JESUS NOS ESPERA NA PRAIA
Jesus já
havia ressuscitado e aparecido aos seus apóstolos por duas vezes. Os apóstolos,
por duas vezes, já haviam sentido a alegria intensa de confirmar que as
palavras, promessas e profecias do Senhor Jesus haviam se realizado em toda a
sua dimensão.
Mas ainda não
sabiam muito bem o que deveriam fazer, já que o Senhor Jesus havia sido
crucificado, morto na cruz, e, no momento estava ausente, então, deveriam
continuar com a sua vida de pescadores e, por isso, certa noite, Pedro, João
Tomé, Tiago, Natanael, e mais dois discípulos de Jesus, que o Santo Evangelho
não diz os nomes, saíram para pescar.
Mas, naquela
noite, não pescaram nada, não pegaram nenhum peixe sequer. Eles estavam
distribuídos em dois barcos, e depois de tentarem a noite toda e nada terem
conseguido, e com o dia amanhecendo, eles voltaram para a praia, cansados, sem
peixes e desiludidos.
Ao chegarem
na praia observaram que alguém os estava
observando de longe e, pelo visto, os estavam esperando. Esse alguém gritou
para os que estavam nos barcos: “Moços,
vocês tem alguma coisa para comer? E eles responderam: “Não”.” Então,
aquela pessoa que estava na praia, tornou a dizer: “Lancem a rede à direita do barco que vocês irão pegar peixes.”
Os apóstolos
devem ter achado graça dessa ordem do desconhecido, e talvez, para que eles
pudessem se divertir mais às custas daquele desconhecido, lançaram a rede do
lado direito do barco, na certeza que não pegariam nenhum peixe, como
acontecera a noite toda.. E o Evangelho de João, um dos que estavam ali,
naquela ocasião, continua narrando assim esse episódio: “Então eles lançara a rede. E não conseguiram puxá-la para fora de
tanto peixe que pegaram”.
A partir daí,
João, o discípulo que Jesus amava, reconheceu que quem estava na margem do
lago, reconheceu que aquele desconhecido que lhes estava falando, era Jesus, e,
imediatamente disse à Pedro: “É o Senhor.
Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, amarrou uma roupa na cintura, porque
estava nu, e se jogou na água. Os outros discípulos vieram no barco, que estava
a uns cem metros da margem, arrastando a rede com os peixes. Ao chegarem na
praia contaram os peixes da rede: eram
cento e cincoenta e três grandes peixes. Apesar de tantos peixes, a rede não se
arrebentou.” (Jo, 21,1ss).
Jesus, algum
tempo antes, enquanto pregava no mesmo lago já havia feito outra pescaria
milagrosa na frente de uma multidão de pessoas que o ouviam. Agora repete a
pescaria milagrosa, mas, no amanhecer de um novo dia, e somente para alguns de
seus apóstolos e discípulos, entre eles, os seus apóstolos mais queridos. Eles
haviam tentado pescar durante toda a noite, mas Jesus não estava com eles, e
eles não conseguiram pescar coisa alguma.
Eles
trabalharam a noite toda, fizeram todo o possível para, na escuridão da noite,
nas trevas da madrugada colher o fruto de seu trabalho, apanhar peixes que era
a única coisa que eles sabiam fazer para os seus sustentos e os sustentos de
suas famílias, mas Jesus não estava com eles e eles nada conseguiram.
Quando o dia
começou a clarear, quando a luz começou a expulsar as trevas do grande lago, no
início da claridade de um novo dia, Jesus aparece e lhes dá uma ordem, eles,
ainda que descrentes, cumprem a ordem, e enchem a rede de um número muito
grande de grandes peixes, e, apesar da grande quantidade de peixes, a rede não se
rompeu.
Era Jesus
quem dizia, de outra maneira, aquilo que ele, Jesus, cansara de dizer aos seus apóstolos e discípulos enquanto
caminhava com eles pelas empoeirentas e ensolaradas estradas da Palestina: “Sem mim vocês nada poderão fazer.” Não
adianta insistirmos em ficar nas trevas jogando as nossas redes, tentando de
toda maneira colher o fruto do nosso trabalho se não tivermos como nosso
orientador ou passageiro do nosso barco o próprio Senhor Jesus.
E quando o
Senhor Jesus chega e nos orienta, as trevas se dissipam, a luz ilumina a nossa
vida, a certeza do sucesso é patente e colhemos frutos abundantes.
E, apesar da
quantidade dos frutos, apesar do peso e do tamanho dos peixes, a nossa rede não
se arrebentará, porque o Senhor Jesus está ali para garantir o sucesso do nosso
trabalho.
Os apóstolos
pescaram a noite toda, mas não desanimaram.
Às vezes nós
levamos a nossa cruz a vida inteira, e parece que tudo é em vão, parece que
estamos perdendo tempo, parece que todos se esqueceram de nós, parece até que o
próprio Senhor Jesus se esqueceu de nós, já não está mais conosco, mas quando
estamos desistindo de lutar, de trabalhar, de pescar, e já estamos nos
aproximando da praia para desistir de tudo, alguém estará lá, nos esperando,
alguém que tem o poder de dissipar as trevas e trazer um novo dia para a nossa
vida.
Alguém que
tem o poder de encher as nossas redes vazias de esperança, de confiança, de
amor e de perseverança.
E como Pedro,
quando deparamos com esse alguém que não é outro senão Jesus, e reconhecermos
nesse alguém o próprio Senhor Jesus, nós nos sentiremos nus, porque, diante de
Deus nós estaremos sempre despidos de boas obras, de sua graça, mas, como
Pedro, nós nos vestiremos, nos atiraremos nas águas e nadaremos até onde está
aquele que tudo pode e tudo nos dá por amor.
Se ainda
estivermos no meio de escuridão da noite dentro do nosso barco no meio do
grande lago da vida e nos parecer que estamos perdidos e que nada conseguiremos
fazer, não podemos e nem devemos nos desesperar: para cada noite existe uma
nova manhã que nos encontraremos Jesus na praia e, com ele, como fizeram os
apóstolos, comeremos pão e peixe que ele mesmo assou no fogo da esperança de
dias melhores.
Vamos todos a
Jesus, mas conduzidos pelas mãos virginais e maternais de Maria...
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