SÃO JOSÉ DE ANCHIETA – O TERCEIRO SANTO BRASILEIRO
José de Anchieta SJ, nascido em San
Cristóbal de La Laguna, na ilha de Tenerife, arquipélago das Canárias, a 19 de
março de 1534 e falecido em Reriritiba a 9 de junho de 1597, foi um padre
jesuíta espanhol, um dos fundadores da cidade de São Paulo, declarado beato
pelo Papa João Paulo II e santo pelo Papa Francisco. É cognominado de Apóstolo
do Brasil.
Anchieta é o primeiro dramaturgo, o
primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias, e pai da literatura
brasileira.
José de Anchieta era filho de Juan de
Anchieta Celayaran e de Mencía Díaz de Clavijo, descendente da nobreza canária.
Era primo de Santo Inácio de Loyola.
Seu pai era um revolucionário basco e um
grande devoto da Virgem Maria. Sua mãe era natural das Ilhas Canárias, filha de
judeus cristãos-novos. O avô materno, Sebastião de Llarena, era um judeu
convertido do Reino de Castela. Dos doze irmãos, além dele abraçaram o
sacerdócio Pedro Núñez e Melchior.
Anchieta viveu com a família até aos
quatorze anos de idade, quando se mudou para Coimbra, em Portugal, onde foi
estudar Filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade
de Coimbra. A ascendência judaica foi determinante para que o enviassem para
estudar em Portugal, uma vez que na Espanha, à época, a Inquisição era mais
rigorosa.
Ingressou na Companhia de Jesus em 1551
como irmão.
Tendo o padre Manoel da Nóbrega,
Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a atividade de evangelização
do Brasil (mesmo os fracos de engenho e os doentes do corpo), o
Provincial da Ordem, padre Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de
Anchieta.
Anchieta, que padecia de "espinhela
caida", chegou ao Brasil em 13 de Junho de 1553, com menos de 20 anos de
idade, com outros padres como o basco João de Azpilcueta Navarro. Noviço, veio
na armada de Duarte Góis e só mais tarde conheceria Manoel da Nóbrega, de quem
se tornaria particular amigo. Nóbrega lhe deu a incumbência de continuar a
construção do Colégio e foi a partir deste que Anchieta abriu os caminhos do
sertão, aprendendo a língua tupi e compondo a primeira gramática desta que, na
América Portuguesa, seria chamada de "língua geral".
No seguimento da sua ação missionária,
participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, do
qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo, junto com outros padres da
Companhia, em 25 de janeiro de 1554. Esta povoação contava, no primeiro ano da
sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam recebido o batismo.
Sabe-se que a data da fundação de São
Paulo é o dia 25 de Janeiro por causa de uma carta de Anchieta aos seus
superiores da Companhia de Jesus, na qual diz: “A 25 de janeiro do ano do Senhor de 1554 celebramos em paupérrima e
estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São
Paulo, e por isso, a ele dedicamos nossa casa”.
O religioso cuidava não apenas de educar e
catequizar os indígenas, como também de defendê-los dos abusos dos
colonizadores portugueses que queriam não raro escravizá-los e tomar-lhes as
mulheres e filhos.
Esteve em Itanhaém e Peruíbe, no litoral
sul de São Paulo, na quaresma que antecedeu a sua ida à aldeia de Iperoig,
juntamente com o padre Manuel da Nóbrega, em missão de preparo para o
Armistício com os Tupinambás de Ubatuba (Armistício de Iperoig).
Nesse período, em 1563, intermediou as
negociações entre os portugueses e os indígenas reunidos na Confedração dos
Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos Tamoios em Iperoig, enquanto o
padre Manuel da Nóbrega retornou a São Vicente juntamente com Cunhambebe
(filho) para ultimar as negociações de paz entre os indígenas e os portugueses.
Durante este tempo em que passou entre os
gentios compôs o "Poema à Virgem". Segundo uma tradição, teria
escrito nas areias da praia e memorizado o poema, e apenas mais tarde, em São
Vicente, o teria trasladado para o papel. Ainda segundo a tradição, foi também
durante o cativeiro que Anchieta teria em tese "levitado" entre os
indígenas, os quais, imbuídos de grande pavor, pensavam tratar-se de um
feiticeiro.
Lutou contra os franceses estabelecidos na
França Antártica na baía da Ganabara; foi companheiro de Estácio de Sá, a quem
assistiu em seus últimos momentos (1567).
Em 1566 foi enviado à Capitania da Bahia
com o encargo de informar ao governador Men de Sá do andamento da guerra contra
os franceses, possibilitando o envio de reforços portugueses ao Rio de Janeiro.
Por esta época foi ordenado sacerdote aos 32 anos de idade.
Dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de
Janeiro por três anos, de 1570 a 1573. Em 1569, fundou a povoação de Reritiba
(ou Reritiba), atual Anchieta, no Espírito Santo.
Em 1577 foi nomeado Provincial da
Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos, sendo
substituído em 1587 a seu próprio pedido.
Retirou-se para Reritiba, mas teve ainda
de dirigir o Colégio do Jesuítas em Vitória, no Espírito Santo. Em 1595 obteve
dispensa dessas funções e conseguiu retirar-se definitivamente para Reritiba
onde veio a falecer, sendo sepultado em Vitória.
A 27 de Fevereiro de 2014 o Papa Francisco
anunciou que o Padre Anchieta será canonizado em Roma, em Abril de 2014. A data
foi finalmente marcada para 02 de abril de 2014.
Enquanto isso, em 24 de Abril será a
cerimônia de Ação de Graças, presidida pelo Papa, que será realizada na Igreja
de Santo Inácio de Loyola. O Padre Anchieta será o segundo santo nativo das Ilhas
Canárias depois de Pedro de Betancourt. Concorda que 24 de Abril é a festa de
Pedro de Betancurt. Será uma canonização equivalente, sendo a sexta canonização
pelo Papa Francisco, bem como o segundo jesuíta a ser canonizado pelo próprio
Papa, após o francês Pedro Fabro. Da mesma forma, será a primeira canonização
de 2014.
O processo durou 417 anos e foi um dos
mais longos da história. Não será necessário a comprovação dos milagres,
normalmente pelo menos dois, um para a beatificação, outro para a canonização.
Anchieta não tem nenhum milagre comprovado oficialmente.
José de Anchieta é amplamente reverenciado
tanto no Brasil, quanto nas Ilhas Canárias (local de seu nascimento). Na cidade
de San Cristóbal de La Laguna há uma imponente estátua de bronze em sua
homenagem, trabalho do artista brasileiro Bruno Giorgi.
A estátua retrata José de Anchieta
caminhando para Portugal e foi um presente do Goiverno do Brasil para a sua
cidade natal. Também é venerada na Catedral de San Cristóbal de La Laguna, uma
imagem de madeira de Anchieta, que segue em procissão pelas ruas da cidade a
cada 9 de Junho, data da sua morte.
Na Basílica de Nossa Senhora da Candelária,
santuário da padroeira das Ilhas Canárias, localizada no sudeste da ilha de Tenerife,
há uma pintura que apresenta José de Anchieta fundando a cidade de São Paulo.
Em 1965, o serviço postal da Espanha
emitiu um selo com a imagem de Anchieta, em uma série chamada "Forjadores
de América". Em 1997, foi publicado em sua cidade natal um pequeno
livro, de cerca de 40 páginas no formato de quadrinhos, que conta a história de
Padre Anchieta.
A sua disposição em caminhar levava a que
percorresse, duas vezes por mês, a trilha litorânea entre Iriritiba, e a Ilha
de Vitória, com pequenas paradas para pregação e repouso nas localidades de Anchieta
(que foi chamada também Benevente e Reritiba) Guarapari, Setiba, Ponta da Fruta
e Barra do Jucu. Modernamente, esse percurso, com cerca de 105 quilômetros, vem
sendo percorrido a pé por turistas e peregrinos, à semelhança do Caminho de
Santiago, na Espanha.
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