SER CRIANÇA NO COLO DE MARIA
Quando éramos
pequenos, quando éramos crianças, quantos de nós aprendemos as primeiras
orações no colo de nossas mães ou avós. Íamos ao catecismo, e a catequista, com
muito amor, carinho e paciência, repetia conosco as orações do Pai Nosso, da
Ave Maria e pegava em nossas mãos de crianças para nos ajudar a aprender e a
fazer o Sinal da Cruz.
Quando éramos crianças rezávamos e tínhamos a certeza de
que o Papai do Céu nos ouvia e nos atendia.
Depois fomos crescendo, crescendo e
passamos a achar que éramos auto-suficientes, que não precisaríamos mais de
rezar, que poderíamos muito bem viver sem orações e sem Deus, que, afinal de
contas, rezar era para crianças e mulheres que tinham que cuidar dos maridos e
dos filhos.
Fomos nos tornando pessoas adultas e maduras e começamos a achar que poderíamos resolver os nossos
próprios problemas e passamos a ficar descrentes no poder da oração.
Se
fizermos uma retrospectiva na nossa vida, vamos notar que, a partir do momento
em que deixamos de rezar, passamos a dar cabeçadas por esse mundo a fora.
Deixando de rezar, começamos a nos afastar de Deus e da sua Igreja e, fazendo
isso e olhando para traz, notamos quantas coisas que fizemos e não deveríamos
ter feito e que não faríamos se ainda tivéssemos mantido o contato com Deus, ou
ainda, quantas coisas que fizemos e que poderíamos tê-las feito melhor. Muitos
de nós tivemos apenas uma iniciação na vida religiosa, na vida cristã, apenas
uma iniciação na vida de oração, de conversa amigável e amorosa com Deus, nosso
Pai.
Quando éramos crianças o nosso respeito, o nosso amor para com Deus, com
sua Igreja, com os irmãos e com os mais velhos estavam sempre presentes em
nossas vidas, em nossos atos e pensamentos. Crescemos, começamos a achar que
rezar e ir à Igreja era perda de tempo, coisas de crianças e mulheres.
Desaprendemos de rezar.
Quando éramos crianças aprendemos a rezar orações
decoradas e também orações espontâneas, numa conversa amigável com Deus com as
nossas próprias palavras e sentimentos como se estivéssemos conversando com o
nosso próprio pai ou mãe, e fazíamos isso com confiança total na bondade e
misericórdia de Deus.
Quando a
criança deixa de ser criança e passa a se julgar adulto, proclama a sua
independência de tudo e de todos, inclusive de Deus e se esquece de quem Jesus
amava de verdade era das crianças, perde o contato com a família do Pai Nosso.
Ser criança, no Evangelho, não é pertencer a uma determinada faixa etária; ser
criança, para Jesus, é um estado de espírito e se não voltarmos a ser crianças
e a nos tornarmos crianças, não alcançaremos o Reino do Céu: “Eu lhes garanto: se vocês não se
converterem e não se tornarem como crianças, vocês nunca entrarão no Reino do
Céu”. (Mt 18,3).
Eram as crianças que Jesus queria perto de si para
abraçá-las e abençoar: “Deixem as
crianças e não lhes proíbam de vir a mim, porque o Reino do Céu pertence a
elas”. (Mt 19,14).
O Reino do Céu foi feito para as crianças, não importa a
idade que elas tenham: de um a cem anos. Nós envelhecemos quando queremos,
quando deixamos de ser crianças, quando nos julgamos auto-suficientes e não
necessitamos de mais ninguém, nem de Deus.
Se quisermos, seremos sempre
crianças e o Reino do Céu não fugirá de nós, será sempre nosso, das crianças.
Enquanto confiarmos em Deus e colocarmos em suas mãos a nossa vida, os nossos
anseios, as nossas realizações, o nosso presente, o nosso futuro, acreditando
que Deus só quer o nosso bem, ai somos ou voltamos a ser crianças.
Caso
contrário, se passarmos a querer resolver os nossos problemas sozinhos e nos negarmos
ao amor do Pai, deixamos de ser crianças e nos afastamos da possibilidade de
nos entregar-mos ao amor da mãe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário