MILAGRES
DO PADRE DONIZETTI
CONHEÇA
A CURA RECONHECIDA PELA IGREJA E OUTROS DOIS RELATOS DE FIÉIS
Cura do pé torto congênito bilateral de Bruno Henrique
Arruda de Oliveira, de 13 anos, foi a responsável pela beatificação após passar
por 5 etapas: 'Eu me sinto especial, já nasci devoto'.
A principal exigência para o decreto de beatificação de
um religioso é a constatação de um milagre. No caso de padre Donizetti, que
viveu em Tambaú (SP), a cura do pé torto congênito bilateral em um bebê de
Casa Branca (SP) foi o que passou por todos os requisitos e serviu como base
para a fase do processo.
Contudo, esse é apenas um dos inúmeros relatos de curas associadas à
intercessão do beato. Muitas delas foram até registradas em cartórios na época
em que o padre estava vivo.
De acordo com a mãe, Margarete Rosilene Arruda de
Oliveira, Bruno foi diagnosticado com a deficiência congênita em 2006, logo no
nascimento, mas teve dificuldade em conseguir uma consulta com um ortopedista
especialista para falar sobre o tratamento.
Veja a
trajetória e sete curiosidades sobre a vida do padre Donizetti.
Depois de cinco meses de espera, ela conta que o médico
reafirmou o que ela já sabia: seu filho iria precisar usar gesso, botinha,
aparelho e passar por cirurgias. Emocionada, ela conta como resolveu pedir um
milagre ao padre Donizetti.
Hoje com 13 anos, o miraculado Bruno, termo usado para a
pessoa que recebeu a benção, contou ao G1 que ficou sabendo da sua
cura aos poucos, enquanto ia com os pais fazer exames.
“Ia ser muito difícil porque a gente é humilde e não
teria condição de pagar uma cirurgia, ia ter que fazer várias e o pé nunca
ficaria perfeito. E por mais que meus pés iam ficar posicionados no lugar, as
pernas iam ficar arqueadas e eu ia provavelmente sofrer bastante bullying”,
disse.
Sem dores ou sequelas
Hoje, sem dores ou sequelas, Bruno é parado na rua e
questionado sobre o milagre por onde vai. “As pessoas me param e perguntam:
‘nossa, como que aconteceu? É verdade?’. Eu me sinto especial, porque não é uma
coisa que você vê todo dia e uma palavra que expressa isso é gratidão, porque
eu amo o padre Donizetti e sempre amarei. Eu já nasci devoto”, contou Bruno.
Anúncio do milagre
Em 8 de abril deste ano, a Igreja Católica anuinciou
o reconhecimento do milagre em uma celebração no Santuário Nossa Senhora
Aparecida, em Tambaú. Dois dias antes, o Papa Francisco aprovou e publicou o
decreto do milagre que resultou na beatificação de Donizetti.
Na manhã de sábado (23), a cerimônia de beatificação será realizada na
Chácara do Padre. A organização mobiliza cerca de duas mil pessoas na
cidade.
Para que o processo continue e o beato seja canonizado (se torne
santo), é necessário que mais um milagre seja reconhecido.
O G1 questionou a Comissão Pró-Beatificação de
Padre Donizetti sobre quais relatos estão sendo investigados para serem
enviados ao Vaticano, mas o estudo é sigiloso.
Fiéis dizem que vitral anunciou milagre
O vitral do Santuário de Nossa Senhora Aparecida de
Tambaú, feito em 1996, mostra o padre Donizetti segurando um bebê com os pés
tortos para dentro, assim como a deficiência congênita. ).
Os fiéis acreditam que a imagem anunciou qual seria o
milagre reconhecido 10 anos antes dele acontecer.
A cura do menino Braguinha
Outro milagre que também esteve incluso no processo foi o
de José Alexandre Braga, o menino Braguinha, como ficou conhecido.
Segundo o aposentado, tudo começou quando ele tinha
apenas 5 anos e sofria com uma doença degenerativa chamada osteocondrite, em
Guaxupé (MG), onde morava com a família.
“Eu usava um aparelho nas pernas para poder ficar de pé
e, sem ter noção de nada, falei para o meu pai que Deus ia fazer eu andar
dentro da igreja em Tambaú”, contou.
Braguinha conta que, no dia seguinte, um caminhão que
transportava trabalhadores quebrou em frente a sua casa e os passageiros
contaram a história do “padre Donizetti de Tambaú” para o seu pai. Mesmo sem
acreditar que daria certo, a família andou mais de 90 km em busca da benção,
que havia sido anunciada pelo próprio garoto de 5 anos.
“O padre me deu a benção e falou para o meu pai que eu estava são. E
meu pai falou: ‘desculpe, mas eu não acredito, para os médicos, ele está
desenganado’. Mas ele lembrou que eu tinha falado que ia andar dentro da
igreja. Aí o padre me levou no colo, tirou o aparelho e eu saí andando”, disse.Para comemorar, os fiéis montaram um gol com muletas no meio da multidão para
ele jogar futebol com as crianças. A cena foi filmada e exibida em um
documentário da década de 1950.
Quando era jovem, Braguinha chegou a jogar futebol
profissionalmente nos times América Futebol Clube, de São José do Rio Preto, e
Esporte Clube Noroeste, de Bauru.
“O meu milagre é um milagre violento. Faltava um bom
pedaço de osso na minha perna. Depois do milagre não foi preciso nem parafuso,
nem emenda, nada. Eu lembro como se fosse hoje. Quando eu conto para alguém até
arrepia, é muito forte”, contou.
Gagueira de jornalista
Apesar de não ser um dos milagres reconhecidos pela
Igreja durante o processo, a cura da gagueira do jornalista Joelmir Beting
também é conferida ao padre Donizetti.
Em novembro de 2012, Juracilde Betinmg contou à EPTV que
o irmão era gago e tinha dificuldades até para entrar na escola primária. Segundo
ela, Joelmir só teria melhorado depois de ter recebido a benção do beato e
tomado uma sopa com ele.
“Um dia eu fui com a minha mãe e ele no padre Donizetti.
O padre já estava famoso pelos milagres e a gente lembra que tomou um pouco da
sopa com o padre e ele deu essa benção para ele, dizendo que ele não ia mais
ser gago e que ele ia ser um nome famoso”, contou na ocasião.
Juracilde lembra que a mãe ainda brincou com a situação
humilde da família e não acreditou que ele seguiria carreira fora da cidade,
mas o padre insistiu. Tempos depois, ele foi estudar em São Paulo e fez seu
nome como um dos grandes comunicadores do Brasil.
Joelmir começou a carreira no jornalismo esportivo e é o autor da
expressão "gol de placa", criada em homenagem a Pelé. Em 1962,
sociólogo formado, trocou o jornalismo esportivo pelo econômico e ficou
conhecido pela capacidade de traduzir a economia para uma linguagem mais
informal.
Por
Gabrielle Chagas, G1 São Carlos e Araraquara
20/11/2019
07h18
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