quinta-feira, 24 de março de 2016

FAZEI ISSO EM MEMÓRIA DE MIM...

QUINTA-FEIRA SANTA

FAZEI ISSO EM MEMÓRIA DE MIM...


Diácono Milton Restivo

Quando participamos do Santo Sacrifício da Missa e, durante a oração eucarística, o celebrante toma em suas mãos a hóstia, levanta-a sobre o altar para que todos os participantes possam vê-la, e diz em voz alta, para que todos possam ouvi-lo: “Na véspera de sua paixão, durante a última ceia, Jesus tomou o pão, deu graças e o partiu, e deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós.”  Depois, do mesmo modo, ao fim da ceia, Jesus tomando o cálice em suas mãos, deu graças novamente e o entregou aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e bebei: Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna  aliança, que será derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim.”
Todas as vezes que participamos da Santa Missa e todas as vezes que o sacerdote celebrante repete essa atitude, estamos participando da ceia sagrada e estamos vivendo o maior mistério da nossa fé, porque, como diz Paulo Apóstolo: “Toda vez que se come deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a paixão de Jesus Cristo e se fica esperando a sua volta.” (1Cor 11, 26).
A Santa Ceia, esta cena maravilhosa, tocante e imorredoura, aconteceu na noite em que o Jesus, já sabendo que tinha sido vendido aos judeus por um de seus apóstolos, Judas Escariotes, para ser condenado à morte, e ele, Jesus, tendo reunido todos os seus apóstolos para a despedida final, promoveu o que chamamos hoje de “Santa Ceia”, que seria a seu último encontro como os seus discípulos e apóstolos, e ali, naquela oportunidade, institui o Sacramento da Eucaristia. 
       O Sacramento da Eucaristia é o Sacramento em que Jesus se faz presente de corpo, alma e divindade e Jesus instituiu esse sacramento exatamente para permanecer entre nós, para que ele jamais nos deixasse e para que nós não ficássemos como ovelhas sem pastor, perdidas neste vale de lágrimas entre os espinhos do pecado e as intempéries da própria natureza humana que tem suas inclinações sempre contrárias ao Caminho, à Verdade e à Vida que é Jesus Cristo, e, num último esforço de amor e doação total, Jesus se entrega a nós no mistério infinito da Eucaristia.
Todas as vezes que participamos de uma Santa Missa é como se estivéssemos ao redor da mesa, com Jesus, como aconteceu na última ceia; todas as vezes que participamos do sacrifício da missa nós estamos, como estiveram na última ceia os doze apóstolos, ao redor da mesa, tendo Jesus Cristo ao centro, e estamos participando do banquete pascal, onde se serve, como alimento, o pão que se transforma no corpo de Jesus Cristo, e se bebe, como bebida, o vinho, que se transforma no sangue de Jesus Cristo que foi derramado “por todos os homens para o perdão dos pecados.”
Mas, para participarmos dessa Santa Ceia o Senhor Jesus quer que seus apóstolos e discípulos estejam limpos, sem a poeira do pecado, sem a mancha das más inclinações, sem a sujeita dos maus pensamentos, e foi por isso que Jesus se propôs a lavar os pés de seus apóstolos com a água do perdão e enxugá-los com a toalha da misericórdia do Pai.
Jesus nos quer limpos para participarmos efetiva e dignamente da mesa da sua santa ceia, porque, como diz Paulo Apóstolo, todos aqueles que não estiverem preparados para receber a Sagrada Eucaristia e o fazem ou se dirigem à mesa da comunhão impuros, estão comendo e bebendo a sua própria condenação: “Por isso, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto, cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.” (1Cor 11,27-29).
E é por isso que, em uma das Orações Eucarísticas o celebrante reza, e nós repetimos com a Santa Igreja, dizendo: “Jesus Cristo, verdadeiro e eterno sacerdote, oferecendo-se a Deus Pai pela nossa salvação, instituiu o sacramento da nova aliança e mandou que o celebrássemos em sua memória. Sua carne imolada por nós é o alimento que nos fortalece, e o seu sangue por nós derramado, é a bebida que nos purifica.” (V oração eucarística).
Nosso Senhor Jesus Cristo é a realização plena de todas as promessas de salvação feita por Deus Pai aos homens de todos os tempos.
Desde a queda do homem, Deus promete a salvação, e todo o Antigo Testamento das Sagradas Escrituras é a preparação dessa salvação prometida por Deus; e, tanto a vinda de Jesus Cristo como toda a sua vida, a sua paixão, morte e ressurreição e ascensão aos céus, tudo isso aconteceu como havia sido anunciado pelos profetas e Santos do Antigo Testamento.
E tudo o que o Senhor Jesus fez, falou e ensinou em toda a sua vida, deve ser aceito e vivido por todos aqueles que dizem e acreditam que ele é a Salvação que vem de Deus. Não adianta dizermos que Jesus Cristo é o Filho de Deus, não adianta dizermos que Jesus Cristo é Deus se duvidamos ou não acreditamos em qualquer coisa que ele tenha feito, falado ou ensinado.
O Frei Agostinho escreveu na revista “Cavaleiro da Imaculada de junho do 1984: “Quando, na última ceia, Jesus Cristo tomou em suas mãos o pão e o abençoou, dizendo: “Isto e o meu corpo”, e depois, sobre o cálice com vinho, disse: “Este é o cálice do meu sangue”, os apóstolos acreditaram na palavra de Jesus, porque, realmente Jesus Cristo havia dito que o pão era o seu corpo e o vinho era o seu sangue, e não somente representava isso. Os apóstolos acreditaram porque já haviam se convencido inúmeras vezes que as palavras de Jesus Cristo sempre foram eficientes; o que Jesus dizia, ele fazia. Quando Jesus sarava os doentes, os doentes ficavam realmente curados; quando Jesus mandava sair dos espíritos imundos, os espíritos imundos, mesmo contra a sua vontade, imediatamente saiam; quando Jesus mandou que se acalmassem as ondas do mar tumultuado, no mesmo instante a tempestade passou; quando Jesus resolveu matar a fome de milhares de pessoas com cinco pães e dois peixes, Jesus multiplicou  os pães de tal sorte que as multidões ficaram  fartamente saciadas; quando Jesus mandou sair Lázaro do túmulo mesmo já estando em adiantado estado de decomposição, Lázaro saiu vivo e perfeito do túmulo; quando Jesus mandou que o filho da viúva de Naim se levantasse de seu caixão mortuário, imediatamente aquele moço se levantou cheio de vida e saúde e foi devolvido para a sua mãe. Nenhuma palavra de Jesus foi frustrada ou desmentida. E por isso a nossa Santa Igreja nos ensina ao longo do tempo, ao longo de toda a sua história, com toda fé e veneração, que o pão consagrado e o vinho consagrado são verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo entregue na cruz e derramado por todos os pecados dos homens em todos os tempos. Jesus Cristo não somente realizou este ato pessoalmente na última ceia, mas, o que é mais importante mandou e autorizou os seus apóstolos e os sucessores dos apóstolos de todos os tempos a repetirem esse mesmo ato por toda a eternidade, quando disse: “Fazei isso em minha memória”. E os Apóstolos, enquanto tiveram vida, repetiram esse ato de Jesus com a fé e convicção firme de que o pão e o vinho que eles consagravam sobre o altar eram realmente corpo e o sangue de Jesus Cristo. E hoje, todos os sacerdotes da Igreja Católica Apostólica Romana, em todos os tempos e lugares, devidamente ordenados, repetem esse ato de Jesus ao longo dos tempos, até os confins do mundo. E nós, cristãos, assim instruídos, acreditamos na presença real, mesmo que sacramental, de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. Acreditamos piamente que Jesus Cristo está realmente presente na Eucaristia com o seu corpo, sangue alma e divindade, não porque entendemos esse mistério, mas porque, e acima de tudo, simplesmente acreditamos cegamente nas palavras e atitudes de Jesus Cristo. Ele nunca nos enganou; ele nunca mentiu. E por isso, com que amor então deveríamos nós correr para participarmos da Santa Missa. Com que amor e devoção deveríamos fazer visitas nas igrejas onde Jesus Cristo está presente verdadeiramente nos sacrários. Com que ansiedade, preparação e gratidão deveríamos comungar todas as vezes quantas nos forem possíveis. Será que as nossas atitudes de cristãos correspondem aos desejos de Jesus? Será que nós temos fé nas palavras de Jesus de verdade, ou somos iguais àqueles que acreditam somente em parte nas palavras de Jesus e colocam outras partes em dúvidas? Devemos pedir, e pedir muito à Santíssima Virgem Maria que nos dê aquela fé viva, bem viva que ela mesma viveu e praticou em todos os momentos de sua caminhada. Quanto mais nos aproximarmos da Eucaristia, tanto mais viveremos plenamente a nossa vida cristã. E é isso que o próprio Senhor Jesus deseja e espera de cada um de nós...”



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