SANTÍSSIMA TRINDADE
Leituras: Dt 4,32-34.39-40; Sl 32; Rm
8,14-17; Mt 28,16-20.
“...BATIZANDO-OS EM NOME DO PAI , E DO FILHO, E DO
ESPÍRITO SANTO” (Mt 28,19).
Diácono Milton Restivo
No primeiro livro, Gênesis, no primeiro capítulo e no
primeiro versículo, as Sagradas Escrituras começam exatamente citando a
onipotência, a onipresença, a onisciência de Deus, dizendo:
·
“No princípio, Deus criou o céu e a terra”. (Gn 1,1).
João, ao iniciar o seu Evangelho, começa com a
revelação de Deus aos homens através de sua Palavra:
·
“No começo (ou
no princípio, como no Gênesis), a Palavra
já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus”. (Jo
1,1).
Deus existe, e a sua existência se impõe como um fato
inicial, que dispensa qualquer explicação. Deus não tem origem: nem passado nem
futuro.
O tempo de Deus é o presente. Deus é:
·
“o primeiro e o último” (Is 41,4),
·
“o alfa e o ômega” (Ap 1,8).
·
“Quem fez e executou tudo isso? Aquele que anuncia o
futuro de antemão; eu, Yahweh, que sou o primeiro e estou com os últimos (Is 41,4).
·
“Assim diz Yahweh, o rei de Israel, seu redentor,
Iahweh dos exércitos: ‘Eu sou o primeiro, eu sou o último; fora de mim não
existe outro Deus. Existe alguém como eu? Que fale, que explique e o exponha a
mim. Quem anunciou o futuro de antemão, quem nos predisse o que vai acontecer?
Não tenham medo, não tremam: por acaso, desde aqueles tempo eu já não predisse
e anunciei? Vocês são as minhas testemunhas: existe outro Deus além de mim? Que
eu saiba não existe nenhuma outra rocha’”. (Is 44,6-8).
Por ter sido o primeiro e o criador de todas as coisas,
Deus não tem que se apresentar, simplesmente dispensa apresentação. Em todo o
Antigo Testamento Deus fala de si mesmo.
Deus está vivo:
·
Davi perguntou aos que estavam com ele: ‘E o que vão
dar ao homem que vencer esse filisteu e salvar a honra de Israel? Quem é esse
filisteu incircunciso para desafiar o exército do Deus vivo?”[...] “Seu servo é capaz de matar leões e ursos.
Pois bem, esse filisteu incircunciso que
desafiou as fileiras do Deus vivo,
será mais um deles” (1Sm 17,26.36).
Ele é eterno:
·
“Iahweh é o Deus eterno. Foi ele quem criou os confins
da terra. Ele não se cansa nem se afadiga, e sua inteligência é insondável. Ele
dá força ao cansado e recupera as forças do enfraquecido” (Is 40,28-29).
Deus não dorme e nem cochila:
·
“Claro, não cochilará nem dormirá o guarda de Israel”.
(Sl 121,4).
Deus é santo:
·
“O Senhor Yahweh jura pela sua santidade...” (Am 4,2);
·
“Eu sou o Santo” (Os 12,9);
·
“Santo, Santo, Santo é Yahweh dos exércitos, a sua
glória enche toda a terra” (Is 6,3).
E a sua santidade santifica o seu povo:
·
“Sejam santos porque Eu sou santo” (Lv 11,44-45; 19,2).
E recomenda que todos sejam santos:
·
“Portanto, sejam perfeitos como o é perfeito p Pai
celeste de vocês” Mt 5,48);
·
“Antes, reconheçam interiormente a santidade de
Cristo, o Senhor” (1Pd 1,15);
·
“Mas é preciso que a perseverança torne a obra
perfeita, e assim vocês serão perfeitos e íntegros, sem nenhuma deficiência” (Tg 1,4).
Os judeus adoram a unicidade de Deus e desconhecem a
pluralidade de pessoas e a sua unidade substancial. Os cristãos adoram Deus em
três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Outros povos adoram a multiplicidade de deuses.
O cristianismo é a única religião que, por revelação
de Jesus, prega ser Deus uno, um só, em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
Se a Trindade permaneceu incógnita no Antigo
Testamento, no Novo Testamento Jesus a revela em todo o seu esplendor,
divindade e majestade, poder e amor.
Na sua primeira carta, João, o apóstolo do amor,
assimilou com propriedade os ensinamentos de Jesus a respeito do grande amor
que Deus Pai tem por seus filhos quando transmitiu esse ensinamento à sua
comunidade, ensinando:
·
“E nós reconhecemos o amor que Deus tem por nós e
acreditamos nesse amor. DEUS É AMOR: quem
permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele.” (1Jo 4,16).
Quando João diz: “Deus
é amor”, ele se refere à Trindade e, portanto, a “Trindade é amor”.
Agora, João deixa-nos uma dúvida sobre o que ele quis
dizer: se “Deus é amor”, ou se “o amor é Deus”, porque Deus, a Trindade
só se manifesta onde existe o amor verdadeiro.
O amor foi o novo mandamento que Jesus deixou aos seus
seguidores:
·
“Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos
outros. Se vocês tiverem amor uns pelos outros, todos reconhecerão que vocês
são meus discípulos”. (Jo 13,34-35).
Por amor, Jesus vai às últimas consequências: a
segunda Pessoa da Trindade, o Filho, assume a natureza humana e dá a vida por
todos aqueles que a Trindade ama:
·
“O meu mandamento é este: amem-se uns aos
outros, assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos
seus amigos.” (Jo 15,12-13).
E isso resume o amor da Trindade.
Na abertura no Novo Testamento, na anunciação e no
grande mistério da Encarnação, Lucas, sutilmente, deixa transparecer, o que
poderíamos dizer, a primeira manifestação da Trindade em três Pessoas : O
Altíssimo (Pai) cujo poder cobriu Maria com sua sombra:
·
“O Anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre
você e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que
nascer será chamado Filho de Deus”. (Lc 1,35),
O Filho (Jesus Cristo) que assume a natureza humana no
ventre de Maria:
·
“Eis que você ficará grávida e dará à luz um filho, e
lhe dará o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. E
o Senhor lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre a casa
de Jacó e o seu reinado não terá fim. [...]
Por isso, o Santo que nascer será chamado
Filho de Deus”.(Lc 1,31-33.35b),
E o Espírito Santo que repousa sobre Maria:
·
“O Espírito Santo virá sobre você e o poder do
Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que nascer será chamado
Filho de Deis. (Lc 1,35).
Isso se repete depois, na visita que Maria faz à sua
parenta Isabel:
·
“... Isabel ficou cheia do Espírito Santo (a terceira Pessoa da Trindade). Com um grande grito exclamou: ‘Você é bendita entre as mulheres e é
bendito o fruto do teu ventre (a segunda pessoa da Trindade – Jesus
Cristo). Como posso merecer que a mãe do
meu Senhor (Jesus Cristo) venha me
visitar?... Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o
Senhor (o Pai, a primeira Pessoa da Trindade) lhe prometeu”. (Lc 1,41-43.45).
Mateus, por sua vez, também revela a Trindade em três Pessoas no seu
Evangelho por ocasião do batismo de Jesus, o Filho, primeira Pessoa da Trindade
por João Batista:
·
“Depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água.
Então o céu se abriu, e Jesus
(segunda Pessoa da Trindade) viu o
Espírito de Deus (Espírito Santo, terceira Pessoa da Trindade), descendo como pomba e pousando sobre ele.
E do céu veio uma voz (voz do Pai, primeira Pessoa da Trindade) dizendo: ‘Este é o meu Filho amado, que
muito me agrada.” (Mt 3,16-17).
Marcos, no seu Evangelho, entrelaça de forma maravilhosa e fascinante tanto a
divindade quanto a humanidade de Jesus. Marcos começa o seu evangelho deixando
clara a divindade de Jesus ao declarar que ele é o “Filho de Deus”:
·
“Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de
Deus” (Mc 1,1).
E isso no primeiro versículo do primeiro capítulo do
Evangelho de Marcos.
Nesse mesmo Evangelho, Marcos mostra o Pai proclamando
a filiação divina de Jesus por ocasião de seu batismo (Mc 1,11) e da
transfiguração (Mc 9,7).
O próprio Jesus proclama a sua divindade quando
predisse o fim dos tempos (Mc 14,62). Os espíritos malignos proclamaram Jesus Filho
de Deus:
·
“Os espíritos impuros, quando viam Jesus, caiam aos
seus pés e gritavam: ‘Ru és o Filho de Deus” (Mc 3,11);
·
“Quando, de longe, viu Jesus, correu e ajuelhou-se
diante dele, clamando em alta voz: 'O que queres de mim Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Por Deus eu te imploro: não me atormentes”. (Mc 5,7);
O centurião romano afirma:
·
“De fato, esse homem era mesmo o Filho de Deus”. (Mc 15,39).
Ainda em Marcos, Jesus evidencia ao máximo os feitos
sobrenaturais: cura toda sorte de doenças e expulsa demônios:
·
“Ao cair da tarde, quando o sol se pôs, levavam a
Jesus todos os que estavam doentes e os endemoninhados. A cidade inteira estava
reunida na frente da porta. E ele curou muitos doentes de várias doenças e
expulsou muitos demônios”. (Mc 1,32-34),
Cura cegos:
·
“E chegaram a Betsaida. Levaram a Jesus um cego e
pediram-lhe que tocasse nele. Tomando o cego pela mão, Jesus o levou para fora
do vilarejo. Cuspindo nos olhos e impondo sobre ele as mãos, perguntou: ‘Está
vendo alguma coisa?’ E ele respondeu: ‘Vejo as pessoas como árvore andando’.
Então Jesus pôs novamente as mãos sobre os olhos dele. Ele enxergou
perfeitamente e ficou curado, e podia ver tudo com clareza e de longe”. (Mc 8,22-26;
·
“Quando Jesus saia de Jericó com seus discípulos e
considerável multidão, Bartimeu,, filho de Timeu, um mendigo cego estava sendo
à beira do caminho. Ao ouvir que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: ‘Jesus,
filho de Davi, tem piedade de mim’. [...]
E Jesus lhe perguntou: ‘O que deseja que
eu faça por você’? O cego respondeu: ‘Mestre, que eu possa ver novamente’.
Jesus lhe disse: ‘Vá, sua fé o salvou’. E imediatamente ele voltou a enxegar, e
segui a Jesus no caminho”. (10,46-52).
Cura surdos e mudos:
·
A seguir Jesus saiu dos arredores de Tiro e atravessou
Sidom, até o mar da Galileia e a região de Decápolis. Ali algumas pessoas lhe
trouxeram um homem que era surdo e mal podia falar, suplicando que lhe
impusesse as mãos. Depois de levá-lo à parte, longe da multidão, Jesus colocou
os dedos nos ouvidos dele. Em seguida, cuspiu e tocou na língua do homem. Então
voltou os olhos para o céu e, com um profundo suspiro, disse-lhe:
"Efatá!", que significa "abra-se!" (Mc 7,31-34).
Purifica o leproso:
·
“Um leproso aproximou-se
dele e suplicou-lhe de joelhos: "Se quiseres, podes
purificar-me!"Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e
disse: "Quero. Seja purificado! "Imediatamente a lepra o deixou, e
ele foi purificado. Em seguida Jesus o despediu, com uma severa advertência: "Olhe,
não conte isso a ninguém. Mas vá mostrar-se ao sacerdote e ofereça pela sua
purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de
testemunho".Ele, porém, saiu e começou a tornar público o fato, espalhando
a notícia. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade,
mas ficava fora, em lugares solitários. Todavia, assim mesmo vinha ele gente de todas as partes.” (Mc 1,40-45);
Ressuscita mortos:
·
E, passando
Jesus outra vez num barco para o outro lado, ajuntou-se a ele uma grande
multidão; e ele estava junto do mar. E eis que chegou um dos principais da
sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés e
rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe
imponhas as mãos para que sare e viva. E foi com ele, e seguia-o uma
grande multidão, que o apertava. E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? A menina não
está morta, mas dorme. E
riam-se dele; porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da
menina e os que com ele estavam e entrou onde a menina estava deitada. E,
tomando a mão da menina, disse-lhe: Talitá cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo: levanta-te. E logo a menina se
levantou e andava, pois já tinha
doze anos; e assombraram-se com grande espanto. E mandou-lhes
expressamente que ninguém o soubesse; e disse que lhe dessem de comer.” (Mc 5,21-24.40-43);
·
Jesus, pois, quando a viu
chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em
espírito, e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor vem e
vê. Jesus chorou. Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava. [...] Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os
olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. E, tendo
dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora. E o defunto saiu,
tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço.
Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir. (Jo 11,33-44);
Domina sobre a natureza, como vemos em Marcos, 4,35-41;
6,45-52; 11,13-14.20.
Demonstra onisciência (tudo sabe e conhece), como
vemos em Marcos 13; 8,31; 9,9,21; 10,32-34; 14,17-21; 2,8; 12,15; 12,44.
Mas o ponto alto de sua divindade é revelado em sua
ressurreição gloriosa (Mc 16,6).
No Evangelho de Mateus não é diferente. Mateus é
pródigo em afirmativas onde demonstra a divindade de Jesus: Jesus é adorado por
um leproso e não o repreende (Mt 8,2); Jesus
mostra seu domínio sobre a natureza (Mt 8,26);
Jesus conhecia o pensamento dos escribas, demonstrando sua onisciência.
(Mt 9,4; cf. Hb 4,13); tem poder para perdoar pecados (Mt 9,6; ver reação dos
escribas em Mc 2,7); é adorado
por um chefe de Sinagoga (ver também Lc 9,41) e não o repreende (Mt 9,18); é adorado pelos magos (Mt 2,11); diz ser o senhor do sábado (Mt 12,8); conhece o pensamento dos
escribas (Mt 12,25); enviará os
seus anjos (Mt 13,41); tem
domínio sobre o mar, sua criação; desafia as leis da física (Mt 14,25); é adorado pelos discípulos que
estavam no barco (Mt 14,33); é
adorado pela mulher Cananéia (Mt 15,25);
é adorado pela mãe de Tiago e João (Mt 20,20); é louvado pelas crianças e diz que este é o perfeito
louvor (Mt 21,16); Davi chama o
Messias de Senhor (Mt 22,43-45);
já ressurreto, é adorado por Maria Madalena e a outra Maria (Mt 28,9); já ressurreto, é adorado por
alguns discípulos (Mt 28,17); diz
que estará com os discípulos até a consumação dos séculos; isto indica sua
onipresença (presença em todos os lugares, simultaneamente) (Mt 28,20).
O Catecismo da Igreja Católica afirma, com toda a
segurança, no seu item 126:
·
“A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos,
cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus,
Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna
salvação deles, até ao dia que foi elevado”.
Jesus impressionava as multidões por ser homem, sem
abdicar a sua natureza divina:
·
“ensinava como quem tinha autoridade e não
como os escribas”. (Mt. 7,29).
Jesus provou ser Deus; isto é, Senhor de tudo,
onipotente (aquele que tem poder ilimitado), onisciente (aquele que tem
conhecimento de todas as coisas), onipresente (aquele que tem presença em todos
os lugares, simultaneamente).
Repetindo Mateus, e nunca é demais repetir as
revelações de Jesus como Deus, Jesus andou sobre as águas (Mt 14,26),
multiplicou os pães (Mt 15,36), curou leprosos (Mt 8,3), dominou a tempestade
(Mt 8,26), expulsou os demônios (Mt. 8,32), curou os paralíticos (Mt 8,6),
ressuscitou a filha de Jairo (Mt 9,25), o filho da viúva de Naim, chamou Lázaro
do túmulo, já em estado de putrefação (Jo 11,43-44), transfigurou-se diante de
Pedro, Tiago e João na montanha (Mt 17,2) e ressuscitou triunfante dos mortos
(Mt 28,6)...
Os Evangelhos narram trinta e sete grandes milagres de
Jesus, sem contar os que não foram escritos:
·
“Jesus realizou diante dos discípulos muitos outros
sinais que não estão escritos neste livro. Jesus fez ainda muitas outras
coisas. [...] Se fossem escrito uma por uma, penso que não caberiam no mundo os
livros que seriam escritos” (Jo 20,30; 21,25).
Jesus provou que era Deus!
Só Deus pode fazer essas obras! É por isso Paulo disse
que:
·
“Nele habita corporalmente toda a plenitude
da divindade”. (Cl 2,9).
·
“Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl
1,15).
O apóstolo Pedro diz como testemunha das maravilhas
realizadas pelo Pai através de Jesus, a sua Palavra, e afirma:
·
“Vimos a sua majestade com nossos próprios
olhos” (2Pd 1,16).
E João atesta:
·
“E nós contemplamos
a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade” (Jo 1,14b).
Por muitas vezes nos Evangelhos Jesus identifica-se
com o Pai:
·
“Eu e o Pai somos um" (Jo 10,30);
·
"Quem me vê, vê também o Pai” (...) “Vocês não crêem que
eu estou no Pai e o Pai está em mim”?" (Jo 14,15-16);
·
"Para que vocês saibam e reconheçam que o Pai está em mim e eu estou
no Pai" (Jo 10, 38);
·
"Eu estou no Pai e o Pai está em mim" (Jo 14,11);
·
"Antes que Abraão fosse feito, Eu sou" (Jo 8,58).
Paulo
insiste que Jesus é o único mediador entre o Pai e nós:
·
“Para nós não existe mais que um só Deus, o Pai de quem
tudo procede e um só mediador entre Deus e nós, Jesus Cristo, Homem”
(1Tm 2, 5).
Nos Evangelhos vemos a ação do Espírito Santo em
relação à vida de Jesus Cristo.
Só nos Evangelhos sinóticos, Mateus, Marcos e Lucas há
trinta e cinco referências de intervenções do Espírito Santo, a terceira Pessoa
da Santíssima Trindade, na vida humana de Jesus, das quais citaremos apenas
algumas.
Do nascimento de Cristo ao seu batismo: Jesus foi
concebido por obra e graça do Espírito Santo (Mt 1,20; Lc 1,35); João Batista,
o precursor, foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lc 1,15);
Izabel ficou cheia do Espírito Santo (Lc 1,41); Zacarias profetizou cheio do
Espírito Santo (Lc 1.67); o velho Simeão recebeu do Espírito Santo uma
revelação acerca do nascimento do Messias (Lc 2,25-27); João Batista profetizou
que Jesus batizaria no Espírito Santo (Mt 3,11; Mc 1,8; Lc 3,16); o Espírito
Santo manifestou-se como pomba no ato do batismo de Jesus (Mt 3.16; Lc 3,22; Jo
1,32, 33); o próprio Espírito conduziu o Filho Amado ao deserto (Mt 4,1; Lc
4,1; Mc 1,12); Jesus Cristo recebeu o Espírito sem medida (Jo 3,4).
O Ministério de Jesus com a intervenção do Espírito
Santo: Jesus voltou para a Galiléia pela virtude do Espírito (Lc 4,14).
O Espírito do Senhor está sobre ele (Lc 4,18-21);
Jesus expulsou demônios pelo poder do Espírito Santo (Mt 12,28).
Deus, o Pai, ungiu Jesus com o Espírito Santo (At
10,38).
O Espírito Santo ressuscitou Jesus dentre os mortos
(Rm 8,11; 1Pd 3,18); pelo Espírito Jesus ofereceu-se imaculado (Hb 9,14); antes
de partir e subir aos céus Jesus deu instruções aos apóstolos, movido pelo
Espírito Santo (At 1,2).
Jesus foi concebido no sei de Maria pelo Espírito,
andou no Espírito, ressuscitou pelo Espírito. Agora, como o Senhor glorificado,
ele dá o Espírito ao seu povo, a fim de que possa andar como ele andou, servir
como ele serviu, viver como ele viveu e ser erguido dentre os mortos como ele
foi erguido. Jesus só começou o seu ministério depois de ser ungido pelo
Espírito Santo, de um modo visível, no ato do batismo nas águas.
Jesus ensina acerca do Espírito: O Espírito ensinará
aos discípulos como hão de falar:
·
“Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como
ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o
que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o
Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”.(Mt 10,19-20; Mc 13,11; Lc 12,11-12).
A blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada:
·
“Todo pecado e blasfêmia será perdoado aos
homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada”. (Mt
12,31; Mc 3,29; Lc 12,10).
Davi profetizou pelo Espírito Santo (Mc 12,36).
O Espírito será dado em resposta à oração:
·
“Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem”. (Lc 11,13).
O batismo nas águas é em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo:
·
“Portanto, vão e façam com que todos os povos se
tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo”. (Mt 28,19).
Todos devem ser batizados nas águas e no Espírito
Santo:
·
“Ele batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo”. (Lc 3,16; Mc 16,16; Lc 24,48-49).
O Espírito é o que dá vida (Jo 6,63).
O Espírito Santo é como Água Viva para o que crê em Jesus Cristo (Jo
4,14; 7,38-39).
·
"Eu rogarei ao Pai e Ele dará a vocês outro
Advogado para que permaneça com vocês para sempre. Ele é o Espírito da Verdade.
[...] Mas o Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome,
ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes
disse". (Jo 14,16-17.26).
O Consolador virá da parte do Pai (Jo 15,26).
·
"Eu enviarei para vocês o Espírito"
(Jo 16,7-13). "Recebei o Espírito"
(Jo 20,22). "Ficai em Jerusalém até
que do alto sejais revestidos de Poder" (Lc 24,49).
A Trindade é presença perene e constante no Novo
Testamento. Deus se revela aos homens na medida em que os homens possam
entender a sua Palavra, mas a inteligência humana, diante de Deus, não passa de
menos do que uma sementinha de mostarda.
Então, o que sabemos de Deus ou sobre Deus? Nada. Para os homens a Trindade é um grande
mistério e é por isso que a chamamos de Mistério da Trindade: a inteligência
humana jamais a perscrutaria.
Santo Agostinho, bispo de Hipona, que nasceu no ano
354 e faleceu em 430, grande teólogo e doutor da Igreja, tentou exaustivamente
compreender o inefável mistério da Trindade.
Certa vez, Agostinho passeava pela praia,
completamente compenetrado, pediu a Deus luz para que pudesse desvendar o
enigma da Trindade.
Até que se deparou com uma criança brincando na areia.
A criança fazia um trajeto curto, mas repetitivo: corria com uma concha na mão,
cheia de água que apanhara do mar até um pequeno buraco que havia feito na
areia da praia, e ali despejava a água; sucessivamente voltava, enchia a concha
e a despejava novamente.
Curioso, Agostinho perguntou à criança o que ela
pretendia fazer. A criança lhe disse que queria colocar toda a água do mar
dentro daquele buraquinho.
Agostinho, possivelmente sorrindo da ingenuidade e
inocência da criança, lhe explicou ser impossível realizar o intento. Aí a
criança lhe disse:
·
“É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para
este buraco, do que compreender-se o mistério da Santíssima Trindade”.
E a criança, desapareceu...
Agostinho concluiu que a mente humana é extremante
limitada para poder assimilar a dimensão de Deus e, por mais que se esforce,
jamais poderá entender esta grandeza por suas próprias forças ou por seu
raciocínio.
Por isso é que a denominamos “mistério”, algo que está
fechado à nossa inteligência por ser uma verdade de fé inaccessível à razão,
cujo conteúdo só pode ser alcançado pela revelação divina.
Ao participarmos da Santa Missa e em todo ritual
litúrgico observamos que, desde o início, quando fazemos o sinal da cruz, até o
momento da bênção trinitária final, constantemente o presidente da celebração
invoca a Santíssima Trindade, particularmente durante a oração eucarística.
As orações que o sacerdote pronuncia após a
consagração, que por certo são dignas de serem ouvidas com atenção e
recolhimento, são dirigidas a Deus Pai, por mediação de Jesus Cristo, em
unidade com o Espírito Santo.
É na santa missa onde o cristão vislumbra, pela graça
do Espírito Santo, o mistério da Santíssima Trindade. Devemos, neste momento,
invocar a Deus Trino, que aumente nossa fé, porque sem ela, será impossível
crer neste mistério, mistério de fé no sentido estrito.
Mesmo sem conseguir penetrar na sua essência o cristão
deverá, simplesmente, crer nele.
O mistério da Santíssima Trindade é uma das maiores
revelações feita por Nosso Senhor Jesus Cristo. A Igreja nos convida a
“glorificar a Santíssima Trindade”, como manifestação da celebração. Não há melhor forma de fazê-lo, senão
revisando as relações com nossos irmãos, para melhorá-las e assim viver a
unidade querida por Jesus:
·
“Que todos sejam um”. (Jo 17,21).
Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) somos chamados
a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra, mesmo na
obscuridade da fé, e para além da morte, na luz eterna. Esta é a nossa
magnífica vocação.
O Catecismo da Igreja Católica, 266, ensina:
·
“A fé católica
é esta: que veneremos o único Deus na Trindade e a Trindade na unidade, não
confundindo as pessoas, nem separando a substância; pois uma é a pessoa do Pai,
outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai e
do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade” (Symbolum “Quicumque”).
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