V DOMINGO DA QUARESMA
Ano – A; Cor - roxo; Leituras: Ez
37,12-14; Sl 129 (130); Rm 8,8-11; Jo 11,1-45.
“EU SOU A RESSURREIÇAO E A VIDA. QUEM
CRER EM MIM, MESMO QUE ESTEJA MORTO, VIVERÁ”. (Jo 11,25).
Diácono Milton Restivo
Neste V Domingo da Quaresma a liturgia da Palavra
transpira a pequenez do homem e a magnitude de Deus, a fragilidade do homem e a
grandeza de Deus, o fim inevitável do homem, a morte, e a eternidade de Deus.
O profeta Ezequiel transmite a palavra de Yahweh para
um povo que já estava na sepultura, isto é, sem esperanças, sem objetivos, sem
perspectivas de dias melhores, pois vivia um período de escravidão, submetido a
outros povos, e Yahweh promete a esse povo devolver-lhe a vida de esperança e
reconduzi-lo à liberdade, colocando-o, de volta, na sua terra de origem, derramando
sobre esse povo o seu espírito de fortaleza: “Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos, tirar vocês de seus túmulos,
povo meu, e vou levá-lo para a terra de Israel. Povo meu, vocês ficarão sabendo
que eu sou Yahweh, quando eu abrir seus túmulos, e de seus túmulos eu tirar
vocês. Colocarei em vocês o meu espírito, e vocês reviverão. Eu os colocarei em
sua própria terra, e vocês ficarão sabendo que eu, Yahweh, digo e faço”. (Ez
37,12-14).
O Salmo é um grito de desespero do pecador
transformado numa oração de súplica a Yahweh: “Das profundezas eu clamo a ti, Yahweh: Senhor, ouve o meu grito! [...]
Yahweh, se levas em conta as culpas, quem
poderá resistir?” (Sl 129 (130),1-2.3).
O Evangelho é o de João e narra a ressurreição de
Lázaro. Este acontecimento é narrado somente no Evangelho de João.
A passagem da ressurreição de Lázaro narra o sétimo
sinal de Jesus antes da sua ressurreição.
Jesus era amigo dos irmãos Lázaro, Marta e Maria, que
moravam em Betânia, cidade situada a leste do Monte das Oliveiras, próxima a
Jerusalém, pouco menos de três quilômetros. Todas as vezes que Jesus saia da
Galiléia com destino a Jerusalém, fazia uma parada na casa desses amigos, onde
se alimentava e pernoitava antes de entrar na cidade de Jerusalém.
Pela narrativa, os irmãos moravam juntos e sós, e não
tinham pais, considerando que Marta é apresentada como aquela que ordenava as
coisas na casa, possivelmente a irmã mais velha, coisa atípica no judaísmo,
considerando que, o homem, ainda que fosse o irmão mais novo, deveria arcar com
a responsabilidade da família.
Maria, a irmã mais nova, “era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume, e que tinha enxugado
os pés dele com os cabelos”. (Jo 11,2; cf Jo 12,3).
Um dia Lázaro foi vítima de uma grave doença: “Um tal de Lázaro tinha caído de cama. Ele
era natural de Betânia, o povoado de Maria e de sua irmã Marta. Maria era
aquela que tinha ungido o Senhor com perfume, e que tinha enxugado os pés dele
com os cabelos. Lázaro, que estava doente, era irmão dela. Então as irmãs
mandaram a Jesus um recado que dizia: ‘Senhor, aquele a quem amas está doente’”.
(Jo 11,1-3). A doença demonstra carência de saúde e Marta e Maria sabiam
que Jesus poderia suprir essa carência com a sua presença.
A família de Marta, Maria e Lázaro é a primeira
comunidade joanina, onde existia a fraternidade e o amor, coisas únicas que
valem para Deus. Jesus amava aquela família, aquela comunidade: “Ora, Jesus amava Marta. A irmã dela e
Lázaro” (Jo 11,5), e estava sempre pronto a atender a qualquer solicitação,
pedido ou chamado dos seus amados.
Lázaro ficou doente. Avisaram a Jesus do que estava
acontecendo e “Desde que o soube, Jesus
disse: ‘Esta doença não terminará com a morte, ela servirá para a glória de
Deus: é por ela que o Filho de Deus deve ser glorificado”. (Jo 11,4). Jesus não escondia o seu afeto às pessoas, e
esses três irmãos tinham um lugar especial no coração de Jesus, porque: “Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro”. (Jo
11,5). Por causa da sua gravidade e por
ensejar a Jesus a realização do seu sinal mais expressivo, esta doença dará a
Jesus a oportunidade de manifestar a glória de Deus, que é também a sua: a
ressurreição de Lázaro revela a filiação divina de Jesus: “Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele” (Jo
2,11b).
Ao saber que Lázaro estava doente, Jesus não se
apressou em ir visitá-lo, mas “ficou
ainda dois dias no lugar em que estava” (Jo 11,6). As demoras de Jesus são
sempre propositais para o bem de quem dele necessita e para a sua glória. Marta
e Maria, as irmãs de Lázaro, não entenderam bem porque Jesus esperou quatro
dias para ir ao encontro delas e se preocupar com Lázaro, mas o profeta Isaías
responde a esse questionamento: “Entretanto,
Yahweh espera a hora de mostrar piedade; ele toma a iniciativa de mostrar
compaixão para com vocês, pois Yahweh é um Deus justo, Felizes os que nele
esperam”. (Is 30,18).
Quando Jesus se deu conta que chegara o momento de ir
ao encontro dos irmãos em Betânia, disse aos seus discípulos: “Vamos outra vez à Judéia”. (Jo 11,7b).
Os discípulos se preocuparam com essa atitude de Jesus e contestaram: “Mestre, agora há pouco os judeus queriam te
apedrejar, e vais de novo para lá?” (Jo 11,8), porque, dias antes Jesus
havia discutido com as autoridades religiosas judaicas e dito a elas: “O Pai e eu somos um”, e essas
autoridades “pegaram pedras outra vez
para apedrejar Jesus”, e depois “tentaram outra vez prender Jesus, mas ele
escapou das mãos deles”. (Jo 10,22-39). Jesus não se intimidou com o risco
de ser preso ou apedrejado e até morto e se colocou a caminho, ao encontro de
quem necessitava dele, e disse: “o nosso
amigo Lázaro adormeceu, mas eu vou despertá-lo”. (Jo 11,11b).
A princípio, Jesus não estava falando de uma morte
física; estava falando de uma morte espiritual. O incrédulo não está doente,
mas sim está morto espiritualmente. Quando um homem está fisicamente morto, ele
não mais responde às coisas físicas. Quando um homem está espiritualmente
morto, ele não responde às coisas espirituais que dizem respeito ao Reino de
Deus.
A morte física separa o espírito do corpo; a morte
espiritual separa o homem de Deus. O que o pecador precisa, acima de tudo, é da
vida, é de Jesus: “Eu vim para que todos
tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Para Jesus, Lázaro está apenas adormecido, está
dormindo, está entregue ao sono. “Os
discípulos lhe disseram: ‘Senhor, se ele adormeceu, será salvo’. Na realidade
Jesus quisera falar da morte de Lázaro, ao passo que eles imaginavam que falava
do adormecimento do sono. Jesus disse-lhes, então, abertamente: ‘Lázaro morreu,
e eu estou contente, por vossa causa, de não ter estado lá, a fim de que vós
creais. Mas vamos a ele!” (Jo 11,12-15). Para os demais, aconteceu uma
tragédia; Jesus encara esse fato como um sono passageiro, mas os demais como
uma tragédia irreversível. “Quando Jesus
chegou, já fazia quatro dias que Lázaro estava no túmulo”. (Jo 11,17).
Jesus não se preocupou com o tempo nem quantos dias se
passaram após a morte de Lázaro e quanto tempo ele havia sido sepultado, porque
o pensamento de Deus não é pensamento dos homens: “os meus pensamentos não são os seus pensamentos, nem os seus caminhos
os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a
terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os seus caminhos, e os meus
pensamentos mais altos do que os seus pensamentos”. (Is 55,8-9); “Há, porém, uma coisa que vocês, amados, não
deveriam esquecer: para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um
dia”. (2Pd 3,8).
“Quando Marta
soube que Jesus chegava, foi ao seu encontro, enquanto Maria continuou sentada
em casa.” (Jo 11,20). Marta coloca-se no caminho da fé; vai ao
encontro de Jesus, lamenta pela ausência de Jesus no momento mais crucial: “Senhor, se estivesses estado aqui, o meu
irmão não teria morrido.” (Jo 11,21), mas confia plenamente em Jesus: “Mas mesmo agora, eu sei que tudo o que
pedires a Deus, Deus te dará”. (Jo 11,22). Jesus a consola e responde: “O teu irmão ressuscitará’. ‘Eu sei,
respondeu ela, que ele ressuscitará por ocasião da ressurreição do último dia’.
Jesus lhe disse: ‘Eu sou a Ressurreição e a Vida: aquele que crê em mim, mesmo
que morra, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês
nisto’? ‘Sim, Senhor, respondeu ela, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de
Deus, Aquele que vem ao mundo’.” (Jo 11,23-27). Quando Marta diz: “eu creio” ela assume a sua fé e torna-se
evangelizadora e missionária, e partiu para levar a mensagem à sua irmã: “Dito isso ela partiu para chamar sua irmã,
Maria, e lhe disse baixinho: ‘O Mestre está ai e te chama’.” (Jo
11,28).
Quem crê deve transformar-se em evangelizador e
missionário, e todos os evangelizadores e missionários tem que professar a sua
fé e levar o chamamento do Mestre a todos.
Marta foi convidada a dar um passo para a
ressurreição; Marta representa as pessoas que tem fé; confia que vai dar certo
e parte para chamar seus irmãos ao encontro de Jesus.
Ao receber essa notícia de sua irmã, Maria, que estava
sentada em sua casa (cf Jo 11,20) com várias pessoas que tentavam consolá-la
pela morte do irmão, e essas pessoas “Viram-na
levantar-se subitamente para sair, e a seguiram; imaginavam que ela fosse ao
túmulo para aí se lamentar. Quando Maria chegou ao lugar onde Jesus estava, logo
que o avistou, caiu aos seus pés e lhe disse: “Senhor, se tivésseis estado
aqui, o meu irmão não teria morrido.” (Jo 11,31b-32).
Ao ter recebido a notícia de Marta de que “O Mestre está ai e te chama”, (11,28b),
imediatamente Maria se levanta de onde estava chorosa, em sua casa de pêsames,
desesperança e falta de vida, e leva consigo todos aqueles que estavam com ela
e vai até onde está Jesus.
Ao receber a mensagem, Maria também dá o testemunho de
sua fé, e leva todos até onde está Jesus; transforma-se, também, em
evangelizadora e missionária, levando todos ao encontro de Jesus. Ao chegar
perto de Jesus e cair de joelhos aos seus pés, prostrando-se diante dele, que é
um sinal de reconhecimento da divindade de Jesus, Maria manifesta toda a sua
pequenez diante de quem tudo pode, de quem é a “Ressurreição e a Vida.” (cf 11,25).
Jesus pergunta: “Onde
vocês colocaram Lázaro”? Disseram: ‘Senhor, vem e vê’. (Jo 11,34). Nesse
momento Jesus deixa transparecer sentimentos de sua natureza humana, e chora
pela morte do amigo: “Então Jesus chorou;
e os judeus diziam: ‘Vede como ele o amava’.” (Jo 11,34-36).
Jesus amava Lázaro, um componente daquela comunidade
de fraternidade e amor, e chora; com certeza, é esse o sentimento de quem vê
uma pessoa amada na marginalidade, morta e desconsiderada pela sociedade. A
incredulidade e julgamentos precipitados pairavam até naquele ambiente de luto,
e alguns comentaram: “Um que abriu os
olhos do cego, não poderia ter impedido que esse homem morresse?” (Jo
11,37). Malditos julgamentos. Malditos comentários. Malditas línguas. Não
acontece isso nas nossas comunidades? Mas Jesus ignorou a maledicência e
prosseguiu nas suas atitudes para confortar as irmãs enlutadas. “Jesus, contendo-se de novo, chegou ao
túmulo. Era uma gruta fechada com uma pedra. Jesus falou: ‘Tirem a pedra’.”
(Jo 11,38). Ordem que, à primeira vista, pareceu absurda e Marta, a irmã do
defunto, tenta contornar a situação: “Senhor,
ele já deve estar cheirando mal. Faz quatro dias...” (Jo 11, 39).
Quantos homens e mulheres já estão colocados no
sepulcro da sociedade, lacrado pela pedra do descaso, do abandono, da
indiferença, da descrença, da incredulidade e da falta de crédito, e ninguém
mais se interessa por eles; afinal das contas, eles não tem mais remédio, são
caso perdido. Quando aparece uma alma generosa que os queira ajudar, a
sociedade reage e diz: “não adianta, esse
não tem mais jeito, nem ser ajudado mais ele quer, faz tanto tempo que ele está
nessa situação, está até cheirando mal... fedendo...”. Aquele bêbado caído
na calçada; aquela prostituta que vende o seu corpo para que seus filhos
desnutridos possam ter uma sobrevida. Estão nessa situação não porque querem ou
gostam, mas porque a sociedade não lhes dá condições trabalho para terem uma
vida digna; estão cheirando mal, estão fedendo, não se deve remover a pedra de
seu túmulo porque vai contaminar o ambiente de rótulo hipócrita e farisaico da
sociedade...
Mas, para Jesus, não existe ninguém totalmente
perdido, totalmente morto, e Jesus responde:
“Eu não lhe disse que se você acreditar, verá a glória de Deus?” Tiraram, pois,
a pedra. Jesus ergueu os olhos para o
alto e disse: ‘Pai, eu te dou graças por me ouviste. Eu sei que sempre me
ouves. Mas eu falo por causa das pessoas que me rodeiam, para que acreditem que
tu me enviaste”. Ato contínuo, Jesus gritou bem forte, para que todos o
ouvissem: “Lázaro, sai para fora”. (Jo 11,40-43). E Lázaro, que tinha estado morto até então, obedeceu à ordem de
Jesus e saiu do túmulo e “tinha os braços
e as pernas amarrados com panos e o rosto coberto com um sudário”. (Jo40-44a).
Há três ressurreições mencionadas nos Evangelhos, além
da ressurreição do próprio Jesus. Jesus ressuscitou uma menina de doze anos,
filha de Jairo, logo depois dela ter morrido (Lc 8,49-56). Ressuscitou o filho
da viúva de Naim (Lc 7,11-17). Agora Jesus ressuscita Lázaro que estava na
sepultura por quatro dias (Jo 11,1-45). Aqui temos um retrato de três tipos de
pecadores: uma criança que, se não for bem orientada e educada pode ser uma
sementeira de coisas desagradáveis aos olhos de Deus. O jovem que já julga ser
dono da sua vida, fazendo os pais chorarem pelos seus desmandos. O adulto que
já acha que pode conduzir sua vida sem a ajuda de ninguém, muito menos de Deus.
Todos os três estavam mortos, e Jesus os ressuscitou. Uma pessoa não pode ser
“mais morta” que outra. A única diferença estava no grau de deterioração. Para
a menina, Jesus a toma pela mão, e ordena: “Menina,
levante-se.” (Lc 8,54). Ao jovem Jesus disse: “Jovem, eu lhe ordeno, levante-se.” (Lc 7,14). Para Lázaro Jesus
diz: “Lázaro, sai para fora”. (Jo
11,43). Para a menina Jesus determinou que lhe dessem de comer, porque o seu
estado de desnutrição, tanto física como espiritual era patente. Ao jovem Jesus
o devolveu para sua mãe, porque ele estava ausente das coisas da família e de
Deus. A Lázaro Jesus determina: “Desamarrem
e deixem que ele ande”. (Jo 11,44b). O adulto se encontra amarrado com os
compromissos que o isolam de Deus e que impedem que ele caminhe na vida
verdadeiramente voltada para o alto. O adulto já estava em estado de
decomposição. Mas, “para Deus, nada é
impossível” (Lc 1,37).
A princípio Jesus chama a atenção de Marta, não porque
ela não tivesse fé, mas porque ela julgava a morte de seu irmão um fato
consumado e irreversível, e o Mestre já não deveria mais se desgastar com isso;
mas a força que supera a morte irreversível chama-se amor, e é o amor que
inicia o processo de conversão; mas em se tratando de amor e fraternidade,
frutos divinos de uma comunidade, não existe morte irreversível.
Já haviam lacrado o túmulo com a pedra sepulcral, como
lacramos o túmulo do irmão que não nos é bem quisto e nem bem visto; do irmão
desconsiderado pela sociedade, morto para a sociedade, marginalizado pela
sociedade. Enrolamos esse irmão em faixas, atamos seus pés e mãos, cobrimos seu
rosto com um pano para que ele perca sua identidade e o lacramos com a pedra
sepulcral... Mas, Jesus chega para esse irmão e grita com voz forte: “vem para fora” (Jo 11,43), e esse irmão
volta à vida da sociedade, à vida da família, à vida da fraternidade, à vida do
amor, andando, sim, “E aquele que tinha
estado morto saiu, com os pés e as mãos atadas e o rosto envolto num pano. Jesus
lhes disse: ‘Desatai-o e deixe-o ir’!” (Jo 11, 44). E ai entra a participação e a colaboração da
comunidade de amor e fraternidade no plano de devolver vida, cidadania e
dignidade ao irmão. Jesus pede a colaboração da comunidade; a ressurreição
ainda estava imperfeita, porque o irmão ainda estava preso por amarras, e a sua
ressurreição se torna perfeita com a participação da comunidade que o liberta
das amarras e o deixa andar, o deixa viver e lhe devolve a dignidade de membro
da comunidade de filho de Deus.
O amor de Jesus por Lázaro não morre e é esse amor que
o trás à vida: o amor de Jesus por cada um de nós não morre, e é esse amor que
nos dá a liberdade e a dignidade de filhos de Deus.
Lázaro é a ovelha perdida que volta à vida ao ouvir a
voz do Pastor.
A intenção do Evangelista, não é mostrar algo
maravilhoso, mas a conversão do ser humano...
“Muitos dos
judeus que tinham vindo à casa de Maria e haviam visto o que Jesus fizera
creram nele. Mas outros foram ter com os fariseus e lhes contaram o que Jesus
fizera.” (Jo 11, 45-46). Muitos viram o sinal e acreditaram em Jesus. Em
contrapartida, outros não, e levaram isso ao conhecimento dos que queriam a
morte de Jesus. Os sinais provocam reações diversas: fé ou oposição brutal (cf Jo
7,43; 9,16; 10,19). “Que faremos? Esse
homem opera muitos sinais” (Jo 11,47b), disseram os sumos sacerdotes e os
fariseus; mas, este último sinal vai provocar em Jerusalém, a decisão de levar
Jesus à morte...
Mais profundamente, ainda, a doença e a ressurreição
de Lázaro constituem o ponto de partida da série dos acontecimentos que
conduzirá à morte de Jesus, considerando que as autoridades religiosas se
reuniram para decidir o destino de Jesus: “Que
é que vamos fazer? Este homem está realizando muitos sinais. Se deixarmos que
ele continue assim, todos vão acreditar nele. [...] É melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer. [...]
A partir desse dia, as autoridades dos
judeus decidiram matar Jesus” (cf Jo 11,45-54).
A doença, a morte e a ressurreição de Lázaro seriam o
fiel da balança para definir a glorificação de Jesus na cruz e pela cruz.
A todos os que crêem será oferecida, deste modo, a
possibilidade de participar da sua ressurreição, já que pela cruz se realizará
finalmente a manifestação da glória escatológica (cf Jo 12,16.23.28; 13,31-32;
17,1-5). Depois de sua ressurreição por Jesus, Lázaro também passou a ser
perseguido pelas autoridades religiosas judias por ele ter voltado à vida da
graça e sido fiel seguidor de Jesus: “Muitos
Judeus ficavam sabendo que Jesus estava aí em Betânia. Então
foram ai, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus
havia ressuscitado dos mortos. Então os chefes dos sacerdotes decidiram matar
também Lázaro, porque, por causa dele, muitos judeus deixavam seus chefes e
acreditavam em Jesus.” (Jo 12,9-11).
Dá para entender???
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