XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM
“SE VOCÊS TIVESSEM FÉ DO TAMANHO DE UMA SEMENTE DE MOSTARDA...”.
(Lc 17,6).
Diácono
Milton Restivo
Geralmente a
primeira leitura das nossas liturgias dominicais e festivas é tirada do livro
de um acontecimento marcante do povo de Deus ou de um profeta. Os profetas
foram homens escolhidos por Deus para serem canais da manifestação de sua
vontade ao povo israelita. Instrumento poderosamente usado e através destes, a
glória do Senhor, por diversas vezes, foi manifestada.
Houve, entre o
povo israelita, os profetas orais, ou melhor, os que não escreveram suas
mensagens, apenas as transmitiram oralmente, como é o caso dos profetas Natã, Elias,
Eliseu e muitos outros, e os profetas literários, aqueles que deixaram os seus
escritos.
Os profetas
literários estão divididos em dois grupos: Profetas Maiores e Profetas Menores.
Os profetas
maiores são quatro: Isaias, Jeremias, que vem seguido do livro chamado
Lamentações, conhecido também como Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel.
Os profetas classificados “menores” são treze:
Baruc, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias.
O livro de
Baruc não consta das bíblias judaicas e protestantes.
A distinção
entre profetas maiores e menores só se refere aos escritos que eles deixaram, e
não diz respeito à qualidade ou sabedoria, porque todos foram igualmente
inspirados pelo Espírito Santo. A qualificação de maiores ou menores está
baseada no tamanho do livro que foi deixado por eles.
Ainda que sejam chamados
de “maiores” ou “menores” isso não afeta a relevância de um em detrimento ao
outro. A diferença entre profetas maiores e menores foi assim classificada por Agostinho,
bispo de Hipona, em virtude do volume dos escritos de cada profeta.
É necessário
que fique claro que o termo "maior" ou “menor” refere-se ao tamanho
do escrito do profeta, não à importância de seu escrito.
Os livros
desses profetas receberam o nome de seus respectivos autores, cujos ministérios
abrangem o tempo que vai de 800
a 435 aC .
Alguns desses profetas anunciaram a palavra de Deus simultaneamente, outros com
vários anos de diferença, e para regiões povos distintos.
A primeira
leitura da liturgia de hoje nos traz o profeta Habacuc. Nada sabemos da pessoa
deste profeta: nem o seu lugar de nascimento, nem a sua família, nem sequer o
período em que viveu. Esta falta de dados não impede ver no livro de Habacuc alguém
profundamente enraizado na história do seu tempo e do seu povo e em toda a
problemática da ação de Deus na história.
O povo de Israel
sempre passou por grandes dificuldades, tanto por invasões de nações
estrangeiras como pelo descaso das autoridades civis e religiosas, e o profeta
Habacuc começa assim: “Até quando,
Yahweh, vou pedir socorro, sem que me escutes?”. (Hab 1,2).
A isso se chama
o silêncio de Deus. E quando alguém está passando por situações de morte, de
perda, de calúnia, onde está Deus?
O profeta Habacuc
inicia o livro interrogando a Deus e pedindo socorro, pois está cansado de ver
o seu país e o seu povo sofrer opressão violenta por parte de povos
estrangeiros, onde a lei enfraquece e o direito está distorcido por negligência
e descaso das autoridades civis e religiosas de seu próprio povo (Hab 1,2-4). A
resposta de Deus é a intervenção de um grande império, que deveria corrigir os
desmandos (Hab 1,5-10). Isso, porém, não satisfaz o profeta, pois o invasor não
vem para fazer justiça, mas para substituir uma opressão por outra pior (Hab 1,12-17).
Busque na sua
Bíblia as referências acima, considerando que foram omitidas na leitura do dia.
O livro de
Habacuc apresenta uma característica atípica em relação aos outros livros, pois
os outros profetas falavam em nome de Deus, enquanto Habacuc interroga ao Todo-Poderoso;
é o registro de sua própria experiência com Deus. “Então, porque ficas olhando os traidores e te calas quando um ímpio
devora alguém mais justo do que ele? Tratas os homens como peixes do mar ou
como répteis que não têm chefe?”. (Hab 1,13b-14).
Eis a resposta
do Senhor a essa e a outras perguntas: “...
o justo, pela sua fé, viverá” (Hab 2,4). O profeta pergunta como Deus
permite que as coisas sejam realizadas por meio de opressão e ilegalidades; a
resposta dada é que os indivíduos que sobrevivem através da fidelidade a Deus,
mesmo quando as nações se desviaram do seu caminho, não são abandonados por
Yahweh. Yahweh demonstra que, apesar de, à
primeira vista, poder parecer indiferente aos pedidos das pessoas, ele está
sempre atento à sorte do seu povo. A sua ajuda pode parecer demorada, mas nunca
faltará.
O Salmo responsorial é um convite para adorarmos ao
Senhor: “... porque ele é o nosso Deus,
nosso pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com
sua mão” (Sl 95 (95),7), e faz um apelo para que ouçamos a voz de Deus e
não fechemos nossos corações ao Senhor como o fizeram os antepassados dos israelitas
durante a sua caminhada pelo deserto: “Oxalá
ouvisses hoje a sua voz: ‘Não fecheis os corações como em Meriba, como em
Massa, no deserto, aquele dia em que outrora vossos pais me provocaram, apesar
de terem visto as minhas obras”. (Sl 94 (95),7-9).
Na segunda
leitura Paulo Apóstolo escreve a sua segunda carta a Timóteo pedindo-lhe que “Guarde a boa doutrina que nos foi confiada”.
E diz-lhe mais: “Não te envergonhes de Nosso Senhor Jesus Cristo”, (2Tm 1,6.8), encorajando-o a
ter confiança e a não desanimar nas suas dificuldades e nem esmorecer na fé e
diz que “Deus não nos deu um
espírito de timidez, mas de fortaleza,
de amor e sobriedade.”(2Tm 1,7).
Paulo dirige-se
a Timóteo como a um bispo, a um presbítero ou a um diácono e, portanto, temos de pedir ao Senhor essa valentia para todos os
que receberam o sacramento da ordem em qualquer escalão: que não tenham medo de ficar mal, que não tenham medo
de dizer as verdades incômodas ou que não estão na moda. Temos de pedir essa coragem para todos os diáconos,
sacerdotes e bispos: que saibam transmitir
fielmente as verdades da fé e da moral, sem complexos de popularidade e sem medo das incompreensões. Temos que
pedir esse arrojo aos diáconos, sacerdotes e bispos, para que eles não se calem
diante das injustiças. “Exorto-te, - diz Paulo a Timóteo –
a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas
mãos.” (2Tm 1,6). “Guarda o
precioso depósito com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1,14). A doutrina cristã é um depósito sagrado confiado à Igreja; esse depósito não pode ser alterado, mas tem de ser
guardado e transmitido fielmente.
É esta a missão do Sucessor de Pedro, é esta a
missão dos bispos, dos sacerdotes,
dos diáconos, e de seus colaboradores. “O
precioso depósito” da fé é transmitido às crianças e adolescentes pelos
(as) catequistas que devem, com generosidade, preparar-se e preparar bem suas
lições e dar exemplo vivo de fé e piedade aos seus catequizandos.
No Evangelho não podemos perder de vista que Jesus
está caminhando para Jerusalém a fim consumar a sua missão, e o relato dessa
caminhada Lucas dá início no seu Evangelho a partir do capítulo 9: “Estava chegando o tempo de Jesus ser levado
para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém”. (Lc
9,51).
Desde o décimo terceiro domingo do Tempo Comum estamos
com Jesus nessa caminhada e, a partir de então, todos os acontecimentos são
frutos dessa jornada.
Nessa jornada Jesus vai definindo a silhueta de
quem pode ou não ser seu discípulo.
Também precisamos considerar os fatos acontecidos
imediatamente antes dessa passagem.
No capítulo anterior, que meditamos no domingo
passado, Jesus contara a parábola do pobre Lázaro e do rico que o ignorou. Na
sequência, que é omitido na leitura de hoje, Jesus fala de escândalos contra os
seus pequeninos que fatalmente aconteceriam entre aqueles que ignorariam a sua
mensagem, e dirigiriam as inevitáveis ofensas na forma de oposição ímpia e
maliciosa do mundo contra o seu Evangelho e contra os que proclamariam a sua
mensagem, mas deixou clara a culpa dos responsáveis por tais ofensas, e os adverte:
“Seria melhor para ele que amarrassem uma
pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses
pequeninos”. (Lc 17,2). A seguir Jesus fala sobre o perdão: “Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra
você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra
você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: ‘Estou
arrependido’, você deve perdoá-lo”. (Lc 17,3-4).
A partir daí é que começa a leitura da liturgia de
hoje. Os discípulos e apóstolos, vendo a firmeza e a profundidade dos
ensinamentos de Jesus, assustam-se e sentem que não têm tanta fé para colocar
em prática tudo o que o Mestre ensina, e então pedem: “Aumenta a nossa fé” (Lc 17,5). Não podemos desassociar o que já
tenha sido lido do Evangelho daquilo que estamos lendo agora, senão não
entenderíamos a mensagem tal como ela se nos apresenta. E Jesus responde a esse
pedido com uma comparação, pegando como referência um grão de mostarda, uma
minúscula semente que seria bem menor do que a metade de um pequenino grão de
arroz.
Em várias ocasiões Jesus usa comparações e
metáforas tiradas do campo, da agricultura, como falou das sementes do semeador
(Mt 13,1-9), do joio e do trigo (Mt 13,24-30), da videira e seus ramos (Jo
15,1-8), do grão de mostarda (Mt 13,31-32; 17,20; Mc 4,31; Lc 13,19; 17,6), da
semente que é plantada durante a noite e cresce e frutifica longe dos olhos do
lavrador (Mc 4,26-29), das flores e das ervas do campo (Mt 6,28-30), do grão de
trigo que cai na terra e morre para dar vida (Jo 12,24), da figueira estéril e
seca (Mt 21,18-22; Mc 11,12-14; Lc 13,6-9).
Deus é extravagante. Ele
espalha sua semente em abundância em todos os lugares.
Como a semente, que
possui em si tem os princípios do crescimento físico, a Palavra de Deus tem
dentro de si os princípios do crescimento espiritual.
Jesus usa o grão de
mostarda, que dentre todas as sementes é a menor, para mostrar aos seus
discípulos e a nós, que a fé que temos é ainda menor que a menor das sementes
da natureza.
Nos dias de
Jesus a mostarda negra era a mais conhecida. Suas sementes, depois de
trituradas, serviam de temperos para os alimentos.
A mostarda era
uma planta que, em terra fértil, crescia rapidamente até três ou quatro metros
de altura. Em seus ramos aninhavam-se as aves do céu: “Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica
maior do que as outras plantas. E se torna uma árvore, de modo que os pássaros
do céu vêm e fazem ninhos em seus ramos”. (Mt 13,32).
Nossa fé não
está nos nossos méritos, nem na nossa generosidade. Como já foi colocado em
algumas meditações atrás, a fé torna-se para o cristão abandono à ação de Deus,
experiência de segurança e de firmeza inabalável, baseados no evento Jesus
Cristo morto e ressuscitado.
Fé é adesão
humana à ação divina. A fé é o ato
com o qual o ser humano, respondendo à graça divina que o interpela, abre a
janela e deixa a luz entrar. A luz entra, o ilumina e transforma sua situação.
A fé não está simplesmente no esforço humano, mas acima de tudo, no poder de
Deus.
No Evangelho de
Mateus, quando os discípulos sentiram-se incompetentes para expulsar demônios,
perguntaram a Jesus: ‘Porque não
conseguimos expulsar o demônio?’ Jesus respondeu: ‘é porque vocês não têm
bastante fé. Eu garanto a vocês; se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente
de mostarda, podem dizer a essa montanha: ‘Vá daqui para lá”. E ele irá. E nada
será impossível para vocês.” (Mt 1719-20). Nada é impossível para quem tem
fé.
No Evangelho da
liturgia de hoje Lucas descreve que “os
apóstolos disseram ao Senhor: ‘Aumenta a nossa fé’. O Senhor respondeu: ‘Se
vocês tivessem fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderiam dizer a
esta amoreira: arranca-te daqui e planta-te no mar’.” (Lc 17,5-6).
Jesus, conforme
o costume dos mestres e doutores da Lei do seu tempo e para que melhor seus
discípulos entendessem o que queria dizer, usava metáforas, que são figuras
de linguagem pela qual se diz que algo é o que não é para causar uma idéia de
semelhança imaginária entre dois indivíduos ou coisas. O grão de mostarda é uma
coisa ínfima em comparação às demais sementes, então a fé dos apóstolos, e a
nossa fé, é nada em comparação àquilo que Jesus esperava dos apóstolos e espera
de cada um de nós.
Se
tivéssemos fé, como disse Jesus, “mesmo pequena como um grão de mostarda”, não moveríamos nem
montanhas e nem amoreiras, mas, literalmente falando, moveríamos obstáculos que
surgeriam nos nossos caminhos, quaisquer que fossem. Dificuldades em perdoar o
irmão? Apenas uma pequena fé em Deus porque “Deus
demonstra seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos
pecadores" (Rm 5,8) ajudará a superar a montanha do desamor! Quem
tenha sido perdoado por Deus não deve achar difícil perdoar o irmão que o tenha
ofendido. Não é isso que rezamos na oração do Pai Nosso: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido.” (Mt 6,12).
E Jesus deixa
claro que sem fé não há perdão: “De fato,
se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que
está no céu também perdoará vocês. Mas se vocês não perdoarem aos homens, o Pai
de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito” (Mt
6,14-15). O maior exemplo de fé quem nos dá é o próprio Jesus quando, nos
estertores da morte, no alto da cruz, perdoa seus algozes, entre eles, nós: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que
fazem” (Lc 23,34). A omissão de perdão aos irmãos é o maior obstáculo, a
maior montanha que se coloca entre nós e a aceitação da mensagem de Jesus
Cristo, e essa montanha só podemos removê-la com a fé: a fé remove montanhas,
não de pedras, mas a montanha do ódio, do rancor, da desavença, da inimizade,
da discriminação, do desamor, da infidelidade, da injustiça.
Ter fé é
receber Jesus tal qual ele se nos apresenta; é perguntarmos a nós mesmos quando
formos fazer algo que temos dúvidas que seja certo ou não: “No meu lugar, o que Jesus faria?”, e fazer exatamente aquilo que
Jesus faria. “A fé é o fundamento da
esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11,1). Fé é
acreditar no que Jesus fez por nós e por cada um de nós e ter a convicção que
só por ele chegaremos ao Pai: “Eu sou o
Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).
Fé é não ter necessidade
de por o dedo nas chagas das mãos e do lado do Cristo para comprovar que ele
realmente ressuscitou: “Depois disse a
Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado.
Não sejas incrédulo, mas homem de fé”. (Jo 20,27).
Fé é a virtude
daqueles que não viram, mas creram e colocam na sua vida o testemunho dos
apóstolos a respeito de Jesus: “Jesus
disse: ‘Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto’.
Jesus realizou diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão
escritos neste livro. Estes sinais foram escritos para que vocês acreditem que
Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, vocês tenham a
vida em seu nome” (Jo 20,29-31).
Sem Jesus nada somos e se não
permanecemos nele nos tornamos ramos secos e infrutíferos: “Fiquem unidos a mim,
e eu ficarei unido a vocês. O ramo que não fica unido à videira não pode dar
fruto. Vocês também não poderão dar fruto se não ficarem unidos a mim. Eu sou a
videira e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito
fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não fica unido a mim
será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos serão ajuntados, jogados
no fogo e queimados." (Jo 15,4-7).
Isto é fé.
Estar unido à videira, que é Jesus Cristo. Ser um de seus ramos, estar unido a
ele e dar frutos abundantes através dele, “porque
sem mim vocês não podem fazer nada”.
Quando os
apóstolos pediram a Jesus: “Aumenta a
nossa fé”, (Lc 17,5), ao comparar a fé com uma semente de mostarda, Jesus
demonstra que eles não precisavam de quantidade, mas de qualidade na fé. Um
grão de mostarda tem em si o dom e o princípio da vida, e daquela
insignificante semente surgiria uma árvore que daria guarida às aves do céu.
Assim também é
a fé: não importa o seu tamanho desde que o seu início seja pequenina como uma
semente de mostarda, mas que depois alimentada pelos ensinamentos evangélicos
cresça e possa abrigar à sua sombra todos os desiludidos da vida.
Quem tem fé se
faz servo do Senhor e se coloca inteiramente em suas mãos, e quem nos dá esse
primeiro exemplo é Maria, a Mãe de Jesus: “Eis
aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1,38).
Quer maior exemplo de fé?
E é a respeito
disso que Jesus continua o seu ensinamento sobre as atitudes do empregado que
trabalha no campo e que também tem as suas obrigações na casa do seu senhor. O
patrão não tem que agradecer ao empregado por ter trabalhado corretamente
porque, afinal das contas, o empregado recebe o seu salário exatamente para
isso: para trabalhar corretamente. E Jesus termina o seu ensinamento dizendo: “Assim também vocês: quando tiverem cumprido
tudo o que lhes mandarem fazer, digam: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que
devíamos fazer” (Lc 17,10).
A respeito
disso, Calvino escreveu: “Todos os que
acham que merecem algo das mãos de Deus, como se ele estivesse ao seu dispor
para lhes dar o que quiserem, são culpados de arrogância pecaminosa”. O que
Jesus quer dizer é que não temos nenhum direito a elogios ou recompensas
especiais por termos feito aquilo que temos a obrigação de fazer e que a nossa
fé nos indica. Jesus nos prometeu muitas recompensas, mas nenhuma delas não
seria por termos feito o bem, pois por mais bem que tenhamos feito, quando
colocarmos a cabeça no travesseiro devemos dizer: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer”. (Lc
17,10).
O cristão, por
mais devotado que seja, ainda deve se considerar um servo inútil porque não
amou o seu próximo como deveria ter feito e nem confiou e serviu ao seu Deus
como ele merece.
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