domingo, 3 de novembro de 2019

FESTA DE TODOS OS SANTOS

FESTA DE TODOS OS SANTOS
Cor: branco – Leituras: Apo 7,2-4.9-14; Sl 23 (24); 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a.

“FELIZES OS PUROS DE CORAÇÃO, PORQUE VERÃO A DEUS” (Mt 5,8).

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Diácono Milton Restivo

O dia de Todos os Santos, antigamente, era comemorado festivamente no primeiro dia de novembro, que era feriado, mas, como deixou de ser feriado, a Igreja transfere esta comemoração litúrgica para o primeiro domingo do mês de novembro. E o dia de Todos os Santos, como sugere a comemoração, é dedicado a todos os santos existentes: aos santos que conhecemos e aos santos que não conhecemos; aos santos que sabemos o nome e a sua história, e aos santos que não sabemos o nome nem a história de sua vida e que jamais ouvimos falar. A festa de todos os santos é uma das comemorações mais importante da Igreja e do calendário litúrgico, é a festa da família da Igreja.

A fé nos apresenta os santos todos como nossos irmãos, pessoas que foram como nós, com os nossos anseios, problemas, alegrias e sofrimentos, que viveram em épocas e lugares diferentes ou situações idênticas ou contrárias às nossas.
A fé nos apresenta os santos como membros da mesma família, da família a qual todos pertencemos: a família do Pai Nosso. Como membros dessa família devemos nos encher de alegria e congratularmos-nos com os nossos irmãos que viveram intensamente na fé e que nos anteciparam na casa do Pai, que venceram o mundo e se acham, agora, num lugar onde não há mais lágrimas, sofrimento, desilusões, tristeza ou dor. Através de suas vidas e exemplos de fé os santos nos transmitem que é possível levar a sério a mensagem evangélica.
Santos são todos os que gozam da presença beatífica do Pai, canonizados pela Igreja ou não. São os nossos irmãos e irmãs que chegaram antes que nós na casa do Pai.
A liturgia busca no livro do Apocalipse a primeira leitura que declara o número dos assinalados que permanecerão à frente do cordeiro: “E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel”. (Apo 7,4).
O número dos assinalados que farão parte da morada celeste é infinito. E somente os assinalados poderão louvar o Cordeiro: “... e olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra”. (Apo 14,1-3).
Cento e quarenta e quatro mil aqui não quer dizer um número exato, mas infinito.
Se buscarmos significados a respeito disso, encontraremos muitos e todas as explicações favorecem o seguimento religioso dos que a dão. Sem entrar em comentários profundos, alguns dizem que se trata do número 12 que representa as 12 tribos de Israel no Antigo Testamento, multiplicado pelo número dos apóstolos, também 12. O resultado será 144 que multiplicado por 1000, número que indica multidões e o infinito, soma 144.000. Subentende-se, então, que os eleitos, os assinalados, são os santos do Antigo e do Novo Testamento que formam a multidão de adoradores do Cordeiro. É um povo incontável, porque a salvação está aberta para todos os homens de todas as raças, tribos, nações e línguas.
O número 144.000 é mencionado três vezes no livro do Apocalipse:  “Ouvi então o número dos que receberam a marca: cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos do povo de Israel”. (Apo 7,4); “Depois disso, tive esta visão: o Cordeiro estava de pé sobre o monte Sião. Com ele os cento e quarenta e quatro mil que traziam a fronte marcada com o nome dele e o nome do seu Pai [...] Estavam diante do trono, dos quatro Seres vivos e dos Anciãos e cantavam um cântico novo. Era um cântico que ninguém podia aprender; são os cento e quarenta e quatro mil marcados que foram resgatados da terra”. (Apo 14,1.3).
Os santos são aqueles que fazem ou farão parte da visão beatífica de Deus, tendo sido já prenunciado por Jesus quando ele falava do fim dos tempos e chamaria para junto de si os que assumiram com responsabilidade as promessas do batismo: “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’.” (Mt 25,31-36).
Os que agiam e agem assim nem mesmo têm consciência do bem que praticariam porque, fazendo o bem, eram instrumentos nas mãos de Deus, e por isso perguntariam a Jesus: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e te fomos visitar?” (Mt 25,37-39).
Quem faz o bem com sinceridade, não está preocupado com a recíproca e nem com as vantagens que esse bem possa lhe proporcionar; faz o bem porque cumpre o mandamento de Jesus: “Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo”. (Mt 22,37-39); “Não existe outro mandamento maior do que esses”. (Mc 12,31b).
Na verdade, quem ama a Deus sobre todas as coisas, ama ao irmão como a si próprio, e é esse o exemplo que os santos nos dão e, quem na vida procura servir a Deus, se julga servo inútil porque, por mais que faça, jamais dará a Deus o amor que ele merece e, por isso, se reconhecem servos inúteis: “Assim também você: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer”. (Lc 17,10).
A partir daí os santos entendem que tudo o que fizeram de bem não foi por iniciativa própria, mas eles apenas serviram de instrumentos hábeis nas mãos de Deus para atender as necessidades do irmão, como disse Francisco de Assis: “Senhor, faze de mim um instrumento de tua paz...”
Os santos são aqueles que foram colocados à direita do Rei e que receberão o prêmio da vida eterna e viverão em comunhão plena no Reino do Céu, e esses são os que ficam diante do trono de Deus, servindo a ele dia e noite em seu Templo. Aquele que está sentado no trono estenderá sua tenda sobre eles. Nunca mais terão fome, nem sede; nunca mais serão queimados pelo sol, nem pelo calor ardente. Pois o Cordeiro que está no meio do trono será o pastor deles; vai conduzi-los até às fontes de água da vida. E Deus lhes enxugará todas as lágrimas”. (Apo 7,15-17). “Aquele que atesta essas coisas diz: ‘Sim! Venho muito em breve.’ Amém! Vem, Senhor Jesus! A graça do Senhor esteja com todos. Amém!” (Apo 22,20-21).
O salmista, no Salmo responsorial 23 (22), diz que “Yahweh é meu pastor. Nada me falta”, e esse Salmo é um dos Salmos mais bonitos e mais recitados da Bíblia. É atribuído ao rei Davi e, conforme a tradição judaica, David teria escrito este Salmo quando estava cercado por tropas inimigas num oásis, à noite; daí o Salmo inserir tamanha confiança na Providência Divina contra os inimigos. Claro que há outras interpretações que defendem que esse Salmo tenha sido feito de outra maneira e em outro lugar mas, particularmente, prefiro ficar com a tradição judaica.
O rei Davi se deleita ao entregar-se aos cuidados de Yahweh, a quem chama de Pastor: “Yahweh é o meu pastor. Nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar; para fontes tranquilas me conduz, e restaura minhas forças”. (Sl 23 (22),1-2).
O pastor passava o dia todo com as suas ovelhas e estabelecia com elas uma profunda identidade. No Salmo 80 (79) o salmista, em suas súplicas, também chama Yahweh de pastor: “Pastor de Israel, dá ouvidos, tu que diriges a José como a um rebanho...”. (Sl 80 (79),1).
O profeta Isaias demonstra o amor que Yahweh tem por seu rebanho: “Como um pastor, Ele cuida do rebanho, e com seu braço o reúne; leva os cordeirinhos ao colo e guia mansamente as ovelhas que amamentam”. (Is 40,11).
Os reis de Israel eram considerados, por Yahweh, pastores do seu povo: “Darei a vocês pastores de acordo com o meu coração, e eles guiarão vocês com ciência e sensatez”. (Jr 3,15).
O profeta Ezequiel narra a mensagem recebida de Yahweh que se identifica como pastor: “Recebi de Yahweh a seguinte mensagem [...] Minhas ovelhas se espalharam e vagaram sem rumo pelos montes e morros. Minhas ovelhas se espalharam por toda a terra, e ninguém as procura para cuidar delas. [...] Eu mesmo vou procurar as minhas ovelhas. Como o pastor conta o seu rebanho, que está no meio de suas ovelhas  que se haviam dispersado, nos dias nebulosos e escuros. [...] Vou levá-las para pastar nas melhores invernadas, e o seu curral ficará no mais alto dos montes de Israel. Ai elas poderão repousar num curral bom, e terão pastos abundantes sobre os montes de Israel. Eu mesmo conduzirei as minhas ovelhas para o pasto e as farei repousar.”. (Ez 34,1.6.11-12.14-15).
No Novo Testamento Jesus se diz “o bom pastor”: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.[...] Eu sou o bom pastor: conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas ovelhas”. (Jo 10,11.14-15).
O Salmista é minucioso quando se refere a tarefa do pastor, mesmo porque o agora rei Davi, quando foi escolhido para ser rei de Israel, era um pastor (cf 1Sm 16,1-13), e conhecia toda a malícia do pastoreio e sabia onde levar suas ovelhas para que elas se alimentassem bem e Yahweh, melhor do que Davi, sabia disso tudo: “Em verdes pastagens me faz repousar; para fontes tranquilas me conduz, e restaura minhas forças. Ele me guia por bons caminhos, por causa do seu nome”. (Sl 23 (22),2-3). Fontes tranquilas eram pequenas lagoas onde as ovelhas bebiam água. Óleo era usado para tratar os ferimentos do próprio pastor e das ovelhas.
As ovelhas necessitavam de total segurança contra predadores e riscos de acidentes: “Embora eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois junto a mim estás; teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. (Sl 23 (22),4). Por isso, o salmista coloca, nas mãos de Yahweh, o pastor do Salmo, vários instrumentos próprios do pastor da época:  bastão ou vara que era a arma utilizada para afugentar animais selvagens e predadores que atacavam as ovelhas, e o cajado, que era uma vara com uma curvatura na ponta superior para puchar as ovelhas pelas pernas, barriga ou pescoço quando estas se prendiam entre pedras, espinhos ou ramagens ou para resgatá-las de buracos que tivessem caido. O cajado hoje, na Igreja chamado de báculo, é utilizado em várias cerimônias litúrgicas pelos bispos, sucessores dos apóstolos, simbolizando o seu papel de pastores do rebanho divino. A preocupação do pastor diligente era conduzir as suas ovelhas para verdes pastagens e onde houvesse por perto água fresca: “Em verdes pastagens me faz; para fontes tranquilas me conduz, e restaura minhas forças.” (Sl 23 (22),2). “... unges minha cabeça com óleo...” (Sl 23 (22),5b).
O derramamento de óleo sobre a cabeça de um homem indicava que este homem havia sido escolhido e separado para uma determinada tarefa a serviço do Senhor. Quando uma pessoa era ungida era com o objetivo de designar o ungido para uma tarefa específica. Davi foi ungido como rei de Israel pelo profeta Samuel a mando de Yahweh: “E Yahweh disse: ‘Levante-se e unja o rapaz, porque é esse’. Samuel pegou a vasilha de óleo e ungiu o rapaz na presença dos irmãos. Desse dia em diante, o espírito de Yahweh permaneceu sobre Davi”. (1Sm 16,12b-13).
No Antigo Testamento eram ungidos os sacerdotes e reis. Os profetas eram considerados também ungidos de Deus. Jesus é o Ungido por excelência para restaurar na terra o Reino dos Céus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor”. (Lc 4,18-19; Is 61,1-2). Depois de Jesus Cristo todos somos ungidos com óleo na cabeça, nos tornando reis, sacerdotes e profetas: no batismo, com o óleo do crisma e no próprio sacramento do Crisma somos ungidos com óleo na cabeça pelo próprio pastor que conduz o povo de Deus: o bispo.
A segunda leitura é tirada da primeira carta de João e fala sobre a nossa filiação divina e como devemos viver como filhos de Deus: “Vejam que prova de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus. E nós de fato o somos”. (1Jo 3,1).
João antevê a vivência na glória do Pai que desconhecemos agora e que um dia o veremos realmente como ele é, quando estivermos reunidos com todos os seus santos e, para isso, precisamos romper com o pecado: “Amados, desde agora jà somos filhos de Deus, embora ainda não se tenha tornado claro o que vamos ser. Sabemos que quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque nós o veremos como ele é. Todo aquele que deposita essa esperança em Jesus se purifica, para ser puro como Jesus é puro.”. (1Jo 3,2-3).
No Evangelho Jesus expõe as bem-aventuranças que é a cartilha para os que querem se enquadrar nos seus ensinamentos para poder partilhar com ele da glória do Pai, o que foi aceito e seguido por todos os santos que gozam da visão beatífica de Deus: “Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, e Jesus começou a ensiá-los: ‘Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Felizes os aflitos, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os prefetas que vieram antes de vocês” ( Mt 5,1-12).
No Antigo Testamento Yahweh ordenou a Moises para que ele transmitisse ao povo: “Sejam santos, porque eu, Yahweh, o Deus de vocês, sou santo.” (Lv 19,2), e Pedro, na sua primeira carta, repete isso: “Porque a Escritura diz: ‘sejam santos porque eu sou santo’”. (1Pd 1,16).
Ser santo não é privilégio de ninguém; ser santo é a obrigação de todos os cristãos.
No batismo o cristão recebe a vocação da santidade e da perfeição, e é por isso que Jesus determina: “Sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu”. (Mt 5,48). Se quizermos partilhar da alegria, do amor, da felicidade dos santos na casa do Pai, precisamos santificar a nossa vida, levando a sério a recomendação de Yahweh ao seu povo: “Quanto a vocês, santifiquem-se e sejam santos, porque eu sou Yahweh, o Deus de vocês”. (Lv 20,7)..

Para coroar a nossa meditação de hoje da festividade de Todos os Santos, nada melhor do que citar alguns trechos do livro “Oração para viver e morrer” de Caio Fábio:
Ser santo é buscar ser essencialmente humano, ser parte da história, porém vivendo a presença de Deus no mundo (Lc 7,39). Ser santo tem relação com a busca de uma sociedade sem desigualdades e onde os mais fracos jamais sejam despojados (Mt 23,14). Ser santo é viver a alegria do conhecimento de Deus com oração e fé e é sofrer as angústias da história como resultado de nossos vínculos com um padrão que o mundo não conhece (Mt 11,25-27; 5,11-12)”.
Ser santo é ser separado, não dos pagãos, como Israel equivocadamente tentou, mas é viver a diferença radical dos valores do Reino em meio às sociedades pagãs (Mt 5,43-48).
Ser santo é ter na paixão dos profetas a motivação existencial para o nosso enfrentamento histórico do mal (Lc 13,33). Ser santo é, mesmo em dia de sábado, trabalhar a favor da santidade de vida (Lc 14,1-6). Ser santo é colocar o valor da vida acima do valor das coisas, mesmo aquelas mais "sagradas" (Mt 23,23). Ser santo é entender que o altar diante do qual Deus nos quer ver prostrados não é apenas o altar do templo, mas também os altares ensanguentados dos corpos dos nossos irmãos de história e que estão caídos nas esquinas da vida (Lc 10,25-37)”.
Ser santo é viver a misericórdia no agitado ambiente secular, ao invés de viver a quietude alienada do ambiente religioso que não tem janelas para a história da dor humana (Mt 9,9-13).
Ser santo é acreditar que a santidade não se polui quando toca com amor aquilo que é sujo (Mt 8,1-4; Mc 7,1-23). Ser santo é não temer ser mal interpretado pela mente daqueles que estão sujos de pretensa santidade. (Mc 7,5; Lc 7,39). Para Jesus ser santo é ser verdadeiro para com a nossa condição humana: é ter a coragem de chorar em público (Jo 11,35), de admitir perdas e saudade (Jo 11,36), de gritar de dor (Mt 27,50), de confessar depressão (Mt 26,38), de pedir ajuda emocional (Mc 27,50), de se confessar cansado (Jo 4,6), de dizer tenho sede (Jo 19.28), de confessar dificuldades familiares (Mc 3,21; Jo. 7,1-9), de admitir que a privacidade é um direito e uma necessidade de sobrevivência (Mc 6,30-32.45.46)”.
Ser santo é admitir que o amor pode ser exercido na perspectiva da disciplina física (Mc 11,15-19) e que o "desabafo" é um sadio escape quando se está farto de estupidez (Lc 11,31-32).
Ser santo é continuar sendo de Deus mesmo em meio ao mais profundo e inexplicável silêncio divino (Mt 27,46)”.

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