre e simples do povo pobre, simples e humilde. A imagem de Nossa Senhora Aparecida é pequena, pequenina mesmo, coberta de um manto azul, manto bonito e ricamente enfeitado. Presente do povo; isso mesmo, presente do povo, porque o povo gosta de enfeitar e enriquecer a quem ele ama de verdade, muito embora ele continue pobre, simples e humilde. Mas, o manto azul, bonito e ricamente enfeitado, acabou escondendo grande parte da imagem brasileira de Maria, imagem que, originariamente é pobre, simples, humilde e... preta. Só olhando de perto é que a gente percebe que, no Brasil, Maria é preta. O manto é bonito, isso é bom; o manto não pode ser jogado fora, mas a gente não pode se esquecer que a imagem de Nossa Senhora Aparecida é preta, pretinha, igual a tantas Marias e Cidas que a gente encontra pelas ruas. Aquilo que aconteceu com a sua imagem, aconteceu com a própria Maria: glorificada pelo povo e pela Igreja como Mãe de Deus, Maria recebeu um manto de glória; presente de fé do povo. Mas o manto de glória acabou escondendo grande parte da semelhança que Maria tem conosco. O manto ricamente enfeitado fez de Maria uma pessoa diferente e a gente quase esquece que Maria foi e ainda é uma moça pobre e simples do povo. Só olhando de perto é que a gente percebe que na Bíblia Maria é pobre, simples e humilde, muito semelhante à maioria do nosso povo. A Bíblia fala muito pouco de Maria, mas o pouco que fala é muito importante. É o suficiente para a gente poder conhecer a grandeza de sua simplicidade e a riqueza de sua pobreza”.        
 
Busquemos, agora, nas páginas do pequenino livro escrito por um dos santos marianos mais fervorosos de todos os tempos: São Luiz Maria Grignion de Montfort. O nome do livro, que é uma preciosidade e um dos meus livros de cabeceira é: “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Nesse livro, nos diz esse santo: “Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio a este mundo, e é também por meio de Maria que Jesus deve reinar no nosso meio. Maria conservou-se muito oculta durante toda a sua vida; por essa razão Maria é chamada pelo Espírito Santo e pela Igreja de Mãe oculta e secreta. Foi tão profunda a humildade de Maria que não houve na terra encanto mais poderoso e constante que ser ignorada por si mesma e por todas as criaturas para ser conhecida somente por Deus. Deus Pai consentiu em que Maria não fizesse milagres em sua vida, pelo menos que nós tenhamos conhecimento, ainda que lhe tivesse dado o poder de fazê-los. Deus Filho consentiu que Maria pronunciasse poucas palavras que chegassem até nós, embora lhe tivesse comunicado a sua sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os Apóstolos e Evangelistas falassem muito pouco de Maria, e ao falarem, só falassem muito pouco de Maria e apenas o necessário para fazer conhecer a Jesus Cristo. Maria Santíssima é a excelente obra prima de Deus Altíssimo cujo conhecimento e possessão reservou somente para si. Maria Santíssima é o santuário e o repouso da Santíssima Trindade. Maria é o paraíso terrestre do novo Adão, Nosso Senhor Jesus Cristo, que nela se encarnou por obra do Divino Espírito Santo para ai realizar maravilhas incompreensíveis. Os santos disseram coisas admiráveis sobre essa santa cidade de Deus que é Maria, e nunca foram mais eloquentes e felizes, como eles próprios confessam, do que quando falam de Maria. A altura dos merecimentos de Maria é elevada até o trono da Santíssima Trindade; a largura da caridade de Maria é mais extensa que a própria terra, não se pode medir; a vastidão do poder de Maria não se pode conceber; a profundeza da humildade de Maria e de todas as suas virtudes e graças que são um abismo, não se pode sondar. Todos os dias, de uma a outra extremidade da terra, no mais alto dos céus, no mais profundo dos abismos, tudo publica, tudo exalta a admirável Maria. Toda terra está cheia de sua glória, principalmente entre os cristãos que a tomaram por mãe, protetora e padroeira, em muitos reinos, países, províncias, estados, dioceses e cidades. Quantas igrejas e catedrais consagradas a Deus sob o nome de Maria. Não há igreja que não possua um altar em honra de Maria; não há uma região em algum país em que não se encontra alguma de suas imagens milagrosas, a cujos pés todos os males são curados e conseguidos todos os bens. Quantas confrarias e congregações existem em honra de Maria. Quantas ordens religiosas estão sob o nome e proteção de Maria. Quantos irmãos e irmãs de todas as confrarias. Quantos religiosos e religiosas que publicam os seus louvores e anunciam as suas maravilhas e misericórdias. Não há criancinha que não a louve, balbuciando a Ave Maria. Não há pecador, que mesmo no meio de sua descrença, não tenha em Maria uma fagulha de confiança. Maria ainda não foi suficientemente louvada, exaltada, honrada, amada e servida. Maria merece ainda mais louvores, mais respeito, mais amor e mais serviços. Os olhos nunca viram, os ouvidos nunca ouviram, o coração do homem nunca contemplou e nem compreendeu as grandezas e excelências de Maria, o milagre dos milagres da graça, da natureza e da glória. Se quisermos compreender a mãe, precisamos compreender o filho, porque Maria é uma digna Mãe de Deus. Aqui, emudeça toda língua. Se Maria é ignorada entre nós até hoje, se ela não é amada como deveria ser, esta é uma das razões pelas quais Jesus Cristo não é conhecido como deveria ser. Amemos Maria para conhecermos melhor seu Filho e Nosso Deus, Jesus Cristo”.

Por fim, rezemos juntos a oração que o nosso querido João Paulo II fez aos pés da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a Rainha e Padroeira do Brasil, na Basílica na cidade de Aparecida em 04 de julho de 1.982, quando visitava a cidade, a basílica e a imagem de Nossa Senhora Aparecida: “Nossa Senhora Aparecida! Mulher revelada por Deus, que haveríeis de esmagar a cabeça da serpente (cf Gn 3,15) na vossa conceição imaculada! Eleita desde toda a eternidade para ser a mãe do Verbo Eterno, o qual, pela anunciação do Anjo, foi concebido no vosso seio maternal e virginal como filho do homem e verdadeiro homem. Unida mais estreitamente ao mistério da redenção do homem e do mundo, ao pé da cruz, no Calvário. Dada como Mãe a todos os homens, sobre o Calvário, na pessoa de João, Apóstolo e Evangelista. Dada como Mãe a toda a Igreja, desde a continuidade que se preparava para a vinda do Espírito Santo, em Jerusalém, à comunidade de todos os que peregrinam sobre a terra, no decorrer da história, dos povos e nações, dos países e continentes, das épocas e gerações. Maria, eu vos saúdo e vos digo “Ave” neste Santuário, onde a Igreja do Brasil vos ama, vos venera e vos invoca como “Aparecida”, como revelada e dada particularmente a ele como sua mãe e padroeira, como medianeira e Advogada junto ao Filho de quem sois Mãe. Como modelo de todas as almas possuidoras da verdadeira sabedoria e, ao mesmo tempo, da simplicidade da criança e daquela entranhada confiança que supera toda fraqueza e sofrimento. Quero confiar-vos, de modo particular, este povo e esta Igreja, todo este Brasil, grande e hospitaleiro, todos os vossos filhos e filhas com todos os seus problemas e angústias, trabalhos e alegrias. Ò Mãe! Fazei que esta Igreja seja para todos eles Sacramento de Salvação e sinal de unidade de todos os homens, irmãos e irmãs de adoção do vosso Filho e Filho do Pai do Céu. Ò Mãe! Fazei que esta Igreja, a exemplo de Cristo, servindo constantemente o homem, seja a defensora de todos, em particular dos pobres e necessitados, dos socialmente marginalizados e espoliados. Fazei que a Igreja do Brasil esteja sempre a serviço da justiça entre os homens e contribua ao mesmo tempo para o bem comum de todos e para a paz social. Ó Mãe! Abri os corações dos homens e dai a todos a compreensão de que somente no espírito do Evangelho e seguindo o mandamento do amor e as bem-aventuranças do sermão da montanha será possível construir um mundo mais humano, no qual será valorizada verdadeiramente a dignidade de todos os homens. Ò Mãe! Daí à Igreja, que nesta terra brasileira realizou no passado uma grande obra de evangelização e cuja história é rica de experiências, que, com novo zelo e amor pela missão recebida de Cristo, realizar suas tarefas de hoje e de amanhã. Concedei-lhe, para este fim, numerosas vocações sacerdotais e religiosas, para que todo o povo de Deus possa beneficiar-se do ministério dos dispensadores da Eucaristia e das testemunhas do Evangelho. Ò Mãe! Acolhei em vosso Coração todas as famílias brasileiras. Acolhei os adultos e os anciãos, os jovens e as crianças. Acolhei, também, os doentes e todos aqueles que vivem na solidão. Acolhei os trabalhadores do campo e da indústria, os intelectuais nas escolas e universidades, os funcionários de todas as instituições. Protegei-o a todos. Não cesseis ò Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar nesta terra que o amor é mais forte que a morte, mais poderoso que o pecado. Não cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo a ponto de entregar seu Filho Unigênito para que nenhum de nós pereça, mas tenha a vida eterna! (cf Jo 3,16).”

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