segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

“SE ALGUÉM QUER VIR APÓS MIM... TOME A SUA CRUZ... E SIGA-ME” (Lc 9,23)

“SE ALGUÉM QUER VIR APÓS MIM... TOME A SUA CRUZ... E SIGA-ME” (Lc 9,23)

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Jesus nunca escondeu nada de ninguém e para ninguém. Jesus Cristo jamais disse alguma coisa se referindo ao plano de Deus referente aos homens e dizendo como se deve viver uma vida verdadeiramente voltada para Deus e para o próximo onde escondesse alguma coisa para não chocar seus ouvintes. Sempre que falava de como se deve viver para pertencer ao Reino de Deus, Jesus era claro, preciso e objetivo e jamais usou de meias palavras ou termos dúbios.
Jesus jamais obrigou alguém a seguí-lo, prova disso está nessa sua afirmativa: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me.” (Lc 9,23).
Jesus não obriga; ele respeita o livre arbítrio de cada um e diz: “Se alguém quer vir após mim...”; Jesus deixa a decisão para cada um de nós. Precisamos “querer” ir após ele, e isso é uma atitude de nossa livre e expontânea vontade...

Mas, mesmo deixando para nós a escolha de seguí-lo ou não, ele não se omite quanto às consequências que recairá sobre as atitudes que venhamos tomar, sejam boas ou más: “Pois aquele que quiser salvar a sua vida vai perdê-la, mas o que perder a sua vida  por causa de mim, esse a salvará.” (Lc 9,24).
O velho Simeão, quando da apresentação de Jesus, ainda bebê, nos braços sua mãe, no Templo de Jerusalém, profetizou: “Eis que este menino foi colocado para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição.” (Lc 2,34). Para a queda daqueles que virariam as costas para os seus ensinamentos e para o soerguimento dos que aderissem às suas mensagens e as vivessem intensamente, e, como um sinal de contradição, pois que, ele mesmo afirmou: “Não pensem que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada. Vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra.” (Mt 10,34). Por essa maneira dura de falar, é que os escribas e fariseus diziam: “Está possuído por Beelzebu.”  (Mc 3,22).        E, por jamais omitir qualquer coisa e sempre dizer a verdade, considerando que a verdade, para quem não a assume e a nega, incomoda e dói, Jesus já previa qual seria o seu fim: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto...” (Mc 8,31). E todos aqueles que se propuserem seguir a Jesus terão o mesmo destino, e isso ele não escondeu de ninguém e orientou seus seguidores, quando disse: “Eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Sejam, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas. Cuidado com os homens. Eles entregarão vocês a seus tribunais e açoitarão vocês em suas sinagogas. Por minha causa vocês serão conduzidos diante dos governadores e dos reis. Assim vocês servirão de testemunho para eles e para os pagãos. Quando vocês forem presos, não se preocupem nem pela maneira, nem pelo que vocês haverão de falar. Naquele momento, será inspirado o que  vocês haverão de dizer. Porque naquele momento  não serão vocês que falarão, mas o Espírito de vosso Pai  falará em vocês. O irmão entregará o seu irmão à morte, e o pai entregará o seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. Vocês serão odiados  por todos por causa do meu nome.” (Mt 10,16-22).
Jesus é realmente motivo de contradição, conforme profetizou o velho Simeão; é incrível acreditar que, alguém que seja perseguido, injuriado, maltratado e açoitado seja bem-aventurado. Mas é exatamente isso que Jesus afirma: “Bem-aventurados vocês serão, quando lhes insultarem, quando, por minha causa, lhes perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vocês. Alegrenm –se e exultem, porque será grande a recompensa de vocês nos céus.” (Mt 5,11-12), e completa: “E todo aquele que tiver deixado casas ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muito mais e herdará a vida eterna.” (Mt 19,29).
E, bem por isso, Jesus determina as condições para quem quiser seguí-lo: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas o que perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, irá salvá-la. Com efeito, o que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e arruinar a sua vida? Pois o que daria o homem em troca de sua vida? De fato, aquele que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier na gloria do seu Pai com os santos e anjos. (Mc 8,34-38).
Não se pode ser cristão autêntico se não assumir a cruz proposta e oferecida por Jesus Cristo.
Renunciar-se a si mesmo significa não se preocupar tanto com os próprios problemas, que talvez não sejam tão grandes e graves como se imagina; é parar de reclamar da dor de estômago, da indisposição, dor de cabeça, para ir ao encontro do irmão que se encontra no seu leito de dor e o tira do convívio da sociedade e, às vezes, até do convívio de seus familiares...   
Renunciar a si mesmo é parar de reclamar do alto custo das roupas que se usaria para ir ao baile do clube  para ouvir o irmão que reclama do alto preço do arroz, da carne, do pão, que, pelo seu baixo salário, o deixa sem condições de abastecer a sua mesa com o mínimo necessário para a manutenção e o sustento decente de sua família.  Renunciar a si mesmo significa se esquecer um pouco de si próprio para se lembrar do irmão necessitado e carente de... Deus...
Renunciar a si mesmo significa abandonar-se à Providência Divina: “Por isso lhes digo: não se preocupem com a sua vida quanto ao que haveis de comer, nem com o vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa? Olhem as aves do céu: não semeiam nem colhem, nem ajuntam em celeiros. E, no entanto, vosso Pai Celeste as alimenta. Ora, vocês não valem mais do que elas? Quem dentre vocês, com as suas preocupações, pode acrescentar um só côvado à duração da sua vida? E com a roupa, porque andam preocupados? Aprendam dos lírios do campo, como crescem, e não trabalham e  nem fiam. E no entanto eu lhes asseguro que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que existe hoje e amanhã será lançada ao forno, não fará ele mesmo mais por vocês, homens fracos na fé? Por isso, não andem preocupados, dizendo: ‘Que iremos comer?’  Ou, ‘Que iremos beber?’ Ou, ‘que iremos vestir?’ De fato, são os gentios que estão à busca de tudo isso: o vosso Pai Celeste sabe que vocês tem necessidade de todas essas coisas. Busquem, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Não se preocupem, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal.” (Mt 6,25-34).
Para cada dia basta as suas próprias preocupações, e cada dia tem as preocupações próprias, por isso Jesus nos orienta para nos preocuparmos com o hoje, com o agora, com o minuto presente pois que, o próximo minuto já poderá não nos pertencer.
Se quisermos seguir Jesus, é necessário que tomamos a nossa cruz de cada dia.

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