ABORTO: CRIME QUE CLAMA A JUSTIÇA DE DEUS
E todos
queremos viver. Foi para isso que o Senhor Jesus veio até nós: para nos trazer
a vida, a vida em abundância, a vida que não se acaba mais: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham e abundância.” (Jo 10,10).
Jesus próprio se proclamou: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida.” (Jo 4,6). Se a humanidade não seguir esse
caminho que a levará à vida em abundância, e que passa através da verdade
suprema, os homens não entenderão, jamais, o que é respeito pela vida e, longe de Jesus Cristo,
continuarão desrespeitando a vida, matando e se matando, alheios ao grande
mandamento do Divino Mestre: “Dou-vos um
mandamento novo: que vos ameis uns aos outros, e que, assim como eu vos amei,
vos ameis também uns aos outros. Nisso conhecerão todos que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).
No Antigo
Testamento temos um exemplo deprimente sobre o respeito à vida: o faraó do Egito,
o mandatário máximo, que tinha poder sobre a vida e a morte de seus súditos,
vendo o povo judeu, que era escravo no Egito, se multiplicando cada vez mais a
cada dia que passava, ficou preocupado por considerar isso um grande perigo
para o povo egípcio, porque os judeus, como escravo que eram, se multiplicando
a olhos vistos como estavam, fatalmente chegaria um dia em que seriam mais
numerosos que seus senhores e poderiam provocar uma revolta para se libertarem
da escravidão e até inverter a ordem das coisas: de escravos passariam a senhores.
Foi ai então que, “o rei do Egito falou
às parteiras dos hebreus, uma das quais se chamava Séfora, e outra Fua,
ordenando-lhes: “Quando assistires às mulheres hebréias e chegar o tempo do
parto, se for menino, matai-o, se for menina, conservai-a.” (Ex 1,15-15).
O poder e a
sociedade se julgam no direito de eliminar vidas que não satisfaçam seus
interesses escusos. Esse crime horrendo narrado no Antigo Testamento nos
revolta quando, por incrível que pareça, continua existindo até os nossos dias.
Mas, felizmente,
no meio de tantas aberrações e crimes hediondos, existem corações tementes a
Deus, e as parteiras temeram a Deus, e
não obedeceram à ordem do rei do Egito, mas conservavam os meninos. Então,
tendo-as chamado, o rei disse-lhes: “O
que é que quisestes fazer, conservando os meninos?” Elas responderam: “As
mulheres hebréias não são como as egípcias; pois sabem assistir-se no seu
parto, e antes de nós chegarmos, dão à luz. Deus, portanto, fez bem às
parteiras: o povo cresceu e se fortificou extraordinariamente. E porque as
parteiras temeram a Deus, ele edificou-lhes casas. Então ordenou o faraó a todo
o seu povo, dizendo: “Tudo o que nascer do sexo masculino lançai-o ao rio; e
tudo o que nascer do sexo feminino conservai-o.” (Ex 1,17-22).
Não adiantou a
boa intenção e o temor a Deus das parteiras que se arriscaram para preservar a
vida dos meninos hebreus; o faraó vendo frustrado o seu desejo e não cumprida a
sua ordem de matar os meninos, ordenou a todo o seu povo que fiscalizasse o
nascimento dos hebreus, dando ordem e poder para que, qualquer um do povo que
assistisse ou soubesse de um nascimento hebreu, se fosse menina, deveria ser
conservada, se fosse menino deveria se jogado no rio para que morresse. Que absurdo...
Quantos e quantos meninos recém-nascidos hebreus morreram, lançados nos rios,
para atender aos caprichos e justificativas absurdas de um soberano poderoso e
inescrupuloso.
Assim, como
antigamente, nos nossos dias, os recém-nascidos
e ou os que ainda se encontram nos ventres de suas mães que não
interessam ou que venham atrapalhar a vida dos pais, simplesmente são assassinados,
e sem remorsos... Esses crimes são
conhecidos como “aborto” ou “infanticídio” e ambos são crimes abomináveis aos
olhos do Senhor. (GS 51).
A Igreja de
Jesus Cristo, em toda a sua existência, sempre condenou o aborto. Num dos
escritos antigos da Igreja e atribuído ao discípulo Barnabé, lemos uma das mais
antigas confirmações da Igreja a esse respeito: “Não matarás o feto pelo aborto nem o assassinarás após o seu nascimento.”
“Deus, Senhor da Vida, confiou aos homens a insigne missão de proteger a vida;
e o homem deve desempenhar-se dela de um modo digno.” (Constituição
Pastoral da Igreja, nr 51).
O autor sagrado
frisa que o Senhor premiou a boa obra das parteiras dos judeus, abençoando as
suas casas. O Senhor Nosso
Deus não deixará de abençoar todos aqueles que respeitam e defendem o direito
de viver.
O aborto é o
crime mais abominável aos olhos do Senhor Nosso Deus porque o crime do aborto é
praticado pela própria mãe que mata o seu próprio filho dentro de seu próprio ventre, antes mesmo de ele nascer, ou
que permite que se acabe com a vida que está tendo início em seu ventre. É o
maior crime contra os direitos humanos: tirar a vida de alguém que ainda, nem
sequer, veio à luz, que não tem a mínima condição de se defender, e isso da
maneira mais covarde possível, porque mata-se alguém que não tem a quem
recorrer e, repito, não tem condições de se defender.
Quer maior covardia
que isso? Mães desnaturadas que procuram médicos, parteiras, enfermeiras e
curiosas, igualmente assassinos, para arrancarem violentamente de seus ventres
o fruto que deveria ser do seu amor. E quantas mães, que é do nosso
conhecimento, que já praticaram, não somente um, mas vários abortos, e jogam na
lata de lixo ou nas privadas, criminosamente, a vida que vem de Deus e somente
a Deus pertence. Será que esse não é um daqueles pecados que Jesus Cristo disse
que não teria perdão nem nesta e nem na outra vida? “Na verdade vos digo que serão perdoados aos filhos dos homens todos os
pecados e as blasfêmias que proferirem; porém o que blasfemar contra o Espírito
Santo jamais terá perdão; mas será réu de eterno pecado.” (Mc 3,29; Lc
12,10; Mt, 12, 32), e será que o aborto não é a maior blasfêmia que pode ser
proferida contra o Espírito Santo?
Tudo isso nos
faz voltar aos primeiros dias, aos primeiros meses da vida de Jesus Cristo. Em
sequência ao nascimento de Jesus aconteceram coisas maravilhosas, bonitas,
alegres, confortadoras, divinas, como a participação dos Anjos anunciando aos
pastores o nascimento do Salvador (Lc 2,8-1) em uma gruta humilde de Belém, e a
estrela que levou os magos até onde estava o
“Recém-nascido rei dos Judeus.” (Mt 2,1-12). Mas não foram somente alegrias
que marcaram o nascimento do Senhor. Aconteceram também tristezas,
preocupações, lágrimas, sofrimentos, dores desesperos, lamentos. O rei Herodes,
ao receber a visita dos magos que foram visitar e adorar o menino recém-nascido,
se perturbou e, como o faraó do Egito, pressentiu que seu trono poderia correr
perigo por ter nascido, conforme lhe disseram os magos, “o rei dos judeus” (Mt 2,2).
Como poderia
ter nascido em Belém um “rei dos judeus”, se até aquele presente
momento o único rei dos judeus era ele, Herodes? Herodes era um homem
sanguinário. Para alcançar os seus objetivos ou defender o seu trono não
hesitaria em exterminar qualquer indivíduo, ainda que fosse uma criancinha
indefesa e recém-nascida. Tinha que descobrir quem era esse rei que nascera e
onde estava, para que pudesse eliminá-lo e assim o seu trono não correria
perigo de ser usurpado. Herodes, então, disse aos magos, tentando disfarçar o
seu ódio: “Ide e informai-vos bem acerca
do menino, e, quando o encontrardes comunicai-mo, a fim de que também eu o vá
adorar.” (Mt 2,8).
Sabemos pelas
Sagradas Escrituras que, após os magos haverem encontrado o menino presenteado-o
e o adorado, regressaram às suas terras por outro caminho, logrando, assim, os
interesses de Herodes (Mt 2,12). Sentindo-se enganado e com medo de algum golpe
de estado futuro por parte do “recém-nascido
rei dos judeus”, Herodes tomou uma decisão drástica: já que não conhecia o
menino que nascera e a quem chamavam “rei”,
e nem sabia de seu paradeiro, ignorando onde ele estivesse, tendo apenas
informações que se encontrava na cidade de Belém, “então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos magos, irou-se em
extremo, e mandou matar todos os meninos, que haviam em Belém, e em todos os
seus arredores, da idade de dois anos para baixo, segundo a data que tinha
averiguado dos magos.” (Mt 2,16). Isso Herodes fez na certeza de que, no
meio dessas crianças que seriam mortas à espada, estivesse também o
“recém-nascido rei dos judeus” anunciado pelos magos. Os soldados do rei
cumpriram na íntegra a sua ordem: mataram todas as crianças de Belém, do sexo
masculino, de dois anos para baixo,
“então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: “Uma voz se ouviu
em Ramá, pranto e grande lamentação: Raquel chorando os seus filhos, sem
admitir consolação, porque já não existem.” (Mt 2,17-18).
Mas, antes que
fosse levada a efeito essa terrível matança dos inocentes, um Anjo do Senhor
apareceu em sonhos a José e lhe disse: “Levanta-te,
toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise,
porque Herodes vai procurar o menino para lhe tirar a vida. E ele,
levantando-se de noite, tomou o menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito; e
lá esteve até a morte de Herodes, cumprindo-se, deste modo o que tinha sido
dito pelo Senhor por meio do profeta (Oséias) que disse: “Do Egito chamei o meu
filho.” (Mt 2,13-15). José
cumpriu a determinação do Senhor livrando, desta forma, o Menino Jesus do ódio
sanguinário do rei Herodes.
Teríamos nós
condições de imaginar o clamor, o desespero, a angústia, o lamento e a dor das
mães que tiveram seus filhos arrancados violentamente de seus braços e
trucidados pelas espadas criminosas dos soldados a mando do infame Herodes, e
isto ainda, sem saberem o porque os seus filhos estavam sendo mortos?
Herodes existiu
há dois mil anos atrás e matou crianças indefesas, arrancando-as,
violentamente, dos braços maternos. E hoje, nos nossos dias, no nosso meio,
quantos Herodes ainda existem. Quantos médicos, quantas enfermeiras, quantas
parteiras, quantas curiosas que arrancam, violentamente, do útero das mães, as
crianças que não pediram para serem geradas, numa atitude criminosa, esmagando
uma flor que ainda não floresceu, e, pior ainda, a pedido e com o consentimento
das próprias mães... Quantas mães que, para não verem prejudicadas sua beleza,
sua linha estética, ou com a desculpa que não poderão criar seus filhos porque
trabalham fora e isso lhes prejudicaria a carreira, ou ainda, mães solteiras,
que cometeram o desatino de se entregarem a algum homem irresponsável como elas,
e que se viram grávidas, e, numa atitude impensada e criminosa tal qual a
atitude de Herodes, não hesitam em mandar arrancar de seu ventre o fruto de seu
amor, fazendo, dessa maneira, mais um mártir da incompreensão, da ignorância,
do desrespeito à vida. Essas mães ou
pais não pararam para pensar que se estão vivas ou vivos foram os seus pais que
lhes deram o direito à vida, e agora estão negando esse mesmo direito que
tiveram aos seus filhos que deveriam nascer... Quem julgamos ser para decidir
quem deve ou não deve nascer e viver? Quem
age dessa maneira não é diferente de Herodes, quando se pratica ou permite a prática do aborto. A atitude de
Herodes mandando matar as crianças inocentes de Belém foi extremamente
criminosa mas, a atitude dos pais que praticam o aborto é ainda mias criminosa
que a atitude de Herodes, porque Herodes mandou matar os filhos dos outros, e a
mãe que pratica o aborto está matando o seu próprio filho, a carne de sua
carne, o sangue de seu sangue.
A morte dos
inocentes de Belém, provocada por Herodes, ressoa através dos tempos e o número
dos inocentes eliminados pelo aborto aumenta a cada dia que passa...
Malditos sejam os médicos, parteiras,
enfermeiras, farmacêuticos e curiosos que praticam o aborto. Maldito seja o marido ou pai que
permite que seja praticado o aborto em sua esposa ou companheira. Maldita seja
a mulher, mãe, que permite que lhe façam o aborto; que permite que lhe
arranquem violenta e criminosamente de seu ventre um inocente que é fruto de
seu amor, que não pediu para ser gerado e agora é impedido de nascer... Maldito
seja o político que aprova a lei do aborto... Esse é o crime horrível e
hediondo que o Senhor Nosso Deus jamais poderá esquecer e que não será perdoado
nem nesta e nem na outra vida.
Não nos esqueçamos dos inocentes mortos por
Herodes...
Não nos esqueçamos das criancinhas mortas por
suas próprias mães...
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