segunda-feira, 14 de abril de 2014

MARIA, MÃE DAS DORES

MARIA, MÃE DAS DORES


“E uma espada traspassará tua alma”. (Lc 2, 35).  Palavras do velho Simeão à Maria, Mãe de Jesus Cristo, quando da apresentação do Menino Jesus no templo oito dias após o seu nascimento.                
Naquele momento Maria deve não ter entendido bem  toda a extensão e profundidade dessas, palavras, mas, durante toda a sua vida ela as guardou e meditou em seu coração. Trinta anos depois, quando seu Filho Jesus começou a sua vida pública e Maria começou a observar a ingratidão do povo para com o seu Deus, e, principalmente, quando se aproximava a hora final, quando seu Filho deveria se entregar para ser a vítima santa e imaculada, Maria começou a entender melhor o significado daquelas palavras.
E essa espada de dor que se cravou na alma de Maria se fez sentir mais dolorosamente a partir da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando ela pressentiu que aquilo era o começo do fim.    
Mesmo à distância Maria acompanhou o triunfo de seu Filho, um triunfo que foi apenas um relâmpago que cortou os céus para, logo em seguida, explodir na trovoada das injúrias lançadas contra o seu amado Filho, e a tempestade da ingratidão dos homens a quem ele viera para salvar, e agora o condenam à morte.
Nos lábios de Maria ainda afloram  aquelas palavras de entrega total que ela pronunciara quando da anunciação do Anjo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1, 38); e Maria, naqueles momentos de dores em que a espada em sua alma se fazia mais sentir, recordava das palavras do velho Simeão e repetia a sua entrega total a Deus Pai, tornando, desta maneira, ainda mais perfeito o sacrifício de um Deus Criador que morria pelas suas criaturas.
          Maria, nesses momentos decisivos da salvação da humanidade, nos momentos mais dolorosos da vida de seu Filho, não se afastou dele, e onde quer que ele estivesse lá estava ela, nem que fosse em espírito, para, com a sua presença, dar mais forças para que seu Sagrado Filho pudesse suportar com mais amor a ingratidão dos homens. Maria estava lá, na última ceia, e comungou também do Corpo Sacrossanto de seu Amado Filho, a vítima imaculada, a vítima perfeita.
Maria sentiu as dores da flagelação, porque a carne que estava sendo massacrada pela flagelação era a sua carne, e o sangue que estava sendo derramado do corpo de seu Filho era o seu sangue. Maria sentiu os espinhos entrarem dolorosamente na fronte e na cabeça de seu Filho, porque, aquela testa que estava sendo rasgada tão tristemente dolorosa pelos espinhos, era a mesma testa que ela afagava e beijava quando o seu inocente Jesus dormia, quando ainda criança.  A espada de dor, mais do que nunca, se fazia sentir na alma de Maria. E ela já sabia que tudo isso ia acontecer, porque os Profetas do Antigo Testamento já haviam antecipado  a paixão e morte do seu adorado Filho, e Maria conhecia muito bem  as Escrituras Sagradas. E agora, o seu Filho, que viera salvar, é condenado.
O seu Amado Filho, que curara tantos doentes, que fizera tantos cegos voltarem a ver, os paralíticos andarem, os mudo falarem, que perdoara tantos pecados, que expulsara tantos demônios, que acabara com tantos males, que afastara tantas preocupações, que alimentara tantos famintos, que aliviara tantas dores, recebe agora, em seus ombros, uma cruz, a cruz que seria o seu leito de morte, a cruz que o deixaria suspenso entre o céu e a terra para que todos os que os que olhassem para ele e reconhecessem nele realmente o Filho de Deus, fossem salvos.
A entrega de Jesus era como um ato de desespero de alguém que queria salvar, enquanto os que deveriam ser salvos relutavam em permanecer no pecado  e permanecerem no pecado e distanciados do seu Salvador.
E Maria acompanhava o seu Divino Filho pelo seu caminho da cruz até o Calvário.
Maria sente os impactos e as dores das chicotadas que rasgam  aquela carne virginal de seu Filho; sente o nojo dos escarros no rosto; depois, ouve a pancada forte e surda do martelo nos cravos, rasgando violentamente aquelas mãos que se ergueram somente e apenas para abençoar, para fazer o bem, para salvar; os cravos rasgam os pés que caminharam somente e apenas para levar a salvação a todos os homens.
Maria, como o seu Filho, também estava despedaçada, e repetia a frase do Profeta que dizia: “Você que passa pelo caminho, veja se há dor semelhante à minha dor.”
Não há e nem    pode existir jamais dor semelhante à sua, Virgem Mãe.
E nós, todos nós, sem distinção, somos responsáveis por tudo isso.
E, no final de tudo, a Senhora, Mãe, nos aceita como filhos; a Senhora aceita ser a nossa Mãe, nos tornando, assim, irmãos do seu Divino Filho, a quem nós matamos e por meio de quem fizemos a Senhora sofrer a espada de dor profetizada pelo velho Simeão.
Jamais entenderemos, Mãe, a extensão do seu amor para conosco porque, se fosse aplicar a justiça, estaríamos todos perdidos irremediavelmente, mas, maior que a justiça divina está a misericórdia de Deus, e a Senhora, Mãe, é a Mãe de Misericórdia, é a personificação da Misericórdia Divina.

Um comentário:

  1. Olá Sr. Milton,

    Belo texto, muito explicativo e que me faz conhecer cada vez mais a palavra de Deus, entender a vinda de Jesus, as dores dele e de Maria, e tudo que fez por nós.

    Abençoada Semana!

    Abraços!

    Eliane

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