A história
da famosa Santa Rita de Cássia mostra que, realmente, “fora da Cruz, não existe
outra escada por onde subir ao Céu”.
O corpo
incorrupto de Santa Rita de Cássia é um dos casos mais célebres da história da
Igreja. Ela morreu em 1457, mas até hoje, quem quer que visite a pequena comuna
de Cássia, no interior da Itália, ficará impressionado em encontrar os restos
mortais dessa santa mulher, ainda bem preservados no interior de uma urna
dourada de cristal.
Numerosos
eventos aconteceram ligados a essas relíquias. Só "no momento de sua
entrada no Céu, a cela em que ela se encontrava ficou repleta de um perfume
extraordinário, uma luz espantosa emanou do estigma que ela tinha na testa e
conta-se que os sinos da cidade foram tocados alegremente pelos anjos". Os
fenômenos odoríferos e muitos outros milagres fizeram as autoridades civis e
eclesiásticas "instalarem as suas relíquias em um lugar acessível aos
peregrinos que visitavam continuamente o seu túmulo". Antes de sua
canonização, em 1627, "o corpo foi
cuidadosamente examinado e achado perfeitamente como no dia de sua morte, com a
pele apresentando ainda a sua cor natural", fato que salta
aos olhos principalmente porque o seu corpo nunca tinha sido adequadamente
sepultado, no correr de mais de 150 anos.
O
reconhecimento de sua santidade, no entanto, não provém necessariamente da
incorrupção de seu corpo. Há inúmeros homens e mulheres canonizados pela Igreja
cujos restos mortais passaram por um processo natural de decomposição, sem que
houvesse quaisquer acontecimentos extraordinários. Por isso, é preciso dizer
que, ainda que o corpo de
Santa Rita de Cássia não fosse encontrado incorrupto, ela seria canonizada por
sua vida e pelo
grande amor com que serviu a Deus.
De fato, Santa
Rita é conhecida no mundo inteiro como "a santa das causas
impossíveis" — e sua história não deixa de atestar a verdade do título que
recebeu de seus devotos. Tendo casado muito cedo e meio que a contragosto, Rita
sofreu muito com o temperamento violento e tempestuoso do marido, mas, graças
ao fervor de suas orações e penitências, viu a graça divina agir sobre Paolo
Ferdinando, pouco antes de seu assassinato, motivado por razões políticas. Os
seus dois filhos juraram vingar a morte do pai, mas a mãe se prostrou novamente
diante de Deus, dizendo que preferia
ver os dois filhos mortos antes que que chegassem a cometer esse crime.
Sem dúvida,
essas são palavras difíceis de serem pronunciadas por uma mãe, mas não para uma
mulher convicta da eternidade e do valor da alma de seus filhos. Rita sabia que
este mundo não era a "última palavra": sabia que, para além desta
vida terrena, existia uma vida eterna futura, ou de glória ou de perdição, e
que seria muito melhor
para os seus filhos uma existência curta nesta terra que uma vida eterna sem
Deus no inferno.
A exemplo de
Santa Mõnica, a mãe de Santo Agostinho, Rita foi atendida em suas preces e viu
os seus filhos morrerem não só livres da culpa do homicídio, mas também do ódio
e do rancor que eles nutriam em relação aos assassinos de Paolo Ferdinando. Os dois morreram perdoando os inimigos de seu pai. O que parecia humanamente impossível,
Rita o alcançou pela força de suas orações.
Só por essa
história belíssima — que muitos gostariam de ter repetida em suas famílias,
vendo-as convertidas a Deus — a sua vida já mereceria um filme.
Rita, porém,
depois de viver em plenitude o sacramento do Matrimônio, não deixando que se
perdesse nenhum dos que lhe tinham sido confiados (cf. Jo 18, 9),
decide entrar para a vida religiosa, a fim de celebrar aquele casamento
definitivo com o Esposo de todas as almas que vivem neste mundo: Jesus Cristo.
Aí, mesmo neste caminho tão belo de entrega a Deus, não é menor o sofrimento
que a espera: primeiro, para conseguir entrar no Convento das Irmãs
Agostinianas de Cássia, cuja regra impedia o ingresso de mulheres viúvas (outro
impossível que ela superou com o auxílio de Deus); depois, para lidar com uma
ferida supurante e malcheirosa, que fê-la viver os últimos 15 anos de sua vida
em absoluto recolhimento (após a sua morte, foi dessa mesma ferida que emanou
aquela luz gloriosa de que falamos).
A história de
Santa Rita de Cássia é, em suma, uma história de amor
a Deus através do sofrimento. Todos aqueles que querem ser
verdadeiros devotos desta santa mulher devem trilhar a mesma via que ela: uns
na vida matrimonial e outros na vida celibatária, mas todos no mesmo caminho do
Calvário, porque, como dizia outra piedosa mulher, Santa Rosa de Lima, "fora da Cruz, não existe outra escada por onde subir ao Céu".
Que o Espírito
Santo nos ajude a transformar todos os nossos sofrimentos em atos de caridade;
a converter toda a nossa dor em
verdadeiro amor.
Santa Rita de Cássia,
rogai por nós!
Neste dia são
lembrados, também: Santa Rita de Cássia, Santa Catarina de Gênova, Santa
Quitéria, São Casto, Santa Helena de Carnarvon (esposa do imperador Magno
Clemente Máximo), Santo Hemming da Finlândia (bispo e mártir).
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