MARIA
BEBEU DO CÁLICE DA PAIXÃO E MORTE DE JESUS
E as autoridades
de Jerusalém condenaram Jesus.
É muito cômodo para nós dizermos que foram os
judeus que condenaram Jesus à morte, quando na verdade fomos todos nós, pelos
nossos crimes e pecados que condenamos Jesus a tão terrível suplício.
Mas, para
as autoridades da época, não era possível deixar vivo aquele homem, que mexia
tanto com as multidões.
Aquele homem denunciava todas as falsidades e as
autoridades da época estavam por demais comprometidas para deixá-lo em paz. E
Maria era a Mãe daquele homem perseguido e injustiçado.
Maria viveu com Jesus a
sua paixão e as suas torturas. Maria presenciou todos os momentos de angústia,
de terror, de dor de seu Divino Filho, ainda que não fisicamente, mas muito
mais espiritualmente.
E assim Maria viu o seu Filho ser coroado de espinhos,
levar bofetadas dos soldados, escarros no rosto, apanhar de açoites, carregar
uma pesada cruz, ser pregado nessa mesma cruz e ser levantado no alto de uma colina no meio de dois
ladrões, ser insultado pelos soldados e pelos chefes do povo, perdoar os seus
carrascos que “não sabiam o que faziam”, morrer
entregando nas mãos de Deus o seu espírito. Maria presenciou tudo aquilo como
já havia visto e guardado em seu coração tudo o que já havia acontecido em sua
vida, desde o nascimento e infância de Jesus.
Maria bebeu o cálice com Jesus: o
cálice do sofrimento, o cálice das dores, o cálice da amargura, o cálice das
injustiças dos homens, o cálice das ingratidões.
A Mãe, aquela que foi
instrumento nas mãos de Deus para trazer Jesus ao mundo, participa com Jesus da
sua paixão e morte, bebe com ele do
cálice das amarguras.
E João, o Evangelista, o apóstolo amado de Jesus, narra
assim aquele momento crucial: “Perto da
cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleofas e
Maria Madalena. Vendo sua mãe, e perto dela
o discípulo a quem amava, disse Jesus à sua mãe; “Mulher, eis aí o teu
filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis ai a tua mãe.” E desde aquela hora o
discípulo recebeu a mãe de Jesus em sua casa.” (Jo 19, 23-27).
Jesus, na
pessoa do Apóstolo João, passa para todos nós os seus direitos de “filho”. Maria,
a partir daquele momento, passa a ser a nossa mãe.
Na hora do sofrimento maior
Jesus delicadamente se lembra de Maria, e encarrega João para que cuidasse
dela. E faz de Maria a mãe de todos os homens, ali representados por João. Quando
uma mulher vai dar à luz seu filho, sofre dores e chora.
Nesse momento Maria
participa como a “mãe” do doloroso parto
da criação “grávida de Cristo”. Jesus Cristo, o Salvador “nasce” através dessa
morte para a salvação do mundo, e Maria é a sua mãe. Depois da morte vem a
vida. Ao assumir, aos pés da cruz, a maternidade espiritual dos homens, Maria
assume a maternidade da Igreja nascente. Maria, mãe da Igreja, isto é, mãe de
todo o povo de Deus, fieis e pastores, como disse o Papa Paulo VI. (abertura do
Concílio Vaticano II, na encíclica Lumem Gentius).
Mas essa distinção de Maria
não a coloca fora da Igreja. Quando
Maria tinha Jesus no seu seio, ela era a “Igreja, e toda a Igreja estava nela
contida”.
Quando Maria acolheu Jesus no seu seio virginal, ela está sendo o
exemplo vivo de todos aqueles que a
acolheriam mais tarde, e hoje, em Maria
glorificada no céu em corpo e alma, tem-se a imagem e o começo da Igreja que
deverá ser consumada no tempo futuro.
Maria é a mãe da Igreja especialmente
quando está presente entre os apóstolos na vinda do Espírito Santo e pela sua
assunção aos céus Maria atinge a maturidade total diante do Senhor.
Maria bebeu
do cálice que Jesus bebeu na sua paixão
e morte e por isso ela é elevada acima de todos os santos, de todos os anjos e
de todas as criaturas e tanto no céu como na terra Maria é honrada e venerada
como a Mãe do Filho de Deus e a Mãe da Igreja de Jesus Cristo.
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