SANTA TERESINHA DO
MENINO JESUS
Santa
Teresinha do Menino Jesus nasceu em Alençon (França), no dia 2 de janeiro de
1873, sendo batizada dois dias depois na igreja de Notre-Dame com o nome de
Marie Françoise Thérèse. Seu pai, Louis Martin, relojoeiro e joalheiro, que aos
20 anos tentara ser monge da Ordem de São Bernardo, está perto dos 50 anos
quando nasce sua nona filha. Sua mãe, Zélie Martin, famosa bordadeira do
conhecido "ponto de Alençon", gera Teresa aos 41 anos. Vítima de
câncer, essa piedosa mulher falece no dia 28 de agosto de 1877.
Aos três anos,
a pequena Teresa já está decidida a não recusar nada ao Bom Deus. Louis Martin
transfere-se com as cinco filhas para a cidade de Lisieux, por sugestão do
cunhado, Senhor Guérin. Os outros irmãos morreram ainda pequenos. Aí, cercada
pelo carinho do pai que chama sua caçula de "minha rainha" e pela
ternura das irmãs, Teresa recebe uma formação exigente e cheia de piedade. Suas
irmãs se chamam Maria, Paulina, Leônia e Celina. Na festa de Pentecostes de
1883, ela é milagrosamente curada de uma enfermidade através de um sorriso que
lhe oferece a Virgem Maria.
Educada pelas monjas beneditinas, até outubro de
1885, completa seus estudos em casa sob a orientação de Madame Papineau. Fez a
primeira comunhão em 08 de maio de 1884, depois de uma intensa preparação. Este
grande dia marca a "fusão" de Teresinha com Jesus. No dia 14 de junho
do mesmo ano recebe o sacramento da Crisma, muito consciente dos dons que lhe
são implantados no coração. No Natal de 1886 vive uma profunda experiência
espiritual, uma virada decisiva em sua vida, que ela chama de conversão: aos 13 anos, a
menina chorosa e caprichosa, conforme seu próprio testemunho abandona os cueiros da infância. Supera
a fragilidade emotiva consequente da perda da mãe e inicia uma corrida de gigante no caminho da perfeição.
Põe-se a
pensar seriamente em abraçar a vida religiosa como monja carmelita, a exemplo
de suas irmãs Maria e Paulina, no Carmelo de Lisieux, mas é impedida em seu
sonho devido à pouca idade. Por ocasião de uma peregrinação à Itália, depois de
visitar Loreto e alguns pontos de Roma, numa audiência concedida pelo Papa Leão
XIII a um grupo de peregrinos de Lisieux, no dia 20 de novembro de 1887,
audaciosamente ela suplica ao Santo Padre a permissão para ingressar no Carmelo
aos 15 anos de idade.
No dia 9 de
abril de 1888, após muitas dificuldades, consegue realizar seu sonho e é aceita
na clausura do Carmelo. Recebe o hábito da Ordem da Virgem no dia 10 de janeiro
do ano seguinte. Emite seus votos religiosos no dia 8 de setembro de 1890,
festa da Natividade da Virgem Maria. Inicia no Carmelo o caminho da perfeição
traçado pela Madre Fundadora, Santa Teresa de Jesus, cumprindo com fervor e
fidelidade os ofícios que lhe são confiados.
Em 1895, por obediência, começa a
escrever suas memórias que serão publicadas, após sua morte, com o título História
de uma Alma. Este livro será responsável pela divulgação da vida e espiritualidade
de Santa Teresinha no mundo inteiro, sendo traduzido em 58 línguas. No dia 9 de
junho de 1895, na festa da Santíssima Trindade, oferece-se vítima de holocausto
ao Amor Misericordioso de Deus. Em 03 de abril do ano seguinte, na noite entre
a Quinta-feira e a Sexta-Feira Santa, tem uma primeira manifestação da
tuberculose, a doença que a levará à morte. Teresa não se rebela. Acolhe sua
enfermidade como a misteriosa visita do Esposo Divino. Serão 27 meses de
terrível martírio. Começa uma prova de fé, mas manter-se-á firme até o fim, sem
jamais rebelar-se. Tudo aceita com paciência e amor. Chega a dizer que jamais pensou que fosse capaz de
sofrer tanto.
Tendo piorado
a sua saúde, em 08 de julho de 1897 é conduzida à enfermaria do Carmelo. Suas
irmãs e as outras monjas, no afã de não perder nenhuma de suas palavras, anotam
tudo que ela diz entre dores atrozes e gemidos. Pouco antes de morrer, sem o menor consolo, exclamou: Não
me arrependo de haver-me entregue ao amor. Às 19 horas do dia 30 de
setembro de 1897 fixou os olhos no crucifixo e exclamou: Meu Deus, eu Te amo. Depois de
um êxtase que teve a duração de um Credo,
expirou. Obscura e anônima, parte para os braços do Pai a humilde carmelita que
um dia será chamada a maior
Santa dos tempos modernos.
O Papa Pio XI a canonizou no dia 17 de maio de
1925. No dia 9 de junho de 1897 havia prometido fazer cair uma chuva de rosas sobre o mundo. No dia 17 de julho
explicara melhor em que consistiria esta chuva: Eu quero passar o meu céu fazendo
o bem sobre a terra. No dia 1o de
agosto havia profetizado: Ah, eu sei que o mundo inteiro me amará. De
fato, em vinte cinco anos foram contados mais de quatro mil prodígios
atribuídos à sua intercessão. A leitura e meditação de História de uma Alma vem causando, há cem anos, incontáveis
conversões.
Sua mensagem
pode ser resumida em quatro pontos: - sigamos o caminho da simplicidade; -
entreguemo-nos com todo nosso ser ao amor; - em tudo busquemos fazer cumprir a
vontade de Deus; - e que o zelo pela salvação das pessoas devore nossos
corações.
No dia 14 de
dezembro de 1927, o Papa Pio XI proclamou "Santa
Teresa do Menino Jesus padroeira principal de todos os missionários, homens e
mulheres, e de todas as missões existentes em toda a terra, com São Francisco
Xavier e com todos os direitos e privilégios que convêm a este título".
Teresinha nada realizou que merecesse aplausos do mundo. Não fundou mosteiros
como Teresa d'Ávila, nem foi viver no meio dos leprosos como Francisco de
Assis. Deus a convidou a realizar miudezas, coisas insignificantes. Deu-lhe a
missão de nos lembrar o valor dos "pequenos nadas". Chamou-a para que
ela nos revelasse a estrada do abandono em Suas mãos. E Teresinha não decepcionou
o seu Bem-Amado. Ela nos mostra o quanto é salutar aceitarmos nossos próprios
limites e assumir a nossa pequenez, sem nos envergonharmos de nossa humanidade.
Nada há de extraordinário na vida dessa monja. O que há de especial em
Teresinha é a simplicidade com que amou a Deus. Nunca pôde deixar o seu Carmelo
para ir evangelizar em terras distantes, embora tenha acalentado o sonho de ir
para o Oriente e ali viver sua vocação ao amor. Seu desejo de ser missionária
era tão intenso que chega a confessar que não desejava sê-lo somente durante
alguns anos, mas desde a criação até a consumação dos séculos. Além do mais
afirma que uma só missão não lhe bastaria. Manteve correspondência com dois
missionários, a quem extravasava seus ideais de partir em missão. O ardor missionário
de Teresinha se manifesta no seu zelo em salvar almas, isto é, conduzir as
pessoas a Deus, fazendo-as cientes do quão são amadas pelo Senhor
Misericordioso. Sua missão é fazer Deus amado, adorado, por seu amor, por sua
bondade.
No Carmelo compreendeu que sua missão era "fazer amado o Rei do céu,
submeter-lhe o reino dos corações..." Teresinha amplia o conceito de
missão, levando-nos a compreender que, pela oração, também podemos nos tornar
missionários.
A oração é o sustento da ação missionária.
A eficácia da
evangelização depende da união com Deus. O trabalho de um apóstolo será mais
eficaz se ele for um contemplativo. Um contemplativo será tanto mais autêntico
quanto mais apostólica for sua intenção. Neste sentido, Teresinha foi uma
apóstola, uma autêntica missionária pois ajudou, pela oração e por sacrifícios,
os missionários, participando de seus trabalhos através de seu coração
solidário, sedento de conduzir as pessoas ao conhecimento do amor
misericordioso de Deus. Para a Padroeira das Missões, a oração é uma arma
invencível que Jesus lhe deu para tocar as pessoas. Muito mais que as palavras,
a oração sensibiliza, testemunha, conforta e transmite esperança. Nossa vida de
oração poderá estimular a santificação das pessoas através da atenção aos
sinais da presença de Deus nos acontecimentos.
A Santa de Lisieux nos ensina
por sua vida que a contemplação é o alicerce da missão. É necessário cultivar
uma espitualidade substanciosa, radicada no Evangelho, marcada pela necessidade
de estarmos na presença de Deus numa atitude de adoração e escuta. Missão que
não é sedimentada na oração não oferece resultados. Santa Teresinha, padroeira
das missões, intercede junto a Jesus por todos os missionários e missionárias,
por aqueles que deixam suas famílias para anunciar o Evangelho em terras
distantes. Para que possamos entender que todo cristão é chamado a ser
missionário em sua própria família, em sua escola, em seu trabalho. Anunciar,
evangelizar, espalhando a boa notícia de Jesus é tarefa de todos!
Por que Santa
Teresinha é conhecida mundialmente como "A Santa das Rosas"? No dia
11 de março de 1873, não sabendo mais o que fazer para curar sua pequena
Thérése de uma atroz gastroenterite, Zélie Martin resolveu ir a Sémaillé, um
vilarejo próximo a Alençon, à procura de uma senhora chamada Rose Taillé para
ser a ama-de-leite de sua caçula. Assim, de 16 de março de 1873 a 2 de abril de 1874,
Teresa viveu nesse lugar onde os habitantes tinham um belo costume:
presentearem-se, por qualquer motivo, com flores. É provável que a precoce
convivência com esses odores tenha acendido em nossa santa uma paixão que
jamais a abandonará: as flores, especialmente as rosas. Em carta à sua prima
Maria Gurérin, escrita no dia 18 de agosto de 1887, Teresinha vai afirmar seu
amor pelas rosas: "Amo
tanto uma bela rosa branca, quanto uma rosa vermelha".
Sentia-se
feliz quando podia lançar pétalas de rosas para o alto quando passava o
ostensório com o Santíssimo Sacramento. Madre Inês, sua irmã de sangue, relata que,
no dia 14 de setembro de 1897, Teresinha ganhou uma rosa e a desfolhou sobre o
crucifixo de forma muito carinhosa. Algumas pétalas caíram no chão da
enfermaria. Muito seriamente, a santa teria afirmado: "Ajuntai bem estas
pétalas, minhas irmãzinhas, elas vos servirão a dar alegrias, mais tarde... Não
percam nenhuma..." Seu prazer era atirar flores no grande crucifixo do
pátio do Carmelo. Gostava de cobrir o seu crucifixo de rosas de forma muito
cuidadosa, afastando as pétalas murchas. No entanto, não lançava flores em ninguém. Madre Inês
conta que certa vez colocou-lhe rosas nas mãos, pedindo-lhe que as atirasse em
alguém, como sinal de afeto. A santa recusou-se a fazê-lo. Ela só desfolhava e
lançava rosas para seu amado Jesus. Santa Teresinha aproveita a imagem da rosa
para explicar um elemento importante de sua "Pequena Via": "Compreendi que o brilho da
rosa... não tira o perfume da pequena violeta... Compreendi que, se todas as
florzinhas quisessem ser rosas, a natureza perderia seu enfeite primaveril..." Por isso, ela conclui, Deus criou " os grandes santos que podem
ser comparados.... às rosas". No
jardim da vida há lugar para as humildes flores, as frágeis violetas, que não
possuem o vigor e o perfume das rosas, mas mesmo assim enfeitam o mundo. As rosas
são os gigantes da fé. As violetas são as almas pequenas que trilham o pequeno
caminho. Quem tanto amava as rosas, vai prometer, quase ao fim da vida, que
fará chover rosas sobre o mundo. Com esta promessa estava se prontificando a
interceder pela humanidade junto a Deus. Haveria de conseguir muitas graças e
bênçãos junto ao Pai. Após sua morte os milagres irão se multiplicar. Ela
prometeu continuar sua missão no céu, trabalhando para o bem das almas e não
frustrou os que confiam em sua oração. Ainda hoje são muitos os relatos de
curas, milagres e conversões realizados por intermédio da humilde carmelita.
Eu sou
pequena demais para subir a rude escada da perfeição, afirma Santa
Teresinha. Ainda assim, queria ser uma grande santa, porque para ela, nos
caminhos de Jesus Cristo não há meios-termos. Ela admirava os santos que
cometeram loucuras em seu amor a Deus e media sensatamente a distância que a
separava deles. A fraqueza se fez força em Teresinha. Essa
lúcida mulher que um dia desistiu da rude
escada da perfeição foi
proclamada Doutora da Igreja pelo Papa João Paulo II, em Roma, no dia 19 de
outubro de 1997. Nesse dia, o Papa disse, no momento da homilia:
“Entre os
'Doutores da Igreja', Teresa do Menino Jesus e da Santa Face é a mais jovem,
mas o seu ardente itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as
intuições da fé expressas em seus escritos são tão vastas e profundas que a
tornam digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais.” E na Carta
Apostólica Divinis Amoris Scientia, ainda afirma o Papa: “Teresa oferece uma
síntese amadurecida da espiritualidade cristã. Ela une a teologia e a vida
espiritual, exprime-se com vigor e autoridade, com grande capacidade de
persuasão e de comunicação, como demonstram o acolhimento e a difusão da sua
mensagem no Povo de Deus”.
Sua sabedoria e inteligência colocados a serviço do
anúncio da Palavra vêm transformando os corações, conduzindo gerações e
gerações de pessoas no mundo inteiro à experiência do amor misericordioso de Deus,
de forma simples, descomplicada. Meninos e meninas, pobres e desprezados, todos
os que têm um coração de criança são homenageados nesse título que tanto
demorou para ser conferido. Os pequenos se tornam Doutores. Passados mais de
cem anos, a Doutora Teresinha tem uma Palavra forte e esclarecedora a nos
dizer. Palavra profética de mulher missionária que nos faz retornar ao
Evangelho. Acabaram os argumentos daqueles que tentavam escapar aos desafios da
vida cristã e dos caminhos da santidade. O Evangelho pode ser vivido por
pequenos pássaros como nós. Teresinha, com seu ensinamento, nos mostra como
isso pode acontecer. A menina, agora teóloga laureada, prova-nos que o
Evangelho está vivo e pode pulsar em nós, em nossa vida. Ele existe também para
nós, cristãos frágeis e atônitos ante a realidade que nos aflige.
A Doutora nos
faz descobrir que o Evangelho não é um compêndio de frases edificantes escritas
para nos comover ou atemorizar. O Evangelho é uma pessoa concreta: Jesus de
Nazaré! Uma vez apaixonados por Ele e atentos à lição de Teresinha, saberemos
encontrar o melhor modo de segui-lo. Teresinha teve seus últimos anos
consumidos pela terrível tuberculose, que, no entanto, não venceu sua paciência
com os desígnios do Supremo. Morreu em 1° de outubro de 1897, com vinte e
quatro anos, depois de prometer uma chuva de rosas sobre a Terra quando
expirasse. Essa chuva ainda cai sobre nós, em forma de uma quantidade
incalculável de graças e milagres alcançados através de sua intervenção em
favor de seus devotos. Teresa de Lisieux foi beatificada em 1923 e canonizada
em 1925 pelo papa Pio XI. Ela, que durante toda a sua vida teve um grande
desejo de evangelizar e ofereceu sua vida à causa missionária, foi aclamada,
dois anos depois, pelo mesmo pontífice, como "padroeira especial de todos
os missionários, homens e mulheres, e das missões existentes em todo o
universo, tendo o mesmo título de são Francisco Xavier". Esta "grande
santa dos tempos modernos" foi proclamada doutora da Igreja pelo papa João
Paulo II em 1997.
Também comemorados no dia de hoje: Santo Aretas e seus 104
companheiros (mártires de Roma), São Dommino de Tessalônica (mártir), Santos
Prisco, Crescente e Evágrio (mártires de Tomes), São Remígio ou Remy, São
Versíssimo, São Milor.
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