SEGUNDO DOMINGO DE TEMPO COMUM – ANO “C”
“ELES NÃO TÊM MAIS VINHO”. (Jo 2,3).
Diácono
Milton Restivo
Ainda,
e por algum tempo, a liturgia continua ligada aos acontecimentos do Natal, quando
aconteceu a primeira manifestação de Jesus no nosso meio. A história da
liturgia da Igreja mostra-nos que, antigamente, na mesma oportunidade, de uma
só vez e no mesmo dia, eram festejados os três momentos da epifania de Jesus,
ou seja, a manifestação de Jesus no nosso meio: a visita dos magos, o batismo
de Jesus e as bodas da Caná.
Aos
magos Jesus se manifestou como “o rei dos
Judeus” sob a luz radiante e o brilho da estrela que conduziu os magos até
ele: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus?
Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para prestar-lhe homenagem”. (Mt
2,2).
Por
ocasião do batismo de Jesus o Pai revelou a identidade definitiva de Jesus: “Este é o meu Filho amado que muito me
agrada” (Mt 3,17), e nessa oportunidade, Jesus foi ungido pelo Espírito
Santo: “O Espírito de Deus descendo como
pomba e pousando sobre ele” (Mt 3,16) e, a seguir, João Batista apresenta
Jesus ao mundo, na pessoa de seus discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”. (Jo
1,29). E, finalmente, em Caná da Galiléia onde, participando de uma festa de
casamento, Jesus manifestou a sua glória ao transformar a água em vinho, e os
seus discípulos creram nele: “Foi assim,
em Caná da Galiléia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua
glória, e seus discípulos acreditaram nele”. (Jo 2,11).
Portanto,
estamos ainda em clima de manifestação, de epifania daquele que veio do Pai
para nossa salvação. É neste contexto que as leituras desta liturgia devem ser
interpretadas.
É
neste contexto que tem início no Ano Litúrgico, o Tempo Comum.
No
Evangelho de João Jesus não faz milagres, realiza sinais; demonstra sinais onde
deixa transparecer a presença de Deus no meio do povo.
No Antigo Testamento todo profeta
devia provar a autenticidade de sua missão por meio de sinais, de prodígios realizados
em nome de Deus, como vemos em Isaias: “Pede
para você um sinal a Yahweh...” (Is
7,11) e no Evangelho de João: “Rabi,
sabemos que tu és um mestre vindo da parte de Deus. Realmente ninguém pode realizar
os sinais que tu fazes se Deus não
está com ele”. (Jo 3,2); “Que sinal realizas para que possamos ver e
acreditar em ti?” (6,30); “Quando o
Messias vier, será que vai fazer mais sinais
do que este fez?” (Jo 7,31); “Mas
como pode um pecador realizar esses sinais?” (9,16). Esperava-se
especialmente do Messias que ele renovasse os prodígios de outros profetas e de
Moisés, conforme João 1,21, quando confundiram João Batista com o Messias: “Eles perguntaram: ‘Então, quem é você?
Elias?’ João disse: ‘Não sou’. Eles perguntaram: ‘Você é o Profeta?’ Ele
respondeu: ‘Não.”
No
Evangelho de João Jesus realizou, pois, “sinais”
para incitar os homens a crerem em sua missão divina porque essas obras, esses sinais, testemunham que Deus o enviou
que o Pai está nele com o poder da sua glória e que o Pai é quem realiza essas
obras: “Se não faço as obras de meu Pai,
vocês não precisam acreditar em
mim. Mas eu as faço, mesmo que vocês não queiram acreditar em
mim, acreditem pelo menos em minhas obras.” (João 10,37-38) e “Quem me viu, viu o Pai. Como é que você
diz: ‘mostra-nos o Pai?’ Você não acredita que eu estou no Pai e o Pai está em
mim? As palavras que digo a vocês, não as digo por mim mesmo, mas o Pai que
permanece em mim, ele é o que realiza as suas obras.” (Jo 14,9b-11).
É
esta a glória que Jesus manifestou, é este o sinal! “Sinal”, portanto, não é um simples milagre;
“sinal” é um gesto de Jesus carregado de sentido profundo que revela sua
pessoa, sua missão e sua obra de salvação. “Este foi o princípio dos sinais
de Jesus... e seus discípulos creram nele.” (Jo 2,11).
Na verdade, o
sinal de Caná é uma preparação, uma antecipação da Páscoa quando o Cristo,
Esposo ressuscitado, desposará para sempre a Igreja, dando-lhe, como dote
eterno, o dom do Espírito: “Alegremos-nos e exultemos, demos glória a Deus,
porque estão para realizarem-se as núpcias do Cordeiro, e sua Esposa já está
pronta: concederam-lhe vestir-se com linho puro, resplandecente” (Apo 19,7s).
Por isso, a
exultação de Isaias na primeira leitura de hoje. Saudando o povo de Deus, o
novo Israel, a Igreja-Esposa, Isaias afirma: “As nações verão a tua
justiça; serás chamada por um nome novo, que a boca do Senhor há de designar. E
serás uma coroa de glória na mão do Senhor, um diadema real na mão de teu Deus.
Não mais te chamarão abandonada, e tua terra não mais será chamada deserta; teu
nome será minha predileta e tua terra será bem-casada, pois o Senhor agradou-se
de ti e tua terra será desposada. Assim como o jovem desposa a donzela, assim
teus filhos te desposam; e como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu
és a alegria do teu Deus”. (Is 62,2-5).
É interessante
também observar que o texto do Evangelho desta liturgia inicia com a ordem
natural da família e amigos próximos: “No
terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galiléia, e a mãe de
Jesus estava ai. Jesus também tinha sido convidado para essa festa de
casamento, junto com seus discípulos” (Jo 2,1-2): na sequência consta a mãe
de Jesus, (sua família), em
seguida Jesus e depois seus discípulos (seus amigos).
No final da narrativa
dessa passagem veremos que esta ordem será invertida e vemos, na sequência,
Jesus, sua Mãe, seus irmãos e seus discípulos: “Depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e
seus discípulos”. (Jo 2,12).
Depois que
Jesus “manifestou a sua glória” (Jo 2,11), a ordem é invertida e ele é
nomeado em primeiro lugar. A ordem da família natural perde o sentido e o
evangelista deixa transparecer a hierarquia sob a ótica espiritual.
No
casamento de Caná faltou vinho. O vinho que faltou no casamento tem um
significado importante. O vinho é símbolo da alegria messiânica, símbolo também
do Espírito Santo, que embriaga e alegra o coração, conforme aconteceu aos
apóstolos e discípulos depois do Pentecostes: e Pedro tomando a palavra, disse:
“Homens da Judéia e todos vocês que se
encontram em Jerusalém! Compreendam o
que está acontecendo e prestem atenção em minhas palavras: estes homens não
estão embriagados como vocês pensam, pois são apenas nove horas da manhã. Pelo contrário, está acontecendo aquilo o que
o profeta Joel (Jl 3,1-5) anunciou:
‘Nos últimos dias, diz o Senhor, eu derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas. Os filhos e filhas e
vocês vão profetizar, os jovens terão visões e os anciãos terão sonhos. E,
naqueles dias, derramarei o meu Espírito também sobre meus servos e servas, e
eles profetizarão’.” (At 2,15-18).
Considerando
tudo isso e, como a mãe de Jesus tivesse observado, dirigido-se a Jesus e dito:
“Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3), é
como se a Mãe de Jesus tivesse voltado o seu olhar para toda a Antiga Aliança,
todo o povo de Israel, a quem o Senhor desposou pela aliança do Sinai, e
dissesse: “Eles não têm mais vinho”, isto é, falta-lhes o Espírito,
falta-lhes o amor, falta-lhes a esperança; a Antiga Aliança se extinguiu,
esgotou-se pelas infidelidades de Israel.
A Mãe de Jesus, ao mesmo tempo em
que representava e apontava as deficiências da Antiga Aliança, se faz a Mulher
por excelência da Nova Aliança. É ela que vê se esgotar o vinho velho do Antigo
Testamento e leva isso ao conhecimento de Jesus, que é “a Palavra que se fez homem e veio habitar entre nós” (Jo 1,14), na
certeza de que seria atendida, porque, como diz São Luiz Maria Grignon de
Montfort em seu livro “A verdadeira devoção da Santíssima Virgem Maria”, “Jesus jamais deixou de atender a um pedido
de sua mãe”.
Essa “Palavra que se fez homem” solucionaria esse impasse e, por sua
intervenção divina, transformaria a água, que é vida, em vinho novo, que é
esperança. Denunciando a falta de vinho, a Mãe de Jesus denunciou falta de
vida, as práticas judaicas que oprimem a pessoa.
Quando a mãe de Jesus lhe diz: ”Eles não tem mais vinho” (Jo 2,3),
estava dizendo, não existia mais amor e nem paixão nesse povo; tudo se esgotou;
as talhas de pedra estavam vazias de vinho assim como o coração desse povo
estava vazio de amor e fidelidade para com seu Deus.
O coração de Israel estava
endurecido e as relações com o seu Deus tinham se esfriado.
A mãe de Jesus representou, nessa
oportunidade, todos aqueles, que pertenciam ao Antigo Testamento e que se
propuseram a fazer a sua adesão a Jesus, aqueles que acolheram a Nova Aliança. “Como
faltava vinho, a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não tem vinho’. Mas Jesus lhe
respondeu: ‘Que queres de mim, mulher? A minha hora ainda não chegou”. (Jo, 2,4).
O
uso da palavra “mulher” não implica
nenhum matiz pejorativo, como aconteceu também em João 19,26b: “Mulher, eis ai o teu filho”. A resposta de Jesus não é de pouco caso e
nem um desacato. “Que queres de mim. Mulher?” quer simplesmente marcar
a distância de Jesus em relação à cena familiar: aqui não entram os direitos
“naturais” de mãe.
A
hora de Jesus somente pode ser determinada pelo Pai!
O apelativo “Mulher”
é importante. Trata-se da Mulher do Gênesis: “Eu porei inimizade entre você e a mulher,
entre a descendência de você e os descendentes dela”. (Gn 3,15s); da Mulher
da cruz: “Mulher, eis ai o teu filho”. (Jo 19,26) e da Mulher do
Apocalipse: “Apareceu no céu um grande
sinal: uma Mulher vestida com o sol,
tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.
(Apo 12,1).
Da mesma
maneira que o apelativo “mulher” é importante, também é importante o apelativo
“homem”, quando Pilatos, apontando Jesus para a multidão disse: “Eis o homem”. (Jo 19,5). Sem saber,
Pilatos estava apresentando para a multidão e para o mundo o novo homem, o novo
Adão, o homem por excelência, o homem, através do qual o Pai teria feito modelo
para a sua criação; Jesus é o “homem” por excelência, o novo Adão, assim como
Maria, citada como “mulher”, é a nova Eva, a mulher por excelência.
Maria, na Nova
Aliança, tem um lugar determinado por Deus.
Maria é a
Mulher, Maria é a Nova Eva, Maria é a imagem da Igreja, Maria é a Mãe do Senhor
a quem Jesus entregará seu discípulo amado, representando todos os homens e a
Igreja em potencial, e a quem o discípulo amado, assim como todos os homens e a
Igreja, deverá sempre levar para sua casa: “A
mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cleófas, e Maria Madalena estavam
junto à cruz. Jesus viu sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava.
Então disse à mãe: ‘Mulher, eis ai o
seu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis a sua mãe’. E dessa hora em diante,
o discípulo a recebeu eu sua casa.” (Jo 19,25-27).
Nesta cena das
bodas de Caná, Maria é a Igreja-Noiva, a Mulher por excelência, a esposa do
Cordeiro, do Noivo que vem desposar a noiva, Israel-Igreja. É por isso que o
Evangelista não diz o nome dos noivos.
As núpcias são
as núpcias pascais: o Esposo é o Cristo, a Esposa é a Mulher-Igreja,
representada por Maria e por toda a comunidade ali presente que “... creram nele.” (Jo 2,11).
Tanto a
resposta de Jesus não é grosseria nem uma recriminação, que a Mãe vai adiante: “Fazei
tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Mulher é uma palavra de profundo sentido
espiritual, que ainda hoje ecoa aos ouvidos e no coração da Igreja.
“A
minha hora ainda não chegou”. (Jo
2,4b).
A palavra “hora” designa,
geralmente, o momento da manifestação da glória divina de Jesus: trata-se, o
mais das vezes, da hora da cruz, enquanto marca a passagem para a glória, como
vemos no transcorrer de todo o Evangelho de João: “Então tentaram prender Jesus. Mas ninguém pôs a mão em cima dele,
porque a hora dele ainda não havia
chegado.” (7,30); “Jesus falou essas
coisas enquanto estava ensinando no Templo, perto da sala do Tesouro. E ninguém
o prendeu, porque a hora dele ainda
não havia chegado.” (8,20); “Chegou a
hora em que o Filho do Homem vai ser
glorificado. [...] Agora estou muito
perturbado. E o que vou dizer? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, manifesta a glória do teu nome!” (Jo
12,23.27); “Antes da festa da Páscoa,
Jesus sabia que tinha chegado a sua hora.
A hora de passar deste mundo para o
Pai.” (Jo 13,1); “Depois de falar
essas coisas, Jesus ergueu os olhos aos céus e disse: ‘Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o
Filho glorifique a ti, pois lhe deste poder sobre todos os homens, para que ele
dê a vida eterna a todos aqueles que lhe deste.” (17,1).
A hora que Jesus já antecipa
quando da solicitação de sua mãe nas bodas de Caná, é a hora da cruz, a hora em
que ele ficará suspenso entre o céu e a terra e onde se consuma a sua missão de
salvar todos os homens: “Tudo está
consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o Espírito”. (Jo 19,30).
Não seria nas
bodas de Caná que Jesus consumaria a sua glória, mas no Calvário, tendo como
trono a cruz, onde também se consuma a hora de Jesus quando o Pai vai
glorificá-lo, a Páscoa do Cordeiro de Deus: “Pai,
chegou a hora. Glorifica o teu
Filho, para que o Filho glorifique a ti, pois lhe deste poder sobre todos os
homens, para que ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe deste.” (17,1). Nesta hora, a Mãe de Jesus estará novamente
presente: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe
dele, Maria de Cleófas, e Maria Madalena estavam junto à cruz.” (Jo 19,25).
Nas bodas de Caná Jesus inaugura
uma nova comunidade: a comunidade daqueles que creram e aderiram a Jesus: “e seus discípulos creram nele.” (Jo
2,11).
Tem também a dimensão
escatológica: na festa só aparece o noivo, não é citada, em nenhum momento, a
noiva, e esse noivo do casamento vai permanecer no Antigo Testamento, enquanto
Jesus se transforma no noivo da Nova Aliança para celebrar as núpcias eternas
com o novo povo de Deus; a noiva também passa a ser a nova comunidade, a
comunidade daqueles que creram e aderiram a Jesus, conforme testemunho de João
Batista: “Quem tem a esposa é o esposo;
mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do
esposo.” (Jo 3,29). E Maria se volta para os que serviam no casamento e
determina: “Façam o que ele mandar”. (Jo
2,5). Este é o único ensinamento de Maria contido nos
Evangelhos.
Maria
que, naquela festa de casamento, não chamou a glória nenhuma para si, como a
mãe de Jesus, mas proclamou toda a autoridade de seu Filho.
Este
deverá ser o procedimento de todo cristão: fazer tudo o que Cristo mandar.
Os servos do casamento, que
efetuaram toda ação, enchendo as seis talhas vazias com água, são os servos de
Jesus, que colocam em ação as ordens de Maria sob a orientação do Mestre.
A transformação da água para o
vinho não se deu dentro das talhas, e sim fora delas, porque ”ninguém
põe vinho novo em odres velhos” (Mc
2,22):
“Jesus lhes disse: ‘Enchei as talhas de água’.
Eles as encheram até à borda. Então lhes disse: ‘Tirai agora (a água) e levai ao mestre sala’. Eles levaram. Quando o mestre sala provou a água transformada em vinho – ele não
sabia de onde vinha, mas o sabiam os serventes que haviam retirado a água – chamou o noivo lhe e disse: ‘Todo homem
serve primeiro o vinho bom e, quando os convidados já estão embriagados serve o
inferior. Tu guardaste o vinho bom até agora”. (Jo 2,7-11).
A transformação da água para o
vinho deu-se fora das talhas, que eram os recipientes do Antigo Testamento, e
através da obediência dos servos, que obedeceram prontamente a ordem de Jesus: Tirai agora e levai ao mestre sala”. (Jo
2,7).
Quando tiraram a água da talha
para levar ao mestre-sala, tiraram a água da talha e não o vinho que ainda não
tinha sido transformado, e só ai é que o mestre-sala provou a água transformada
em vinho. Não foram usados os recipientes velhos do Antigo
Testamento para armazenar o vinho novo da Nova Aliança, pois que ”Ninguém põe vinho novo em odres velhos;
caso contrário, o vinho estourará os odres, e tanto o vinho como os odres ficam
inutilizados. Por isso, vinho novo deve ser colocado em odres novos”. (Mc
2,22).
E
os odres novos da Nova Aliança onde deverá ser colocado o vinho novo da
presença de Deus no meio do seu povo, é o coração daqueles que “creram nele.” (Jo
2,11).
No
Evangelho de João as bodas de Caná marcam o cerrar das cortinas do Antigo
Testamento e a aurora do Novo Testamento, considerando que o vinho do Antigo
Testamento, que era o vinho velho, acabou, esgotou-se, e as talhas ficaram
vazias. Com a transformação da água em vinho novo, fora das talhas, Jesus
inaugura o Novo Testamento, a Nova Aliança, o despontar da Igreja, novo povo de
Deus representado em Maria e em todos aqueles que acreditaram em Jesus.
Outra
particularidade desta passagem e de todo o Evangelho de João é que, se depender
do Evangelista João, jamais saberíamos o nome da “mãe de Jesus”, pois quando
João se refere a ela, diz apenas: “a mãe
de Jesus”, sem citar o seu nome.
João refere-se
à Mãe de Jesus em três ocasiões no seu Evangelho, sem citar seu nome: uma
indiretamente, na encarnação do Filho de Deus: “a Palavra que se fez homem e veio habitar entre nós” (Jo 1, 14), e
em duas situações de uma maneira bem explícita: nas Bodas de Caná: “... e a mãe de Jesus estava lá... faltou
vinho e a mãe de Jesus lhe disse... a mãe de Jesus disse aos que estavam
servindo... depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum com sua mãe... (Jo
2,1-12) e no Calvário, quando da crucificação de Jesus: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cleófas, e Maria Madalena
estavam junto à cruz... então disse à mãe ...” (Jo 19, 25-27).
Por que isso? Não temos embasamento teórico que
pudesse justificar essa atitude do Evangelista, mas, os mariólogos defendem a
tese de que João teria tanto respeito pela Mãe do Senhor que não se julgava
digno de pronunciar ou escrever o seu nome.
Nenhum comentário:
Postar um comentário