MARIA GRÁVIDA RUMO
A BELÉM.
Nesse tempo
que antecede o natal, em que aguardamos o nascimento do Filho de Deus que se tornará homem no seio
imaculado de Maria, a gente fica preocupado, pensando na maneira como todos os
cristãos se preparam para receber a Salvação que vem de Deus. Se nós não amamos
suficientemente Maria é porque desconhecemos quase que na sua totalidade os sacrifícios
e sofrimentos porque ela teve de passar para nos trazer aquele que viria para
tirar o pecado do mundo. Hoje em
dia, quando a jovem esposa vai ter o seu primeiro filho, ela é cercada de todas
as atenções; quando chega nos últimos dias de sua gravides já não a deixam mais
fazer serviços pesados ou incômodos; a mãe da jovem esposa grávida vem limpar a
sua casa, fazer a sua comida, lavar e passar a sua roupa, enfim, a família se
desdobra em atenções e prestações de serviços para que a jovem esposa grávida
não se esforce demais, não se exponha demais para não sentir em demasia os
incômodos da gravides. Tudo é facilitado
para a jovem esposa que está prestes a
ser mãe, e nada mais justo.
Mas é
exatamente por isso que, nas minhas meditações, eu volto aos tempos de Maria e
a vejo grávida de oito meses e meio, com o seu ventre crescido anunciando que
muito breve o seu filho deverá nascer. Mas,
de repente, um decreto do imperador de Roma tira Maria e José de sua cômoda e
pobre casa de Nazaré e os obriga a se dirigir até a cidade de Belém para o
recenseamento do povo judeu. Na oportunidade Maria estava de oito meses e meio
de gravides.
A gravides de
Maria foi normal, como qualquer gravides de qualquer mulher que está prestes ma
dar à luz. Com Maria nada foi diferente; quando tudo estava pronto para que
Maria desse à luz ao seu filho ali mesmo, na cidade de Nazaré, o Senhor Nosso
Deus usa o decreto do imperador de Roma para levá-la até Belém, onde, desde a
antiquidade e os profetas, deveria nascer o Salvador. Mas Maria estava de oito meses e meio de gravides, e aquilo
era uma ordem do imperador de Roma que tinha de ser cumprida, tinha de ser
obedecida.
E José arruma
o seu burrinho, arruma as coisas, coloca Maria no lombo do burrinho e parte para a distante Belém,
aproximadamente oitenta quilômetros de Nazaré.
E o caminho
era o mais difícil possível. Tinham
de passar por um longo deserto, e, no deserto, o clima é assim: durante o dia o
calor é violento, chegando a mais de cincoenta graus, e a noite a temperatura
cai para até quatro graus. E não era só isso: o deserto é infestado de insetos
e animais nocivos, venenosos e nojentos como abelhas, cobras, moscas
escorpiões, aranhas e até feras, sem contar os perigos dos ladrões que se
escondiam nas rochas para assaltarem as caravanas de mercadores ou peregrinos
que por ali passavam.
E Maria, ora
andava à pé, ora no lombo do burrinho. E Maria estava grávida de mais de oito
meses e meio. Será que podemos imaginar o sofrimento o incômodo, o discômodo
por que passou Maria? O calor, o suor, a poeira, o sol, o frio, o medo dos
insetos, dos animais e dos ladrões, a insegurança, aquele casal jovem
desprotegido de tudo e de todos, só tendo a certeza de que o Senhor Deus estava
com eles.
E hoje nós
vemos os cuidados pelas quais são cercadas as jovens esposas que vão ser mães. Eu
fico meditando no sofrimento de Maria. Será que cada um de nós já parou para
meditar todos os momentos e movimentos da Virgem desde quando o Anjo lhe
anunciou o nascimento de Jesus até o nascimento de Jesus na gruta de Belém? Se
não meditamos isso ainda, não podemos de maneira nenhuma avaliar a dor, o
sofrimento, a angústia, a entrega total e o grande amor que Maria tem por Deus
e por nós, seus filhos, muitas vezes ingratos.
E o momento
que nós vivemos nos convida a isso.
E hoje,
quantas Marias esperam os seus Meninos Jesus ainda desamparadas de tudo e de
todos, e esses Meninos Jesus já não nascem mais em currais e nem são
depositados em cochos, mas nascem nos barracos, nas favelas, debaixo das pontes
e viadutos, e os Josés, e as Marias dos nossos dias, como José e Maria, tem de
abandonar os seus lares porque leis injustas e opressoras os obrigam a
migrarem para procurarem serviço em
terras distantes para não morrerem à mingua.
Os imperadores
de Roma continuam assinando os seus decretos muitas vezes absurdos, sem pensar
naqueles que serão desalojados e expulsos de suas casas e de suas terras por
causa de suas leis; e os Josés e as Marias continuam deixando tudo para trás e
migrando, oprimidos pelos decretos dos imperadores de Roma que hoje são as
nossas autoridades políticas que não sofrem o efeito do decreto e nem são
atingidos pelas suas próprias leis.
É o momento de
pararmos e meditarmos um pouco para ver
quanto Maria sofreu por nós e quanto ela
nos amou, desde que, por meio dela nos veio a salvação, e a Salvação chegou até
nós pela maneira mais difícil e cruel possível...
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