SANTÍSSIMA TRINDADE
Leituras: Dt 4,32-34.39-40; Sl 32; Rm 8,14-17; Mt 28,16-20.
“...BATIZANDO-OS EM NOME DO PAI, E DO FILHO, E DO ESPÍRITO SANTO” (Mt 28,19).
Diácono Milton Restivo
No primeiro livro, Gênesis, no primeiro capítulo e no primeiro versículo, as Sagradas Escrituras começam exatamente citando a onipotência, a onipresença, a onisciência de Deus, dizendo: “No princípio, Deus criou o céu e a terra”. (Gn 1,1).
João, ao iniciar o seu Evangelho, começa com a revelação de Deus aos homens através de sua Palavra: “No começo (ou no princípio, como no Gênesis), a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus”. (Jo 1,1).
Deus existe, e a sua existência se impõe como um fato inicial, que dispensa qualquer explicação. Deus não tem origem: nem passado nem futuro; O tempo de Deus é o presente. Deus é “o primeiro e o último” (Is 41,4), “o alfa e o ômega” (Ap 1,8). “Quem fez e executou tudo isso? Aquele que anuncia o futuro de antemão; eu, Iahweh, que sou o primeiro e estou com os últimos (Is 41,4). “Assim diz Iahweh, o rei de Israel, seu redentor, Iahweh dos exércitos: ‘Eu sou o primeiro, eu sou o último; fora de mim não existe outro Deus.Existe alguém como eu? Que fale, que explique e o exponha a mim. Quem anunciou o futuro de antemão, quem nos predisse o que vai acontecer? Não tenham medo, não tremam: por acaso, desde aqueles tempo eu já não predisse e anunciei? Vocês são as minhas testemunhas: existe outro Deus além de mim? Que eu saiba não existe nenhuma outra rocha’”. (Is 44,6-8).
Por ter sido o primeiro e o criador de todas as coisas, Deus não tem que se apresentar, simplesmente dispensa apresentação. Em todo o Antigo Testamento Deus fala de si mesmo. Deus está vivo (1Sm 17,26. 36). Ele é eterno (Is 40,14). Deus não dorme e nem cochila (Sl 121,4).
Deus é santo: “O Senhor Iahweh jura pela sua santidade...” (Am 4,2); “Eu sou o Santo” (Os 12,9); “Santo, Santo, Santo é Iahweh dos exércitos, a sua glória enche toda a terra” (Is 6,3), e a sua santidade santifica o seu povo: “Sejam santos porque Eu sou santo” (Lv 11,44-45; 19,2) e recomenda que todos sejam santos (Mt 5,48; 1Pd 1,16; Tg 1,4).
Os judeus adoram a unicidade de Deus e desconhecem a pluralidade de pessoas e a sua unidade substancial. Os cristãos adoram Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Outros povos adoram a multiplicidade de deuses. O cristianismo é a única religião que, por revelação de Jesus, prega ser Deus uno, um só, em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Se a Trindade permaneceu incógnita no Antigo Testamento, no Novo Testamento Jesus a revela em todo o seu esplendor, divindade e majestade, poder e amor.
Na sua primeira carta, João, o apóstolo do amor, assimilou com propriedade os ensinamentos de Jesus a respeito do grande amor que Deus Pai tem por seus filhos quando transmitiu esse ensinamento à sua comunidade, ensinando: “E nós reconhecemos o amor que Deus tem por nós e acreditamos nesse amor. DEUS É AMOR: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele.” (1Jo 4,16). Quando João diz: “Deus é amor”, ele se refere à Trindade e, portanto, a “Trindade é amor”. Agora, João deixa-nos uma dúvida sobre o que ele quis dizer: se “Deus é amor”, ou se “o amor é Deus”, porque Deus, a Trindade só se manifesta onde existe o amor verdadeiro. E o amor foi o novo mandamento que Jesus deixou aos seus seguidores: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns pelos outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos”. (Jo 13,34-35).
E, por amor, Jesus vai às últimas consequências: a segunda Pessoa da Trindade, o Filho, assume a natureza humana e dá a vida por todos aqueles que a Trindade ama: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos seus amigos.” (Jo 15,12-13). E isso resume o amor da Trindade.
Na abertura no Novo Testamento, na anunciação e no grande mistério da Encarnação, Lucas, sutilmente, deixa transparecer, o que poderíamos dizer, a primeira manifestação da Trindade em três Pessoas: O Altíssimo (Pai) cujo poder cobriu Maria com sua sombra (Lc 1,35), o Filho (Jesus Cristo) que assume a natureza humana no ventre de Maria (Lc 1,31-32.35b), e o Espírito Santo que repousa sobre Maria (Lc 1,35a). Isso se repete depois, na visita que Maria faz à sua parenta Isabel: “... Isabel ficou cheia do Espírito Santo (a terceira Pessoa da Trindade). Com um grande grito exclamou: ‘Você é bendita entre as mulheres e é bendito o fruto do teu ventre (a segunda pessoa da Trindade – Jesus Cristo). Como posso merecer que a mãe do meu Senhor (Jesus Cristo) venha me visitar?... Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor (o Pai, a primeira Pessoa da Trindade) lhe prometeu”. (Lc 1,41-43.45).
Mateus, por sua vez, também revela a Trindade em três Pessoas no seu Evangelho por ocasião do batismo de Jesus, o Filho, primeira Pessoa da Trindade por João Batista: “Depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus (segunda Pessoa da Trindade) viu o Espírito de Deus (Espírito Santo, terceira Pessoa da Trindade), descendo como pomba e pousando sobre ele. E do céu veio uma voz (voz do Pai, primeira Pessoa da Trindade) dizendo: ‘Este é o meu Filho amado, que muito me agrada.” (Mt 3,16-17).
Marcos, no seu Evangelho, entrelaça de forma maravilhosa e fascinante tanto a divindade quanto a humanidade de Jesus. Marcos começa o seu evangelho deixando clara a divindade de Jesus ao declarar que ele é o “Filho de Deus”: “Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de Deus”, e isso no primeiro versículo do primeiro capítulo do Evangelho de Marcos.
Nesse mesmo Evangelho, Marcos mostra o Pai proclamando a filiação divina de Jesus por ocasião de seu batismo (Mc 1,11) e da transfiguração (Mc 9,7). O próprio Jesus proclama a sua divindade quando predisse o fim dos tempos (Mc 14,62). Os espíritos malignos proclamaram Jesus “Filho de Deus” (Mc 3,11; 5,7; cf Mc 1,24) “Santo de Deus”. O centurião romano afirma: “De fato, esse homem era mesmo o Filho de Deus”. (15,39).
Ainda em Marcos, Jesus evidencia ao máximo os feitos sobrenaturais: cura toda sorte de doenças e expulsa demônios (Mc 1,32-34), cura o cego, surdo (Mc 8,22-26; 10,46-52), purifica o leproso (Mc 1,40-45); ressuscita mortos (Mc 5,21-24.35-43); domina sobre a natureza (Mc 4,35-41; 6,48; 11,13-14.20); demonstra onisciência (tudo sabe e conhece) (capítulo13; 8,31; 9,9,21; 10,32-34; 14,17-21; 2,8; 12,15; 12,44). Mas o ponto alto de sua divindade é revelado em sua ressurreição gloriosa (Mc 16,6).
No Evangelho de Mateus não é diferente. Mateus é pródigo em afirmativas onde demonstra a divindade de Jesus: Jesus é adorado por um leproso e não o repreende (Mt 8,2); Jesus mostra seu domínio sobre a natureza (Mt 8,26); Jesus conhecia o pensamento dos escribas, demonstrando sua onisciência. (Mt 9,4; cf. Hb 4,13); tem poder para perdoar pecados (Mt 9,6; ver reação dos escribas em Mc 2,7); é adorado por um chefe de Sinagoga (ver também Lc 9,41) e não o repreende (Mt 9,18); é adorado pelos magos (Mt 2,11); diz ser o senhor do sábado (Mt 12,8); conhece o pensamento dos escribas (Mt 12,25); enviará os seus anjos (Mt 13,41); tem domínio sobre o mar, sua criação; desafia as leis da física (Mt 14,25); é adorado pelos discípulos que estavam no barco (Mt 14,33); é adorado pela mulher Cananéia (Mt 15,25); é adorado pela mãe de Tiago e João (Mt 20,20); é louvado pelas crianças e diz que este é o perfeito louvor (Mt 21,16); Davi chama o Messias de Senhor (Mt 22,43-45); já ressurreto, é adorado por Maria Madalena e a outra Maria (Mt 28,9); já ressurreto, é adorado por alguns discípulos (Mt 28,17); diz que estará com os discípulos até a consumação dos séculos; isto indica sua onipresença (presença em todos os lugares, simultaneamente) (Mt 28,20).
O Catecismo da Igreja Católica afirma, com toda a segurança, no seu item 126: “A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvação deles, até ao dia que foi elevado”.
Jesus impressionava as multidões por ser homem, sem abdicar a sua natureza divina: “ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas”. (Mt. 7,29).
Jesus provou ser Deus; isto é, Senhor de tudo, onipotente (aquele que tem poder ilimitado), onisciente (aquele que tem conhecimento de todas as coisas), onipresente (aquele que tem presença em todos os lugares, simultaneamente).
Repetindo Mateus, e nunca é demais repetir as revelações de Jesus como Deus, Jesus andou sobre as águas (Mt 14,26), multiplicou os pães (Mt 15,36), curou leprosos (Mt 8,3), dominou a tempestade (Mt 8,26), expulsou os demônios (Mt. 8,32), curou os paralíticos (Mt 8,6), ressuscitou a filha de Jairo (Mt 9,25), o filho da viúva de Naim, chamou Lázaro do túmulo, já em estado de putrefação (Jo 11,43-44), transfigurou-se diante de Pedro, Tiago e João na montanha (Mt 17,2) e ressuscitou triunfante dos mortos (Mt 28,6)...
Os Evangelhos narram trinta e sete grandes milagres de Jesus, sem contar os que não foram escritos: “Jesus realizou diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Jesus fez ainda muitas outras coisas. [...] Se fossem escrito uma por uma, penso que não caberiam no mundo os livros que seriam escritos”. (Jo 20,30; 21,25). Jesus provou que era Deus!
Só Deus pode fazer essas obras! É por isso Paulo disse que: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. (Cl 2,9). “Ele é a imagem do Deus invisível”. (Cl 1,15).
O apóstolo Pedro diz como testemunha das maravilhas realizadas pelo Pai através de Jesus, a sua Palavra, e afirma: “Vimos a sua majestade com nossos próprios olhos”. (2Pd 1,16), e João atesta: “E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade”. (Jo 1,14b).
Por muitas vezes nos Evangelhos Jesus identifica-se com o Pai: “Eu e o Pai somos um" (Jo 10,30); "Quem me vê, vê também o Pai. (...) “Vocês não crêem que eu estou no Pai e o Pai está em mim”?" (Jo 14,15-16); "Para que vocês saibam e reconheçam que o Pai está em mim e eu estou no Pai" (Jo 10, 38); "Eu estou no Pai e o Pai está em mim" (Jo 14,11); "Antes que Abraão fosse feito, Eu sou" (Jo 8,58). Paulo insiste que Jesus é o único mediador entre o Pai e nós: “Para nós não existe mais que um só Deus, o Pai de quem tudo procede e um só mediador entre Deus e nós, Jesus Cristo, Homem” (1Tm 2, 5).
Nos Evangelhos vemos a ação do Espírito Santo em relação à vida de Jesus Cristo. Só nos Evangelhos sinóticos, Mateus, Marcos e Lucas há trinta e cinco referências de intervenções do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, na vida humana de Jesus, das quais citaremos apenas algumas.
Do nascimento de Cristo ao seu batismo: Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo (Mt 1,20; Lc 1,35); João Batista, o precursor, foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lc 1,15); Izabel ficou cheia do Espírito Santo (Lc 1,41); Zacarias profetizou cheio do Espírito Santo (Lc 1.67); o velho Simeão recebeu do Espírito Santo uma revelação acerca do nascimento do Messias (Lc 2,25-27); João Batista profetizou que Jesus batizaria no Espírito Santo (Mt 3,11; Mc 1,8; Lc 3,16); o Espírito Santo manifestou-se como pomba no ato do batismo de Jesus (Mt 3.16; Lc 3,22; Jo 1,32, 33); o próprio Espírito conduziu o Filho Amado ao deserto (Mt 4,1; Lc 4,1; Mc 1,12); Jesus Cristo recebeu o Espírito sem medida (Jo 3,4).
O Ministério de Jesus com a intervenção do Espírito Santo: Jesus voltou para a Galiléia pela virtude do Espírito (Lc 4,14). O Espírito do Senhor está sobre ele (Lc 4,18-21); Jesus expulsou demônios pelo poder do Espírito Santo (Mt 12,28). Deus, o Pai, ungiu Jesus com o Espírito Santo (At 10,38). O Espírito Santo ressuscitou Jesus dentre os mortos (Rm 8,11; 1Pd 3,18); pelo Espírito Jesus ofereceu-se imaculado (Hb 9,14); antes de partir e subir aos céus Jesus deu instruções aos apóstolos, movido pelo Espírito Santo (At 1,2).
Jesus foi concebido no sei de Maria pelo Espírito, andou no Espírito, ressuscitou pelo Espírito. Agora, como o Senhor glorificado, ele dá o Espírito ao seu povo, a fim de que possa andar como ele andou, servir como ele serviu, viver como ele viveu e ser erguido dentre os mortos como ele foi erguido. Jesus só começou o seu ministério depois de ser ungido pelo Espírito Santo, de um modo visível, no ato do batismo nas águas.
Jesus ensina acerca do Espírito: O Espírito ensinará aos discípulos como hão de falar: “Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”.(Mt 10,19-20; Mc 13,11; Lc 12,11-12). A blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada: “Todo pecado e blasfêmia será perdoado aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada”. (Mt 12,31; Mc 3,29; Lc 12,10). Davi profetizou pelo Espírito Santo (Mc 12,36).
O Espírito será dado em resposta à oração: “Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem”. (Lc 11,13). O batismo nas águas é em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo: “Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. (Mt 28,19). Todos devem ser batizados nas águas e no Espírito Santo: “Ele batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo”. (Lc 3,16; Mc 16,16; Lc 24,48-49). O Espírito é o que dá vida (Jo 6,63). O Espírito Santo é como Água Viva para o que crê em Jesus Cristo (Jo 4,14; 7,38-39). "Eu rogarei ao Pai e Ele dará a vocês outro Advogado para que permaneça com vocês para sempre. Ele é o Espírito da Verdade. [...] Mas o Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse". (Jo 14,16-17.26). O Consolador virá da parte do Pai (Jo 15,26). "Eu enviarei para vocês o Espírito" (Jo 16,7-13). "Recebei o Espírito" (Jo 20,22). "Ficai em Jerusalém até que do alto sejais revestidos de Poder" (Lc 24,49).
A Trindade é presença perene e constante no Novo Testamento. Deus se revela aos homens na medida em que os homens possam entender a sua Palavra, mas a inteligência humana, diante de Deus, não passa de menos do que uma sementinha de mostarda. Então, o que sabemos de Deus ou sobre Deus? Nada. Para os homens a Trindade é um grande mistério e é por isso que a chamamos de Mistério da Trindade: a inteligência humana jamais a perscrutaria.
Santo Agostinho, bispo de Hipona, que nasceu no ano 354 e faleceu em 430, grande teólogo e doutor da Igreja, tentou exaustivamente compreender o inefável mistério da Trindade.
Certa vez, passeava ele pela praia, completamente compenetrado, pediu a Deus luz para que pudesse desvendar o enigma da Trindade. Até que se deparou com uma criança brincando na areia. A criança fazia um trajeto curto, mas repetitivo: corria com uma concha na mão, cheia de água que apanhara do mar até um pequeno buraco que havia feito na areia da praia, e ali despejava a água; sucessivamente voltava, enchia a concha e a despejava novamente.
Curioso, Agostinho perguntou à criança o que ela pretendia fazer. A criança lhe disse que queria colocar toda a água do mar dentro daquele buraquinho. Agostinho, possivelmente sorrindo da ingenuidade e inocência da criança, lhe explicou ser impossível realizar o intento. Aí a criança lhe disse: “É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para este buraco, do que compreender-se o mistério da Santíssima Trindade”. E a criança, desapareceu...
Agostinho concluiu que a mente humana é extremante limitada para poder assimilar a dimensão de Deus e, por mais que se esforce, jamais poderá entender esta grandeza por suas próprias forças ou por seu raciocínio. Por isso é que a denominamos “mistério”, algo que está fechado à nossa inteligência por ser uma verdade de fé inaccessível à razão, cujo conteúdo só pode ser alcançado pela revelação divina. Ao participarmos da Santa Missa e em todo ritual litúrgico observamos que, desde o início, quando fazemos o sinal da cruz, até o momento da bênção trinitária final, constantemente o presidente da celebração invoca a Santíssima Trindade, particularmente durante a oração eucarística. As orações que o sacerdote pronuncia após a consagração, que por certo são dignas de serem ouvidas com atenção e recolhimento, são dirigidas a Deus Pai, por mediação de Jesus Cristo, em unidade com o Espírito Santo. É na santa missa onde o cristão vislumbra, pela graça do Espírito Santo, o mistério da Santíssima Trindade. Devemos, neste momento, invocar a Deus Trino, que aumente nossa fé, porque sem ela, será impossível crer neste mistério, mistério de fé no sentido estrito.
Mesmo sem conseguir penetrar na sua essência o cristão deverá, simplesmente, crer nele.
O mistério da Santíssima Trindade é uma das maiores revelações feita por Nosso Senhor Jesus Cristo. A Igreja nos convida a “glorificar a Santíssima Trindade”, como manifestação da celebração. Não há melhor forma de fazê-lo, senão revisando as relações com nossos irmãos, para melhorá-las e assim viver a unidade querida por Jesus: “Que todos sejam um”. (Jo 17,21).
Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra, mesmo na obscuridade da fé, e para além da morte, na luz eterna. Esta é a nossa magnífica vocação.
O Catecismo da Igreja Católica, 266, ensina: “A fé católica é esta: que veneremos o único Deus na Trindade e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância; pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade” (Symbolum “Quicumque”).
Nenhum comentário:
Postar um comentário