DIACONATO PERMANENTE - CONHEÇA
A HISTÓRIA E O SEU SENTIDO
O primeiro mártir da
Igreja foi um diácono (Santo Estêvão). O termo "diácono" aparece 29
vezes nos Evangelhos. São Francisco de Assis foi diácono. Ainda assim, muitos
católicos não fazem ideia do que seja um diácono...
Na Igreja primitiva, o
diaconato foi criado pelos Apóstolos para permitir que os presbíteros
(sacerdotes) pudessem se concentrar na essência de seus deveres sacerdotais. Enquanto isso, os diáconos assumiam a liderança das
funções administrativas e caritativas da Igreja. Isso está descrito no livro
dos Atos:
"Naqueles dias, como crescesse o número dos
discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas
teriam sido negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os Doze convocaram
uma reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a palavra
de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de
boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais
encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério
da palavra. Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem
cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e
Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes,
orando, impuseram-lhes as mãos." (Atos 6, 1-6)
Com o passar do tempo, os
diáconos concentraram grande poder, pois eram os principais responsáveis pela
administração do patrimônio da Igreja. Essa situação ajudou a gerar
tensões entre diáconos e presbíteros, e até São Jerônimo se enfiou na
treta, reclamando do fato de que os diáconos estavam colocados à frente dos
presbíteros (Comissão Teológica Internacional, 2002, p. 45). O Toddynho ferveu!
Uma das principais
queixas era a de que a função dos diáconos havia se pervertido: eles estariam se dedicando mais à liturgia do que
às funções assistenciais. Também havia uma disputa com o fato de que, quando um
bispo morria ou se aposentava, um diácono poderia ser eleito para sucedê-lo,
tanto quanto qualquer outro presbítero.
Na Idade Média, se
desenvolveu muito a vida monástica. E assim a assistência aos pobres começou a
ser realizada mais intensamente pelos mosteiros, assim como por instituições de
caridade fundadas e administradas por leigos. E a função do diácono como
ministro da caridade se esvaziou. A partir do século V, inicia-se um
processo de decadência do diaconato, evoluindo até o seu quase que total
desaparecimento.
Por fim, venceu o
entendimento de que um presbítero poderia fazer tudo o que um diácono fazia, e
acabou-se o diaconato como função "permanente" na Igreja. O diaconato
seria, a partir de então, somente uma etapa transitória, até o
momento em que o cristão fosse ordenado sacerdote.
Mas a roda da História
está sempre girando...
E eis que, no
século XX, no Concílio Vaticano II, a Igreja tomou a decisão de restaurar o
diaconato exercido de forma permanente (ficando o bispo de cada
diocese livre para optar por restaurar ou não o diaconato em seu território).
Após muita discussão, em uma sessão emocionante (tipo FLA-FLU), 2.120 bispos e
padres conciliares votaram, e o resultado da votação foi o seguinte: 1.588
foram a favor da restauração do diaconato, 525 foram contra e 7 se abstiveram.
O resumo das decisões a esse respeito foi publicado na encíclica Lumen
Gentium e, depois, no documento Sacrum diaconatus ordinem.
O sacramento da ordem
possui três graus:
· a ordem episcopal (bispos);
· o presbiterado (padres);
· o diaconato (diáconos).
A sequência dos graus da
ordem sugere uma hierarquia, e é uma confusão comum é achar que o diácono está
submetido ao padre. Isso não é verdade. Dentro da hierarquia da Igreja,
o diácono é ligado diretamente ao bispo diocesano, ou seja, é "par"
do padre, justamente por ter uma função diferente na missão da Igreja.
Essa impressão errada se
deve ao fato de que, cotidianamente, vemos os diáconos servindo nas paróquias
e, portanto, submetidos aos párocos. Isso está certo, e convém lembrar que
outros padres que sirvam na mesma paróquia também se submetem ao pároco. É uma
questão de hierarquia local e não da Igreja como um todo.
O diácono permanente é
membro do clero – não é um leigo! Por
isso mesmo ele usa traje clerical, nas ocasiões em que está servindo na Igreja.
Ele pode:
· pregar;
· batizar;
· presidir cerimônias de casamento;
· presidir celebrações da palavra;
· ler o Evangelho na missa e fazer a homilia;
· preservar e distribuir a Eucaristia;
· dar aconselhamentos;
· dar bênçãos;
· levar o viático aos moribundos;
· presidir ritos funerários etc.
O diácono não é
sacerdote. Por isso, ele NÃO PODE:
· celebrar a missa;
· dar a unção dos enfermos;
· ouvir Confissões e absolver os pecados dos penitentes.
O candidato ao
diaconato permanente pode ser solteiro ou casado. Caso seja solteiro, precisa
aderir ao celibato, já os casados só podem ser ordenados se a sua esposa
concordar formalmente com isso. Afinal,
certamente a família terá que fazer importantes renúncias, já que a maior parte
do serviço prestado pelos diáconos costuma ser realizada nos fins-de-semana –
justamente quando os maridos, em geral, se dedicam às tarefas de casa e ao
lazer com a família.
Especialmente nas
paróquias em que só há um padre, a presença de um bom diácono é valiosa,
impedindo que o pároco fique sobrecarregado em suas tarefas pastorais e
ministeriais.
O diácono permanente
deve ter uma profissão, pois, diferente
do padre, ele não recebe salário da Igreja (há exceções).
Caso se torne viúvo, o
diácono não poderá se casar novamente. Caso
o bispo entenda ser oportuno, o diácono nesta condição pode completar os
estudos no seminário e ser ordenado padre.
Se você é um bom marido e
bom cristão, e tem ao menos 35 anos, pode apresentar o seu pároco ou bispo o
desejo de ingressar na escola diaconal de sua diocese. Já pensou nessa possibilidade?
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