PAPA FRANCISCO APROVA MILAGRE
BRASILEIRO E MADRE TERESA DE CALCUTÁ SERÁ SANTA
No dia de seu aniversário (17/12), o Pontífice aprovou o
milagre atribuído à intercessão de Madre Teresa de Calcutá, beatificada por São
João Paulo II, em 2003. A data da canonização ainda deverá ser confirmada mas é
possível que seja incluída nas celebrações do Jubileu da Misericórdia.
A Congregação para a Causa dos Santos concluiu em julho
deste ano as investigações no Brasil sobre o milagre para a cura inexplicável
de um homem em Santos (SP), em meados de 2008.
Milagre
O caso da cura milagrosa em chegou ao Vaticano no início
de 2015 e logo foi considerado válido por apresentar elementos contundentes
para a instauração de um processo. O Promotor de Justiça no processo local,
Padre Caetano Rizzi, afirmou que tudo aconteceu muito rapidamente porque os
fatos são evidentes.
Ouvimos diversas testemunhas, ouvimos o possível
miraculado. Foi um processo longo, intenso, com muitas audiências e muito
trabalho. Mas a graça de Deus nos faz chegar a conclusão de que não temos aqui
uma palavra para explicar o que aconteceu. Está sendo um processo muito rápido
porque os fatos são evidentes”, explicou.
Na época, o miraculado havia 35 anos e, à beira da morte
por causa de uma grave doença cerebral, de forma inexplicável,
recuperou-se. O Delegado episcopal vaticano para o tribunal local,
Monsenhor Robert Sarno, explicou à Rádio Vaticano como foi a última parte do
processo.
A vida da santa
Madre Teresa nasceu em 1910 em Skopje, território
albanês, atualmente capital da Macedônia, e morreu em 1997 em Calcutá, na
Índia. Anjezë Gonxhe Bojaxhiu recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979 por sua
atuação missionária.
A futura santa deixou sua terra natal aos 18 anos,
podendo retornar somente décadas mais tarde, quando iniciava a derrocada do
regime comunista de Enver Hoxha.
Homilia do Papa João Paulo II por
ocasião da beatificação de madre Teresa de Calcutá no dia
missionário mundial
Domingo, 19 de Outubro de 2003
1. "Quem quiser
ser o primeiro entre vós, faça-se servo de todos" (Mc 10, 44). Estas
palavras de Jesus aos discípulos, que ressoaram há pouco nesta Praça, indicam
qual é o caminho que leva à "grandeza" evangélica. É o caminho que o
próprio Cristo percorreu até à Cruz; um itinerário de amor e de serviço, que
inverte qualquer lógica humana. Ser
o servo de todos!
Madre Teresa de Calcutá, Fundadora dos Missionários e das Missionárias da Caridade,
que hoje tenho a alegria de inscrever no Álbum dos Beatos, deixou-se guiar por
esta lógica. Estou pessoalmente grato a esta mulher corajosa, que senti sempre
ao meu lado. Ícone do Bom
Samaritano, ela ia a toda a
parte para servir Cristo nos mais pobres entre os pobres. Nem conflitos nem
guerras conseguiam ser um impedimento para ela.
De vez em quando vinha falar-me das suas experiências ao
serviço dos valores evangélicos. Recordo, por exemplo, as suas intervenções a
favor da vida e contra o aborto, também quando lhe foi conferido o prémio Nobel
pela paz (Oslo, 10 de Dezembro de 1979). Costumava dizer: "Se ouvirdes que
alguma mulher não deseja ter o seu menino e pretende abortar, procurai
convencê-la a trazer-mo. Eu amá-lo-ei, vendo nele o sinal do amor de
Deus".
2. Não é significativo que a sua beatificação se realize
precisamente no dia em que a Igreja celebra o Dia
Missionário Mundial?Com o testemunho da sua vida, Madre Teresa recorda a
todos que a missão
evangelizadora da Igreja passa através da caridade,alimentada na oração e
na escuta da palavra de Deus. É emblemática deste estilo missionário a imagem
que mostra a nova Beata que, com uma mão, segura uma criança e, com a outra,
desfia o Rosário.
Contemplação e acção, evangelização e promoção humana:
Madre Teresa proclama o Evangelho com a sua vida inteiramente doada aos pobres mas, ao mesmo tempo, envolvida pela oração.
3. "Quem quiser ser grande entre vós faça-se Vosso
servo" (Mc 10, 43). É com particular emoção que hoje recordamos Madre
Teresa, grande serva dos pobres, da Igreja e do Mundo inteiro. A sua vida é um
testemunho da dignidade e do privilégio do serviço humilde. Ela escolheu ser
não apenas a mais pequena, mas a
serva dos mais pequeninos. Como
mãe autêntica dos pobres, inclinou-se diante dos que sofriam várias formas de
pobreza. A sua grandeza reside na sua capacidade de doar sem calcular o custo, de
se doar "até doer". A sua vida foi uma vivência radical e uma
proclamação audaciosa do Evangelho.
O brado de Jesus na cruz, "Tenho sede" (Jo 19, 28), que exprime a
profundidade do desejo que o homem tem de Deus, penetrou no coração de Madre
Teresa e encontrou terreno fértil no seu coração. Satisfazer a sede que Jesus tem de
amor e de almas, em união com Maria, Sua Mãe, tinha-se tornado a única
finalidade da existência de Madre Teresa, e a força interior que a fazia
superar-se a si mesma e "ir depressa" de uma parte a outra do mundo,
a fim de se comprometer pela salvação e santificação dos mais pobres.
4. "Sempre
que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o
fizestes" (Mt 25, 40).
Este trecho do Evangelho, tão fundamental para compreender o serviço de Madre
Teresa aos pobres, estava na base da sua convicção, cheia de fé, que ao tocar os corpos enfraquecidos
dos pobres tocava o corpo de Cristo. O
seu serviço destinava-se ao próprio Jesus, escondido sob as vestes angustiantes
dos mais pobres. Madre Teresa realça o significado mais profundo do serviço: um
gesto de amor feito aos famintos, aos sequiosos, aos estrangeiros, a quem está
nu, doente, preso (cf. Mt 25, 34-36), é feito ao próprio
Jesus.
Ao reconhecê-l'O servia-O com grande devoção, exprimindo a
delicadeza do seu amor esponsal. Assim, no dom total de si a Deus e ao próximo,
Madre Teresa encontrou a sua satisfação mais nobre e viveu as qualidades mais elevadas
da sua feminilidade.Desejava ser um "sinal do amor de Deus, da presença
de Deus, da compaixão de Deus" e, desta forma, recordar a todos o valor e
a dignidade de cada filho de Deus "criado para amar e para ser
amado". Era assim que Madre Teresa "levava as almas para Deus e Deus
às almas", aliviando a sede de Cristo, sobretudo das pessoas mais
necessitadas, cuja visão de Deus tinha sido ofuscada pelo sofrimento e pela
dor.
5. "Porque
o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida
em resgate por muitos" (Mc 10,
45). Madre Teresa partilhou a paixão do Crucificado, de modo especial durante
longos anos de "obscuridade interior". Aquela foi a prova, por vezes
lancinante, acolhida como um singular "dom e privilégio".
Nos momentos mais difíceis ela recorria com mais tenacidade
à oração diante do Santíssimo Sacramento. Esta difícil angústia espiritual
levou-a a identificar-se cada
vez mais com aqueles que servia todos os dias, experimentando o sofrimento e por
vezes até a recusa. Gostava de repetir que a
maior pobreza é não sermos desejados, não
ter ninguém que se ocupe de nós.
6. "Dai-nos,
Senhor, a Vossa graça, em Vós esperamos!". Quantas vezes, como o Salmista, também
Madre Teresa, nos momentos de desolação interior, repetiu ao seu Senhor:
"Em Vós, meu Deus, em Vós espero!".
Prestemos honra a esta pequena
mulher apaixonada por Deus, humilde
mensageira do Evangelho e infatigável benfeitora da nossa época. Aceitemos a
sua mensagem e sigamos o seu exemplo.
Virgem Maria, Rainha de todos os Santos, ajuda-nos a ser
mansos e humildes de coração como esta intrépida mensageira do Amor. Ajuda-nos
a servir com a alegria e com o sorriso todas as pessoas que encontramos.
Ajuda-nos a ser missionários de Cristo, nossa paz e nossa esperança. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário