SÃO
JOÃO (JUAN) DIEGO CUAUHTLATOATZIN – 1473/1548
Os registros
oficiais narram que Juan Diego, para nós João Diego, nasceu em 1474 na
calpulli, ou melhor, no bairro de Tlayacac ao norte da atual Cidade do México.
Era um índio nativo, que antes de ser batizado tinha o nome de Cuauhtlatoatzin,
traduzido como "águia que fala" ou "aquele que fala como
águia".
Era um índio
pobre, pertencia à mais baixa casta do Império Azteca, sem ser, entretanto, um
escravo. Dedicava-se ao difícil trabalho no campo e à fabricação de esteiras.
Possuía um
pedaço de terra, onde vivia feliz com a esposa, numa pequena casa, mas não
tinha filhos. Atraído pela doutrina dos padres franciscanos que chegaram ao
México em 1524, se converteu e foi batizado, junto como sua esposa. Receberam o
nome cristão de João Diego e Maria Lúcia, respectivamente.
Era um homem
dedicado, religioso, que sempre se retirava para as orações contemplativas e
penitências. Costumava caminhar de sua vila à Cidade do México, a quatorze
milhas de distância, para aprender a Palavra de Cristo. Andava descalço e vestia,
nas manhãs frias, uma roupa de tecido grosso de fibra de cactos como um manto,
chamado tilma ou ayate, como todos de sua classe social.
A esposa,
Maria Lúcia, ficou doente e faleceu em 1529.
Ele, então,
foi morar com seu tio, diminuindo a distância da igreja para nove milhas. Fazia
esse percurso todo sábado e domingo, saindo bem cedo, antes do amanhecer.
Durante uma de
suas idas à igreja, no dia 9 de dezembro de 1531, por volta de três horas e
meia, entre a vila e a montanha, ocorreu a primeira aparição de Nossa Senhora
de Guadalupe, num lugar hoje chamado "Capela do Cerrinho", onde a
Virgem Maria o chamou em sua língua nativa, nahuatl, dizendo: "Joãozinho,
João Dieguito", "o mais humilde de meus filhos", "meu filho
caçula", "meu queridinho".
A Virgem o
encarregou de pedir ao bispo, o franciscano João de Zumárraga, para construir
uma igreja no lugar da aparição. Como o bispo não se convenceu, ela sugeriu que
João Diego insistisse. No dia seguinte, domingo, voltou a falar com o bispo,
que pediu provas concretas sobre a aparição.
Na
terça-feira, 12 de dezembro, João Diego estava indo à cidade quando a Virgem
apareceu e o consolou. Em seguida, pediu que ele colhesse flores para ela no
alto da colina de Tepeyac. Apesar do frio inverno, ele encontrou lindas flores,
que colheu, colocou no seu manto e levou para Nossa Senhora. Ela disse que as
entregasse ao bispo como prova da aparição.
Diante do
bispo, João Diego abriu sua túnica, as flores caíram e no tecido apareceu
impressa a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Tinha, então, cinqüenta e sete
anos.
Após o milagre
de Guadalupe, foi morar numa sala ao lado da capela que acolheu a sagrada
imagem, depois de ter passado seus negócios e propriedades ao seu tio. Dedicou
o resto de sua vida propagando as aparições aos seus conterrâneos nativos, que
se convertiam.
Ele amou,
profundamente, a santa eucaristia, e obteve uma especial permissão do bispo
para receber a comunhão três vezes na semana, um acontecimento bastante raro
naqueles dias. João Diego faleceu no dia 30 de maio de 1548, aos setenta e
quatro anos, de morte natural.
O papa João
Paulo II, durante sua canonização em 2002, designou a festa litúrgica para 9 de
dezembro, dia da primeira aparição, e louvou são João Diego, pela sua simples
fé nutrida pelo catecismo, como um modelo de humildade para todos nós.
Também são
comemorados neste dia: São Pedro Fourier (presbítero fuindador), São Basiano,
Santa Leocádia de Toledo (virgem e mártir), e Santa Gorgônia.
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