terça-feira, 16 de setembro de 2014

PAPA FRANCISCO: "É triste descobrir que os cristãos já não são o sal da terra"

PAPA FRANCISCO: "É triste descobrir que os cristãos já não são o sal da terra"


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No itinerário dominical com o Evangelho de Mateus, hoje chegamos ao ponto crucial em que Jesus, depois de ter verificado que Pedro e os outros onze tinham acreditado nele como Messias e Filho de Deus, “começou a explicar-lhes que tinha que ir à Jerusalém e sofrer muito..., ser morto e ressuscitar ao terceiro dia" (Mt 16, 21).
É um momento crítico no qual emerge o contraste entre o modo de pensar de Jesus e aquele dos discípulos. Pedro até mesmo se sente no dever de reprovar o Mestre, porque não pode atribuir ao Messias um fim tão vergonhoso. Então Jesus, por sua vez, repreende severamente Pedro, coloca-o de volta “na linha”, porque não pensa “como Deus, mas como os homens” (versículo 23) e sem perceber faz a tarefa de Satanás, o tentador.
Sobre este ponto insiste, na liturgia deste domingo, também o apóstolo Paulo, que, escrevendo aos cristãos de Roma, lhes diz: "Não vos conformeis com este mundo - não entreis nos padrões deste mundo -, mas deixai-vos transformar renovando o vosso modo de pensar, para poder discernir a vontade de Deus” (Romanos 12, 2).
         Na verdade, nós cristãos vivemos no mundo, totalmente inseridos na realidade social e cultural do nosso tempo, e com razão; mas isso traz o risco de que nos tornemos "mundanos", o risco de que "o sal perca o sabor", como diria Jesus (cf. Mt 5, 13), ou seja, que o cristão se torne aguado, perca a novidade que lhe vem do Senhor e do Espírito Santo.
Em vez disso, deveria ser o contrário: quando nos cristãos permanece viva a força do Evangelho, essa pode transformar “os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida” (Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, 19).
É triste encontrar cristãos "aguados", que parecem vinho diluído, e não se sabe se são cristãos ou mundanos, como o vinho diluído que não se sabe se é vinho ou água! É triste isso. É triste encontrar cristãos que não são mais o sal da terra, e sabemos que quando o sal perde o seu sabor, não serve mais para nada. O seu sal perdeu o sabor porque se entregou ao espírito do mundo, ou seja, se tornou mundano.
Portanto, é necessário renovar-se continuamente com a seiva do Evangelho. E como é possível fazer isso na prática? Antes de mais nada, lendo e meditando o Evangelho a cada dia, para que a palavra de Jesus esteja sempre presente na nossa vida. Lembrem-se: sempre será de ajuda levar o Evangelho com vocês: um pequeno Evangelho, no bolso, na bolsa, e ler uma passagem durante o dia. Mas sempre com o Evangelho, porque é levar a Palavra de Jesus, e poder lê-la. Também participando da Missa dominical, onde encontramos o Senhor na comunidade, escutamos a sua palavra e recebemos a Eucaristia que nos une a Ele e entre nós; e depois são muito importantes para a renovação espiritual as jornadas de retiro e de exercícios espirituais.
Evangelho, Eucaristia e oração. Não se esqueça: Evangelho, Eucaristia, oração. Graças a esses dons do Senhor podemos conformar-nos não ao mundo, mas a Cristo, e seguir o seu caminho, o caminho do “perder a própria vida” para reencontrá-la (versículo 25). "Perdê-la", no sentido de doá-la, oferecê-la por amor, e no amor - e isso envolve o sacrifício, até mesmo a cruz - para recebê-la novamente purificada, livre do egoísmo e da hipoteca da morte, cheia de eternidade.
A Virgem Maria nos precede sempre nesta jornada; deixemo-nos guiar e acompanhar por ela. [...]. (Palavras do Papa Francisco no domingo, dia 31 de agosto, às 12 horas durante a oração do Ângelus na Praça de São Pedro).

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