BEM-AVENTURADA
ALBERTINA BERKENBROCK - 1919-1931
"Albertina
foi uma menina que ousou ser santa."
Foi com essas palavras
que Dom Jacinto Bergmann, bispo da diocese de Tubarão - Santa Catarina -,
referiu-se a ela na cerimônia de sua beatificação. Albertina Berkenbrock nasceu
dia 11 de abril de 1919, no povoado de São Luís, município de Imaruí no Estado
de Santa Catarina, Brasil. Filha de um casal de agricultores - Henrique
Berkenbrock e Josefa Boeing - fervorosos católicos oriundos de famílias
alemães, com eles ela aprendeu as verdades da fé, a rezar, a freqüentar a
igreja e a respeitar os mandamentos de Deus. Cultivou especial devoção a Virgem
Maria e a São Luiz Gonzaga. Recitava diariamente o rosário com a família.
Preparou-se com alegria para a Primeira Eucaristia que recebeu no dia 16 de
agosto de 1928. Foi neste ambiente simples, belo e cristão de sua família que Albertina
cresceu. Ajudava os pais nos trabalhos da roça e em casa.
Era dócil,
obediente, incansável, e paciente. Sua caridade era grande. Gostava de
acompanhar as meninas mais pobres, de jogar com elas e com elas dividir o pão
que trazia de casa para comer no intervalo das aulas. Teve especial caridade
com os filhos do seu assassino, que trabalhava na casa do seu pai. Muitas vezes
Albertina deu de comer a ele e aos filhos pequenos, com os quais se entretinha
alegremente. Albertina, apesar de seus 12 anos, aparentava mais idade e tinha
um corpo já bastante desenvolvido. Era alta e forte, acostumada ao sol e aos
trabalhos da roça.
Tinha cabelos
louros tendendo ao castanho, olhos verde-escuros. Era uma bonita moça. Tudo
corria normalmente até que chegou o dia 15 de junho de 1931.
Perdera-se um
boi pelos pastos. Albertina saiu a procura a pedido dos pais. De longe, Maneco
Palhoça - ou Indalício Cipriano Martins, que planeja conquistar a menina para
seus intentos eróticos, a avistou. Albertina procurava o boi fugitivo. De
repente viu ao longe alguns chifres e correu naquela direção. Para sua
surpresa, porém, encontrou perto deles Maneco carregando feijão na carroça. À
pergunta de Albertina pelo boi desaparecido, o homem lhe deu uma pista falsa
para encaminhá-la ao lugar onde poderia satisfazer seus desejos sem chamar
atenção.
Albertina
seguiu a indicação de Maneco e embrenhou-se pela mata. Repentinamente deu de
cara com Maneco. Ficou petrificada. Sozinha, no mato, com aquele homem na
frente! Ainda naquela manhã ela levara comida a seus filhos, como fazia sempre.
Havia certa familiaridade entre Albertina e Maneco: ela o chamava de
"Maneco preto", como todo mundo, sem que ele se ofendesse. Maneco lhe
propôs seus intentos. Albertina, decidida, não aceitou. Começou então, a
tentativa do assassino de se apossar de Albertina, mas ela não se deixou
subjugar. A menina é forte. Aos pontapés se defendeu, derrubou o assassino. A
luta foi longa e terrível. Ela não cedeu. Maneco, derrotado moralmente pela
menina, vingou-se, agarrou-a pelos cabelos e afundou o canivete no pescoço e a
degolou.
Seu corpo
ficou manchado de sangue... Sua pureza e virgindade, porém, ficaram intactas.
Aos 12 anos de idade, Albertina foi assassinada porque quis preservar a sua
pureza espiritual e corporal e defender a dignidade da mulher por causa da fé e
da fidelidade a Deus. E ela o fez heroicamente como verdadeira mártir. O
martírio e a consequente fama de santidade espalharam-se rapidamente.
A cerimônia de
beatificação de Albertina foi realizada em Tubarão - Santa Catarina . Contou
com a presença do bispo local, Dom Jacinto Bergman; presidiu a cerimônia o
cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos
Santos.
Estavam presentes cerca de 20 mil pessoas, na praça da
Catedral de Tubarão, além de dezenas de bispos e sacerdotes. Após a leitura da
biografia e a solicitação de beatificação, feita por Dom Jacinto Bergman, o
cardeal Saraiva Martins leu o decreto de Bento XVI, que inscrevia oficialmente
Albertina no catálogo dos bem-aventurados. Albertina está viva mais do que
nunca. Primeiro porque vive em Deus, imersa na paz e na felicidade sem fim.
Depois porque vive no coração de seus parentes, amigos e devotos.
Primeira santa mártir brasileira. Santa Albertina, rogai por nossa juventude.
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